O tempo só anda de ida
Eu sabia fazer botão de futebol de mesa de um jeito perigoso. Numa “panelinha” medidora de leite em pó, untada com sabão, misturava pedaços de material plástico rígido (tampas de frascos de remédios, restos de canos, de lanternas quebradas de automóveis etc.) que encontrava no lixo. Depois, derretia numa chama de lamparina ou vela, inalando alguma fumaça. Quando a temperatura diminuía, abaulava no chão de cimento as bordas, polia com folha de cajueiro bravo e, com uma flanela, esfregava pó de sobras de azulejo até brilhar. Antes dessa "técnica", usava quengo (casca) de coco como matéria-prima. Mais tarde, aprendi a fazer botão de “vidro inquebrável” – era assim que chamávamos acrílico há pouco mais de meio século. Desaprendi tudo. Duvido que hoje tivesse coragem de quebrar a janela de acrílico, rachada, do ônibus que fazia a linha entre os bairros de Ponta da Terra e Ponta Grossa, em Maceió, para, na Praça das Graças, escapar pela porta de entrada sem pagar a passagem, me