quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Radares da alma

Faça chuva ou sol, todo começo de ano é sempre a mesma coisa: estradas lotadas, imprudência, pressa – e o número de acidentes dispara. Culpa de quê? De tudo um pouco: excesso de álcool, de carros, falta de paciência, desrespeito às placas de sinalização, entre outros. Em tempos de radares cada vez mais sofisticados, me pergunto: será que eles já começaram a enxergar além do asfalto? Será que, enquanto monitoram nossos carros, não acabam detectando também outros impulsos que aceleram dentro de nós?

Esses novos vigias eletrônicos deixaram de ser simples “caça-velocidade” para se tornarem uma espécie de “radares da alma”. Estão mais atentos do que sogra desconfiada: viraram "super fiscais" rodoviários, prontos para corrigir não só os apressados, mas qualquer criatura que ouse desafiar as sagradas leis do asfalto. E, ao fazer isso, parecem querer mais do que apenas reduzir acidentes: corrigem comportamentos, como mestres severos do trânsito. 



Em cidades como Curitiba e Salvador, esses xerifes digitais operam com sensores de alta precisão e inteligência que detectam infrações mais rápido que motoboy com pressa de ir ao banheiro. Monitoram tudo: desde o que você faz ao celular até aquele olhar enviesado para quem passa na calçada. E não basta uma paradinha na faixa para evitar o avanço no sinal vermelho. Agora, eles sabem quantas pessoas estão no carro, se você desafina cantando sua música favorita, se usa regata (sete pontos na carteira de habilitação!) ou, quem sabe, se limpa o nariz com os dedos.

No passado, para os imprudentes era bastante decorar os pontos críticos e dar aquela freada estratégica antes do flash. Hoje, os radares ajustam os limites de acordo com o fluxo e, nos horários de pico, até toleram o famoso “grudado no para-choque alheio”. Mas não se engane: continuam implacáveis com os afoitos que se acham a reencarnação de Ayrton Senna.

 

Essas maravilhas tecnológicas cobrem um raio de até 100 metros, flagrando quem ignora a faixa de pedestres, avança o sinal, faz conversões proibidas (de time ou religião, ainda pode!) ou exibe aos “adversários” o dedo médio (enquanto os outros são contidos pelo polegar) em um dos gestos de insulto mais antigos que se tem notícia. 

 

E não para por aí. Agora, parte dos radares calculam a velocidade média entre dois pontos. Se você completa o trecho mais rápido que o esperadoparabéns: além da multa, levará de brinde pneus desgastados pelo susto na freada. Na BR-050, em Minas Gerais, por exemplo, onde o sistema também está em teste, a concessionária promete mais segurança e uma “gestão” do trânsito – ou, pelo menos, mais arrecadação. 

 

Até a instalação desses espiões sofisticados sofreu uma repaginada. Esqueça os velhos sensores que exigiam quebradeira no asfalto. Agora, câmeras de alta definição fazem o trabalho sujo, registrando infrações, fluxo e até perfis de comportamento no trânsito. Um verdadeiro Big Brother rodoviário.

 

Os chefões da Velsis, empresa responsável por esses equipamentos, dizem que estão trazendo mais precisão à gestão do tráfego. Por enquanto, os radares só podem monitorar, já que multar por velocidade média ainda depende de ajustes no Código de Trânsito. Mas, com a fome insaciável de toda máquina pública, não se surpreenda se a regulamentação chegar antes que os motoristas se adaptem.

 

O avanço tecnológico é fascinante, mas o que realmente importa é o simbolismo por trás disso. Estamos vivendo uma nova era de fiscalização, onde os radares não apenas vigiam infrações. Eles moldam comportamentos, exigem autocontrole e, de certo modo, tentam “educar” o motorista. É como se esses mentores digitais estivessem ali para nos ensinar não só a dirigir, mas a viver melhor. Pense: superar impulsos, ser paciente e incorporar a direção defensiva como um estilo de vida – pelo menos até onde o saldo bancário aguenta.

 

E se essa lógica fosse além do trânsito? Já imaginou radares éticos instalados nos corredores do serviço público, flagrando ultrapassagens nos limites da moralidade, contratos fantasmas cruzando sinais vermelhos e promessas vazias estacionadas na mesmice secular de nossas desigualdades sociais?

É claro que radares éticos enfrentariam desafios. Quem garante que esses “superfiscais” não seriam manipulados por aqueles que já deveriam estar com a carteira de moralidade cassada? Talvez fosse preciso algo mais profundo: uma tecnologia que não apenas vigiasse, mas que despertasse a consciência individual de cada um. Porque, a rigor, o radar mais implacável ainda é aquele que carregamos dentro de nós.

Nossa consciência – silenciosa, inescapável – não cobra multas, mas também não aceita “jeitinhos”. Ela não desvia o olhar diante de infrações morais ou aquelas pequenas trapaças cotidianas. Gostemos ou não, está sempre ali, piscando, nas estradas que escolhemos seguir. 

Se os radares do asfalto nos ensinam a frear, talvez o seu maior legado seja nos lembrar de que precisamos dirigir nossas vidas com maturidade e sabedoria – mesmo quando ninguém está olhando.


45 comentários:

  1. Como dizem algumas frases de parachoque de caminhões, o novo ano que está começando hoje nos oferece 365 oportunidades para refletirmos a respeito dos melhores caminhos a serem escolhidos na estrada da vida.

    Que os desejos do amigo cronista e de seus leitores e leitoras se realizem em 2025.

    Luiz Andreola

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    1. Não tenho intimidade suficiente pra brincar com Luiz Andreola, mas "o novo ano que está começando hoje nos oferece 365 oportunidades para refletirmos a respeito dos melhores caminhos a serem escolhidos na estrada da vida." não tem perfil de frases de para-choque! 💭💭🫢🤣

      Frases de para-choque, geralmente, são curtinhas, tipo esta: "Atrás de toda bola vem uma criança; mulher que me dá bola sabe disso."

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  2. Por outro lado, caro amigo, existe ainda a questão da privacidade de todos nós, que os radares tambrm invadem, não se tendo certeza de que as imagens obtidas são utilizadas apenas para fins fiscalizatórios. Ao ler sua crônica nesta primeira manga de 2025, lembrei-me do filme O Show de Truman, aquele que vivia uma vida falsa, numa cidade falsa, contracenando com atores. Sem o saber e assistidos por todos , até que desconfia e termina por fugir. Estamos caminhando para sermos totalmente vigiador, é a verdade. Feliz Ano Novo.

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  3. ADEMAR RAFAEL FERREIRA1 de janeiro de 2025 às 07:47

    Que em 2025 possamos ver mais com a luz da alma, as visões da tecnologia continuarão 'agindo' pelo impulso da ganância dis arrecadadores de tributos, via multas.

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  4. Não sei vocês, mas de uns tempos pra cá, além da atenta leitura das crônicas das quartas-feiras, se tornou um vício pra mim, também, a leitura dos comentários. Estão tentando competir com o cronista!

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    1. Kkkkkkkkk isso mesmo, além da leitura, vale a pena ler os comentários.kkkkkk

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  5. Nesse ano que se inicia venho agradecer pelo repertório maravilhoso de crônicas com que fomos presenteados em 2024. Desejamos que sua verve continue em ebulição e jorrando para você produzir e compartilhar seus textos conosco, seus fiéis leitores, diluídos em 52 suaves semanas de muito ânimo, emoções e reflexões para o nosso assombro e deleite. Parabéns!!! Saúde e paz!!! Que venha 2025!!!

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  6. Feliz Ano Novo com saúde, alegria e segurança nas estradas

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  7. Que reflexão interessante, Hayton!

    Os avanços tecnológicos realmente vão além de simples mecanismos de fiscalização e parecem querer nos ensinar a sermos mais conscientes e responsáveis.

    A ideia de "radares da alma" é um convite para pensarmos em como podemos aplicar esses princípios em todas as áreas da vida, promovendo uma sociedade mais justa e ética. Excelente ponto de vista!

    Feliz 2025!

    Abraços,
    Ulisses

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  8. Amanhã, quando o autor estiver ocupando uma cadeira na ABL, eu vou poder dizer: Acompanho esse aí desde quando começou com suas primeiras crônicas num blog! 💭🫢

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  9. A alma tem um bom radar chamado consciência. Talvez devêssemos ter um calibrador para ela. Na verdade belas crônicas como esta funcionam nesse sentido. Luis Antonio

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  10. Excelente crônica para o primeiro dia do ano. Que possamos implementar, de forma efetiva, estes "Radares da Alma" em nosso dia a dia, fazendo com que a consciência de cada um seja seu melhor fiscal.
    Simbora, e viva 2025 com muitas coisas boas.

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  11. Bom dia ,HAYTON .Excelente reflexão para o inicio do ano !!Muita paz , saúde e sucesso !!🌻

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  12. Eu já fiquei fã do seu blog e de suas crônicas, sempre muito assertivas. Apenas lamento que com tanto conhecimentos e oportunidades que a vida nos dá o tempo todo, precisemos ainda de aparelhos de vigilância e de controle para nos corrigirmos. O pior disso tudo é que o resultado maior será sempre o número constante de multas. Acredito que o que precisamos mesmo é sermos mais conscientes sobre as nossas responsabilidades. Não deveríamos deixar que outros nos ensinasse como caminhar e, além disso, ainda pagar altíssimo como castigo. Não aceito com bons olhos tais mudanças tecnológicas, já que os resultados são poucos, e acidentes e infrações existam o tempo todo. Lamentável!

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  13. Radares da alma, câmeras de ruas, inteligência artificial: tecnologias de ponta a serviço de (quase) todos… não demora e estaremos adquirindo tecnologias do tipo para desviar de monitoramentos e passarmos ilesos como caças invisíveis no ar… saudades do interior onde os únicos monitoramentos são as famosas fuxiqueiras de plantão 😄

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  14. Viajei com a crônica de hoje.
    Já pensou se colocassem um radar inteligente pra avaliar a performance sexual dos contribuintes?
    Poderiam dar nota nos quesitos enredo, bateria, evolução, fantasias, adereços. Mestre-sala poderia ser substituído por Mestre-quarto ou qualquer outra dependência da casa. Porta-bandeira poderia portar outras coisas,
    O mais importante seria harmonia, mas muita gente estaria preocupada com a comissão de frente!

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    1. Se é pra viajar, pense na frustração dos velhinhos que se preparam por meses pra apoteose do réveillon, cantando algo assim:
      “Ensaiei meu samba o ano inteiro
      Comprei surdo e tamborim
      Gastei tudo em fantasia
      Era só o que eu queria
      E ela jurou desfilar pra mim
      Minha musa estava tão bonita
      Era tudo o que eu queria ver
      Em retalhos de cetim
      Eu dormi o ano inteiro
      E ela jurou desfilar pra mim
      Mas chegou o réveillon
      E ela não desfilou
      Eu chorei na avenida, eu chorei
      Não pensei que mentia a danada
      Que eu tanto amei…”

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    2. Muito bom! A inspiração continua! Rsrs

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  15. Que durante 2025 saibamos escolher nossos chapéus com sabedoria! Um Ano Feliz para todos!

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    1. Não me perguntem como mas o comentário saiu na crônica errada! Coisas da divergência entre tecnologia e idade avançada.

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  16. A modernidade tecnológica vai chegando na mesma velocidade do mau caratismo dos governantes, que ao colocar um radar para encher os cofres públicos, alimentando a indústria de multas, esquecem de propósito de colocar a placa de velocidade do local onde está instalado o chupa cabra. Ao menos na cidade de Salvador é assim que eles extorquem os motoristas. Quanto ao radar da moralidade, esses parlamentares que roubam através de emenda parlamentar secreta, deveriam com máxima velocidade serem engaiolados e a chave do xilindró ser jogada em alto mar. Gilton Della Cella.

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  17. Caro Hayton, precisam inventar o radar para almas sebosas… aí as chances melhoram.
    Feliz Ano Novo a todos!
    Gradim.

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  18. Altamirando Ferreira da Silva1 de janeiro de 2025 às 12:11

    “Estão mais atentos do que sogra desconfiada”. “Detectam infrações mais rápido que motoboy com pressa de ir ao banheiro”. Parabéns Hayton!! Nis proporcionando iniciar o ano com essas “tiradas” geniais. Fico imaginando qual será o momento exato que lhe vem à mente essa genialidade.

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  19. Normalmente nos meios de comunicação há sempre uma trégua ao final do ano, para retrospectiva. Tempo em que os redatores tomam um pouco de fôlego, para recomeçarem novamente a caminhada de publicações. Que bom que o cronista das quartas-feiras não nos deixa com esse vácuo e mantém-se fiel ao ineditismo, quer faça chuva ou sol.
    E começamos um novo ano com mais um texto bem construído, aguçando nossa criatividade, para embarcarmos na ótica da ética.
    Feliz Ano Novo para todos!

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  20. Meu irmão, muita lucidez de sua parte. O que não entendo é que diante de tanta tecnologia encontro carros da PRF escondidos dentro do mato como se estivessem cometendo irregularidades. Por outro lado sofri na pele a capacidade de controle dessa tecnologia. Passei em frente a um restaurante na estrada onde uns policiais almoçavam e cometi uma pequena irregularidade. Fui notificado. Nem a galinha de capoeira com cuscuz os impediu de me flagarem. Feliz ano novo.

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  21. Divagações de um sujeito que já não anda com tanta pressa.
    .
    Sobre as frases "...e inteligência que detectam infrações mais rápido que motoboy com pressa de ir ao banheiro" e "... talvez o seu maior legado seja nos lembrar de que precisamos dirigir nossas vidas com maturidade e sabedoria – mesmo quando ninguém está olhando", divago:
    .
    Onde estão os banheiros para que os motoboys possam utilizá-los? Simplesmente inexistem.
    .
    Talvez isso seja uma das consequências "do capitalismo flexível e empreendedor, que, dentre outras coisas, pediu às pessoas para que fossem mais ágeis, estivessem abertas a mudanças no curto prazo e assumissem riscos continuamente, dependendo cada vez menos de leis, direitos, normas e procedimentos formais." (A corrosão do caráter, Richard Sennet).
    .
    E, em um conceito simplista, o que define o teu caráter é aquilo que você faz quando os outros não estão vendo.
    .
    Chico Oitavo.

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  22. Abel
    Parabéns por mais um texto publicado. Este, de suma importância, pois trata dos sinais de trânsito, em consonância com o que devemos controlar ou administrar em torno das nossas obrigações cotidianas. Muito bom. Grande abraço.

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  23. Encerrando o ano com uma reflexão de nossas práticas, com a melhor qualidade. Será uma vitória maiuscula alinharmos nossas ações de forma construtiva e ética. Parabéns....

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  24. Cleber Pinheiro Fonseca1 de janeiro de 2025 às 17:15

    Caro Hayton, você não podia iniciar de forma mais lúcida esta nossa nova órbita em torno do Sol, é claro que sem o atrevimento e imprudência da sonda solar Parker, que corre riscos propositais de queimaduras e que já tem programado o seu ciclo de vida útil, tão somente para atender aos caprichos dos seus criadores, ditos cientistas.
    Sua movimentação com as palavras se assemelha a um exímio enxadrista, que não se acovarda diante de jogadas arriscadas e cujo objetivo final nem sempre é vencer o seu oponente, mas levá-lo a inúmeras reflexões durante o embate.
    E sobre essa tal consciência, da qual você tão habilmente encerra a sua narrativa, alguns pensadores afirmam que na maioria das vezes, ela chega a se apresentar até inútil em muitos momentos. E que a vida seria muito mais descolorida, tediosa, sem riscos e sem surpresas se fôssemos conscientes por todo o tempo. Todavia, os ensinamentos paternos aprendidos e que se eternizaram ao longo da vida me dão cada vez mais a certeza de que a prática e o constante exercício do bem e do correto são atributos que oferecem uma contribuição valiosa para a nossa existência, assim como para a evolução da humanidade.

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  25. Amigo, com tanta notícia e acontecimentos bons que devem estar acontecendo no mundo, você foi nos lembrar logo desta praga no primeiro dia do ano? O pior é que investem muito nesse big brother e saem diminuindo a velocidade máxima em diversos lugares para pegar os incautos. Não vai adiantar nem voltar só tempo das carroças porque os radares vão multar o dono das mulas que fizerem cocô na estrada. Nelza Martins

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  26. Ou todos os carros são autônomos(Tesla), ou se coloca um chip em cada motorista, para um controle maior da responsabilidade na direção. Que em 2025 a gente conduza melhor para não sermos multados na estrada da vida.

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  27. Antes de tudo, um ano novo, bom e agradável a todos...
    Fixo-me na questão dos "radares éticos"... Dos que poderiam flagrar a pequenez da moralidade... Digo, "poderiam", porque a legislação existe e os aspectos morais teoricamente aprendemos desde criança, mas pouco lembrados no cotidiano...

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  28. E eis que o nosso cronista não se dá folga nem no primeiro dia do ano. Melhor pra nós que já iniciamos o novo ano com mais uma crônica que bole com os neurônios e os humores.
    Eu nunca quis dirigir automóveis. Resisti a todas as cobranças - como uma pessoa pode viver sem saber dirigir? - e até nunca me arrependi. Só ando com chofer: dos táxis profissionais ao maridão que é ótimo motorista; das caronas dos amigos maravilhosos e dos motoristas de ônibus. Assim, acrescento que, além do conforto, também ganho mais uma vantagem; a de nunca ter sido multada no trânsito.
    Mas o assunto de hoje me trouxe à lembrança imediatamente uma série da Netflix, Black Mirror. Em seus vários - e todos excelentes episódios - a questão do ser humano na vivência com as novas tecnologias - a série nos choca e nos faz refletir sobre esse novo poder, interferindo, sobretudo, na autonomia e na privacidade de cada um.
    Que neste ano de 2025, mesmo sabendo que não podemos conter essa realidade de nossos tempos, possamos, pelo menos, degustar ainda as delícias do mundo analógico, como ler um livro impresso ou enviar cartões de Natal pelos correios.

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  29. “O que você faz quando ninguém te vê fazendo…”
    Brilhante crônica (como sempre!). Feliz 2025 e que continuemos com maturidade e sabedoria para guiar as nossas vidas e almas com retidão.

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  30. Pois é…
    Cada vez mais precisamos de vigilantes.
    Triste!

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  31. Vc é demais ! Numa sonolenta primeira quarta-feira do ano vc nos brinda com essa interessante crônica q nos faz refletir sobre esses " radares da alma " . Parabéns pela bela escrita com "tiradas" geniais ! MMVeras

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  32. Amigo Hayton,
    Se a regata for daquelas do clube flamengo, a penalidade deveria ser cassação da carteirinha de torcedor (que o amigo Verdi não me leia).
    Mas, a propósito, se a tecnologia da instalação dos radares não incomoda mais o asfalto, isto deveria servir de exemplo para as concessionárias de serviços de fornecimento de água e esgotamento sanitário. Assim como para as de serviços de energia elétrica, telefonia e internet não incomodarem mais os "céus".

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  33. Belo texto para começar a caminhada de 2025.
    Realmente, talvez seja necessária uma tecnologia que não apenas olhe, mas que desperte a consciência de cada um de nós.
    Parabéns Hayton, pelas sensatas analogias e aos comentaristas, pelos vários enriquecedores comentários.
    Feliz Ano Novo!

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  34. Refleti muito aqui, buscando adjetivos pra qualificar seu texto, mas considerei pobres os que "enxerguei", então falo só de meu entusiasmo pela qualidade dele. Você cada vez se esmera mais, principalmente por abordar temas que "cutucam" fortemente nossas consciências.
    A coisa tá se aprofundando tanto, que ando pensando em me ausentar desta área aqui.
    É tão alto o nível, também o dos comentários, que fico cada vez mais inhibido. Por isso mesmo, só apareço no "apagar das luzes", no "escurinho do cinema".

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  35. Nestes últimos três anos, vivi "o melhor dos mundos". Fiquei este tempo todo, sem ser flagrado por "vigias eletrônicos", sem levar multas, sem pagar estacionamentos, sem gastar com gasolina, com manutenção do carro etc etc etc. Só andava de carona, ou de ônibus, ou de táxi, ou em carros com motoristas EAR ("que Exercem Atividade Remunerada"), ou seja, os tais carros de aplicativos.

    Só que, de repente, "meu mundo caiu". Voltei de Brasília (da cidade!!! Não, no famoso carro), dirigindo o mesmo carro que eu deixara com minha filha, há três anos atrás, porque para ela estava sendo mais essencial do que era para mim. Nós tínhamos a propriedade compartilhada do carro, mas ela foi transferida para Brasília e não podíamos "dividir o carro ao meio". Então, ficou com ela.

    Mas aconteceram duas coisas: 1) o tal do "Home office" ganhou força e, agora, ela trabalha mais em casa do que de forma presencial; e 2) minha esposa me disse com muito jeitinho: "estou cansada de ficar em casa, sem poder sair. Quando estávamos com o carro, tínhamos mais liberdade e mobilidade!". E assim foi! As duas mulheres da minha vida conspiraram contra a minha tranquilidade. E tudo isso com a minha própria conivência. Tudo leva a crer que eu me odeio. Só pode ser.

    Mas, voltando a falar da viagem, voltamos de Brasília, num FOX. Foi uma viagem excelente. Durou sete dias. Passamos por Lençóis, na Bahia, pela Linha Verde. Depois por Aracaju. Atravessamos o Rio São Francisco de balsa (um dos melhores momentos da viagem). Passamos também por Maceió e por Maragogi, além de São José da Coroa Grande, Gaibú, Enseada dos Corais (com água do mar azul turquesa), Itapuama (onde o peixe frito é uma delícia), o Paiva, Candeias, Piedade e, finalmente, Boa Viagem. Desta forma, evitamos as estradas mais movimentadas e ainda viemos, por boa parte do percurso, pelo litoral.

    Só que, na chegada em Recife, "caí na real". Virou quase um pesadelo. Nada mais era a mesma coisa ("nada do que foi, será, do jeito que já foi um dia"). O número de "vigias eletrônicos" aumentou consideravelmente. Diversas vias tiveram suas velocidades máximas muito reduzidas. Outras tantas viraram mão única ou mudaram o sentido. Mas o maior pesadelo foi ver o expressivo aumento dos "foguetes de duas rodas", vulgo motos, passando em alta velocidade, entre os carros, sem respeitar limites, nem de velocidade, nem de poluição sonora. Um susto, atrás do outro.

    Mas não foi só isso. Também percebi que existem verdadeiras "espaçonaves" voando, ao nível do solo, sem qualquer respeito também. São as SUV (seria a sigla de "Super Ultra Velocidade"?). Parece que, quanto maior o tamanho, maior a "soberba" e a velocidade.

    Estava me sentindo um "jurássico", no trânsito. Mas, felizmente, aos poucos, fui ficando mais à vontade, tendo recuperado os reflexos, que estavam "adormecidos". Mas, o melhor está o meu "contra-ataque" aos vigias eletrônicos e a essa "sanha arrecadadora" das multas, utilizando um aplicativo muito conhecido. Ele me diz qual é velocidade máxima da via em que estou, coisa que faço questão de respeitar, além de indicar também onde estão os vigias eletrônicos. Não é questão de tirar vantagens. É para evitar ser vítima de uma eventual distração e acabar colaborando a contragosto com a chamada "Indústria da Arrecadação".

    Quanto ao "Radar da Alma", eu já tenho o meu. É minha esposa. E não estou dizendo isso, por ser o "último romântico". Pelo contrário. Muitos alertas foram precedidos por um "não seja burro". Se, no passado, eu tivesse dado mais atenção aos seus alertas, teria evitado muitos erros. Como exemplo prático, como já contei, foi ela que me convenceu a voltar a dirigir. Ela não dirige, mas é minha "copilota". O que, para muitos é uma ofensa, por se sentirem chamados de incompetentes, para mim é excelente.

    Nada supera a Intuição Feminina. Por mais sofisticada e avançada que seja a tecnologia, para esta sempre faltará exatamente a Intuição.

    Feliz 2025!

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  36. "Mas não se engane: continuam implacáveis com os afoitos que se acham a reencarnação de Ayrton Senna." Aqueles que se acham um ÁS NO VOLANTE, MAS QUE NÃO PASSAM DE UM ASNO VOLANTE! 💭🫢🤣🤣🤣

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  37. É isso tudo, só que mais um pouco. Quando passamos pelos radares, a menos de 10 metros, eles podem ler nossos celulares, normalmente conectados no wase, e estabelecer uma conexão via Bluetooth. Aí andam conosco a viagem inteira, contando para o radar seguinte o momento que nele passamos. E pior, saberão até a hora que passaremos a sair de casa. Não serão só radares do asfalto, mas da vida. Melhor cuidar da vida e do radar...

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  38. E ainda tem os óculos que detectam placas de carros roubados e ainda deixam o "guarda rodoviário" extremamente estiloso. Porém, bastaria a consciência impor os limites para aquilo que sabemos estar errado para que o mundo fosse outro. Parabéns, Hayton. Crônica de alto nível.

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  39. Bons conselhos você nos dá, caro Hayton.
    Gostei da ideia do radar ético para o setor público, mas seria bom também nas escolas, nos hospitais, nas empresas e nas ruas,
    Este tema é mais um para refletirmos.

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