quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Traquinagens do acaso

Não posso garantir, mas desconfio que, em 1949, o imigrante libanês José Fares Haddad Lupus tenha sido vítima de uma das clássicas gafes datilográficas dos cartórios de antanho. Lá em Orós, no interior do Ceará, ao registrar o caçula, o nome pretendido era Raimundo Wagner. Saiu de lá, no entanto, com um Raimundo Fagner. Dona Francisca, a mãe, deve ter suspirado fundo. No fim, quem diria, o erro se revelou um golpe de sorte: o menino cresceu com um nome diferente e virou estrela de primeira grandeza, um dos maiores cantores e compositores do Brasil, dono de mais de 40 álbuns e uma legião de fãs espalhados pela América Latina.

 

Algo parecido aconteceu anos depois, em Penedo, Alagoas. Um amigo meu quase se chamou Wagner, mas seu pai (que nunca soube do caso envolvendo o imigrante libanês) saiu do cartório com a certidão de nascimento do filhão Wanger. Pode uma coisa dessas? O escrivão de Penedo superou o de Orós no quesito criatividade. Erro humano ou ato divino, pouco importa. Eram dois "Wagners" a menos no mundo. No Ceará, Fagner. Em Alagoas, Wanger, que, por obra do acaso, hoje trabalha lá pelas bandas de Fortaleza.

 


Fagner, conheço de longe, pelas ondas do rádio e pelas telas da TV. Foi uma das vozes que ecoaram do Nordeste para o Brasil, junto com Alceu Valença, Belchior, Ednardo, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, entre outros. Cada um, à sua maneira, misturou raízes regionais com elementos urbanos, mas Fagner escalou alguns degraus a mais: seu canto alto, às vezes esganiçado, dividiu opiniões. Mesmo assim, ninguém nega o talento que o levou a parcerias com figuras míticas como Chico Buarque, Elis Regina e Nara Leão.

 

Já Wanger, ou melhor, Gasolina – apelido que lhe caiu como um boné por causa da velocidade nos campinhos de futebol –, conheço de perto. No final dos anos 70, trabalhávamos na mesma empresa em Alagoas e fazíamos de conta que jogávamos. Enquanto eu, centroavante, esperava cruzamentos na área adversária, ele, ligeiro feito boato, corria como um Fórmula 1 pela beirada do campo, quando boa parte da turma engasgava o motor no álcool. Com trocadilhos.  

 

Anos depois, ele foi para o Rio, eu para Brasília, e só nos reencontramos em 1990, na Bahia. Casados e com filhos, dividíamos mais do que memórias: nossa pobreza era quase um patrimônio. Nossas “namoradas” criaram uma amizade que dispensava formalidades, e entre confidências, gargalhadas e lágrimas, atravessaram bons e maus bocados.

 

Mas a estrela de nossos encontros em família era sempre Wanger, com sua simpatia única. Churrasco no quintal? Improvisava uma churrasqueira com quatro paralelepípedos e uma grelha enferrujada, torta. A trilha sonora? Dois CDs: Fagner e Sinatra. “Nacional ou internacional?”, ele perguntava, se acabando de rir. Quem escolhia sabia que ouviria a mesma música até o sol pedir arrego em Vilas do Atlântico, nos arredores de Salvador.

 

Foi num domingo como outro que a molecagem me pegou de jeito. Voltávamos da praia, eu e meus dois filhos (de 13 e 10 anos), cansados de tanto mergulho. Gasolina e os seus ficaram na barraca Odoyá Iemanjá. Com o corpo ainda anestesiado pelas cervejas do dia, tive uma ideia estúpida: tocar a campainha de uma mansão e sair correndo. Sem avisar os meninos, apertei o botão e disparei feito um doido ou um dos capitães de areia da obra de Jorge Amado.

 

No auge da traquinagem, meu pé encontrou uma pedra saliente. Foi um encontro desastroso: a danada nem se mexeu e meu dedão quase foi amputado. Sangrando e mancando, cheguei ao carro, onde minha mulher e nossos filhos me olhavam com aquele julgamento mudo que dispensa palavras: "Isso é papel de pai?", devem ter pensado.

 

Na segunda-feira, lá estava eu, de paletó e gravata, um pé no sapato, outro numa sandália. Liturgia do cargo ou palhaçada fashion, cada um que tirasse suas conclusões. Na reunião matinal, tentei manter a compostura e convencer os colegas de que o curativo era herança de uma pelada no sábado. Wanger, na maior cara dura, ainda ofereceu um par de chuteiras para a próxima. O sorriso apertava os olhos e fazia escorrer óleo de peroba pelos cantos do bocão.

 

Dias depois, a ferida cicatrizou, e o episódio caiu no esquecimento. Mas bastou um jantar recente em Maceió, regado a pão, vinho e risadas, para espreguiçar a criança que cochila dentro de nós. E lá estava, esperta e saltitante, pronta para novas travessuras.

 


No fundo, é isso que nos salva: rir dos tropeços e relembrar velhas histórias com quem compartilha o peso – e a leveza – de nossos caminhos. O acaso pode até pregar peças, sim, mas são as amizades que nos ajudam a transformar pedras em degraus. Viver também é equilibrar-se entre gafes de cartório, churrasqueiras improvisadas e estrepolias inesquecíveis.

59 comentários:

  1. 🙌👏🙌 Relembrar casos, histórias, traquinagens é reviver os bons momentos da vida, sem medo de ser feliz, e ouvindo Fagner e conversando com Wanger, (os Wagners), tomando umas geladas, umas quentes e outras nevadas, melhor ainda.
    Continuemos pintando o sete, colorindo a vida, curtindo o lado criança que jamais deverá deixar de viver dentro de nós. Afinal, nossa cabeça com oscbelos grisalhos tem muita história para contar.
    Simbora Hayton, rumo à próxima quarta.🤝🍾🥃🍻🍾📢

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    1. Na época da grande topada, em 1990, o moleque aqui já ocupava o cargo de superintendente adjunto da Bahia. Os filhos também devem ter pensado: “Que exemplo, hein?!”

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    2. 🤣😂🤣Lembrei-me de um Festival de Inverno em Garanhuns, ano 1999, momentos finais da festa, onde casais ficavam namorando nos cantinhos e eu imitava um cão bravo latindo. Era um susto danado na moçada.📢 A mulher dizia: você deixou o juizo trancado no cofre do Banco.🤣🤣

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  2. São belas as suas lembranças (Isa Musa)

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  3. Taí, gostei!! Essas doces lembranças tornam a vida mais leve...Afinal, precisamos de pouco pra ser FELIZ!!!

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  4. Que bela e justa homenagem ao ídolo de uma geração Raimundo Fagner e ao nosso amigo Wanger. Apesar de mais de 30 anos de uma convivência com nosso irmão “Gasolina”, somente agora fiquei sabendo da origem do seu nome. De fato, Wanger merece todo o nosso respeito e admiração. Sempre enfrentou os desafios da vida com determinação e leveza e, por isso mesmo, faz e mantém muitos amigos por onde passa. Belo texto, Mr. Jurema!

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  5. Hayton e Wanger, dois velhos meninos, dois velhos amigos — com quem trabalhei e me diverti. Essa pegadinha da porta é ótima, uma pegadinha clássica — atravessou gerações. Eu mesmo nunca fiz, mas não foi por falta de vontade, e sim porque, no meu lugarejo, não havia casa com campainha — e, em adulto, na cidade grande, cheia de prédios de grades e muros, quede campainha para a gente tocar e correr?
    Mas eu acho, meu caro Hayton, que se você fez, o fez na infância, porque, após ficar homem feito, você não tem cara de quem apertaria campainha e correria (tendo os filhos e Magdala no carro esperando). Como se diz na Bahia, “é agá”, quer dizer, é uma bela invenção do cronista. Creio que esse “pecado”, se existiu, foi mais por pensamento que por ação. Um abraço a você e ao Wanger (por onde anda a figura?).

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    1. Leopoldo, meu segundo filho, agora com 44 anos, lembra até hoje do susto que passou aos 10 anos, tendo que correr seguindo o pai pra não ser acusado do “crime” em Vilas do Atlântico. Eu expliquei que havia atenuante: o excesso de cerveja!
      Quanto a Gasolina, hoje é diretor do BNB.

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  6. Wanger, grande amigo que fiz na Bahia! Belíssima lembrança, em tom de homenagem, merecida.

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  7. Conheço o traquina e o gasolina. Formávamos o poderoso ataque do "temido" e "quase imbatível" Cantareira. Tempos idos e saudosos!!!
    JEZ Agra

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  8. Linda expressão do cotidiano.

    Tenho para mim, que quem não é do ramo da maldade é a fez por brincadeira, a natureza prega uma peça, lembrando ao ser o ser praticante, uma lembrando algumas vezes dolorosa, assim não esquecerá "você é amável e boa pessoa".

    Assim lhe manteve no time dos bons de coração.

    Abraço.

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  9. Beleza de recordação de nosso tempo na super-al!
    Wanger sempre sorridente e brincalhão fazia uma dupla perfeita com João Telasa, principalmente às segundas-feiras, quando chegava contando as aventuras do fim de semana.
    Parabéns por esse momento de descontração e boas lembranças.
    Kkk

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  10. ROBERTO RODRIGUES LEITE BEZERRA13 de novembro de 2024 às 07:42

    Perfeito escrito, Hayton. Reminiscências dizem muito mais do autor do que ele pode imaginar. São situações que marcaram, ficando intactas na memória atemporal. Por certo, tem a criatura a exata dimensão que tais passagens ocupam em sua vida. Como que marcas definidoras daquele que somos. Que bom!

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  11. Bom dia! Trabalhei com Wanger e tenho muito carinho e admiração por ele, gente muito boa! Qto a Fagner, vc esqueceu de falar de sua parceria com Gonzagão na gravação de vários forrós.
    Na família de Ana tbm tem uma história clássica de troca de nomes, a avó dela Freida, chegou criança no Brasil fugindo da Polônia na 2a guerra, qdo os imigrantes estavam no porto sendo identificados, o escrevente perguntou "quem é este?"(as crianças tiveram o cabelo cortado curto no navio p prevenir o tifo), o bisavô de Ana que arranhava um pouco de espanhol, responde "és una tchica!"(alertando que não era um menino), como Chica é Francisca, o escrivão emitiu a identidade com este nome Francisca, em resumo até sua morte, Freida era Freida apenas para a família e Francisca para todas outras pessoas. Abraço

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  12. Que dupla maravilhosa. Seres humanos especiais que tenho a honra de compartilhar da amizade.

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    1. Obrigado, Nando! Como vive repetindo Francicarlos Diniz, outra grande figura, “A amizade é o melhor dos amores: não tem cláusula de exclusividade, nem a exigência da libido”.

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  13. Como Marcelo Torres, também não consigo imaginar o escriba apertando campainha e correndo depois de homem (feito? Rsrs). Acho que nem Leopoldo acreditaria na hipótese! Deve ter pensado: quem é esse espírito que invadiu o corpo do meu pai?

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  14. Hayton. Eu e vc Nos conhecemos no casamento da Maria Luiza, filha do Wanger. Me chamo João robério, trabalho no bnb há 48 anos. Conheci o Wanger em Maceió, quando adolescente, cuja amizade perdura até hoje. Tenho grande admiração por ele, por sua história de vida, bem como por sua história profissional. O Wanger já esteve no bnb por 3 vezes como diretor e Assesor da presidência. Hoje ele é diretor financeiro e de crédito, e eu superintendente de concessão de crédito, ligado diretamente a ele, e trabalhamos muito bem juntos. Uma pessoa admirável de quem todos gostam. É um profissional da melhor qualidade. O Wanger continua aquele moleque da adolescência, cheio de estórias para contar, e por isso gargalhamos muito. Hayton, parabéns por sua crônica tão bem contada. E Wanger, meu irmão , um grande abraço.

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    1. Que bom, João Robério, que você continua tendo o privilégio do contato mais estreito com uma figura tão especial. Abração!

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  15. Eita que hoje a conversa está ótima... Grandes amigos: Wanger e Hayton, ambos imigrantes na "terra da alegria".
    Muito bom conhecer um pouco mais dos dois, pois a vida, com suas surpresas, às vezes aproxima e outras afasta-nos de bons momentos e de boas risadas...

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  16. É sempre confortável e gratificante ler as tuas crônicas...leves, saudosas...que legal !!! *VIDA LONGA E PRÓSPERA!!*

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  17. Agora ficou comprovado cientificamente e na prática que a adrenalina não tem idade. Na infância passei por estas fortes emoções. "Bate outra vez com esperanças o meu coração"! Este ano fomos a um show do grande Fagner na Concha. Esta turma está indo embora. Aproveitamos o momento.

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  18. Ótima! Lembranças que ressuscitam os garotos que ainda habitam nossas vidas.

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  19. Também sou vítima do erro do cartório. De Mazzini, virou Mazine. Mas não perdi atalianicidade. Quanto às traquinagens, você vê que a natureza, às vezes cobra imediatamente. Triste que, além da dor, a tentativa de justificar fica ainda pior. Como é que pode...

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  20. As pedras (ou pérolas) dos nossos caminhos quase sempre dão boas histórias…

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  21. A narrativa é fascinante, no entanto, é crucial observar que, dada a ilustre reputação do Cartório Penedense, é evidente que os demais cartórios mundiais tenham cometido um equívoco colossal ao registrar os "Wagners". O respeitável cartório estava, sem dúvida, absolutamente correto ao reconhecer o legítimo e inigualável nome de Wanger! Afinal, é um nome tão distinto que os "Wagners" devem estar mesmo a passar por um momento de identidade equivocada.

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    1. Eu não pensei nessa hipótese, mas você está coberto de razão. O risco agora é uma multidão de “Wagners” engarrafarem o Judiciário reivindicando a pronta retificação do nome.
      Vamos com calma, pessoal!

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  22. Hoje, viajando, não pude ser um dos primeiros a comentar mais uma excelente crônica sua, amigos Hayton. Desculpe.
    Quem nunca aprontou na infância? Jogar água nos colegas durante o recreio, esconder os brinquedos do irmão, desenhar bigodes no retrato do pai... As traquinagens infantis são como as estrelas no céu: infinitas e cheias de brilho.

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  23. Traquinagens… Mais um belo texto lido. É com alegria que transmito a minha satisfação em ler mais um texto de sua lavra. Divertido e encantador pela maneira como se apresenta. Parabéns por mais esta bela façanha. Grande abraço.

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  24. Ah, que bom termos amigo escritor! Obrigada, Hayton, por registrar essa história tão linda sobre meu amigo muito, muito querido Wanger. E que amizade gostosa de vocês dois.
    Em Alagoas, antes de conhecer Wanger, trabalhei na Maceió Centro e você era o Superintendente Estadual. Eu era apenas uma escriturária - uma bancária iniciante - e você me fez ingressar na fase adulta do Banco do Brasil. Deu-me uma missão que só aqueles que não têm medo de tomar decisões o fazem: confiou-me o trabalho de recolocação no mercado dos colegas que aderiram ao PDV.
    Muitos anos depois, você Superintendente da área de Governo no Banco, envia Wanger como gerente geral da agência onde eu trabalhava para uma missão quase impossível. E ele deu conta. Conseguiu transformar uma quase tragédia em oportunidade e ergueu do chão colegas muito queridos, inclusive esta que aqui escreve.
    Estendi-me na narrativa, mas esta oportunidade eu sempre esperei: a confluência de acontecimentos que muito me marcaram, tendo vocês dois - pessoas cativas em meu coração - como maestros de belos e inesquecíveis feitos. Que Deus os abençoe.

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  25. Tenho certeza absoluta sou agraciado por Deus. Tive a oportunidade de conviver com Wanger, profissionalmente, por mais de 14 anos. Como amigo irmão, terei a felicidade de conviver mais ainda. Sobre Hayton nem vou comentar. Seriam tantos elogios que beiraria a "bajulagem", no bom sentido. Muita gratidão por ter esses dois como referência em minha caminhada ética, transparente, sincera e que fez com que eu crescesse como profissional e, principalmente, como pessoa. P.S. tenho na memória boas histórias sobre Wanger. Só poderiam ser "contadas " em butecos. Rsrsrs

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  26. É covardia ler essa crônica, cujos personagens são pessoas que merecem o meu mais profundo carinho, e não fazer um comentário. Temos muitas estórias de momentos vividos juntos, desde o MBA na UFBA que Wanger fez parte da turma, quando ficávamos de quinta a sábado juntos e de tanto que era bom, já esperavamos com ansiedade a chegada da quinta feira, até os nossos encontros para celebrar aniversários e casamentos, entre outros, de familiares desses dois seres humanos incríveis. Já nos divertimos muito juntos e tenho certeza que ainda temos muito a nos divertir. Obrigada Hayton e Wanger por fazer parte da minha história.

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  27. Os desacertos podem ser o combustível poderoso para o aprendizado. Aprendemos com os erros dos outros e com os nossos. O certo e o errado são irmãos muito diferentes mas que juntos podem construir a sabedoria de uma vida.

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  28. Cleber Pinheiro Fonseca13 de novembro de 2024 às 16:05

    Mais um recorte de sua vida que revela que as traquinagens continuam hibernando em vosso ser, quem sabe à espera de uma dosagem generosa de substância etílica para o seu despertar.
    Quanto a Wanger, tive o prazer de desfrutar de seu bom humor e muita criatividade, quando integrávamos uma excursão a Lençóis, portal da Chapada Diamantina, patrocinada pela Super-Ba, para um evento estadual de capacitação de gestores. Ninguém teve sossego naqueles trajetos de ida e vinda, a bordo de um confortável ônibus, com as incansáveis travessuras do animador Wanger. Vocação neste quesito ele tem e certamente também performará em outros palcos da vida com o mesmo bom êxito alcançado em toda a sua trajetória profissional.

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  29. Agostinho Torres da Rocha Filho13 de novembro de 2024 às 17:06

    Recordar é viver, ainda que seja a lembrança de uma topada dessa magnitude. O que mais importa é a disposição do indivíduo de viver cada dia como se fosse o último de sua vida.

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  30. Eu acho que esses "erros" dos pais e cartorários não são uma barbeiragem não. Isso é um outro bicho, uma outra obra. Sou um curioso de naming e fico encucado como é que pode, além do exemplo dessas duas figuras carismáticas do texto, estas personalidades usarem de nomes próprios? Djavan (onde aquela simples Lavadeira achou esse "dj"?); Gilberto Gil (isso é lá nome de menino da Chapada?); Yamandú (Nem fudendo!); e Jesuíta Barbosa (chega?);

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  31. Hayton Jurema da Rocha, quero agradecer pela narrativa de momentos tão divertidos e marcantes em nossas vidas. Preciso registrar, também, a sua importância e de Magdala no momento mais marcante de minha vida e de minha família: o trauma que tivemos com a nossa filha Gabriela. Temos uma gratidão eterna pela dedicação e carinho dispensados naquela ocasião. Quero agradecer as manifestações registradas pelos amigos, que sei ser fruto da imensa generosidade de cada um.
    Obrigado por sua amizade e fiquei muito honrado com a sua crônica, pois tal registro eterniza as nossas memórias. Deus te abençoe sempre.

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  32. Se alguém disser que trabalhou com Wanger um ano, um mês ou mesmo por uma semana e não tiver uma história engraçada pra contar, é pra duvidar. Me vem à mente, do tempo em que trabalhamos juntos, uma expressão que ele usava e da qual nunca esqueço: "VAZANDO PELO PITO", quando alguém ia ao sanitário mais de uma vez com desarranjo intestinal. 🤣

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    1. Por falar nisso, o gaiato, certa vez, aprontou uma com a própria tia. Estavam ambos vendo TV quando ele, simulando uma inadiável ida ao banheiro, correu da sala. Minutos depois, sujou um pedaço de papel higiênico de nutella (creme de avelã com cacau e leite) e voltou sugerindo à coitada que sentisse como aquilo cheirava!

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  33. Minha avó era parteira e foi ela quem fez todos os sete partos da minha mãe e pra alguns netos também deu seus nomes. Numa noite de prosa em frente à sua casa lhe agradeci pelo meu nome, imaginando que a origem foi por conta de Gilberto Gil e Tom Jobim. Daí ela me respondeu: Desde quando Gilton de Onésimo da venda é cantor? Vixe. Gilton Della Cella.

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    1. Depois dessa, doravante, sempre que eu utilizar algum serviço do app gov.br ou digitar um endereço de internet com esse final, será impossível não lembrar de GILTON DE ONÉSIMO DA VENDA. 💭🫢🤣

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  34. Um belo tributo à amizade! Daqueles textos que deixa a alma risonha.

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  35. O Hayton sempre descobre num assunto, por mais despretensioso que seja, a forma exata de conduzir seus leitores a se conectarem com os fatos. É incrível! Tropeços dos cartórios, ou mesmo dos pais que expressam os nomes dos rebentos na hora do registro, acontecem com frequência, principalmente quando tentam adotar nomes estranhos ao nosso vocabulário. Eu, por exemplo, sou uma vítima desse tipo de coisa, mas, pra mim, foi providencial. O meu nome é escrito com a inicial U (Uilson), em vez de W, como seria o correto, que juntada às iniciais do meu sobrenome, MORais, forma o pseudônimo que utilizo para assinar meus trabalhos: UMOR, uma semelhança gráfica e sonora com o nome da arte que pratico há décadas: HUMOR. Nada melhor pra quem vive rabiscando “gracinhas”, desde sempre. O cartunista Mino me disse uma certa feita que “isso não foi coincidência, estava predestinado”. Já o meu parceiro, Benito Amaral (vide Miolo de Pote), garantiu-me que o meu pai já sabia do que ia acontecer e que não foi à toa a troca de letras. Mas, isso já é outra história...

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  36. Não há jeito, é verdadeiramente inesgotável sua capacidade criativa, principalmente por rememorar fatos tão marcantes em sua própria história, ainda mais por conseguir encaixar personagens tão singulares.
    Sim, WANGER ANTONIO ALENCAR ROCHA, é verdadeiramente um personagem singular, muito mais que uma pessoa.
    Quem teve o privilégio de com ele conviver, ou tem o de sua amizade, como eu, exulta com este momento que você nos proporciona, relembrar as coisas de tão singular figura. Cá pra nós, alguém assim teria que ter um nome raro, afinal não se encontra um Wanger nas esquinas da vida.
    A propósito, transmita a ela meu forte abraço, já que não tenho mais aqui seu contato.
    Por fim, creio que vale também registrar aqui mais uma história de nomes quase estranhos, conquanto esta que vou contar possa até ser do anedotário popular.
    Diz-se que, em uma repartição pública qualquer, chegou um dia um cidadão, pra se inscrever em algo que ali era oferecido.
    Perguntado seu nome, pelo funcionário que o atendia, ele respondeu - PE PEDRO DE SÁ SÁ.
    Foi o bastante pra o funcionário perguntar-lhe - "o senhor é gago??".
    Prontamente ele respondeu, "Não senhor, meu pai que era gago, e o escrivão era FILHO DA PUTA"...
    Como consagra a Psicologia, a mensagem é sempre do receptor...

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  37. Corrigindo, " transmita a ELE"...

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  38. O sobrenome "Montanher", que herdei de minha mãe, também é fruto de um erro de Cartório. O sobrenome original seria "Montagner", de origem italiana. Mas, quando meu avô materno foi registrado, aconteceu o erro. Somente ele foi registrado como "Montanher". Os seus irmãos e irmãs (e eram muitos) foram registrados com o sobrenome de origem. Quanto a traquinagens, já testemunhei algumas. Vi, por exemplo, alguns meninos chutarem "bolas de meia", com uma pedra dentro, "vítimas" de meninos travessos. Só escapei dessa "brincadeira", porque futebol não era o meu"forte".

    Não tem jeito! Ao ler suas crônicas, é difícil não se identificar. As memórias voltam como por encanto. Obrigado, por mais essa.

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    1. Só para complementar, meu nome completo é João Alberto Montanher Brandão.

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  39. Mais uma vez parabéns Hayton pelo presente de nos trazer histórias que ativam nossa memória nas lembranças do passado. Como trabalhei em Penedo no cartório de registro civil em 1970 acho que NAO faço parte do registro de nosso amigo WANGER.

    WALMIR.FIGUEIREDO

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  40. Hayton, bastante interessante as suas crônicas/narrativas, pois consegue fazer conexões entre fatos, que inicialmente pensamos estar distantes de forma cronológica e geográfica.

    No decorrer da leitura, também nos provoca reminiscências, o que acredito ter acontecido com todos que correram os olhos pelo escrito.

    Na sua provocação das nossas rememorações, dá o “grande segredo” do que nos salva: “rir dos tropeços e relembrar velhas histórias com quem compartilha o peso – e a leveza – de nossos caminhos.” Desejo que todos possam exercitar e desfrutar dessas boas relações.
    Grande abraço❗️

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  41. Degustei esse texto tomando um vinho, num lugar aprazível e comendo uma comida gostosa.
    Como combinam bem essas coisas.
    Obrigado, caro Hayton.

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  42. Creio que o ano era 1994; eu e Wanger voltávamos de mais um périplo pelo interiozão da Bahia (eu falava sobre crédito, ele si re captação). Saímos exaustos de Piritiba em direção a Capim Grosso, onde pegaríamos um onibus que vinha de Juazeiro para Salvador.
    Cansado, meu medo era a poltrona vir ocupada. Não deu outra, o buzu estava lotado e, de quebra com uma batucada no fundão, justamente em torno dos nossos assentos. Wanger viu minha preocupação e disse "calma, vai dar tudo certo".
    Resultado: os "batuqueiros" eram gente da melhor qualidade, a viagem foi ótima. Viemos cantando e batucando como se fôssemos da mesma patota.
    Wanger sempre soube das coisas.
    Saudade do meu amigo.

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  43. Coisa melhor da vida é sorrir, brincar e ter amigos para descontrair cantar para termos uma vida saudável Bom dia! Deus abençoe vcs.

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  44. O meu pai também inovou no meu nome, trocou o R de Rejane pelo Z e assim fiquei com um nome diferente e único .Nunca conheci outra Zejane.Mais uma história muito boa , para o deleite de seus leitores. “Recordar é viver “.

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  45. Caro amigo Hayton, adorei a sua crônica "Traquinagens do acaso"!

    Essas histórias de gafes de cartório são hilárias. Quem diria que um erro de registro poderia levar a uma carreira de sucesso como a do Fagner, né? E o Wanger (ou Gasolina) com seu jeito único e simpatia é impagável! Ri muito com as traquinagens e os churrascos improvisados.

    Seu texto me fez lembrar das minhas próprias aventuras e peripécias. É engraçado como esses momentos inesperados marcam nossas vidas de forma tão profunda. Admiro muito como você transforma histórias cotidianas em algo tão cativante.

    No fim das contas, são essas histórias que nos unem e nos fazem rir anos depois. Obrigado por me lembrar que a vida é feita desses momentos despretensiosos!

    Abraços,
    Ulisses S Barbosa

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  46. Adoreiiiiii, custei a comentar pois a semana foi corrida demais.
    Que época boa aquela que vc lembrou, do churrasco na churrasqueira de tijolos e 2 CDs.
    Lembrei-me de qdo a galera ,vinda de Alagoas, se reunia lá em casa, depois da praia, todos com suas crianças e a bagunça era boa demais.
    Qto ao nome de Wanger , diz minha sogra ,que foi o nome de um ator de um filme que meu sogro gostou muito. Acho meio estranho,mas não sou louca nem burra de discordar da sogra,né????? Bjs

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  47. Parabéns estimado Hayton por mais uma excelente crônica.

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