setembro 24, 2025

Cochilo da tarde

Ilustração: Uilson Morais (Umor)



COCHILO DA TARDE
Hayton Rocha


Sou de uma família de dorminhocos diurnos. Herdamos, uns mais, outros menos, a arte de pegar no sono logo após o almoço, como quem cumpre um ritual milenar. Exceto meu pai e um de meus irmãos, que já não estão entre nós, todos nos entregamos ao cochilo da tarde como devotos ajoelhados diante do altar.

 

Lá em casa, o costume era sagrado: levantava-se da mesa, escovava-se os dentes e pronto — em menos de cinco minutos já se estava navegando nos mares de Morfeu, por uns 45 minutos. Não havia telejornal da tarde para disputar com a rede ou o travesseiro.

 

Nunca foi preguiça, claro: era método. Talvez venha daí o gosto da família em contar histórias. Minha mãe, aos 86 anos — cujo cochilo vespertino passa de uma hora —, continua a nos embalar com casos de infância, quase sempre terminando com o olhar perdido no nada, como quem vasculha o que resta no próprio arquivo interno. O cochilo sempre foi a senha para soltar a imaginação.

 

A ciência, com sua mania de explicar obviedades, apenas confirmou depois o que já sabíamos por intuição: dormir no meio do dia não é vagabundagem, é investimento com bom retorno. Pesquisadores analisaram milhares de pessoas e concluíram que cochilar regularmente protege o cérebro contra a ferrugem do tempo — demência, diabetes, hipertensão. Minha mãe não sabia de nada disso, mas defendia o cochilo com argumento de especialista: “dorme que passa”.

 

A soneca tem efeitos que fariam inveja a qualquer laboratório farmacêutico: domina o estresse e evita acidentes. Os alemães, metódicos até para dormir, comprovaram que 45 minutos de descanso multiplicam por cinco a memória. A NASA, sempre preocupada em não deixar astronauta apertar botão errado no espaço, também estudou: 26 minutos de sono bastam para turbinar atenção.

 

Sou capaz de apostar que, se Armstrong fosse brasileiro e tivesse bem relaxado antes do pouso na Lua, teria descido assoviando o chorinho Carinhoso, de Pixinguinha, como quem celebra não só a conquista, mas também a boa soneca que viria mais adiante.

 

Em apenas 10 minutos, o cochilo reduz a adenosina, aquela molécula que nos deixa arrastando sandálias pela casa. Resultado: o mau humor desaparece quando a resiliência emocional toma assento. A pessoa acorda capaz até de suportar reunião com gente prolixa ou metida a saber de tudo.

 

Não à toa, para crianças a soneca é tão vital quanto o leite materno. Sem ela, o sistema nervoso se revolta e surgem birras dignas de espetáculo teatral. Estudantes, por sua vez, descobrem que cochilar é como trocar a bateria do celular: descarrega preocupações e recarrega a capacidade de aprender.

 

Claro que há limites. O ideal, dizem, é cochilar entre 13h e 15h, por 45 minutos. Mais que isso pode azedar o sono da noite e transformar o dorminhoco em zumbi — se bem que minha mãe discorda disso, segundo ela com pleno conhecimento de causa. Eu, por via das dúvidas, acrescentaria uma cláusula particular: “nunca abrir mão do cafezinho após o almoço”. Contraindicação dos cientistas, talvez, mas dogma no altar de meus afetos.

 

Porém há um detalhe que a ciência, com toda a sua estatística, não explica. O cochilo não é só sobre corpo e cérebro: é também sobre alma. É uma pausa litúrgica no meio do dia, como se a vida precisasse de dois goles de água fresca no intervalo entre o primeiro e o segundo tempo. Naquele silêncio, o relógio deixa de mandar, a rotina dá um refresco e a gente volta a ser apenas humano — passageiro, sonhador, vulnerável.

 

Eu mesmo, por muito tempo, desconfiei de que o hábito pudesse prejudicar o trabalho. Cortei o mal pela cepa, há pouco mais de uma década: me aposentei. Desde então sigo fiel aos ritos da infância. Como dizia minha mãe, “dorme que passa”. Passa mesmo: a agonia das urgências, o estresse, a ilusão de que somos indispensáveis.

 

Cochilar não é luxo, é resistência. É meu protesto contra a pressa desumana que está em todos os lugares e minha reconciliação diária com o tempo, que teima em querer escapulir por entre os dedos. 

 

Porque enquanto houver gente dormindo no meio do dia, haverá quem acredite que a vida renasce nessas pequenas pausas — e que até os santos, quando ninguém vê, tiram seu cochilo da tarde entre um milagre e outro. 

setembro 17, 2025

Selva candanga


SELVA CANDANGA 
Hayton Rocha

De volta a Brasília, não me espanta a notícia de que uma onça-pintada resolveu visitar um condomínio do Jardim Botânico. O flagrante ocorreu por volta das sete da noite de sábado, 13 de setembro, quando uma senhora, 46 anos, descansava na varanda depois de uma tarde abafada e seca. O silêncio foi rompido pelo estalar pesado de folhas. Pensou ser vizinho, acendeu a lanterna e deu de cara com o felino. O coração galopou, mas a onça seguiu elegante, indiferente, como quem apenas confere se ainda resta espaço para caçar no seu habitat que o bicho-homem insiste em queimar a cada setembro.




No dia seguinte, lá estavam Batalhão Ambiental, Ibama e Ibram, marchando em fila como formigas alarmadas. Carros oficiais, coletes e rádios chiando. Prometia-se capturar a “invasora”, que só buscava apurar o que sobrou depois que incêndios expulsaram as presas da mata. Pouco adiantou o veterinário no telejornal Bom Dia DF lembrar que queimadas empurram os bichos para além de seus territórios. Diante do calor e da fumaça, qualquer criatura — inclusive nós — amplia o raio de caça em busca de proteína para seguir respirando.

Não me surpreendo. Brasília sempre foi um zoológico a céu aberto. Algumas espécies já fazem parte do cotidiano a ponto de ninguém mais reparar: emas atravessando o Eixo Monumental em fila de pedestres, capivaras ruminando nas margens do Lago Paranoá como se fossem vacas, e, sobretudo, certos animais de paletó e gravata — esses, sim, predadores de verdade, com instinto indomável.

As raposas ocupam o primeiro plano. Farejam verbas secretas dos orçamentos públicos como se fossem frangos assados esquecidos no plenário. Astutas e felpudas, multiplicam-se como lebres em ritmo acelerado, mordendo pelas beiradas até imobilizar o Congresso. Têm o talento de parecer discretas, mas deixam sempre o rastro de penas espalhadas pelo chão.

Outros, coitados, estão à beira da extinção. O tucano, de bico altissonante e cores chamativas, virou peça de museu. Restam exemplares isolados em estufas, sustentados por uma classe média que se evapora com a divergência ideológica exacerbada. Os sobreviventes batem asas sem rumo, mais próximos da arrogância do que do tucanismo intelectual de três décadas atrás. É triste ver um pássaro que já simbolizou falas iluminadas agora grasnar em sintonia com antigos discursos.

O leão, por sua vez, adaptou-se como se fosse nativo. Originário da África e da Ásia, encontrou aqui território fértil: crava garras e presas no couro de cada assalariado, abocanhando quase 1/3 dos salários em porções mensais e sucessivas. É o Imposto de Renda travestido de rei da selva, que ruge cada vez mais alto. A diferença é que, na savana, ele caça para sobreviver; por aqui, caça inclusive para custear privilégios classistas.

Já algumas antas, lentas e preguiçosas, instalaram-se por estas bandas desde os anos dourados. São vistas em antessalas de gabinetes, pastando memorandos e portarias com a serenidade de quem não tem predador natural. Se um dia alguém tentar reintroduzir vida inteligente nesse ecossistema, deverá ser recebido com o mesmo espanto de quem solta um macaco com um revólver carregado em meio a passeata ou procissão.

O jumento é outra tragédia. O Brasil anda exportando seu couro para virar ejiao, gelatina chinesa de uso milenar — embora sem eficácia comprovada — para tratar de anemia, impotência, insônia e vertigem. Resultado: o rebanho caiu mais de 60% em menos de uma década. Mas, em Brasília, os que restam são bípedes — esses, sim, ameaçam a população. Caminham em bandos, carregando balaios de promessas que nunca chegam ao destino.

E a lista não para: aranhas burocráticas tecem processos intermináveis, hienas sardônicas se banqueteiam do infortúnio alheio, répteis de olhar frio arrastam-se pelos corredores de estatais. À noite, piranhas maquiadas rondam os bares da Asa Sul; de dia, papagaios repetem frases prontas nas tribunas. Pavões desfilam diante das câmeras, em busca de 15 minutos de fama, enquanto morcegos sugam lentamente recursos de escolas e hospitais.

Por isso, não me espanta a notícia da onça-pintada que apareceu no Jardim Botânico. Ela apenas cumpre o destino dos bichos: sobreviver. O que me inquieta são os animais vestidos de alfaiataria e sapatos engraxados, prontos para posar em palanques e plenários enquanto devoram, com fome de anteontem, o futuro de quem os sustenta. Na selva candanga, o rugido mais perigoso não vem da mata, mas ecoa dos corredores, em forma de cochicho ou discurso ensaiado.

setembro 10, 2025

Cabeças à venda


CABEÇAS À VENDA

Hayton Rocha

 

Semana passada, um português chamado João Paulo Silva Oliveira resolveu brincar de inquisidor digital. Armado não de espada, mas de um celular e de uma conta no TikTok, ofereceu 500 euros por cada cabeça de brasileiro em território luso — decepada no pescoço, como se fossem melancias maduras à beira da estrada. Na cotação do euro, cerca de 3.200 reais a unidade. O vídeo sumiu, a conta também, mas o cheiro azedo de racismo ficou impregnado no ar, como peixe esquecido no balcão de uma padaria.


Foto reprodução/TikTok.



A padaria, aliás, foi palco indireto. O homem trabalhava numa em Aveiro. Quando a história explodiu, o estabelecimento correu para lavar as mãos, postando no Instagram sua bula de boas intenções: diversidade, inclusão, respeito. Como se fosse preciso explicar que não se paga recompensa por cabeças humanas desde Lampião e Maria Bonita, decapitados em 1938 na Grota do Angico, no Sertão sergipano, e exibidos como troféus em cortejo por cidades nordestinas até serem levados para Salvador, na Bahia.


Mas não é de hoje que pedras provocam tropeços na relação entre os dois lados do Atlântico. Em 2019, na Faculdade de Direito de Lisboa, expuseram um caixote de pedras de calçada com cartaz: “Grátis se for para atirar a um zuca”. A subdiretora da instituição, guardiã da legalidade, justificou como “liberdade de opinião, autocrítica, humor e sátira”. Traduzindo: a pedra virou piada acadêmica, e o alvo que se dane.


Esses episódios parecem isolados, mas possuem raízes mais profundas. A história luso-brasileira sempre oscilou entre afagos e tapas. E quando não voam pedras, voam caricaturas. De um lado, o “portuga” do bigode grosso e do lápis na orelha, ridicularizado em nossas piadas como padeiro de raciocínio curto. Do outro, o “zuca” barulhento, malandro, usurpador de vagas, retratado em terras lusas como hóspede inconveniente que nunca vai embora. É como se as duas nações, presas a velhos ressentimentos, trocassem farpas para esquecer que são feitas do mesmo barro, crias da mesma costela, com a poeira de impérios falidos.


No fundo, herdamos um ao outro — junto com as piadas, a língua, o tempero da saudade e até a sífilis, como brincaram Chico Buarque e Ruy Guerra em “Fado Tropical”. Portugal foi o padrinho severo, que nos batizou à força e depois partiu para cuidar da própria sobrevivência na Europa. O Brasil, o filho imberbe que ainda acha que seria potência se tivesse nascido de pais ingleses, como os americanos. O resultado? Uma relação mal resolvida, que mistura ironia, sarcasmo e sopapos.


É claro que a maioria dos portugueses não pensa como João Paulo, o carrasco do TikTok com nome de santo papa. A maioria acolhe, divide empregos e mesas, vende sonhos embalados em bacalhau. Também é verdade que muitos brasileiros chegam a Portugal carregando a caricatura do padeiro analfabeto e se surpreendem ao encontrar um europeu culto, poliglota, muito além da imagem guardada. O choque cultural é mútuo: um espera encontrar o amigo da esquina, o outro enxerga o invasor da rua.


Racismo ou xenofobia não se resolve com estatísticas, mas vale lembrar: são mais de meio milhão de brasileiros vivendo em Portugal. Raízes que atravessaram o mar e florescem em outra terra. Histórias que poderiam formar uma ponte sólida, mas que às vezes se transformam em muros baixos, fáceis de escalar com pedras na mão.


O problema é que sempre haverá quem prefira a pedra ao abraço. Para esses, é bom lembrar: se fosse para medir o preço de uma cabeça, o mercado estaria em crise. Algumas não valem nem o valor do boné que carregam. Outras, raras, não têm preço, porque guardam sonhos e utopias.


Talvez o que falte mesmo seja revisitar o “Fado Tropical”, que reconhece no brasileiro um sentimental justamente por carregar no sangue o lirismo lusitano. Lirismo que anda escondido debaixo de camadas de ódio gratuito e memes virulentos. O ideal, como canta Chico Buarque, é que este país se torne um imenso Portugal — não no sentido de se apequenar, mas de assumir que somos parentes condenados a conviver, como toda família que se desentende no almoço de domingo, mas volta para a mesa de jantar quando alguém pede perdão.


E que cada um proteja bem a sua cabeça sobre o pescoço. Vale mais inteira do que precificada em euros. Até porque, se fosse para vender, não haveria padaria no mundo capaz de dar conta da fila de trocas: cabeças ocas não faltam, de Brasília a Lisboa.


Melhor trocarmos pedras por versos, porque só a poesia impede que o sangue esfrie e coalhe.

setembro 03, 2025

Repetir pra quê?

REPETIR PRA QUÊ?

Hayton Rocha



Um dos direitos sagrados de chatos como eu é implicar com o que, para uns, passa despercebido, mas para outros soa como tortura. No topo da lista está a mania de certos comunicadores de rádio e TV, gurus corporativos e influenciadores digitais de encher nossos ouvidos de tautologias.


Falo daquela repetição preguiçosa de ideias com palavras diferentes, mas de mesmo sentido. Clássicos como “criar do zero uma novidade inédita” e “voltar de novo para casa” já nem causam espanto. O problema é a “criatividade” dessa turma, que parece inesgotável. Volta e meia ouço disparos como “adiar para depois” ou “todos foram unânimes” e ninguém nem mais franze as sobrancelhas. Virou vício de linguagem, desses que se repete por pura economia de pensamento.



Ilustração: Uilson Morais (Umor)


No dia a dia, o repertório se amplia sem pudor: “brinde grátis”, “promoção válida somente durante o período”, “reserva antecipada”, “resultado final”. O aplicativo promete “rota alternativa diferente”, enquanto o síndico do prédio avisa no elevador que “o acesso de entrada estará liberado”. Tudo muito claro, claríssimo.


Para ranzinzas como um velho amigo meu, isso provoca azia e coceira, além de uma vontade quase incontrolável de destilar ironia nas redes sociais — o que prudentemente evita, temendo ampliar o esgoto ali instalado. Ele já pensou até em gravar vídeos indignados, mas desistiu. Prefere sugerir que os culpados passem horas em pé numa reunião corporativa, sem pausa pro cafezinho.


Ali, a proliferação de redundâncias beira o delírio: “expectativas futuras”, “seguir adiante com a continuidade do projeto”, “metas a serem alcançadas”. Tudo servido em palavrório que lembra algodão-doce: bonito, vistoso, mas some na mão se você aperta.


Em seminários de liderança, então, é praga disseminada de controle improvável. “Planejar antecipadamente”, “consenso geral”. O auditório aplaude como se tivesse descoberto o fogo, esquecendo que, na prática, a coisa queima faz tempo. Há até quem proponha um “manual de boas práticas corretas” para proteger a “cultura organizacional da empresa”. Dá vontade de pedir legenda simultânea.


Mas se nos auditórios já se aplaude o óbvio, na vida real o espetáculo não é menor. Prova disso é uma mensagem que meu amigo guardou, recebida de um conhecido — cujo nome não me revelou por caridade, segundo afirma. Começa assim: “Anos atrás, quando ainda era inexperiente, percebi que a vida, cheia de surpresas e imprevistos, ensina lições que são repetitivamente reincidentes”. Isso mesmo: “repetitivamente reincidentes”.


O cara jurava ter aprendido essa “grande verdade” ao enfrentar um dilema: escolher entre duas alternativas incertas e, ainda assim, ficar em dúvida — porque certeza, claro, só depois.


Numa manhã de domingo, resolveu planejar o futuro — seria curioso planejar o passado. Queria um emprego fixo, com salário e estabilidade — como se alguém sonhasse com o contrário. Procurou um vereador que lhe garantiu, com “certeza absoluta”, boas oportunidades. Já no presente, precisava elaborar um plano estratégico bem fundamentado, com argumentos sólidos — porque plano raso e argumento gasoso ninguém respeita mais.


Foi então a um banco. O gerente explicou que era preciso estabelecer um “elo de ligação” entre receitas, prestações e juros. Caso contrário, comprometeria a capacidade de pagamento — quem diria, hein!? Na planilha, recomendou indicadores para acompanhar “a evolução crescente dos resultados”, de preferência em gráficos “visuais”, que são sempre mais fáceis de ver.


Cansado, adiou a “decisão definitiva” para o dia seguinte. Ao acordar, consultou o tio, conhecido por frases de efeito. E ouviu a pérola:
— Meu sobrinho, a vida é um ciclo sem começo nem fim. O mais importante é agir com prudência para aumentar as chances de acerto. Quase tudo na vida se divide em duas metades iguais.


O homem falava como quem recita horóscopo de jornal: cabe em qualquer situação, serve para todo mundo e, no fundo, não diz nada. Ainda assim, o sobrinho saiu convicto: precisava tomar uma decisão definitiva. Voltou ao banco, assinou os papéis e pegou o empréstimo. Restava torcer para que sua ideia inovadora desse certo — e não virasse um fracasso retumbante.


Entre altos e baixos, disse ter aprendido uma grande lição: nada é garantido — exceto a morte e os impostos, como já disseram antes —, mas é preciso lutar com todas as forças, já que nada vem de graça.

Diz meu amigo que pensou em perguntar, mas silenciou: e se der errado? Bem… sobra o aprendizado. E a dívida, claro.


Depois de ouvi-lo, concluí: nem com ansiolítico encararia hoje um guru corporativo oferecendo um “framework inovador de repetição estratégica”, garantindo que iria mudar minha vida.


Porque a tautologia já virou modelo de negócio: quanto mais se repete, mais parece profunda. Mas é assim que a língua murcha, o pensamento se rende — e a gente segue pagando caro por vento embalado como se fosse sabedoria de primeira prateleira. 


Sangue no quintal

  Ilustração: Uilson Morais (Umor) SANGUE NO QUINTAL  Hayton Rocha Dia desses, meu amigo Avelar me convidou para um sábado no Porto Gurgueia...