SELVA CANDANGA
Hayton Rocha
De volta a Brasília, não me espanta a notícia de que uma onça-pintada resolveu visitar um condomínio do Jardim Botânico. O flagrante ocorreu por volta das sete da noite de sábado, 13 de setembro, quando uma senhora, 46 anos, descansava na varanda depois de uma tarde abafada e seca. O silêncio foi rompido pelo estalar pesado de folhas. Pensou ser vizinho, acendeu a lanterna e deu de cara com o felino. O coração galopou, mas a onça seguiu elegante, indiferente, como quem apenas confere se ainda resta espaço para caçar no seu habitat que o bicho-homem insiste em queimar a cada setembro.
No dia seguinte, lá estavam Batalhão Ambiental, Ibama e Ibram, marchando em fila como formigas alarmadas. Carros oficiais, coletes e rádios chiando. Prometia-se capturar a “invasora”, que só buscava apurar o que sobrou depois que incêndios expulsaram as presas da mata. Pouco adiantou o veterinário no telejornal Bom Dia DF lembrar que queimadas empurram os bichos para além de seus territórios. Diante do calor e da fumaça, qualquer criatura — inclusive nós — amplia o raio de caça em busca de proteína para seguir respirando.
Não me surpreendo. Brasília sempre foi um zoológico a céu aberto. Algumas espécies já fazem parte do cotidiano a ponto de ninguém mais reparar: emas atravessando o Eixo Monumental em fila de pedestres, capivaras ruminando nas margens do Lago Paranoá como se fossem vacas, e, sobretudo, certos animais de paletó e gravata — esses, sim, predadores de verdade, com instinto indomável.
As raposas ocupam o primeiro plano. Farejam verbas secretas dos orçamentos públicos como se fossem frangos assados esquecidos no plenário. Astutas e felpudas, multiplicam-se como lebres em ritmo acelerado, mordendo pelas beiradas até imobilizar o Congresso. Têm o talento de parecer discretas, mas deixam sempre o rastro de penas espalhadas pelo chão.
Outros, coitados, estão à beira da extinção. O tucano, de bico altissonante e cores chamativas, virou peça de museu. Restam exemplares isolados em estufas, sustentados por uma classe média que se evapora com a divergência ideológica exacerbada. Os sobreviventes batem asas sem rumo, mais próximos da arrogância do que do tucanismo intelectual de três décadas atrás. É triste ver um pássaro que já simbolizou falas iluminadas agora grasnar em sintonia com antigos discursos.
O leão, por sua vez, adaptou-se como se fosse nativo. Originário da África e da Ásia, encontrou aqui território fértil: crava garras e presas no couro de cada assalariado, abocanhando quase 1/3 dos salários em porções mensais e sucessivas. É o Imposto de Renda travestido de rei da selva, que ruge cada vez mais alto. A diferença é que, na savana, ele caça para sobreviver; por aqui, caça inclusive para custear privilégios classistas.
Já algumas antas, lentas e preguiçosas, instalaram-se por estas bandas desde os anos dourados. São vistas em antessalas de gabinetes, pastando memorandos e portarias com a serenidade de quem não tem predador natural. Se um dia alguém tentar reintroduzir vida inteligente nesse ecossistema, deverá ser recebido com o mesmo espanto de quem solta um macaco com um revólver carregado em meio a passeata ou procissão.
O jumento é outra tragédia. O Brasil anda exportando seu couro para virar ejiao, gelatina chinesa de uso milenar — embora sem eficácia comprovada — para tratar de anemia, impotência, insônia e vertigem. Resultado: o rebanho caiu mais de 60% em menos de uma década. Mas, em Brasília, os que restam são bípedes — esses, sim, ameaçam a população. Caminham em bandos, carregando balaios de promessas que nunca chegam ao destino.
E a lista não para: aranhas burocráticas tecem processos intermináveis, hienas sardônicas se banqueteiam do infortúnio alheio, répteis de olhar frio arrastam-se pelos corredores de estatais. À noite, piranhas maquiadas rondam os bares da Asa Sul; de dia, papagaios repetem frases prontas nas tribunas. Pavões desfilam diante das câmeras, em busca de 15 minutos de fama, enquanto morcegos sugam lentamente recursos de escolas e hospitais.
Por isso, não me espanta a notícia da onça-pintada que apareceu no Jardim Botânico. Ela apenas cumpre o destino dos bichos: sobreviver. O que me inquieta são os animais vestidos de alfaiataria e sapatos engraxados, prontos para posar em palanques e plenários enquanto devoram, com fome de anteontem, o futuro de quem os sustenta. Na selva candanga, o rugido mais perigoso não vem da mata, mas ecoa dos corredores, em forma de cochicho ou discurso ensaiado.

Ontem à noite fiz questão de ver quem eram os abutres que avançaram em bando pelo centro e pelos extremos do centro sobre o que restava de dignidade na savana federal.
ResponderExcluirExcelente crônica, Hayton!
ResponderExcluirDesta vez você, de um jeito leve e perspicaz, nos convida a pensar sobre muitas coisas! A forma como você conectou a aparição da onça-pintada com a "selva" de Brasília é surpreendente e genial.
A partir de um fato noticioso, em vez de apenas noticiar, usou como um trampolim para uma reflexão profunda e cheia de humor. Essa comparação entre os animais selvagens e os "animais" que habitam o poder em Brasília lapidar. A descrição das raposas farejando verbas, os leões sugando salários, as antas acomodadas em gabinetes... tudo muito visual e com uma dose de verdade que faz a gente rir e pensar ao mesmo tempo.
Gostei muito da maneira como você deu voz e características a cada "espécie" política, usando metáforas animais que funcionam perfeitamente. É como se você tivesse criado um zoológico simbólico da política brasileira, mas com um toque bem brasiliense. E o final, com o alerta sobre o rugido mais perigoso vindo dos corredores do poder, conclui a crônica com chave de ouro.
Parabéns! Deu para sentir a sua efetiva conexão com Brasília e a sua habilidade em traduzir o cotidiano em uma narrativa envolvente.
Izaias Araujo
Dizem que em Brasília há um cemitério de boas intenções.
ResponderExcluirEu acho que talvez em algum tempo possa ter havido boas intenções e estejam sepultadas . Atualmente as “as boas intenções” no Congresso referem-se a cuidar dos próprios umbigos, basta ver a PEC da vergonha. Nelza Martins
ExcluirHayton,
ResponderExcluirParabéns por mais uma excelente crônica!!
Marcos André Cerqueira
Quase 40 anos depois, a voz do brasiliense Renato Russo nunca soou tão atual.
ResponderExcluirNas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?
Êta que a crônica de hoje saiu do mundo animal para os bípedes, ditos humanos que insistem na destruição, sem dó, nem piedade, dos sonhos de uma nova construção.
ResponderExcluirO tucanato dá vez à raposada e por aí vai se perdendo as esperanças de uma nação inteira.
Hoje fico com a frase do nobre Hayton tirada desta crônica de milhões.
"Na selva candanga, o rugido mais perigoso não vem da mata, mas ecoa dos corredores, em forma de cochicho ou discurso ensaiado."
Simbora rumo à próxima quarta.🤝
É… os bichos estão soltos! A Câmara aprovou ontem, em dois turnos (353x134 votos e depois 344x133), a PEC que amplia a blindagem de parlamentares e presidentes de partidos na Justiça. O relator Cláudio Cajado já garantiu: há acordo para o Senado votar ainda esta semana. Como toda emenda constitucional, após passar nas duas Casas, vai direto à promulgação — sem precisar da caneta presidencial.
ResponderExcluirComo sempre, uma crônica perfeita. E esta confirma o que disse o poeta, “ o que dá pra rir, dá pra chorar”. Perfeita, não fosse o “desrespeito” aos animais, que costumamos ofender porque temos a certeza da impunidade, a certeza de que os ofendidos não irão nos atacar, bem ao contrário da turma de Brasília que atacam a cada dia, direta ou indiretamente, com suas ações, os patrões que os pagam - o Povo.
ResponderExcluirNelza Martins
Criamos essa fauna destruidora… que antídoto pode salvar o futuro que vem sendo devorado?…
ResponderExcluirCrônica irretocável !
Todo homem é um animal político. Todo homem político é um animal — da pior espécie. Assim descaminha a humanidade. E então, após a morte da bezerra, entre cobras criadas e lagartos, espíritos de porco e ovelhas desgarradas, engoliremos todos os sapos, pagaremos todos os patos, enquanto os cães ladram, a porca torce o rabo e a vaca vai pro brejo.
ResponderExcluirExcelente!👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
ExcluirExcelente!👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
ExcluirExcelente crônica, amigo Hayton!
ResponderExcluirE os bichos da selva de Brasília seguem barbarizando, cooptando seus predadores naturais!
No condomínio em Brasília
ResponderExcluirA onça nem fez bravata
Outros felinos atuam
Sempre querendo mamata
São raposas travestidas
Dando as suas investidas
De paletó e gravata.
Coitados dos animais irracionais,serem comparados a esse bando de animais que se dizem,racionais.Mas valeu pela crônica, bem elaborada.
ResponderExcluirMuito cuidado também com os lobos em pele de cordeiro!
ResponderExcluirParabéns pela crônica.
Melhor definição zoológica de Brasília, excluindo-se os cidadãos decentes que lá residem.
ResponderExcluirOs sanguessugas das verbas públicas destruíram as grades e se blindaram de futuras prisões, brindando à custa do suor da população. Irracionais que exercem os "podres poderes" como se o amanhã não existisse. Um dia a conta chega.
ResponderExcluirEsta crônica superou minhas altas expectativas.
ResponderExcluirTão preciosa, que não vou me alongar.
Qualquer semelhança com o mundo "REAL" não é mera coincidência. Nunca estivemos tão expostos. Texto impecável para abordar atos pecaminosos.
ResponderExcluirO apetite dos animais, que habitam a selva candanga, não tem limite. Show de crônica, Hayton!
ResponderExcluirTriste ver de camarote o descaminho político. A podridão da alcateia só nos envergonha.
ResponderExcluirFiquei aqui matutando sobre as Antas Ruminantes, e me lembrei de um de uma multa que tomei, cujo recurso esbarrou numa enorme Anta. Com todo respeito às "Tapirus terrestris", não sem razão o maior mamífero terrestre brasileiro. Essa praga da burocracia, em seus inúmeros pastos para as Antas se saciarem, como bem diz o Hayton, de Portarias, Decretos, Atos Administrativos e o ração do tipo, é uma praga na gfestão pública. Afinal, se podemos coplciar a vida do cidadão, porque simplificar? Valeu amigo, e obrigado a Dona Onça que proporcionou tão espetaculares analogias.
ResponderExcluirE aqueles animais, ditos de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, viram malditos, têm o poder da mutação. Agem como animais de hábitos noturnos à espreita de suas vítimas.
ResponderExcluir.
Morcegos, cobras, escorpiões, animais peçonhentos de toda ordem, comparados com esses, são quase inofensivos. Como carcarás, pegam, matam e comem. Os urubus, como saneadores ambientais, são muito mais úteis.
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Também é verdade que também são como as hienas. Bem, as hienas, pelo visto, têm hábitos muito mais saudáveis. Nessa fauna, coitado do leão e outros bichos mais indefesos, iriam penar pra sobreviver.
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Nesse chiqueiro tem muito cordeiro com espírito de porco.
Oi Hayton, mais uma crônica sensacional. A brincadeira com o zoológico foi de uma criatividade incrível. Parabéns !!!
ResponderExcluirA boa intenção de político, se existiu, acabou quando levaram o centro do poder para o centro do país...lá, o povo fica a margem e qq manifestação é mínima, caso ainda ficasse no Rio de Janeiro ou Salvador. O plano era sair dos holofotes do povo e evitar cobranças maiores. Ah, vc esqueceu das cobras criadas que sempre estão no poder, independentemente da ideologia.
ResponderExcluirLuis Lanzac acima
ResponderExcluirÓtima crônica, Hayton. Essa “fauna” que você muito bem descreve é pra lá enviada pelo país inteiro. A Brasília de verdade acorda cedo e trabalha muito para sobreviver, como qualquer outro brasileiro honesto, embora também tenha enviado alguns espécimes…
ResponderExcluirAbração.
Gradim.
Crônica brilhante. Concordo com a descrição de toda a fauna que protagoniza o texto.
ResponderExcluirQuanto aos animais que possuem mandato eletivo e suas decisões que assombram o povo brasileiro em geral, fica uma pergunta: quem foi que votou neles? Pior: quem desse “povo em geral” está disposto a votar neles de novo em 2026?
Até parece que são filhos de chocadeira!
Mas não, são filhos dos votos de algumas pessoas que se mostram indignadas com suas decisões. E que são capazes de votar neles de novo!
Eita!
ResponderExcluirAcho que os ares "estadunidenses" despertaram, no cronista, as feras feridas que habitam em muitos de nós.
Pena que a blindagem não permite latanhar, com nossas afiadas garras, as lombadas de muitos "animais" que nos "representam".
"Brasília sempre foi um zoológico a céu aberto". Frase emblemática que condensa nossa vida pública e a selva em que vivemos.
ResponderExcluirAcho que faltou citar as corujas, que, sempre passivas, olhos abertos e distantes de significar alguma lucidez, simbolizam como a sociedade, atônita, apenas observa a vida dessa savana inclemente.
Hayton, você descreveu nossa selva com a sensatez e a ironia precisa de suas palavras. Ainda espero que por aqui surja um dia a revolução dos bichos.
Sergio Freire
.. E muitos porcos besuntados de perfume chafurdando na lama chamada "política".
ResponderExcluirAcho que a vestimentas dos animais tem funcionado para esconder a cara e não deixar explícita a falta de vergonha e de honestidade... muito triste o cenário. Uma onça, tipo um mosquito no nada.
ResponderExcluirBRILHANTE CRÔNICA ,HAYTON !! Gostei de lembrar do Renato Russo : Que país é esse ?? LENA
ResponderExcluirE o cronista arrasou, com essa belezura de crônica. Valeu, Hayton.
ResponderExcluirO grande mal do Brasil, é que os zoológicos estão espalhados em todas as esferas do país. Além do zoológico nacional, há os zoológicos estaduais e municipais, com animais tão ferozes, quanto os animais que circulam em Brasília.
E agora, são iguais a coruja. Só entram em ação na calada noite, quando suas caças estão todas adormecidas.
E pensar que neste zoológico a céu aberto chamado Brasília, os animais mais voluptosos usam paletós, gravatas e sapatos engraxados...
ResponderExcluirTem uma canção, cantada e imortalizada pelo grande Ney Matogrosso, com letra do mestríssimo, de saudades, Antônio Barros, denominada "Homem com H"
ResponderExcluir"Homem com H
Nunca vi rastro de cobra nem couro de lobisomem
Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come
Porque eu sou é home, porque eu sou é home
Menino, eu sou é home, menino, eu sou é home
E como sou........." (primeira estrofe)
Nesta estrofe, fica muito fácil de analisarmos a crônica desta quarta-feira, da lavra do mestre Hayton.
Nós, todos nós, nunca vimos o rastro das serpentes bípedes que, hoje, tomaram de vez a Brasília do saudoso JK, antes visitada por cobras desprovidas de pernas.
Dos lobisomens, há couros à farta estendidos em cada eixo, cada quadra ou superquadra, invisíveis, por certo, a alguns olhos, porém escancarados a tantos outros que sabem ou deviam saber do quanto este - o animal-lenda - é transmutado, ainda que em dias de clareza solar, a cada votação e a cada emenda pixada; a cada decisão amparatória de suas classes; a cada sonho de uma nação unida - desejo de poucos, sabemos - a cargos dos senhores que receberam a procuração de suas sociedades originárias para lhes representar e dizer das suas vontades[delas sociedades e não do procurador].
Se bem analisarmos, estamos fadados a nos inserir na frase do "Se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come...". Sim, estamos fadados a ser alcançados por esse tal "bicho" finamente vestido por marcas estrangeiras, ostentando relógios pra mais de milhão e sapatos fabricados com peles nobres, nas suas vontades intrínsecas ou encomendadas a peso de PIX.
Pegar, pegar mesmo, já pegaram. Não há o que esconder. Nós, que o demos a procuração para que sejam nossos representantes, não temos o mínimo de vontade respeitada - isso independe de qualquer matiz partidária - nas decisões sobre os rumos do país.
Espera-se que não sejamos "comidos" por esta sanha de enxergadores dos próprios umbigos, por muitos que tem a emenda PIX como sua muleta. Socorramo-nos, portanto, da terceira frase da estrofe, "Porque eu sou é home, porque eu sou é home..."; aí não como mero "home", mas como decisor, num tempo bem próximo, na escolha de quem não vá destoar daquela tão sonhada vontade de cuidar do nosso país como se cuida da sua própria família - esperando o bem e o melhor.
Haverá onças, não pintadas, não pardas, não quadrúpedes, mas bípedes e finamente trajadas, tentando convencer a cada um de nós de que a representação que lhe fora confiada merece o repeteco. Caberá a cada um de nós escutar os "rugidos" e decidir pelo que melhor se aplica aos anseios da sociedade no momento da decisão-cidadã.
Tonho do Paiaiá, aprendendo a cada dia e a cada leitura dos textos do mestre Hayton.
Ave Palavra!
Não bastasse a perfeição da escrita, você ainda tem uma capacidade inesgotável e insuperável de inspiração.
ResponderExcluirEssa crônica merece, creio que nenhum leitor seu discorda desta minha afirmação, figurar com brilhantismo em qualquer antologia que se faça sobre as melhores peças que discorram sobre as mazelas praticadas por políticos e detentores de cargos públicos.
Não me surpreenderia se aparecesse algum "iluminado" - as aspas são necessárias - nessa sofrida Brasília propondo que lhe fosse proibida a residência em seus domínios.
Não tenho dúvida, ninguém conseguiu até hoje descrever com tanta precisão e acerto, as benditas - até as aspas são dispensáveis aqui - ações praticadas pelos políticos que aí exercem suas funções.
Pindorama agora já é uma sua devedora...
Permita-me concordar consigo, Sr Carlos, sem tirar nem por uma vírgula sequer.
ExcluirAplausos
Prezado Tonho do Paiaiá, fico honrado e sensibilizado com sua solidariedade. O Hayton até "abusa" com seu brilhantismo.
ExcluirSó lhe peço uma gentileza, é abolir o "senhor" no tratamento comigo.
Grande abraço.
Sensacional Hayton!!👏👏👏👏
ResponderExcluirNossa, Hayton!!!! Amei sua crônica.
ResponderExcluirA onça, coitada, ao inves de zanzar errante, poderia se fartar do gado que faz tanto barulho, alardeia valentia, mas segue cabisbaixo sem destino, perdido que está. Sem pneus e sem contatos de 3⁰ grau com alienígenas e sem o jumento mor para adorar ao vivo.
Acho que, parodiando o Rei Leão, não o do IR, mas o da Disney, tão atraente para os chacais, lutamos muito para nos libertarmos do reinado de Scar e este, a princípio está em prisão domiciliar com passagem para o xilindró , mas está bem difícil nos livrarmos das hienas. Essas são famintas e insaciáveis e adquiriram tanto poder que só se protegem cada vez mais. Elas se mantém, se renovam nos herdeiros e não abrem mão do filé. E não será cantando e dançando "hatuna matata" por maior que seja a a fama de homem cordial para os brasileiros que nos livrarmos dessa praga.
E o pior é que algumas presas, em geral as mais vulneráveis, defendem esses predadores implacáveis, reafirmando-os a cada 4 anos.
Mas vamos ter fé, sem deixar de lutar.
É, esse ecossistema de Brasília tem o estranho poder de atrair espécimes vorazes de todo o Brasil.
ResponderExcluirAqui, sem predadores, proliferam sem nenhum controle.
Incêndios e outras calamidades até ajudam nessa procriação.
Assim como a onça saiu de seu habitat, as demais espécies também se submetem aos riscos que a selva, no caso, a de cimento e asfalto, impõe...
ResponderExcluirBrasília, de fato, virou símbolo das "notícias" que incomodam. Mas, são muitos os "zoológicos", por esse Brasil afora, cujas "jaulas" ficam abertas, de propósito, para que as "feras" possam caçar os desavisados e os "avisados" também...
Nunca tinha lido uma crônica tão bem feita com referência à fauna candanga. Com todo respeito que tenho aos animais fugitivos do fogo, esses animais que o eleitor dedo podre encaminha para Brasília como seu representante é o retrato fiel das coisas peçonhentas que causam náuseas até em sonrisal. Cada dia a gente se desilude mais um pouco com nossas próprias escolhas.
ResponderExcluirA crónica desta semana deveria entrar no seu próximo livro. Vamos homenagear o pior Congresso desde 1826.
ResponderExcluirEssa pobre Onça Pintada, autêntica e digna representante de nossa fauna, personagem do inesquecível Ziraldo, bem que podia ter abocanhando um monte das proteínas disponíveis nessa selva, ainda que de pedra e sem alicerce algum.
ResponderExcluirDizem que a vida se renova. Nessa "mata", cenário da bela Crônica, somente na grafia da palavra.
Os espécimes, representantes dessa esdrúxula "nova fauna", quando surge a urgência de esconder os entulhos produzidos por eles, usam a desgastada palavra "nova" infinitas vezes, para renomear coisas velhas.
Grande desafio para o IBAMA (no caso da Onça) e a PF.
Ótima Crônica, meu Amigo.
Abração!!!
Mário Nelson.
Meu cumpade Hayton,
ResponderExcluirÓtima observação da invasão humana no habitat felino do Planalto Central.
Nesse assunto pantanoso e politicoso de Brasília, dá muito caldo pras comparações. Com o devido respeito aos bichos, claro.
Alí tem: franga de urubu, aborto de coruja, gazela desmamada, guabiru de emenda, catita de granja, galinha soçaite, cururu-tei-tei de gravata, baleia de cacimba... Sem falar na saúde irritante de Sarney, coisa de dar inveja em tartaruga.
Enquanto isso, morre o nosso Hermeto.
"Para não dizer que não falei das flores", que bom seria, se pudéssemos falar apenas das coisas boas de Brasília, como sua Flora, explendidamente representada pelos Ipês. Existem Ipês amarelos, Ipês roxos, Ipês brancos, além de outros, florescendo cada um a seu tempo e provocando um relaxamento aos olhos e à alma.
ResponderExcluirExistem também as árvores frutíferas, que estão por todos os cantos, disponíveis e prontas para serem colhidas do pé (quando estão maduras, claro) ou, até mesmo (se caídas literalmente de maduro), apanhadas no chão coberto de folhas secas. Caminhar sobre essas folhas, escutando seus estalidos, é muito relaxante.
Tem as mangueiras, as mais presentes, pés de jacas (úteis para quem quiser enfiar o pé em seus frutos), abacateiros, pitangueiras, amoreiras, pés de acerola, laranjeiras, pés de limão. Enfim, é uma grande variedade.
E no céu, então, com as aves revoando? São araras, papagaios, periquitos, bentivis, joaos-de-barro, além dos mais "comuns", pardais e pombas.
Mas, na fauna, além das aves e dos animais já descritos pelo Hayton, tem também as "abelhas" (sempre fazendo cera), as "moscas", os "mosquitos", as "pulgas", as "formigas" e a famigerada e nojenta, "mosca varejeira". Acho que nem é necessário descrever o que elas "fazem". Cada um de nós já pode imaginar o que seja.
Por isso, acho que já posso ficar por aqui. É que eu me enquadro bem, na descrição do "bicho preguiça".
* Esplendidamente e não explendidamente (falha nossa...)
ExcluirA texto da semana representa uma pérola de criatividade, mas, convenhamos, comparar uma ingênua onça-pintada com os bípedes que circulam no Congresso Nacional é pura maldade. Basta analisarmos três assuntos que tomaram conta do noticiário nacional, desde a publicação da crônica:
ResponderExcluir1 - A nomeação do Deputado Federal Eduardo Bolsonaro como o novo líder da Minoria na Câmara de Deputados.
2 - A aprovação, no âmbito da Câmara, da PEC da Blindagem, que protege todos os parlamentares de eventuais processos.
3 - A votação, em regime de urgência, do projeto de anistia para os envolvidos em movimentos antidemocráticos.
Quanta saudade do Dr. Ulisses! Ao menos tentou domesticar os seus pares, enquanto Presidente do Congresso.
Parabéns pelo texto Hayton! Show!
ResponderExcluirShow de horrores da política nacional. Não é só em Brasília, onde o Congresso nos mostra diariamente o que há de pior no Brasil. Legislando de costas para o País e totalmente dissociado dos interesses do povo brasileiro. É triste constatar que a política feita em Brasília está presente em todos os entes da federação, nos governos estaduais e municipais. Um viva para o reino animal!!
Beto Barretto
Muito bom. Só achei ruim, baixar o nível dos bicos comparando-os com esse povo de Brasília
ResponderExcluirQue texto incrivelmente criativo, usando a fauna como metafora afiada para o zoológico político brasileiro
ResponderExcluirGostei especialmente do trecho: “O coração galopou, mas a onça seguiu elegante, indiferente, como quem apenas confere se ainda resta espaço para caçar no seu habitat que o bicho-homem insiste em queimar...”, uma linha que encaixa perfeitamente na nossa própria ‘selva’ de promessas vazias e interesses ocultos.
E o paralelo com os répteis e hienas, que tecem, se banqueteiam ou rastejam pelos corredores, é uma analogia bem-humorada, mas certeira, do que enfrentamos por aqui.
Como a onça, esperamos que os verdadeiros sobreviventes — ou seja, o povo — consigam escapar desse circo de animais vestidos de terno, prontos para devorar o futuro do Brasil enquanto ensaiam discursos vazios.
Afinal, na nossa floresta de ilusões, talvez o maior predador seja mesmo o político disfarçado de príncipe da selva.
Brilhante e cirurgicamente perfeita a metáfora que, didaticamente, expõe a "fauna" que habita a capital federal.
ResponderExcluirPérolas: "Se um dia alguém tentar reintroduzir vida inteligente nesse ecossistema, deverá ser recebido com o mesmo espanto de quem solta um macaco com um revólver carregado em meio a passeata ou procissão." e
"O que me inquieta são os animais vestidos de alfaiataria e sapatos engraxados, prontos para posar em palanques e plenários enquanto devoram, com fome de anteontem, o futuro de quem os sustenta."
Abração,
Roberto Abbehusen
Muito boa essa comparação da fauna do cerrado com a fauna de Brasília kkkk.
ResponderExcluirA onça no Jardim Botânico foi só a deixa pra mostrar que os bichos de paletó são muito mais perigosos. E essa das raposas farejando verba secreta?
Brasília realmente é um zoológico político, cada um com seu instinto de predador. E o pior: a gente é quem vira comida.
Mandou bem demais!
Já compartilhei aqui com uns amigos.
Abraço!
Dá prá chorar 2 vezes: a primeira, por pena da onça (coitadinha), e a segunda, por pena de nós mesmos, rapinados diariamente por essa fauna infame, ao contrário da onça, longe da extinção😭😭
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