julho 02, 2025

O teatro da bajulação

Num zoológico de egos inflados, metas inalcançáveis e reuniões inúteis disfarçadas de brainstorm, despontam os verdadeiros mestres da fauna corporativa: os puxa-sacos. Mas sejamos honestos: quem nunca afagou um ego alheio, nem que fosse com dois dedinhos de falsidade?


 

O termo, segundo os arquivos empoeirados da caserna, nasceu nos tempos em que soldados de baixa patente carregavam os sacos — de mantimentos, tralhas e até mágoas — dos superiores. A prática foi ganhando contornos mais sutis, menos físicos e mais psicológicos, até se transformar nesse balé de elogios sob medida, sorrisos forçados e silêncios convenientes.

  

Dias atrás, li uma notícia daquelas que, de tão absurdas, só podem ser verdadeiras: a gaúcha Luciana Azevedo, uma profissional de RH, cansada de ver gente competente sendo engolida por tagarelas de gravata ou tailleurs, criou um curso online para ensinar a bajular com método e sem culpa. Nome da joia rara? Puxa-Saco Sem Frescura. Didático e direto, como tapinhas nas costas que mira a promoção.

 

Acertou no alvo: quase duas mil almas já compraram o pacote. E, segundo a autora, a aprovação beira os 100%. Tem até módulo chamado “Seja bobão” — aula magna na arte de pedir permissão para existir sem parecer insolente. Outra pérola? “Inspire seu chefe, mesmo que ele nunca tenha inspirado nem a si mesmo”.

 

A mentora do método jura de pés juntos que não ensina falsidade, mas inteligência emocional. “Fingir é maturidade. Fingir respeito, fingir que engoliu o sapo, fingir que o chefe é um farol de sabedoria. As empresas não contratam pessoas, contratam personagens”, sentencia, como quem já decorou o roteiro da peça do momento.

 

Ela distingue, com a precisão de uma cirurgiã social, dois espécimes da fauna bajulatória: o pavão e o estrategista. O primeiro é espalhafatoso, ri alto da piada sem graça do chefe, organiza vaquinhas para comprar cafeteiras de cápsula em aniversários e ainda sugere uma plaquinha de "Líder do Mês". Já o segundo — o tal puxa-saco inteligente — é discreto, sutil, quase invisível. Uma espécie de ninja corporativo que sabe quando submergir e quando aplaudir de pé.

 

E para quem ainda torce o nariz, Luciana tenta acertar o coração: “Não é sobre ser falso. É sobre sobreviver sem se engasgar com o próprio orgulho”. Afinal, o que dizer de um teatro onde engolir sapo virou competência comportamental e abrir a boca na hora errada pode custar sua vaga no camarim? 

 

Ela ainda oferece sete mandamentos para o puxa-saco contemporâneo:

1. Finja que é bobão – deixe que o chefe brilhe. Afinal, holofote demais revela espinhas e rugas.

2. Diga que ele é sua inspiração – mesmo que ele só tenha contribuído com um “é isso aí, vamos lá!”.

3. Sugira, sem contrariar – nunca diga que algo está errado; no máximo, que é melhorável. Com ternura.

4. Mostre defeitos humanos – seja gente como a gente: esqueça um prazo, derrube café, erre o nome do colega.

5. Finja paz, mesmo em guerra – o mundo não precisa saber que você odeia apresentações de PowerPoint com todas as suas células.

6. Aprenda a linguagem do seu chefe – tem deles que gosta de bajulação explícita. Outros preferem sutileza. Estude antes de puxar.

7. Evite ser pavão – nada de gargalhadas exageradas, presentes ostentatórios ou tapinhas constrangedoras na lombar alheia.

 

No limite, o que move o puxa-saquismo não é vaidade, mas sobrevivência. Quem já viu alguém medíocre escalar o organograma feito cabrito em escada de rodoviária sabe do que estou falando. O competente, muitas vezes, só assiste resignado — de braços cruzados e ego latejando.

 

Não vou negar, confesso que já pisei nesse palco. Talvez continue pisando, com figurino mais discreto. Até porque, sejamos francos, em algum momento da vida, puxamos o saco de alguém — um chefe, um amigo, um filho, um neto. Há quem diga que isso é afeto. Outros chamam de conveniência. Tudo não passa de um jogo semântico.

 

A rigor, puxar saco é só mais um ato cênico: comédia para uns, tragédia para outros — mas sempre em cartaz, com plateia lotada e fila de espera para fazer parte do elenco.

E você? Vai seguir de espectador indignado, fingindo que não tem nada a ver com isso? Ou já decorou a fala, os trejeitos e está de figurino pronto, só aguardando a deixa para entrar em cena?

39 comentários:

  1. O cordão dos puxa-sacos
    Aumenta em peso e altura
    Já existe até a regra
    Puxar saco sem frescura
    Luciana Azevedo
    Já inventou o enredo
    Puxar saco com ternura

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  2. ADEMAR RAFAEL FERREIRA2 de julho de 2025 às 05:20

    "Quem não puxa-saco puxa-carroça" é um antigo ditado. Cada um faça sua opção. No jogo dos sete acertos de Luciana Azevedo acertar quatro não mata ninguém. Façamos nossas apostas.

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  3. Conhecedor profundo da fauna corporativa, nosso brilhante cronista já viu muitos cabritos subindo em elevador privativo, com direito a vaga na garagem e bottom de ouro na lapela

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  4. Que teatro vasto e corriqueiro este versado na sua crônica, caro Hayton!
    Com efeito, como dizem os doutrinadores jurisconsultos, o puxa-saquismo está em voga, nesses tempos de meu Deus, como nunca fora visto em nosso país. De "papagaios de piratas"[as selfies são verdadeiras coadjuvantes] a guardiões da imagem e corpo, a qualquer custo, esta atitude humana, infelizmente, permeia a relação chefe versus subordinados, e, se nos mostra escancarada desde agentes políticos de alto escalão a meros auxiliares de serviços gerais - tudo isso deve-se ao conhecido QI[quem indicou] em detrimento da escolha dos melhores pela via da competência, aferida em concursos ou coisa que o valha.
    Tenho uma experiência anedotária, mas hostes do ãmbito laboral, em que, um colega nomeado para o serviço público de fiscalização tributária, antes da Conceição de 1988 - desnecessário dizer da incompetência para o exercício da função - fora designados para cuidar de arrumar a sala do Delegado Regional da Fiscalização, além de providenciar os jornais do dia, tudo antes da chegada do chefe à repartição, abrir-lhe a porta e saudá-lo num breve "bom dia chefe", tudo dentro do roteiro [script] que lhe fora passado por Dona Flexina, secretária do chefe.
    Certo dia, o subordinado - aqui nominado Teixeirinha - chegará atrasado ao serviço e o Delegado já estava em seus aposentos laborais, em pleno trabalho e atendimento a um colega de ambos.
    Teixeirinha adentra a antessala do gabinete da autoridade fiscalizatória esbaforido, ofegante mesmo, e se dirige a Dona Flexina
    - o chefe já chegou?
    - claro Teixeirinha!, você acha que a esta hora ele estaria em casa sem fazer nada?! sei não, viu, não vai dá bom pra você não
    - deixe comigo, eu sei como me desculpar e vou logo me apresentar a ele
    - não faça isso ele está atendendo um colega que veio transferido dos confins do Judas só porquê é da política contrária e a.conversa está acalorada
    - e eu comentei isso?! Vou ligo é livrar minha cara
    Tomou da maçaneta da porta, abriu-a bem devagar, pôs a cabeça à vista do Delegado e começou a saudação matinal, naquele dia um pouco mais estendida, afinal teria que se redimir da falha grave do atraso
    - bom dia chefe!, como vai a chefa?!, e os chefinhos?!......

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    1. Já conheço pela “caligrafia”. O comentário acima é do grande Tonho do Paiaiá!

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  5. De fato, uma pérola corporativa. Tanto faz na iniciativa privada como no serviço público (neste então, há verdadeiro cordão em busca de promoção).
    Conheci no Rio de Janeiro um funcionário do BB, Zé Outrão, que, invariavelmente, às sextas-feiras no final do expediente, quando o sub-gerente trancava as gavetas da escrivaninha e se arrumava para fechar o expediente, ele enchia os pulmões e gritava com o grito de uma araponga no cio: “Muito bom fim de semana chefinho, e se até segunda-feira vier a espirrar…SAÚDEEEE”👀

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  6. Após aula do Hayton, a pedido deste inculto em tecnologia da informação, faço este breve comentário-teste.
    Pronto, chefe! D'agora em diante não ficarei anônimo rsrs

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  7. Lena (puxa-saco do cronista2 de julho de 2025 às 06:08

    O cordão dos puxa/sacos cada vez aumenta mais ,HAYTON !! PARABÉNS !!

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  8. Muito pertinente sua crônica. Falou tudo sobre o palco da vida onde o teatro deve ter ensaiado, decorado e praticado.

    Fiquemos atentos a este texto Hindu:
    "As línguas dos bajuladores são mais macias do que seda na nossa presença, mas são como punhais na nossa ausência."

    Barack Obama, já dizia:
    "Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de você pessoas que te avisem quando você erra."

    Todavia, no mundo corporativo, parece estar impregnado o misto entre meritocracia e a arte da bajulação, e muitas vezes, esta será decisiva se seguida das "boas práticas" ensinadas por Luciana Azevedo.

    E vamos que vamos, pois como você falou:
    "puxar saco é só mais um ato cênico: comédia para uns, tragédia para outros — mas sempre em cartaz, com plateia lotada e fila de espera para fazer parte do elenco."

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  9. Caro Hayton, mais uma jóia essa sua derradeira crônica. Terminei a leitura aqui e continuei pensando a respeito dela. É instigante. Você conseguiu desbravar um tema tão presente em nossas interações, mas que raramente é abordado com essa clareza e profundidade: a arte sutil da bajulação.
    A forma como você contextualiza a origem do termo e sua evolução para essa coreografia de elogios e conveniências é simplesmente primorosa. A menção ao curso "Puxa-Saco Sem Frescura" da Luciana Azevedo é um achado que, de tão inusitado, sublinha a ironia e a realidade desse fenômeno. A ideia de que as empresas contratam "personagens" e não "pessoas" é um diagnóstico incisivo do cenário corporativo atual e acho que ela tem razão. A distinção que faz entre o "pavão" e o "estrategista" é muito interessante e serve para demonstrar a a complexidade e as nuances dessa dinâmica.
    Por fim, a sua conclusão foi um arremate perfeito para essa análise. A provocação sobre quem nunca, de alguma forma, "puxou o saco" de alguém, seja por afeição ou conveniência nos conduziu a revisar o passado. É uma observação honesta e perspicaz, que nos leva a questionar: até que ponto a busca pela sobrevivência ou ascensão nos leva a dançar conforme a música, mesmo que a musica não seja a nossa melodia preferida? Um texto riquíssimo que, sem dúvida, merece uma longa e boa conversa. Parabéns pela perspicácia e pela elegância na escrita!

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  10. Fiquei aqui matutando, já li um monte de coisas sobre liderança, blá blá blá e blá blá bla. Mas, esse texto foi totalmente demais. Se eu tivesse acessado este conhecimento há tempos, eu não tinha levado tanta catracada, de egos inflados, que por desconhecimento, não os inflei ainda mais. Eu achava que era apenas trabalho, trabalho entregue e vamos para o próximo. Mas, é um ledo engano. A chefia precisa se sentir a autora do gol. Ou da excepcional defesa. Mesmo que nem tenha saído das arquibancadas, onde vê o jogo sem nenhum interesse. Obrigado por compartilhar um saber tão importante. Vou repasar para meus filhos que ainda labutam. O texto não tem ironia, nem faz o jogo do contrário, é um roteiro de sobrevivência de convivência com poderes-pavões.

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  11. A bajulação é a arte de fingir, a farsa da conveniência que prejudica a meritocracia. Já ouvi falar de colega que após o churrasco fazia sempre questão de lavar os pratos na casa de superintendente regional. Era comum que para subir no banco, o citado afirmava que passaria por cima da própria Mãe.

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  12. A gente nunca foi puxa-saco.
    Puxa-sacos foram os outros.
    A gente nunca babou ovo, apenas manteve relacionamento respeitoso e cordial com as chefias.
    A gente nunca se escravizou, apenas cumpriu nossas obrigações e fez um pouquinho mais para o bem da empresa.
    A gente nunca bajulou, apenas expressou uma admiração saudável pela chefia.
    A gente nunca engoliu sapos, a gente apenas teve maturidade emocional e profissional pra saber a hora de não falar nada.
    Ou seja, a gente sempre soube o que fazer em cada momento para ter ascensão profissional.
    Puxa-sacos sempre foram os outros, especialmente as pessoas das quais não gostamos ou aquelas que foram ou são nossas concorrentes.

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  13. Ninguém está livre de tê-los ou de sê-los, em alguns momentos da vida, mesmo que, às vezes, vista o personagem de forma não tão consciente.
    A crônica modelou muito bem precisa as diversas características desses seres ocasionais.
    Assim caminha a humanidade...

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  14. Mais uma crônica brilhante e extremamente atual! O cordão dos puxa-sacos só faz crescer... O que talvez mude ao longo do tempo é a intensidade da atuação nesse grande teatro da vida. No entanto, quando se alcança o mar de tranquilidade que só a maturidade oferece, essa encenação tende a diminuir — e a autenticidade ganha espaço. Isso, claro, tem um custo: ser menos aceito por quem vive de máscaras.
    Parabéns, Hayton! Sem bajulação, apenas reconhecimento por mais uma crônica inteligente e provocadora.

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  15. Mas vamos combinar, e sem puxar o saco: mestre Hayton escreve bem demais. Arretado de ler e impagável puxar pela memória e reconhecer os pavões e os discretos.

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  16. O texto versa, com excelência, sobre a normatização da função do puxa-saco. Mais um show de bola, Hayton.

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  17. Rapaz! Hoje em dia tem “Coach” pra tudo. Jamais podia imaginar alguém ensinando a puxar o saco dos chefes. Mas, ganhar dinheiro é O que interessa. E essa parece que está se dando bem, a julgar pelas informações do seu texto que é excelente. A cabeça ficou aqui girando e vendo cenas passadas. Tem chefes menos preparados que caem nas armadilhas dos puxa-sacos. Já vi esse filme. E quem nunca viu?
    Lembrei de Carlos Bubu que, coitado, como continuo no Banco, toda vez que vinha um diretor, mesmo nos fins de semana, era escalado para servir. E aí a turma que não perdoa, dizia que o diretor saia pra pescar com o gerente e Bubu tinha que mergulhar e colocar o peixe no anzol do diretor. As vezes o peixe tinha aquele carimbo azul da fiscalização sanitária. E Serrano, exímio caricaturista, já na segunda feira espalhava o desenho lá pela “cobrança” que ao fim do dia já havia corrido os 9 andares do prédio. Mas seria o Bubu um puxa-saco ou apenas um cumpridor de ordens do gerente? NelzaMartins

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  18. Eu sempre recebo os seus textos através de um grande amigos seu, hoje denomino como meu também. As suas crônicas são sempre a melhor coisa que acontece às quartas-feiras, após as orações. Essa em particular, pois me vi dentro do texto condenando os meus colegas grandes bajuladores e detentores de privilégios. Esta crônica teve um diferencial, os comentários são tão bons quanto à crônica. Vou procurar o livro e vou tê-lo como livro de cabeceira. Nunca é tarde para aprender e até para melhorar. Acredito que passarei a sofrer menos e a ter menos culpa. Obrigada pela forte e precisa lição.

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  19. Hayton, "Quem já viu alguém medíocre escalar o organograma feito cabrito em escada de rodoviária sabe do que estou falando", culminou! Essa, parece ter sido inspirada em recordações do nosso interior nordestino com presença de modernidade citadina (cabrito x escada rolante). rsrs. Sobre o que acabo de ler, tenho a dizer que também sou um declarado e sincero bajulador... mas de um escritor, que nos encanta com suas saborosas crônicas das quartas! 👏👏👏👏👏👏👏 Fraterno abraço.
    Lacerda Jr.

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  20. ROBERTO SANTOS FERNANDES2 de julho de 2025 às 09:28

    O campeão do "puxasaquismo" é Seu Batista da Escolinha do Professor Raimundo.
    Ele tem muitos seguidores!
    Kkk

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    1. Competindo com ele, cabeça com cabeça, tem o Armando Volta...

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  21. Vou te dar parabéns pela crônica, mas sem puxar o saco. Todos já passamos por situações onde, se não puxar, acaba até com o encanto da plateia. Aliás, às vezes já existe até o puxa saco mor, pois todos esperam dele a atitude mais completa. É a vida.

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  22. Abordagem bem interessante 👏🏼👏🏼👏🏼☺️

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  23. FRANCISCO OITAVO PINHEIRO FERNANDES2 de julho de 2025 às 10:03

    Se espirrar, chefe, Saúde!

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  24. Mesmo com a maioria de nós não estando, mais, tão envolvidos na lide corporativa, o texto é certeiro.
    O puxa-saco sempre foi e será figura folclórica no ambiente de trabalho – sempre pronto para elogiar desde a gravata do chefe a até fazer sombra mesmo sem sol – de tanto ficar colado na autoridade.
    Apesar de dizermos e acharmos que só os outros é que puxam saco, creio que todo mundo já puxou ou foi puxado, dependendo das circunstâncias ou conveniência.
    Atire a primeira pedra do saco quem nunca disse ou pensou dizer:
    - Pois não chefe! Você é demais! Seu desejo é uma ordem!
    - Até já tinha pensado nisso, mas sua capacidade de liderança é tão grande que nem preciso pensar, só seguir suas orientações.
    E o cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais.

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  25. Toda quarta uma pérola. Excelente crônica de uma realidade cada dia mais em prática, até horas de treinamento, em detrimento do tempo de Capacitação, conhecimento para exercício da função. O resultado, todos conhecemos.

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  26. Bastante oportuna o tema abordado em sua crônica, Hayton.

    O puxa saco é uma figura muito malvista, mas ainda muito presente no mundo corporativo.

    Se um alguém, impõe uma cultura de "puxa-saco" como forma de promover a meritocracia é uma falha de caráter profissional.

    Um líder verdadeiramente meritocrático é aquele que reconhece e recompensa a competência, o esforço e a inovação, e não a bajulação ou as conexões pessoais. Ele cria um ambiente onde as pessoas são incentivadas a dar o seu melhor, sabendo que o reconhecimento será baseado no mérito e não em favores.

    Mas, infelizmente, existem aquelas pessoas, que querem se dar bem a qualquer custo. São, os chamados puxa sacos, baba ovos, bajuladores, aduladores, chaleiras, lambe botas, dentre outros adjetivos.

    E o mundo corporativo está de cheio desse tipo de gente. Uns, porque gostam de bajular, e outros, porque gostam de serem bajulados.

    Ademais, para termos um ambiente de trabalho saudável e produtivo, não exige sacrifícios extremos, muito menos, bajulações, mas sim inovação, criatividade e comprometimento com as obrigações.

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  27. Essa de hoje, me fez ressussitar meus instintos mais primitivos, kkkkk.
    Eu nunca puxei o saco de ninguém na vida. É questão de perfil, não de orgulho. Mas, quem é assim sabe do ônus nesse cenário nojento corporativo. Ver os inaptos, inéptos, incompetentes assumirem posições no seu lugar é triste. Mas, é a realidade. Hoje, paro e penso que valeu a pena, apesar de tudo. Pra mim, puxar saco é uma espécie de prostituição; não do corpo, mas da alma. Parabéns aos que foram ou são até hoje.

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  28. Nem o ovo nem a galinha. Quem nasceu primeiro foi o baba-ovo.

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  29. Olhe que eu tenho que concordar com minha colega comentarista Lena: sou puxa-saco desse cronista, viu?
    Dar-nos conhecimento dessa novidade! Então temos treinamento até para saber bajular! Demais!
    Já estou aqui compartilhando com outros amigos que, como eu, conhecemos muitos “baba-ovo”; só conhecemos, nunca fomos, como bem registrou o Sérgio.

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  30. Todo puxa-saco quer levar vantagem. Usa da falsidade para "escalar". É de todo abominável. Mas a culpa da "escalada" não é dele. É de quem acredita e promove o incompetente.

    Mas, se a intenção é outra, uma "mentira sincera" pode evitar uma queda emocional desastrosa. Ajuda a não desistir. Quem ouve, se tiver maturidade, percebe a intenção. Aceita a "injeção de ânimo". Já presenciei uma situação em que um simples "Calma!!! Você sabe que é capaz! Siga em frente!" evitou um provável desastre.

    Existe uma linha muito tênue, entre o elogio sincero e a bajulação. Se já é capaz de causar desconfiança em quem o recebe, imagine em quem está só espiando. E, em tempos de internet e velocidade da informação, a inversão de valores acontece num "piscar de olhos".

    Hoje em dia, muitos preferem conter o impulso de se manifestar, para evitar mal-entendidos. Estão certos, tanto quanto quem se manifesta. É melhor seguir o que o seu "grilo falante" interno aconselha.

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  31. Suas crônicas me deixam até tonto. Vem até um pensamento assim, será que esse cara é certo mentalmente???
    Já coloquei aqui, você consegue produzir coisas brilhantes e até inusitadas sobre qualquer assunto, tema, de parto, a atracação de navio, como gosto de dizer.
    Hoje, mais uma vez você "cutuca" sobre um tema até nevrálgico, e faz pior, nos leva a reflexões profundas, pois define a coisa como realmente existe, há o lado positivo, quiçá bom, e o desprezível.
    Pra não me alongar muito, sou um puxa-saco assumido daquelas pessoas que admiro. Tenho exemplos na vida, dois amigos têm queixa de mim porque fiquei sempre afastado quando eles exerceram posições importantes - eu sempre criava uma impossibilidade de encontrá-los quando convocado, mais que convidado, para algum encontro. Hoje, quando voltamos a ser iguais, só cidadãos, voltamos a nos encontrar rotineiramente, e eles se queixam disso, de mim, me sacaneiam até.
    Pra terminar, você é um exemplo maior. Nunca trabalhamos juntos, só há pouco tempo nos conhecemos pessoalmente, num encontro marcado, marcante e inesquecível pra mim - como tem muita coisa na moda, nada de diferente houve, sua esposa Magdala, e a minha, Martha, estavam presentes (não resisto a uma boa digressão que enalteça o humor).
    Pois bem, brigo com qualquer um pra ser o eterno PRESIDENTE DE SEU FAN-CLUBE.
    Viu como o puxa-saquismo tem sua importância????

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  32. Cleber Pinheiro Fonseca2 de julho de 2025 às 16:32

    Caro Hayton, essa sua nova narrativa explora de forma quase caricata o papel dessa folclórica (ou seria abominável?) figura do puxa-saco no ambiente organizacional.
    Duro mesmo é perceber que indivíduos com esse desvio comportamental continuem ocupando cada vez mais papel central nas organizações. Pior ainda é constatar que essa praga corporativa não apenas sobrevive, mas consegue prosperar em suas ambições, fazendo valer aquela regra de conduta equivocada de que toda bajulação sempre germina frutos de gratidão.
    Enfim, em toda essa discussão, achei curiosa uma citação: “o puxa-sacos é que nem carvão: aceso ele te queima e apagado ele te suja.” Parece singelo, mas cheio de brasas ocultas.

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  33. O cotidiano de uma instituição, seja qual for, sempre cabe num palco, onde os atores exercitam sua arte, alguns cumprindo o roteiro e outros desenvolvendo sua criatividade. Estes, geralmente mais eficazes perante os "óculos do chefe"...

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  34. Agostinho Torres da Rocha Filho2 de julho de 2025 às 17:28

    O Freitas, secretário de Marco Aurélio na nova novela/remake da Rede Globo VALE TUDO é a própria personificação do protagonista da presente crônica. Deve ter sido o aluno destaque da primeira turma do curso PUXA-SACO SEM FRESCURA. Quem ainda não o conhece, procure assistir ainda que seja um único capítulo. Vale à pena! Trata-se de um legítimo representante da espécie. Aliás, na vida real, conheci um ex-colega do Banco do Brasil que, ao final do semestre, enviou um TELEX para o gerente geral parabenizando o gestor pelo lucro da agência. Belo texto!

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  35. Impressionante!
    Meu amigo está cada vez mais brilhante na arte de inventar histórias!
    Chego a pensar ser verdade!
    É muito talento criativo!

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O teatro da bajulação

Num zoológico de egos inflados, metas inalcançáveis e reuniões inúteis disfarçadas de brainstorm, despontam os verdadeiros mestres da fauna ...