quarta-feira, 17 de julho de 2024

A vida é mesmo muito frágil

Aos 61 anos, Nando Reis continua um dos grandes personagens da música brasileira. Suas canções, imortalizadas por bandas como Titãs, Skank e Jota Quest, além da parceria inesquecível com Cássia Eller, destacam-se por letras enigmáticas e instigantes. Tanto que mantém um canal no YouTube para explicar suas letras.


 

Fui apresentado a ele há 20 anos, nos bastidores do Multiplace Mais, em Meaípe, Guarapari (ES), após um show memorável. "Parabéns, Nando, foi espetacular!" – cumprimentei. E aquela figura humilde e insegura me perguntou baixinho: "Você gostou mesmo?"

 

Na noite anterior, ele não conseguiu terminar a segunda música, praticamente desfalecendo no palco, sob vaias de um público estimado em três mil pessoas. Uma banda local teve que substituí-lo para acalmar a plateia.

 


Recentemente, no programa Maria vai com os Outros do Canal UOL, direto de sua casa em São Paulo, Nando expressou o desejo de viver até os 104 anos: "Quero viver mais de 100. Claro que com lucidez e saúde. Tenho 60, e desperdicei muito tempo bebendo e cheirando. Preciso compensar esse tempo perdido."

 

Eu não tenho mais a cara que eu tinha, Nando, mas posso me adaptar. Bancário aposentado, 66 anos, minha ambição é um pouco mais modesta. Se chegar consciente e bem-humorado aos 88, ficarei satisfeito. Não usei cocaína ou outras drogas pesadas, mas gostava de beber e de fumar. Cada encontro com amigos, cada gole, cada trago, foi um momento vivido em sua plenitude. Não seria honesto, de minha parte, pedir reposição por algo tão bem aproveitado.

 

Nando agora se cuida para alcançar sua meta, equilibrando suas alegrias e contradições. Em depoimento à revista Piauí, no ano passado, ele se identificou como alcoólatra e falou sobre seus oito anos de sobriedade, motivado a recuperar o tempo possível.

 

Dei mais sorte. Tive outros vícios imperdoáveis, considerados lícitos, como trabalhar inclusive nos feriados e fins de semana. Ainda assim, fiz o possível para estar com minha mulher e meus filhos, e reconheço que o preço não foi tão alto para lidar com a ansiedade e a presunção do dever cumprido.

 

A qualidade de vida que Nando leva hoje o faz refletir: "A angústia que tenho, com a tristeza e tudo mais, me faz querer viver bem... Eu me cuido para viver bem. Adoro a vida, quero viver muito. Tenho projetos, quero ver meus netos crescerem. Por isso me angustia ver o planeta ser destruído."

 

Quem não sonha ver os netos crescerem e se preocupa com os rumos da humanidade? Lembro do que previu o falecido empresário Antonio Ermírio de Moraes, há alguns anos: “nossos netos e bisnetos viverão num crescimento perigosamente desequilibrado, com dois terços do planeta em nações pobres”.

 

A preocupação com o meio ambiente levou Nando a investir num projeto de reflorestamento na fazenda herdada do avô, no interior de São Paulo, sua forma de dar visibilidade a uma causa importante e manter seu vínculo com a natureza.

 

Sorte a dele! Meus avós não puderam me deixar um pedacinho de terra sequer para investir num projeto de reflorestamento. Mas deve existir outras formas de promover a preservação ambiental. Escrever sobre o assunto pode ser uma delas.

 

"Sou apegado aos meus filhos e netos, quero vê-los se casar, quero ver as árvores que plantei em Jaú crescerem. Quero ver meu projeto de reflorestamento. [...] Quero muita coisa”, pontuou Nando.

 

Quem de nós, Nando, com mais de 60 anos, não deseja ver os netos casarem e a vida fluir como um rio rumo ao mar? Quem não teme por eles "quando o segundo sol chegar, realinhando as órbitas dos planetas", como você nos alerta há tempos. Essa história de aquecimento global anda queimando inclusive o nosso juízo e não dá sossego a ninguém. 

 

Você diz que sua meta de viver mais de cem anos é uma forte e constante confirmação de seu desejo: “...É quase uma piada. Gosto de ser enfático e provocativo, mas é meu propósito”.

 

Você tem razão, Nando, quando canta em “Por onde andei” que “a vida é mesmo coisa muito frágil, uma bobagem, uma irrelevância, diante da eternidade, do amor de quem se ama”. Ou ao pedir em “Sutilmente”, composta com Samuel Rosa, que “quando estiver triste, simplesmente me abrace... Quando estiver fogo, suavemente se encaixe... Mas quando eu estiver morto, suplico que não me mate de dentro de ti...”.

 

Se eu tivesse um terço da sua habilidade de compor e cantar, talvez fizesse um requerimento (não em papel timbrado, com firma reconhecida e sob carimbo identificador!) ao proprietário do tempo – fonte de onde tudo emana e para onde tudo se encaminha – pedindo a prorrogação do jogo.

 

Como não tenho, Nando, se chegar lúcido e rindo de mim mesmo aos 88 anos, contando histórias e podendo beber uma taça de vinho ouvindo suas canções, vou-me embora numa boa. Sem queixas. 

52 comentários:

  1. Vou de Pavão Mysterioso: "... me poupa do vexame de morrer tão moço, muita coisa ainda quero olhar". Fazer meta, sem quantificá-la, não é mesmo meta. Mas, peço a Deus em minhas orações vida longa, saúde e paz. Como não bebi, não cheirei, mas traguei, devo ter algum crédito. Vou fixá-la agora: 95 estaria de bom tamanho. Se receber um bônus adicional, deve ser por ter tido bom comportamento.
    .
    Saúde, Vida Longa e Paz!

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  2. Mas tudo que acontece na vida
    Tem um momento e um destino
    Viver é uma arte, é um ofício
    Só que precisa cuidado

    Nando Reis é o Chico Buarque pós ditadura, um baita de um poeta e professor de vida. Dedé Dwight

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  3. Feliz longa vida é o que desejo a ambos e pra mim também pra que eu possa desfrutar de boa música e belas crônicas.

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  4. Lendo essa crônica refleti sobre o tempo que passou e o que me resta.
    Gosto do que vivi e tenho muitas expectativas do futuro.
    E acho bom não sabermos a hora de partir, embora vivamos como se fôssemos ficar aqui para sempre.

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  5. Ademar Rafael Ferreira17 de julho de 2024 às 06:03

    Viver com intensidade é ampliar momentos, assim é Nando Reis. A fonte da vida é dosada pelo Criador, sejamos felizes em cada segundo.

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  6. Acordar com seu texto e com um pouco de NANDO hoje ,era tudo o que precisava essa sua amiga Lena . 👏🏻👏🏻

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  7. Excelente, vamos pela vida sem direção marcada, sendo apenas uma presença bela, que o universo nos espere lá na frente.

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  8. Bem assim,já puxei o freio de mão e estou descendo a ladeira,devagar.O meu objetivo,é um século de vida

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  9. Ao término com Marisa Monte, Nando escreveu "RESPOSTA" - Muito lindo "Os versos meus, tão seus, que peço
    Nos versos seus, tão meus
    Que esperem que os aceite"

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  10. Excelente Hayton,
    Bora simbora "viver e não ter a vergonha de ser feliz..."
    Sua crônica leva-nos a refletir sobre o bom viver buscando longevidade com saúde. Sigamos com planos e metas saudáveis para ajudar nesta jornada.

    Vamos seguir devagar e sempre, ouvindo Nando Reis, lendo as belas Crônicas da quarta-feira, tomando uns vinhos de leve, ..., com mente jovem, corpo nem tanto, mas, com vontade de viver e aproveitar os bons momentos de felicidades que a vida nos proporciona.

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  11. Texto muito bem lapidado, para fazer jus à grandeza do homenageado, e com uma forma desenvolvida muito boa, onde navega os comentários numa constante dualidade, ora visando nós, leitores, detalhando a entrevista que serviu de estopim para a crônica, ora expondo sua opinião, como que estivesse tête-à-tête com o personagem-inspiração.
    Tenho certeza que o introvertido e enigmático Nando ficaria muito grato pelo texto.
    E tomara que ele siga nos brindando com suas composições por mais décadas e décadas, como assim o espera, o que, certamente, servirá para outras crônicas, a exemplo da sua, para ovacionarem sua obra.

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  12. Como a vida é frágil, vamos evitar acidentes no percurso. A nossa partida não tem hora marcada. Que ela não seja igual ao "trem da Leste", que chegava atrasado e saia no horário. Surgiu um dilema: se arrepender do que não fizemos, ou fazer um novo fim, enquanto é tempo.

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  13. Nando Reis é excepcional. Parabéns

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  14. Ainda esses dias estive comentando com uma amiga sobre o tempo que nos resta. Adorei o que escreveu e o Nando Reis dispensa comentários. Obrigado por nos presentear com seus textos incríveis. Abraços. Heloisa.

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  15. Concordo com quem disse num comentário antes do meu, que a gente sabe que vai morrer um dia, mas vive como se isso fosse tão longínquo que não merecesse uma reflexão ou, pior, vive como se fosse imortal e tivesse todo o tempo do mundo pra fazer tudo que sonha “algum dia”.
    Com um diagnóstico de câncer (hoje controlado), me senti forçado a pensar na morte que quero ter. E foi assim que fechei meu livro “Câncer, eu? Memórias alegres de um medo profundo”:

    “E sobre a morte que quero ter? Bem, primeiro quero que
    ela aconteça daqui a uns 50 anos, se ainda não tiverem inventado
    algo que faça a gente viver muito mais, com qualidade. Gostaria
    de ter uma morte bela como na kalotanásia. Desejo partir sem
    deixar nada para perdoar nem para ser perdoado. Que eu tenha
    conseguido agradecer a todos que se importaram comigo. Que
    as pessoas que eu amo possam ter certeza de que foram muito
    amadas por mim. E, se possível, que eu não seja de todo esquecido.
    E que aqueles que forem comunicar a minha morte não
    precisem utilizar a expressão “tenho o doloroso dever de comunicar
    o falecimento do Sergio”. Que possam dizer, sendo verdadeiros,
    algo como: “Com serenidade, comunicamos aos amigos que Sergio
    cumpriu sua jornada entre nós. Fez o melhor que pôde, da maneira
    que deu conta de fazer. E partiu com uma paz contagiante.”

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  16. Muitas vidas na vida. Assim não sobra espaço pra lamúria. Festejar os erros passados faz bem; eles tb nos impulsionam, talvez mais que os acertos. Importa é saber que o caminho da arte ilumina muitos outros caminhos que, sem ela, seriam sombrios. Tocar em frente. Parabéns, mestre, por mais uma bela crônica.

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  17. Muito bom!
    Também sou menos ambicioso do que o Nando.
    Chegando a 103, em razoável estado de conservação, estarei satisfeito.

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  18. Excelente crônica, Hayton.

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  19. Muito bacana esse "diálogo" que você estabelece com o Nando. Tem a força de aproximar os que, chegando ao ocaso da vida, reflete sobre o tempo vivido, as escolhas feitas e o quanto se quer seguir sonhando, construindo e desejando a vida em plenitude até que venha o fim desta linda canção que é graça de viver bem. "Quem sabe isso quer dizer amor, estrada de fazer o sonho acontecer".

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  20. Mais uma bela história de vida do Nando e Hayton.
    Só falta ouvir as músicas citadas na crônica.
    104 e 88 anos: tem chão ainda, teremos muitas histórias pra nos brindar!
    Emílio.

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  21. Aos 100 é festa certamente. Para a crônica nota 105, enquanto nosso cronista já é eterno.

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  22. "A Esperança não murcha, ela não cansa,
    Também como ela não sucumbe a Crença,
    Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
    Voltam sonhos nas asas da Esperança."

    Augusto dos Anjos

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  23. Os poemas musicados exibem sentimentos que nem sempre compreendemos e, tem vezes, que somos tocados apenas pela musicalidade. Mas a magia de uma bela canção cura nossa alma de muitos males que podem prolongar nossa vida, até o dia em que o ciclo se completa...

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  24. É realmente um deleite ler o que você escreve, Hayton! Gosto muito.

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  25. Também é quase uma piada a frase "Se eu tivesse um terço da sua habilidade de compor..." Lindo texto que remete às reflexões dos leitores, como se observa em muitos dos também belos comentários.

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  26. Se for com saúde e lucidez, gostaria de ainda viver muitos anos! Não precisa chegar aos 100! Mais uma feliz crônica de Hayton. Parabéns!

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  27. Obrigado, grande Hayton.
    Muito bom pensar nesse assunto lendo sobre Nando Reis e passando de leve por suas músicas e sua história. Legal ele reconhecer que se descuidou por um tempo e que quer viver com qualidade, pra viver mais.
    Tenho esperança de passar dos 90. Mais adiante quem sabe possa reavaliar pra um pouco mais?

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  28. O bom da vida é aproveitar tudo que de melhor ela tem pra nos oferecer. Ninguém consegue prever o que virá nos próximos segundos. Aprendi que fazer o bem é uma coisa que me faz dormir sossegado. Receber o calor de uma grande amizade nos dá o conforto necessário pra gente sorrir e seguir adiante. Preservar a natureza é ter responsabilidade com o futuro dos nossos herdeiros, mesmo que eles só herdem os nossos sonhos. Mas pra isso é necessário que aprendamos a escolher com inteligência quem nos representa. Digo isso, porque recentemente tivemos um governo, que tinha um ministro do meio ambiente, que foi acusado de traficar madeira, enquanto a boiada passava. Apoiar gente dessa laia só deforma o nosso compromisso com o que existe de mais bucólico e promissor. Aproveitemos a vida enquanto tivermos com saúde para usufruir das alegrias terrenas. A vida é um sopro e você não sabe quanto tempo você tem. Gilton Della Cella.

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  29. A vida é curta e o tempo parece voar depois de determinada idade. O negócio é aproveitar e cuidar, afinal são as revisões que deixam o carro novo pra andar. Família, inquestionável presente, é o que nos dá força pra pensar no futuro. Longe ou próximo, sei lá, deixa o tempo definir. É bom viver enquanto somamos, depois melhor ir...

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  30. Olá Hayton

    Suas crônicas, invariavelmente, são leves, agradáveis e gostosas de ler!

    Gostei, especialmente, desta. Ao trazer reflexões do genial compositor Nando Reis, você o colocou próximo de grande parte de seu leitores. Ou seja, nós, que passamos grande parte da vida viciados em papéis, carimbos, números e metas, temos muitas coisas em comum com o ruivo mais pop da MPB!

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  31. Excelente cronica! E, Nando Reis, é top das galaxias! Suas letras tem a qualidade e profundidade de um "Bob Dylan". Nando não escreveu Epitáfio (sucesso dos Titãs), mas veja como o verso abaixo se encaixa nas musicas feitas por ele: " Devia ter complicado menos
    Trabalhado menos
    Ter visto o sol se pôr
    Devia ter me importado menos
    Com problemas pequenos..." O comentario de Sergio Riede foi Emocionante ( Gostaria de ler seu livro). Falou tudo. No mais, é viver e curtir o tempo presente, com amor e com urgencia,( mas com leveza)! Como disse outro grande artista, Renato Russo, "... É preciso amar como se não houvesse amanhã, // por que se voce parar pra pensar // na verdade, nao há"

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    1. Djalma, posso te enviar meu livro na versão digital. Só me envie um email, por favor! O meu é sergioriede@hotmail.com. Abraço

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    2. Valeu, Sergio! Vou enviar e-mail. Muito obrigado.

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  32. Parabéns a Nando Reis
    Pela sua pretensão
    De viver mais de cem anos
    Com lucidez e ação
    Cuidando da natureza
    Que é nossa fortaleza
    Cumprindo sua missão

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  33. Nunca pude fazer previsões longevas a minha vida. As coisas foram acontecendo. Enfrentei grandes barreiras e continuo enfrentando. Admiro os que chegam à vida centenária com boa saúde. Vivo às expensas do Pai Celestial. Há um ditado popular que diz assim: enquanto o pau vai e vem, folgam as costas. E um intelectual anônimo explica o ditado: enquanto não se realiza um mal que se prevê, vai-se gostando da situação que se tem! Meus sinceros votos de que o Nando continue produzindo suas excelentes letras e canções. E de que possamos viver a vida, enquanto ela nos é favorável!

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  34. Meu amigo e colega, Falayto. Não me esqueço de você. Aínda me lembro do seu pai. Você se tornou um excelente ser humano. Eu o conheci quando você entrou no Banco do Brasil, como aprendiz. Meus parabéns. Eu completei 89 anos, no dia 05 de março deste ano. Tenho um livro seu e quero depois comprar outro. Um grande abraço.

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  35. Carlos da Costa Pinto17 de julho de 2024 às 13:59

    “Espero que o tempo passe, espero que a semana acabe pra que eu possa te ver de novo” (Nando Reis). Vale também para as próximas quartas-feiras com as suas crônicas, Hayton.

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  36. “Se lembra quando a gente, chegou um dia acreditar… que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba… “

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  37. Acabei de ler seu excelente texto da semana. A referência a Nando Reis foi bastante interessante, ao realçar o desejo dele de viver 104 anos e você, 88.
    Quanto ao desejo dele, acho que não tem lá muitas vantagens, porque a idade avançada consome muitas energias boas, a exemplo de inúmeras perdas como a auditiva e da memória, entre outras de suma importância. 104 anos certamente vai deixar a pessoa um caco, dando trabalho aos outros e por certo sofrendo muito. 88 já está de bom tamanho, porque a pessoa já viveu bastante e pode ter produzido um excelente trabalho e cumprido a sua missão da melhor maneira possível. Mais: já deve estar num estágio de vida que busca outro tipo de recompensa, vamos dizer, espiritual. As maiores ilusões já se foram e tem a sensação do dever cumprido.
    Particularmente já me sinto num estágio parecido, apesar do grande potencial existente em meu cérebro. Algo, porém já indica que o caminho é esse; e o que devo fazer é me preparar ao máximo para o momento final, deixando para a família o que há de mais importante como o bom exemplo e as boas lembranças.
    Como se trata de tema muito profundo e de difícil compreensão, entregue-se a Deus o mérito de tudo e seja o Ele quiser.
    Felicidade para os dois e que tenham bons triunfos ao longo da batalha final.
    Grande abraço.

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  38. Permitam-me contar uma história! O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraido. Se o bem e o mal existem, você pode escolher. Marvin, a vida é para valer. Eu fiz o meu melhor e, o seu destino, eu sei de cor. Eu cuidarei do seu jantar, do céu e do mar, e de você, e de mim. É cedo ou tarde demais, para dizer adeus, para dizer jamais. Espero que o tempo passe, espero que a semana acabe, para que eu possa te ver de novo. Amor, eu sinto sua falta. E a falta é a morte da esperança. Guardei, sem ter porque, sem ter razão, ou coisa, ou outra qualquer. Estranho é gostar de seu All Star azul. O que você está fazendo? Um relicário imenso desse amor. Cuida bem de mim. Então, misture tudo, dentro de nós, porque ninguém vai dormir nosso sonho. Sonifera Ilha, descansa meus olhos. Sossega minha boca. Me enche de luz. Os versos meus, tão seus, que peço, nos versos seus, tão meus. Diga que você me quer, porque eu te quero bem.

    E esta é só uma pequena parte das reflexões, em forma de canções, de Nando Reis (solo ou com os "Titãs"), que poderiam ser de qualquer um de nós.

    Sem mais comentar, o pulso ainda pulsa, mas viver mais de cem anos, nem pensar. Queria ter aceitado mais a vida como ela é. A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier.

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  39. Olhem como é bom deixar para um pouco mais tarde a leitura! Além do prazer de mais uma crônica tão bem escrita (como bem explicou o Chagas), ganhamos os bônus dos comentários.
    Hayton, dos seus anos de intenso labor, você cuidou de ir guardando esses tesourinhos que foi descobrindo pelo caminho e, agora, reparte todos conosco. Quer coisa mais elegante, mais amorosa?
    Que você - e todos aqueles que amam viver, como Nando - tenham uma vida longa, com saúde e plena de doações assim.

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  40. Caro Hayton,
    Belíssima crônica e profunda reflexão. Vou na sua. 88 com qualidade de vida, está bom demais. Melhor ainda se conseguirmos manter as amizades da caminhada e construir novas para que sejamos lembrados na partida. Que Deus nos abençoe.

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  41. Meu caro colega eu prefiro não marcar nenhum prazo de validade para minha existência, pois, vai que a saúde me abandona antes do fim, a coisa fica complicada. Vamos continuar nos esforçando para vivermos o que nos resta da melhor forma, cada um de seu jeito claro! Parabéns mais uma vez pela sua crônica, ponto de encontro semanal.

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  42. Hayton, o Nando Reis tem letras de musicas espetaculares, inigmáticas e instigantes, porém as suas crônicas também são, pois sempre tem um “mote” para iniciar, mas posteriormente nos remete à várias reflexões.
    Você sempre nos mostra o cotidiano (que muitas vezes não percebemos) e nos faz pensar através de diversos prismas, seja questões ecológicas/ambientais, problemas sociais/econômicos, relações familiares e comportamentais da humanidade, crenças/religião, dentre vários outros, sendo esses aspectos que procuro extrair.
    Sem dúvida, ou muito provavelmente, todos nós deste grupo já passamos da metade das nossas vidas, mas não sabemos até quando irá a “prorrogação,” assim vamos aproveitar e vivenciar o que realmente importa, valendo-nos das nossas experiências e não repetindo erros do passado.
    Você diz que não tem a mesma “habilidade de compor e cantar,” mas tem a de escrever essas crônicas, dessa forma há convicção que o requerimento “pedindo a prorrogação do jogo” será muito bem elaborado, então quando estiver pronto compartilha aqui para podermos copiar/colar(risos).
    Grande abraço❗️

    Nelson Lins

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  43. O Nando bem que merecia uma homenagem desse quilate, afinal ele também só produz pérolas.
    Imagino como ele deve estar feliz, certamente terá ainda mais forças pra enfrentar a batalha a que se propôs.
    Você sempre extrapola...

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  44. Texto maravilhoso sobre um compositor excepcional! Já vi Nando Reis não conseguir cantar bem o refrão da música de tão chapado que estava, em um show de Otto. Que bom que conseguiu vencer essa luta e tão bem valoriza a vida.

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  45. Este texto traz a valorização da Vida, nossas atitudes, e com certeza, leva Nós leitores, imediatamente, a pensar, como faço pera prorrogar este jogo. Assim, teremos a oportunidade de fazermos o que nosso conhecimento, experiência e vida, hoje, nos mostra.
    É a vida, e é Bonita.........

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  46. Querido amigo, já cheguei nos 80 anos, mas se o Chefe do Tempo me chamar irei de bom grado. Não temo o fim, mas não quero ir agora. Como seu amigo dizia:"Abração carinhoso" Dayse lanzac.

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  47. Excelente reflexão sobre o tempo que nos resta no planeta Terra. Admiro a pretensão do Nando Reis de chegar e ultrapassar os 100 anos. Como em nosso país não existe eutanásia, torço para ficar por aqui enquanto a saúde e a lucidez não me abandonarem. Além de acompanhar o crescimento das minhas netinhas ainda quero ler muitos livros, meu hobby preferido.

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