quarta-feira, 2 de abril de 2025

Drink do Corno Feliz

Foi maravilhoso revisitar a Bahia semana passada! Na minha faixa etária, pouco acima da “meia-idade”, já vi muita coisa, mas ainda me surpreendo. Como, por exemplo, um homem traído que resolveu transformar o próprio infortúnio em um bar de sucesso: o Drink do Corno Feliz.  




Agora me digam: o que se faz ao descobrir uma traição? Uns choram, outros quebram copos e pratos, alguns tentam afogar as mágoas em abraços alternativos.

 

João Augusto, baiano de Morro de São Paulo, escolheu um caminho insólito: abriu um bar. E não qualquer boteco, mas um ponto turístico batizado com precisão cirúrgica.

 

O bar, que já soma mais de uma década de sucesso, nasceu da dor, cresceu na resignação e amadurece sob o sol de Tinharé.

— Muita gente destrói a vida por causa de uma traição. Precisamos brincar mais com isso. A vida continua... — ensina João.

 

Talvez, ainda menino, ele tenha escutado na vitrola do pai Juca Chaves  o “Menestrel Maldito” apelidado por Vinicius de Moraes — e aprendido, desde cedo, a rir das próprias desgraças, como nestes versos:

“Eu tenho chifre mas não tenho queixa

Se bem que a testa fique bem maior

Até que é bom quando a mulher nos deixa

A gente sempre arruma outra melhor.”

 

E segue o refrão:

“Essa é a vida que eu sempre quis

Eu sou cornudo, mas eu sou feliz...”

 

A traição veio em 2016, encerrando um relacionamento de 16 anos. João vagou pelas ruas de Morro de São Paulo com o mundo escorregando sob os pés — orgulho ferido, raiva contida, e a sensação de que só ele não sabia.

 

Por dias, perambulou feito zumbi, o amargo colado na garganta. Foi nesse estado que, certa tarde, escutou um grupo de turistas reclamando da falta de um bom drink diante do pôr do sol. Um deles brincou:

— Rapaz, se eu levo um chifre num lugar desses, pelo menos queria uma caipirinha pra descer redondo.

 

A frase pairou como revelação de boteco: nada divino, mas uma ideia luminosa — dessas que chegam com gelo, limão e timing perfeito.

 

Dali pro negócio foi um pulo. Comprou alguns ingredientes, uma caixa térmica e improvisou um letreiro de madeira: Drink do Corno Feliz.

 

Afinal, se a dor é inevitável, que ao menos gere fluxo de caixa positivo.

 

A prefeitura torceu o nariz, burocratas fingiram não ver — talvez já calejados de tantos chifres próprios —, mas João não esmoreceu. Limpou o mirante, ergueu sua modesta estrutura e, em pouco tempo, o bar se tornou uma referência local.

 

Turistas e moradores começaram a procurá-lo não apenas pela vista, mas para brindar ao inevitável: o chifre pode alcançar qualquer um.

 

Supõe-se que os primeiros clientes chegaram movidos pelo humor. Mas a curiosidade venceu o constrangimento, e João logo percebeu que o bar era mais que ponto turístico: virou santuário dos cornos anônimos.

 

Entre uma caipirinha e outra, confissões surgiam como desabafo de penitentes: o marido que caiu nos braços da madrinha de casamento, a missionária que era amante do "irmão" de igreja, o sujeito que percebeu que o filho do vizinho se parecia mais com ele do que o próprio filho biológico.

 

O apelido "Corno Feliz" colou de vez, e João, longe de se incomodar, o adotou com gosto.

 

Hoje, desfila pelo bar com um chapéu de palha de onde brotam chifres vistosos, feito um viking tropical — ou um Dom Quixote que fez as pazes com seus moinhos —, e uma frase de efeito para cada situação.

 

Se o cliente reclama do preço da caipirinha, ele rebate:

— Chifre é de graça, mas caipirinha tem custo.

Se alguém hesita em pedir um drink, encabulado com o nome do bar, ele pondera:

— Se chegou até aqui, já pode brindar.

E quando perguntam se já superou a traição, apenas sorri e aponta para a placa.

 

Nelson Rodrigues, outro que entendia como poucos das agruras do coração, dizia que "amar é ser fiel a quem te trai". Provocador, né? Sugere algo quase insuportável: um amor que resiste ao que deveria matá-lo. 


Mas talvez ele só quisesse dizer que fidelidade diz mais sobre quem leva o chifre do que sobre quem o aplica. O traidor pode ser canalha, distraído ou apenas um desavisado tropeçando na própria libido.


Já o traído... ah, esse ganha um certo status: vira patrimônio emocional tombado — digno de abraço carinhoso, conselho gratuito e, às vezes, até de uma rodada de caipirinha.

 

Vai ver João Augusto entendeu, lá do alto do mirante, que se a vida dá chifres, que venham com limão, açúcar, gelo e uma boa cachaça.

 

E que rendam mais que um relacionamento amoroso — de preferência, livres de mágoas, de impostos e com vista pro mar.

54 comentários:

  1. ADEMAR RAFAEL FERREIRA2 de abril de 2025 às 05:20

    Transformar batentes em rampas é uma prática dos sábios e dos persistentes, João deu em belo exemplo sobre esse procedimento. A vida segue, se for acompanhada de boas ideias melhor.

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    1. Simples, né Ademar? O negócio possui até logomarca bem feita e está bombando no Instagram (@drinkdocornofeliz).

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  2. Esse aí é um sábio. Enquanto outros vão pra cadeia por feminicídio, transformou o “infortúnio” em fonte de renda. Não é sobre o que a vida nos traz, mas sobre o que fazemos com o que recebemos. E você, filósofo de carteirinha, mais uma vez nos deleitando com mais uma crônica.Deu até saudade de Morro de São Paulo! Nelza Martins

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    1. Acertou na mosca, Nelza! Mas eu apenas compartilho, amiga, sem a pretensão de filosofar sobre os fatos.

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  3. Tá certo ele. Como disse Reginaldo Rossi em seu clássico Garçom: "você não é o único corno do mundo". Sendo assim, por que não se tornar o hub da chifração? Dedé Dwight

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  4. José Cadorna de Melo Filho2 de abril de 2025 às 05:48

    A grande sacada é transformar o “ruim” no excelente.
    Que o diga os grandes compositores de décadas passadas.
    Lupicinio e tantos outros.
    Como dizia Vinicius:
    “Pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza…”.
    E como diz o Siqueira Júnior:
    “Chifre é como consorcio, um dia você será contemplado “.

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  5. A imaginação gera frutos. Não existe. Popularmente: "Isso é coisa que botaram na sua cabeça"! A pior desculpa mundial é de Nelson Rodrigues:"Perdoe-me por me traíres"!

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  6. Tá vendo? Cabeça, além de permitir chifres, também foi feita pra pensar. Um homem antenado pode ter ideias criativas e vencer...

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  7. ROBERTO SANTOS FERNANDES2 de abril de 2025 às 07:11

    A criatividade do ser humano é uma coisa impressionante, até de situações como essa o cara tira proveito. Conheci um cidadão que dizia que chifre é igual a dente, só dói quando nasce.
    Parabéns!

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  8. O João fez do chifre, um drink. E ainda o batizou com um nome sugestivo e instigante, com uma generosa dose de ousadia. Ao invés de mergulhar em mágoas e lágrimas, optou por empreender e seguir em frente.

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  9. Como dizia Carlos Drummond de Andrade, 'no adultério há pelo menos três pessoas que se enganam'. E convenhamos, o homem é um ser tão dependente que até para ostentar um belo par de chifres precisa da colaboração da mulher.

    Eu, por exemplo, juro de pés juntos que nunca fui corno. Mas, como o corno é sempre o último a saber, seja apenas uma questão de informação. Afinal, chifre é igual diabetes, alguns morrem sem saber que tem, outros descobrem e passam a vida inteira controlando.

    E não se iludam, um homem sem chifre é um boi desarmado. Mas o que me preocupa mesmo é a quantidade de chifrudos por aí se achando unicórnios. Uma crise de identidade animal.

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    1. Opa! Bem que me disseram que este blog tá virando uma incubadora de cronistas! 😆

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  10. Muito boa Hayton..."E que rendam mais que um relacionamento amoroso — de preferência, livres de mágoas, de impostos e com vista pro mar." E como disse Chico...." te perdoo por te trair..."

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  11. Êta que esse baiano foi esperto e transformou um par de chifres, ou vários pares, em um negócio arretado, com direito à presença de turistas curiosos e quiçá de cornos buscando aprendizagem para um futuro melhor.
    Lendo a crônica, lembrei-me de uma passagem por determinada agência onde detectamos a existência de um corno manso. O colega havia sido transferido há pouco tempo para a agência. Na tentativa de alertar o amoroso chifrudo, que se endividava para atender à bela infiel e que desfilava com frequência de forma exuberante nas proximidades da agência, reunimos o comitê para análise e verificação da melhor forma de abordar a situação para o chifrudo de plantão. Conversa vai, conversa vem e após decidirmos que deveríamos alertar o colega galhudo fui, todo cheio de melindres, falar para o nobre alce sobre a situação.
    Para minha surpresa o Cabrão falou que já saiu da outra cidade por causa destes comportamentos e que não tinha muito o que fazer. Passados uns cinco anos, fiquei sabendo que o grande corno conseguiu fazer a cirurgia para aparar os longos chifres e entrou em um novo relacionamento.
    Mas dizem que para o corno, "O duro não é carregar o peso do chifre... É continuar sustentando a vaca."

    Vamos que vamos, Hayton!🤝

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  12. Drink do Corno Feliz
    Virou um bar de sucesso
    Lá em Morro de São Paulo
    É um lugar de progresso
    Onde o nosso amigo João
    Relembra a grande traição
    E todo corno tem acesso.

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  13. O CHIFRE

    Cornélio, sem trocadilho, chorou, ouviu muito os finados Reginaldo Rossi e Marília Mendonça e pensou até na possibilidade de adotar um gato para afogar as mágoas, ao descobrir que tinha um par de chifres tão grande que até a voz da moça do GPS avisava:
    - Cuidado, altura excedida!

    Mas, a exemplo de outros infortúnios da vida, se superou, ao acordar um dia, se olhar no espelho, passar a mão na testa e não sentir ou ver nenhuma protuberância frontal.

    Decidiu, então, que não sofreria mais por quem não merecia. Num clássico ritual de superação, comprou roupa nova, mudou o corte de cabelo e começou a postar frases motivacionais nas redes sociais. Já conta, inclusive, com milhares de seguidores.

    Agora, Cornélio está pleno, feliz e virou conselheiro de outros chifrudos. Filosofando, adotou como frase preferida:
    - Chifre dói, mas passa. Já o boleto, vence todo mês!

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  14. Esse fez, literalmente, de um limão a limonada!!! Com cachaça...kkk
    Bahia tem disso. Conta a “história” que a mulher de um dono de bar em Salvador, perto da sede da Superintendência da Bahia à época, traiu o dito cujo com um garçom e se mandou pelo mundo!
    Segundo os colegas da cidade, à boca pequena todos chamavam o lugar de “Bar do Corno”. Numa ocasião, estive em Salvador para uma reunião e na hora do almoço todos rumaram para o tal bar, cuja a carne “malassada” era tida como a melhor da cidade. Os colegas foram na frente e fiquei para algumas providências, somente com a referência para encontrar o lugar.
    Assim, rumando para lá após uns 20 minutos, não conseguia achar o lugar de jeito nenhum… o bar que encontrava não tinha a tal “placa”. Para azar meu, resolvi perguntar a um cidadão que estava parado na porta onde ficava o “Bar do Corno”.
    Indo para o final, entre gozação dos colegas e resmungos do cidadão questionado, descobri depois que havia feito a pergunta nada mais, nada menos, para o cidadão brindado com o par de chifres… dono do bar!

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  15. Roberto Rodrigues Leite Bezerra2 de abril de 2025 às 08:30

    Que assunto espinhoso. Melhor passar ao largo, fingir que não entendeu. Ou, de repente, destacar a capacidade e tino comercial do João. Como bom brasileiro, literalmente fez limonada dos limões impostos pela vida. Melhor mesmo cantar loas à habilidade de desenvolver um projeto novo na vida. Vade retro, Satanás!!!

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  16. Haydee Jurema da Rocha2 de abril de 2025 às 08:35

    Agora eu ri! Vou até compartilhar " cazamiga" kkkkk Muito bom saber que não " estamos sós"!! Tem lugar pra todos nesse bar!!!

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  17. Pior fui eu, que fui procurado no telefone do BB por uma mulher que não conhecia, pedindo pra eu salvar o casamento dela. Disse que o marido tava saindo com a gostosona da academia da cidade. Quando perguntei o que eu poderia fazer, ela disse que era pra eu dar em cima da gostosona e roubar ela do marido da corna. Me senti o Brad Pitt do BB, até que a corna explicou que só ligou pra mim porque soube que eu estava recém-separado e ainda por cima era funcionário do Banco do Brasil. E que todas as solteiras da cidade queriam um “partido” do Banco do Brasil. O Brad Pitt que habitava em mim morreu naquele instante.

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    1. Não sabia a distinta que o coração do Brad Pitt de Pindorama já tinha hospedagem reservada pra minha amiga Márcia, sua musa inspiradora pro resto da vida!

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  18. Adalberto Prates Jr2 de abril de 2025 às 09:27

    A crônica é, como sempre, maravilhosa. Ruim foi saber que você esteve na Bahia e não se dignou a, pelo menos, telefonar a este humilde leitor, que teria enorme prazer em revê-lo. Kkkk

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    1. Foi muito curta a temporada aí, hospedado pelos queridos amigos Aguilar e Perpétua. Só tive tempo de rever outra meia dúzia de velhos parceiros de copo e de cruz, como Umor, Volney, Martha, Silas, Rivaldo, Bárbara, Wanger, Silvia, etc. Mas tomei gosto… Não tardo a voltar e nos veremos, meu caro Adalberto.

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  19. Mais um presente, crônica de melhor qualidade, sempre trazendo histórias da vida.

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  20. Um ser superior esse “ Corno Feliz “ e um ser iluminado, o cronista!!! Ótima!!!

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  21. E eu que pensei“ esta quarta não teremos crônica“ pois o cronista aqui na Bahia, não teve tempo de descansar e nem de cumprir os compromissos para os quais era solicitado, inclusive pasmem , não deu tempo comer o nosso famose acarajé, e aí me sai ele com essa maravilha. Esse cara é demais!!!!

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    1. Este acarajé não tinha que sair mesmo, Perpétua! No Google diz que o Acarajé da Bia, no Cidade Jardim, abre diariamente. Já havia prometido ao visitante. Procurei a baiana às 18h do domingo passado e ela me disse que havia fechado o tabuleiro às 17h.

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  22. Eita que o dito cujo, pela foto, até parece bom partido pras meninas, viu?. Sou capaz de apostar que, além da feliz ideia e do excelente negócio surgido de uma tragédia rodriguiana, ainda encontrou muitas outras gurias interessadas em seu lucrativo chifre, kkkk. Ô crônica gostosa de ler.

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  23. Hehehehe. Muita lição de vida. A receita é seguir adiante e saber viver!! 👏👏👏

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  24. Pois é... Coisas da vida ou, simplesmente, acidentes de percurso. A carne "malassada", do "Bar do Corno", em Salvador, de fato, era muito saborosa. Mas, segundo algumas "línguas soltas", a receita do prato foi herdada da "traidora". É outro que fez o chifre valer a pena...

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  25. Esse sim, é o famoso “Corno Geladeira”, aquele que leva chifre, mas nem esquenta. Preferiu seguir de cuca fria, tal qual, as caipiroscas servidas aos seus clientes, quiçá muito deles, sofrendo do mesmo mal.
    Valeu, Hayton, por mais uma excelente crônica.

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  26. Que delícia de crônica! E os comentários, como sempre, enriquecendo o tema da quarta-feira. Como bem disse Hayton, o espaço já é uma “incubadora de cronistas”.
    Além das risadas, a crônica me fez lembrar de uma frase dita por uma amiga muito querida: “Se a vida lhe der as costas, passe a mão na bunda dela”.

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  27. Muito bem realizada crônica. Como sempre, aliás. Assim que se cativa e amplia número de leitores. Parabéns!

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  28. Ótima e divertida crônica (sucesso de comentários no blog)! Aqui pelo Recife, o Rei Reginaldo Rossi não tinha bar, que eu saiba, mas, conquistou uma legião de fãs com suas músicas sobre o tema, desde o garçom que ouvia as confissões dos clientes até da mulher que "vai trair o marido em plena lua de mel"!

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  29. U'a crônica digna de consolo ao João Augusto e muitos e outros joãos, josés, pedros e manés (risos) e que Deus me livre referenciar ao do batom(🙏🏻🙏🏻🙏🏻); perigo, morte......(risos)
    Uma tacada de mestre desse rapaz, convenhamos. A dor era dele, o desconforto também, a reputação, ora bolas, está já havia se esvaído, então pra que entrar no búzio de caramujo?!, não é mesmo?!!!
    Aplausos ao João, o empreendedor da sofrência👏👏👏
    Admiração ao escritor, que nos proporcionou esta leitura frugal e humorada.

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  30. Hilário. Principalmente os comentários 😂😂😂😂

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  31. Hayton, você com suas crônicas certeiras e com bastante humor, sempre nos brinda com temas inesperados e os mais diversos. Desta vez com uma história de chifre que, em vez de lágrimas e tragédia, virou negócio lucrativo e divertido.

    Quando estava fazendo a leitura, também fui pensando: “Ah, essa é só para diversão, sem lições ou provocações para grandes reflexões.” O que já estaria ótimo, porque como dizem, é melhor rir da desgraça alheia, né? Mas aí me peguei lembrando do tempo de gestor no BB e do lançamento de um programa de metas chamado _Superação._ No nosso caso, para efeito didático, superação foi escalar a Pedra do Cachorro, em São Caetano — um desafio que nem um corno merecia enfrentar. João Augusto ao menos não precisou desse castigo, estava no paraíso de Morro de São Paulo e só necessitou de uma caixa térmica e um letreiro.

    A crônica também ensina que “não há um mal que não traga um bem”, que a vida segue e que novas e boas oportunidades surgem e devemos saber como aproveitar, então tendo limão, não faça uma limonada… faça uma caipirinha e cobre por ela! João Augusto não só superou a traição como transformou o chifre em um negócio rentável e turístico.

    Como dizia um amigo meu, é melhor aprender com os erros e sofrimentos dos outros do que com os próprios — dói menos. Agora, aprender com chifre? Ninguém quer pagar esse preço.

    Quem for à Morro de São Paulo, desejando passar no bar, apenas de “curioso,” ver a paisagem, tomar uns drinks… tá valendo, é bem melhor do que ser o protagonista da próxima história.

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  32. Cumpade Hayton, você puxou do fundo do baú, essa musiquinha de Juca Chaves, lá dos anos 1960. Arretado!
    O empreendedorismo do João é admirável, e sua bela crônica, deveria constar (como pauta), das palestras do Sebrae. O país seria outro.
    A esposa dum amigo nosso, do meio artístico, botou-lhe um par de chifres, com um tenente-coronel da PM. Ele acabou o casamento, e diz que, de agora em diante, só admite chifre, de coronel pra cima. É uma questões lógica, e até prática de massagear o ego.

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    1. Tem gente, cumpade, que não pode ver um homem fardado, de coturnos, que se derrete toda, não importa a patente. Desde os tempos de Virgulino. Aí o time de chifrudos não para de crescer…

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    2. Dizem as más línguas que um certo Capitão, e não foi o capitão Virgulino, foi contemplado com um belo par de chifres. Incomodado, exigiu DNA para o rebento surgido no meio da suposta traição. Acusou o "golpe". Se a "minuta" passou de mão em mão eu não tomei conhecimento.

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  33. Belíssima crônica. Fui no Instagram do @drinkdocornofeliz. Muito bacana. Parabéns, Hayton!

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    1. Que bom que você conferiu, amigo Gilton. Já tinha gente achando que isso é coisa de minha cabeça – no duplo sentido, claro! Rsrs

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  34. Acabei de ler o engraçado texto intitulado Drink do corno feliz. A fase de textos de temas especiais está em alta. E o que é mais interessante: o autor tem inspiração pra tudo. Benza-te, Deus!
    Torço para que o autor continue nesse diapasão e continue fazendo muito sucesso. Parabéns! Um abraço.

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  35. Agostinho Torres da Rocha Filho2 de abril de 2025 às 19:44

    Confesso que já ouvi falar de corno abelha, ateu, atleta, atrevido, azulejo, banana, brahma, bravo, brincalhão, bateria, burro, camarada, caninha, cebola, cheguei, churrasco, cigano, crente, cururu, denorex, descarado, desconfiado, detetive, educado, elétrico, familiar, famoso, fofoqueiro, fraterno, frio, galo, granja, inflação, iô-iô, manso, masoquista, matemático, medroso, morcego, papai noel, político, porco, preguiça, recado, teimoso, terremoto, vingativo, xuxa e risadinha, mas "corno feliz"... Somente nos versos de Juca Chaves, até hoje. Mas o sujeito que se tornou um empresário de sucesso a partir de um par de cornos não poderia ser diferente. Parabéns pelo texto!

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  36. Mais uma impagável, você não tem limite.
    Associo-me a Perpétua, também eu pensava que nesta semana você não conseguiria produzir nada, afinal, o dia precisou ter horas prorrogadas aqui - creio que cada um durou 35 horas, pelo menos - tão cheia foi sua agenda.
    Quanto ao tema, nesta Bahia tudo é motivo pra festa, até o chifre.
    Depois, como disse alguém por aí, "o chifre é como o dente, só dói e faz zoada quando está nascendo, depois a pessoa acostuma e nem consegue mais viver bem sem ele"...
    Saudade de nossos encontros, retorne breve...

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  37. Ah! A Bahia! Terra de sol, axé e criatividade ilimitada! O coração da irreverência brasileira! Graças a Hayton, também estive por lá, em Catú e Salvador! Essa história, que só poderia ter nascido, na Bahia, transformou uma traição em taça e brindou à vida!

    Embora eu não beba, vou ser atrevido e sugerir, ao dono do Drink do Corno Feliz e a quem mais queira fazê-la (sem duplo sentido), a receita de um drink, o Corno Mule, perfeito para brindar com leveza até as situações mais “espinhosas” da vida! É uma receita, que se adequa ao "espírito da coisa" e que, espero, chegue até ele, em Morro de São Paulo. Aqui, vai:

    CORNO MULE 🍹 (Para quem leva, mas não perde a classe!)

    Ingredientes:

    50 ml de cachaça (porque chorar de amor com cachaça é mais autêntico!)

    20 ml de suco de limão (bem azedo, como certas experiências amorosas...)

    150 ml de ginger beer (ou refrigerante de gengibre, porque a vida precisa de um toque picante)

    Gelo à vontade (para esfriar a cabeça)

    Espuma de gengibre ou clara de ovo batida (opcional, mas dá aquele charme)

    Uma rodela de limão e hortelã para decorar (porque mesmo o chifrudo tem classe!)

    Modo de preparo:

    1. Em uma caneca de cobre ou copo alto, coloque bastante gelo.

    2. Adicione a cachaça e o suco de limão.

    3. Complete com a ginger beer e misture levemente.

    4. Se quiser, finalize com uma espuma de gengibre (ou clara de ovo batida com açúcar e gengibre).

    5. Decore com uma rodela de limão e um raminho de hortelã.

    Agora é só brindar: "Às dores de amor, que rendem boas histórias, boas crônicas e ótimos drinks!"

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  38. Boa tarde! O João se comportou como devia e seguiu em frente. Muito interessante esta crônica

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  39. Isso é o que se chama dar a volta por cima. O João ressignificou a dor da traição com sabedoria, irreverência e resultado financeiro positivo.

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  40. Rapaz, é uma situação danada, esse cara reagiu de uma forma inusitada, e pelo jeito se deu bem, e ainda promoveu a reputação (má reputação) da protagonista de episódio 🤣🤣🤣

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  41. Mais uma pérola do amigo cronista. O corno feliz fez bom uso da sabedoria popular.

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  42. Sei não, mas essa de corno feliz não cola não.

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  43. JOSE AFONSO QUEIROZ7 de abril de 2025 às 12:31

    João Augusto seguiu a recomendação do Luiz Fernando Veríssimo, de uns trinta anos atrás e ainda rentabilizou o negócio!

    "Que a traição nunca me aconteça; que, se me acontecer, eu não saiba; que, se eu souber, não me aborreça; e que, se me aborrecer, eu não dê muita importância."

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