JOÃO VIVE. VIVA!
Hayton Rocha
Em Copacabana, onde a maresia corrói metais, mas conserva memórias, vive João Cândido de Lima Neto. Desde fevereiro de 1949, quando trocou o expediente no Banco do Brasil pelos passeios matinais entre o Forte e o Leme, João caminha pelas calçadas como quem relê capítulos de um livro cujo final só ele sabe. Já são 100 anos de prosa e verso — e o enredo, veja só, ainda se escreve com graça e espanto.
Figura carimbada do bairro, virou personagem de uma edição especial de O Globo sobre centenários cariocas. Ganhou manchete não apenas por atravessar um século em pé, mas por ser raiz invisível da cidade — dessas que não aparecem nas fotos, mas sustentam o que nelas floresce. Um alicerce discreto, carregando a alma do lugar sem alarde nem holofote.
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Reprodução/O Globo - Fotografia: Guito Moreto |
Na entrevista, falou da Copacabana quase rural, das noites apagadas pela guerra e do fiscal de praia que só liberava banho entre 14h e 16h. Imagine só: pedir licença para mergulhar no Atlântico! A paranoia era tanta que até o pôr do sol parecia precisar de crachá. João conta isso com um riso discreto, ajeitando o chapéu de feltro marrom, como quem carrega no bolso as chaves do tempo — e ainda sabe onde cada uma se encaixa.
Ele também coleciona apegos particulares — além de moedas raras e carrinhos em miniatura que já lhe renderam menções em revistas britânicas. Guarda gargalhadas de netos, buzinas de bonde, cafés na Colombo, memórias de Sinatra no Maracanã e sorrisos que ficaram presos nas entrelinhas do passado. Caminhou sozinho até os 95. Hoje, ladeado por cuidadora, desfila sua elegância centenária entre jornaleiros, chaveiros, porteiros e pipoqueiros. Lembra um samba de Cartola ou Noel Rosa: a gente reconhece a letra mesmo sem escutar a melodia.
Tem três filhos, quatro netos, três bisnetos e uma curiosidade sem freio. Diz a filha, Renata, que o segredo está nos livros. Ou nos passos. Ou, quem sabe, no dom de continuar achando graça onde já não há tanta novidade. Um talento singular: manter-se jovem sem precisar parecer — talvez o mais subversivo dos gestos num mundo viciado em juventudes performáticas.
Penso nisso tudo e me pego imaginando o que diriam cientistas ao ver João atravessar os últimos 100 anos com essa leveza.
Justamente na página ao lado da reportagem, um geneticista de Harvard, David Sinclair, crava: “A primeira pessoa que viverá 150 anos já nasceu.” Segundo ele, até 2035 haverá uma pílula capaz de reiniciar nossas células — como quem clica em atualizar sistema na tela da vida. Rugas a menos, mitocôndrias a mais. Versão 2.0 da existência.
Mas de que adianta viver 150 anos se não der pra restaurar as configurações originais de fábrica? Não falo de articulações novas ou do viço da pele. Falo da capacidade de se encantar com a caneca trincada que não vaza, de rir do cachorro desafinado que late pro motoqueiro apressado, de bater à porta do vizinho só pra desejar bom dia, de “beijar o português da padaria”, como diria Zeca Baleiro. E é aí que João, com seu passo miúdo e olhar curioso, parece já ter descoberto o segredo que nenhuma cápsula trará: viver mais é menos urgente que viver melhor.
Se é pra sonhar com longevidade, que seja com espaço interno pra carregar reservas de encantamento — também de indignação, claro. O mesmo João que, certamente, se indigna, à sua maneira, com um país que tolhe a dignidade. Onde a miséria não seja confundida com estatística, a desigualdade não seja banalizada e criança tenha infância, não trincheira. Onde ninguém precise pedir licença pra existir ou prova de endereço pra ser tratado como gente.
Um país que abrace mais e castigue menos. Onde segurança não seja privilégio nem sentença. Onde o futuro não dependa de cápsulas milagrosas, mas de escolhas conscientes. Onde democracia não seja aplicativo com bug, mas organismo vivo, corrigido quando necessário por gente capaz — sem Messias de ocasião nem vilões convenientes.
E se, por capricho da biotecnologia, você que me lê for a primeira pessoa a soprar 150 velinhas, que seja com a força de quem entendeu que a vida vale mais pelas coisas que não custam: a lembrança da mãe oferecendo chá de eucalipto e manta de chenille no arrepio da febre; do pai pelejando com o chiado do rádio antigo justamente na hora do gol.
Ou, faça como João: aguarde o apito final do Grande Árbitro fechando o jogo — quem sabe, um pouco antes dos 120 — com gratidão no bolso, lucidez no olhar e as alpercatas de sempre, leves o bastante para mais um passeio sereno pelas calçadas do acaso.
As vantagens de perder o sono e madrugar é poder ser brindado com teu texto, com o João, que me ninou mansamente. Como quem a dizer, deixe de abestagem, foi só una noite de tosse e contar bodes. Não mata. Sabe Hayton, tenho trabalhado muito com grupos de longevidade, a que chamo dos longelescentes, e ler o João me fez abrir um tremendo sorriso na alma. Daqueles de perfumar ambientes. Adorei cada linha, cada sacada tua, como a de reconfigurar o sistema, pra continuar vendo graça e curioso com a vida. Se me permite vou compartilhar o teu João,o nosso centenário João, com o grupo do 70+ que participo. Que gostosa história de vida. Como me senti em Copacabana, sendo animado a ser que nem ele, caso chegue ao centenário. Não deixar de se espantar, de se abonar. De se indignar, porque não, ao se manter ativo e participante da dinâmica da vida. Sem querer imitar performances da juventude, o que adorei também em teu texto. Mas de uma identidade própria, ser revolução que nega os estereótipos de uma velhice, muitas das vezes vista como mofo, finitude, vazio e aborrecente. João desafiou esse processo doentio de nosso país, que ainda não sabe tratar os longevos e carece de políticas públicas de apoio e inclusão, um país que ainda demite por idades, veja última sessão do TST que reintegrou uma pessoa demitida por idade. O João me representa, nos representa. Há um João em mim. Em você, e em tantos que assinam este maravilhoso blog. Obrigado por encher minha vida de esperança e alegria, após uma noite tossindo e insone. Agora vou Joalãozar minha vida. Preparar uma chaleira de café, e acompanhar o nascer do sol aqui da janela do AP.
ResponderExcluirHoje registro meu comentário para essa “crônica-esperança” de nosso cronista, dirigindo-me ao Ricardo Barros.
ExcluirEle soube enxergar todas as pérolas de beleza e ternura da notícia e de cada frase construída pelo cronista com toda sensibilidade que lhe caracteriza.
Obrigada, Hayton, obrigada, Ricardo.
Terminei de ler seu comentário lamentando não poder compartilhar desse café tão especial da sua chaleira.
Vida longa e plena a todos nós.
É lá em Copacabana
ResponderExcluirOnde vive o nosso João
Com a sua longevidade
Atravessa a multidão
100 anos de prosa e verso
Encantando o universo
Com seu Cândido coração.
Que verso mais bonito!! Seu Cândido sabe tocar o coração das pessoas e despertar poesia nelas!!
ExcluirQue lindo ,HAYTON ! Em cima dos meus 81 me sinto muito feliz por saber que posso chegar onde o JOÃO está !! Acredito que a fórmula está no curtir as pequenas e maravilhosas imagens do dia à dia e ler seus textos .🍀
ResponderExcluirDe quantos Joãos se faz uma felicidade?!
ResponderExcluirBem, a tomar como mote esta crônica do mestre Hayton, um é o bastante! Seja um João copacabaneiro, um natubeiro, um pajuçarano, um bexigueiro, um pelorinheiro, um sertanejo ou um sulista, basta que esse João tenha a galhardia de ter vivido com alegria; ter perpassado dois séculos e completado um em cronologia de idade; ter enfrentado mazelas de enfermidades como, ao menos, uma pandemia; ter visto seu país experimentar várias situações de incertezas políticas, econômicas e sociais; ter aplaudido seu time de futebol de coração, alguns selecionados do seu país - futebol e voleibol, por exemplo -, seus ídolos de outros esportes a exemplo do boxe, do automobilismo; ter participado de carnavais, quer seja desfilando numa escola de samba, num bloco de frevo junto a bonecos de tamanho agigantado ou acompnhando, na avenida, uma fobica e vendo nascer o trio elétrico; disputando um primeiro lugar em um dos bois amazonenses, e, até mesmo, num genuino samba de roda do recôncavo baiano, relembrando ancestrais; de assistir, pelo rádio, ao vivo ou pela TV - preto e branco e a cores - vozes marcantes de seus ídolos musicais, passando por Orlando Silva, Carlos Galhardo, Carmem Miranda, Helena Camargo, Tom Jobim, Vinicius, Roberto Carlos, Elis Regina, Simonal, Clara Nunes......
Sim bastaria um só João com esta completude cronológica de ver, sentir, decidir, reclamar, chorar, brigar, cantar, dançar, aplaudir ou vaiar. Bastaria o João do Banco, das conversas nas bancas de jornais, dos passos clássicos nos salões da estudantina ou, quem sabe, qualquer João das gafieiras das ladeiras das montanhas, dos cais dos portos, de lagoas do abaeté, de mercadões municipais, mercados modelo ou ver-o-peso. Bastaria esse João!
Que o João do Hayton - desta crônica - seja um exemplo para todos nós tonhos, marias, miquilinas, manés e chicos deste imenso Brasil para vivermos bem, com sorte e com arte!
Crônica para ler, reler e buscar os encantos do bom viver.
ResponderExcluirSimbora, seguindo os ensinamentos de João, vivendo com as emoções e no equilíbrio da razão, jamais deixando que oportunistas de plantão se aproveitem para rasgar nossa preciosa conquista de liberdade e democracia.
Sigamos com longevidade, saúde, leveza e esperança para vivermos 10 dúzias de anos com muita serenidade e coisas boas.
Valeu Hayton.🤝🎯
Parabéns ao seu João Cândido pelo centenário e lúcido pra contar sua história para o jornal que faz 100 anos também.
ResponderExcluirE ao Hayton que o homenageia o nosso ex colega do Banco do Brasil.
Deve ter muitas histórias pra contar, não teria ele a mesma idade da nossa Previ?
E o mais importante é viver independente e lúcido, caminhando todos os dias.
“A VIDA PRESTA”
ResponderExcluirQue crônica suave a de hoje! Essa não é só para ler, contemplar, rir… é para refletir sobre o que fizemos até hoje e o que podemos ou talvez devamos mudar para termos não apenas mais dias em
ResponderExcluirnossa vida, mas, mais vida em
nossos dias.
João escolheu bem. Escolheu viver em Copacabana . Não foi pra Ipanema, onde o cultivo às virtudes da juventude, tempos depois, iria mostrar que, apesar de bela, é fugaz. A Princesinha do Mar o acolheu e lhe retribui em vitalidade a escolha feita. Viva João!!!! Nelza Martins
Cruzar essa linha de cem anos é uma realidade, pena que seus exemplos sejam esquecidos entre os que frequentam ambientes hostis a longevidade. Viva seu João, viva os textos lidos cada quarta.
ResponderExcluirNota 100 !!! Excelente
ResponderExcluirHá histórias que a gente lê uma vez e quer seguir adiante. Esta é uma dessas lida e relida que às palavras parecem ter ganhado marcas de tempo.
ResponderExcluirParabéns Hayton por homenagear o nosso colega João e, muito orgulhoso por ser do nosso BB.
Excelente, uma cronica "raiz", Como diria o Bob da SuperAL - "Maceió, legitimo". Viver mais é menos urgente q viver melhor. Luis Antonio.
ResponderExcluirPerfeito!
ResponderExcluirAbração.
Gradim.
Que dádiva, ter a oportunidade de se deliciar com essa leve e encantadora crônica logo cedo. Com certeza Copacabana o Sr. João se completam e carregam histórias centenárias, que dariam um compêndio de crônicas. Parabéns Hayton por expressar com muita leveza uma vida tão bela, singular e singela.
ResponderExcluirViver como João é o desejo de muitos e o privilégio de poucos. Que saibamos envelhecer com saúde e sabedoria. (Já a caminhada na praia, é só para quem é do Rio, de Maceió.....rsrsrs)
ResponderExcluirCrônica com a leveza e a profundidade necessárias para nos fazer repensar sobre como temos usado o tempo que ainda nos resta. Que bom seria se mesma chegasse aos olhos centenários do ex-colega.
ResponderExcluirComo dizia um velho conhecido meu, o segredo para viver muito.... é só não morrer. Dedé Dwight
ResponderExcluirQue bela reflexão sobre o passar dos anos, do tempo, da vida!
ResponderExcluirA crônica traduz, com sensibilidade, a trajetória de uma vida centenária marcada pelos altos e baixos característicos da vivência, mas vivida com leveza e sabedoria. É inspirador perceber como, mesmo diante dos desafios e das transformações boas e ruins, é possível manter a paz no coração.
É salutar ter o prazer de ler textos do tipo, abordando o valor do tempo, da resiliência e da serenidade, que só os anos bem vividos podem ensinar.
Vida longa para todos nós!
A vida do JOÃO e a crônica celebram o bem viver. Que o aumento dos anos vividos contribua para a melhoria do relacionamento entre os povos, erradicação da miséria e que a paz jamais seja a falta de guerras.
ResponderExcluirDo autor: “Viver mais é menos urgente que viver melhor.” Simples assim. Show!!
ResponderExcluirFoi uma satisfação e tanto ler uma crônica tão adequada ao personagem que descreve, com a dosemetria certa de uma sensibilidade que relata o dia a dia e o expõe como poucos conseguem enxergar.
ResponderExcluirSergio Freire
Sem dúvida, "viver mais é menos urgente que viver melhor"...
ResponderExcluirPoucos se dão conta dessa realidade ou têm seus desejos obstruídos por inconvenientes advertências dos "doutores" que nos fazem engolir o que não desejamos... Não é viver desregradamente, mas de um jeito que a vida possa ser apreciada como sendo "sua", sem que lhe façam lembrar, a todo instante, que isso ou aquilo não é bom. Basta, apenas, entender que "sua" vida não interfira no desejo de viver dos que estão próximos...
É o meu tipo, estou velho
ResponderExcluirE ando só e carregando
Minha tristeza infinita
De tanto seguir andando
Eu não me estudo desde longe
Porque sou bem diferente
Eu cresci com os tempos
Do respeito e dos mais crentes
Velho, sou um querido velho
Agora já caminho lento
Como perdoando o vento
Eu sou meu sangue, estou velho
Meu silêncio e meu tempo
Meus olhos são tão serenos
Minha figura é cansada
Pela idade fui vencido
Mas caminho minha estrada
Eu vejo os dias de hoje
Em mim o passado lembra
Só a dor e o sofrimento
Tenho minha história sem tempo
Velho, sou um querido velho
Agora já caminho lento
Como perdoando o vento
Eu sou meu sangue, estou velho
Meu silêncio e meu tempo
Velho, sou um querido velho
"Viver é menos urgente que viver melhor. " verdade, verdadeira........reflexão que devemos fazer, tornar o nosso dia a dia construtivos de um futuro promissor.
ResponderExcluirVamos que vamooooos
Ideias são imprescindíveis; conceitos são fundamentais; princípios são indispensáveis. Mas nada disso será compartilhado se a gente não encontrar a forma adequada de passar adiante.
ResponderExcluirHayton nos oferece mais um exemplo de como refletir sobre coisas importantíssimas de maneira atraente e inspiradora.
A crônica de hoje faz jus ao desejo de viver mais! E esse mais não está vinculado apenas ao tempo. Está relacionado fundamentalmente à qualidade que podemos imprimir a cada instante que vivemos!
Muito bom o texto. Parabéns!
ResponderExcluirHoje, o cronista mexeu com a esperança de todos nós ao colocar João na linha do tempo. O tempo diz que não é de ninguém. Revela só quem as pessoas são.
ResponderExcluirPor mais que a ciência avance para nos presentear com mais janeiros, a experiência dos anos vividos continua sendo o grande barato da vida. Viver com dignidade, conforto, ser respeitado e respeitar quem convive ao nosso redor delineia a nossa trajetória. A vida só faz sentido enquanto tivermos saúde e amigos para dividir nossas alegrias e tristezas. A história está cheia de pessoas que fizeram de suas vidas um eterno faz de conta, não só para se enganar, mas para trapacear no jogo da vida. Dessas eu quero distância, mas compartilho do que disse o grande Raul: Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, a ser aquela velha opinião formada sobre tudo.
Maravilha!!
ResponderExcluirIsso aí, o João sabe das coisas, antes das pílulas da juventude!
ResponderExcluirMaravilha! Quem fosse ao Rio e não entrasse para tomar o café da Colombo era quase como ir a Roma e não ver o Papa. O exemplo do Sr. João deve ser uma inspiração para aqueles que já ultrapassaram a linha dos 70, buscando formas de vencer as limitações inerentes à própria idade. Quero me inspirar em Sr. João e chegar lá como ele.👏👏
ResponderExcluirHayton, você nos brinda com a vivência do Sr. João, relatando a sorte e a arte da vida dele, levando-nos a refletir sobre as escolhas da vida, pois somos responsáveis por elas desfrutando dos seus benefícios ou enfrentando as consequências.
ResponderExcluirLembrei-me do poema “Esperança,” de Vicente de Carvalho, que li aos 12 anos de idade e que desde então procurei entender estes versos:
“Essa felicidade que supomos, Árvore milagrosa que sonhamos toda arreada de dourados pomos
existe sim; mas nós não a alcançamos, porque está sempre apenas onde a pomos e nunca a pomos onde nós estamos.”
Traduzo isso como a necessidade de colocarmos a felicidade sempre onde nós estamos, de forma física e no presente, e não idealizada onde não é possível. É provável que o Sr. João, com uma vida tão longeva e aparentemente com qualidade, tenha resolvido essa grande equação da vida, traçando um caminho, idealizando objetivos, aceitando mutações e constantes adaptações para saber viver cada momento, mas, sem dúvida, tudo alicerçado na liberdade e democracia.
Ai me lembra, também, um poema de Mário Quintana - A IDADE DE SER FELIZ - que assim conclui:
“Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.”
Assim podemos dizer que a vida é um verdadeiro “hot money,” que é “intraday,” sendo o “pregão” fechado diariamente, sem sabermos como e se vai ser aberto no dia seguinte, por isso finalizo com um alerta que um amigo sempre faz: “O saldo da conta bancária todos nós sabemos, mas o saldo de tempo de vida que ainda nos resta…é desconhecido.”
Quem não quer viver mais? Acredito que todos nós, queremos viver mais e melhor. Que todos queremos ter a LONGEVIDADE do Sr. João, construindo as nossas histórias.
ResponderExcluirA vida não se resume a simplesmente a existir, mas a aproveitar cada momento, aprender com as experiências e buscar a felicidade de forma ativa.
Quando buscamos mais longevidade, queremos uma vida mais longa que o comum, que a média. Envolve viver mais, mas com qualidade de vida.
O cantor sergipano, Natanzinho Lima, tem uma frase que diz: “viver é diferente de está vivo”. Assim, não adianta apenas estarmos vivos. Precisamos viver a vida com liberdade, fazendo aquilo que preenche o nosso ego, que nos completa, fazendo o bem, sem saber a quem, sempre a cada momento, a cada instante. Pois o passado ficou, e o futuro pertence a Deus.
SHOW de crônica, Hayton. Parabéns!
Sou a favor daqueles que querem viver os tais 150 anos. Mas, desde já, eu advirto: O viço pela vida vale mais que as batidas do relógio. Quem o perdeu morreu em vida, ainda que viva seu sesquicentenario.
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ResponderExcluirEita cronista pai'égua, esse Hayton! Vá pensar, formular e escrever bem assim na ABL, ambiente cada vez mais escasso de escribas prodigiosos, como esse paraibano do interior, alagoano do litoral, com passagem marcante por Brasília e cidadão planetário! Torçamos para que ele seja o bípede pensante, vaticinado pela geneticista de Harvard! Fraterno abraço.
José S. LacerdaJr.
Do jeito que a coisa anda hoje em dia, será que vale a pena chegar aos 100 anos?
ResponderExcluirBoa sorte àqueles que chegarem lá!
Vamos refletir.
Kkkk
Dessa vez o cronista extrapolou, oferecendo aos fiéis leitores uma verdadeira obra de arte literária acerca do significado de envelhecer e ainda assim permanecer jovem. Que Deus o mantenha cada vez mais criativo e conceda ao Sr. João Cândido de Lima Neto saúde, paz e sabedoria para que ele possa encarar com muita disposição os desafios da próxima metade de sua trajetória terrena.
ResponderExcluirUma enciclopédia... dos dias de hoje, essa bagagem jamais. Poucos tem o privilégio de viver e trazer essa bagagem toda. Merece ser feliz.
ResponderExcluirQue história!
ResponderExcluirParabéns por “fisgá-la” e a traduzir de um jeito que a torna ainda mais instigante!
Há mestres em viver e mestres em contar…
Prezado Hayton.
ResponderExcluirDemorei hoje porque estou viajando e estava sem Wi-Fi.
Ao ler sua crônica sobre João Cândido de Lima Neto, fui tomado por uma sensação de familiaridade e, ao mesmo tempo, de uma serenidade que transcende o tempo. Sua crônica nos apresenta um personagem que não é apenas um sobrevivente do século, mas um guardião de uma certa forma de viver que parece ter se esvaído.
A figura de João, caminhando por Copacabana, evoca a imagem de um mundo que se perdeu. Um mundo onde o tempo tinha outra cadência, onde as trivialidades do cotidiano, como a burocracia para um banho de mar ou o som de uma buzina de bonde, eram parte da textura da vida, e não meros inconvenientes. A crônica nos lembra que a verdadeira riqueza de uma vida não está na quantidade de anos, mas na qualidade das memórias e na capacidade de manter o encantamento com o que é simples.
A contraposição entre a longevidade de João, conquistada pela vida, e a promessa de imortalidade artificial da ciência é o ponto central que me tocou. A pílula que reinicia células, a versão 2.0 da existência, nos promete uma vida mais longa, mas não nos garante o "espaço interno" para carregar as reservas de encantamento. O geneticista pode nos dar mais tempo, mas não pode nos devolver a caneca trincada que não vaza ou o som do rádio antigo que nos remete à infância.
Voce nos convidou a uma reflexão sobre o que realmente valorizamos. Seria a busca frenética por uma juventude eterna ou a sabedoria de um centenário que ainda encontra graça no mundo?
Forte abraço caro amigo .
Meu Amigo, uma beleza de Crônica. esse tema é encantador, instigante, desafiador, mesmo: O TEMPO. E como é relativa, essa dimensão. Que o diga Einstein. Essa receita do admirável João Cândido - que é Cândido de corpo e alma - funciona mesmo. É saber se renovar todos os dias. Recriar laços de novas amizades. Conhecer gente (na ampla acepção da palavra) nova. Ser gente. certamente, a cada amanhecer de João Cândido, ele recebe uma pequenina dose da pílula dos 150. Mesmo que muitos do seu entorno, que tenham feito parte dos primórdios de sua existência já estejam em dimensão diferente, ele continuará firme e forte em suas preciosas caminhadas. Pois nunca estará sozinho. Seu acervo de companhias está seguramente garantido pela renovação. Tomara ter esse talento de me renovar todos os dias, um dia.
ResponderExcluirMeu Amigo, é tanta coisa no recheio dessa Crônica, que minha capacidade de materializar o que entendo dela, em palavras, ganha uma enorme limitação. Lembrei do efeito que me causa Gabriel Garcia Marques no seu inesquecível Cem Anos de Solidão. mexe muito...
Valeu!!!
Abração!!!
Mário Nelson.
Parece que o João nasceu no tempo em que a maldade ainda não tinha nascido. Pra viver tanto assim, não deve ter carregado mágoas, ressentimentos, ódios, desavenças e, provavelmente, deve ter sido heróis de muitos.
ResponderExcluir.
Testemunha ocular da história, deve ter visto As Noivas de Copacabana, presenciado a transferência da Capital Federal do Rio para Brasília, e, se tivesse nascido um pouquinho antes, é possível até que tenha visto a tomada do forte de Copacabana. Mas, aí é querer muito. Melhor agora é deixar o João olhar pra frente e, torcer para que os "messias" sejam colocados nos lugares onde deve ficar.
.
Paz e sossego o João merece.
Se viver é melhor que sonhar, acredito que ele deve ter feito a escolha certa. Viver também é escolha.
...sejam colocados nos lugares onde devem ficar." Errata.
ExcluirLi essa crônica no primeiro momento da quarta-feira, dia da publicação.
ResponderExcluirConfesso que fiquei estático, ela me provocou uma forte reflexão. Acho que até deixei em segundo plano a beleza da redação, tão forte era a emoção.
Até encucava, o cara vai fazer uma homenagem a alguém que alcança uma vida centenária e provoca em cada um de nós, seus leitores, um forte pensamento sobre a vida, seus valores, suas lições. Francamente, era demais.
Aí resolvi conhecer o primeiro comentário, o do senhor Ricardo Barros, então pirei de vez. Afinal, estava ali, de forma também brilhante, definitiva e insuperável, o resumo da obra, o impacto que ela provocava em nossas vidas.
Então decidi, não havia mais nada a acrescentar, por isso me calei.
Com o passar dos dias, vi que o silêncio me incomodava, eu precisava externar minha emoção. Também pensei, não há gratificação maior pra um artista - no caso aí eu enxergava dois - que as palmas do auditório, então cheguei aqui.
Não há mais o que dizer, só pedir desculpa pela prolixidade e redundância aqui cometidas.
Dessa vez o cronista caprichou na emoção. Lembrei do meu pai, que viveu , assim como João, aí em Copacabana, durante 45 anos. Quem sabe até se encontraram , nas caminhadas no calçadão. Verdadeiro exemplo de que aceitar as mudanças físicas da velhice contribui para a longevidade. Assim como a leitura de bons livros, para estimular a memória.
ResponderExcluirQue maravilha tudo isso! Uma crônica daquelas que merece um filme, um livro inteiro.
ResponderExcluirDe tão bem costurada, vai despertando comentários que parecem páginas de um mesmo livro.
Cada linha vai se desenhando como um bordado caprichoso.
Dá vontade de reler muitas vezes, na mesma toada que João Cândido renasce a cada dia pelas calçadas de Copacabana.
Viva João!
Viva a literatura brasileira!
Viva Hayton Rocha!
Não tem como não apreender em cada crônica sua caro Hayton! E falar desse João, da sua longevidade, nos faz refletir sobre o percurso da nossa vida, o que temos feito nesse percurso. Quem dera chegar lá! Aprouve Deus que sim, com saúde e essa energia toda. Parabéns por mais esse texto tão rico! Um abraço
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