O Sol sai de cena
Desde o final dos anos 1960, a canção “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, ecoa como um tributo à liberdade em dias de turbulência. "O Sol nas bancas de revistas me enche de alegria e preguiça", cantava-se. Quem diria que, um dia, o astro-rei se esconderia atrás de nuvens digitais, apagando parte das experiências que moldaram nossa cultura. Fotografia: Dedé Dwight Naquela época, as bancas eram templos vibrantes do saber popular. Folhear uma revista ou jornal se misturava à emoção de ouvir Roberto Carlos, especialmente no Natal. Essas experiências singelas e significativas forjaram a identidade de uma geração. Mas, como o próprio Roberto cantava, “esses detalhes vão sumir na longa estrada do tempo que transforma todo o amor em quase nada”. Hoje, as bancas sobreviventes, que já foram farmácias da alma, são frequentadas por poucos fãs. A internet, devoradora voraz de papel e tinta, não só desbotou as cores dos quadrinhos, como nos roubou o prazer de cheirar e folhear páginas