Outro dia, um amigo me mandou uma fotografia de três décadas atrás fazendo uma ressalva que me deixou apreensivo: “Cá pra nós, não estou me dando muito bem com o galope do tempo. Custei a vergar, mas ultimamente...”
Curioso, perguntei sobre a amplitude do “ultimamente” mencionado. Disse-me, no seu gauchês, que é só “o somatório de várias constatações nos últimos tempos: Correr todo duro, sem qualquer molejo; tontear ao abaixar; ficar ofegante a partir do quinto degrau de uma escada; não aguentar mais uma churrascada como antes; querer dormir mais que a cama; esquecimentos frequentes... Isso sem falar da necessidade dos ‘azulzinhos’ para qualquer saliência com minha deusa morena...”
Exagerou, sem dúvida! Aos 68 anos, continua o brincalhão debochado, sarcástico, tocando seu trombone maravilhoso e provocando Deus e o mundo, como quando citou Woody Allen em nossa conversa: “Não é que eu tenha medo de morrer; é que não quero estar lá na hora que isso acontecer.”
Ele sabe que a possibilidade de vida eterna só nos traria problemas, isso sem falar nos transtornos que seria para os nossos planos de saúde e de previdência complementar. O “fim da aventura” sempre foi uma angústia humana, mas serve também de consolo, pois nos desobriga de refletir sobre a dúvida de Caetano Veloso: “Existirmos: a que será que se destina?”.
A crença na vida após a morte, portanto, tem seu lado interessante porque admite a eternidade sem as dúvidas, já que é pouco provável que as divagações metafísicas continuem no outro plano. Lá, sem a necessidade de morrer novamente (exceto para os que acreditam em sucessivas reencarnações), não tem o que especular sobre como toda essa bagunça que reina por aqui um dia vai acabar.
Resolvi então provocar meu amigo utilizando um tom coloquial, mas explorando conceitos complexos sobre o tempo. Perguntei: você sabe o que é o tempo? Não parece, mas a física moderna revela que o tempo, em grande parte, é apenas uma ilusão – alertei-o.
Não me respondeu até agora. Se o fizer, pretendo recomendar algo bastante simples: imagine que seu relógio em casa marca 7h quando você sai para caminhar e 8h quando retorna. Parece que uma hora se passou, mas na verdade, como você se movimentou, o tempo para você foi um pouquinho mais curto. Uma diferença imperceptível, mas real, como Einstein mostrou. O tempo não é universal; ele é pessoal. Cada um de nós vive sua própria versão. Sentimos o tempo passar, mas essa sensação é mais psicológica.
Essas reflexões sobre o tempo me fizeram lembrar de uma manhã, muitos anos atrás, caminhando à beira-mar. Encontrei uma senhora, no auge de seus 70 anos, usando uma bandana e uma blusa onde estava escrito: “A velhice é uma conquista.” Isso me fez pensar em quantas pessoas não chegam a conquistar essa medalha, muitas vezes derrotadas por um gol contra do destino, como uma complicação besta de uma virose de inverno.
Desde então, interessei-me por envelhecer compartilhando memórias, inclusive as minhas mais doloridas lembranças. E se um dia os neurônios vacilarem – engolidos pelas sombras do esquecimento –, espero que as pessoas que ouviram guardem minhas palavras, distorcidas ou não pelos filtros de meu ego, na versão que lhes contei.
Conto também que jamais perderei a capacidade de engolir seco, de travar a garganta diante das coisas mais banais do noticiário – como uma mãe que agradece a chance de poder catar restos de comida no lixão –, nem tampouco a capacidade de aceitar minhas contradições e meus medos.
E tenho repetido a mim mesmo que seguirei garimpando velhas e novas preciosidades pelos caminhos que trilhar, sendo menos ranzinza e mais bem-humorado, ácido quando for necessário e, na medida do possível, senhor de minhas vontades. Se não der, que me seja concedido aceitar as limitações impostas pela fragilidade da condição humana.
Já se passou uma semana e meu amigo ainda não respondeu à minha provocação. Talvez ele mesmo tenha se perdido nas suas reflexões ou simplesmente decidido ignorar minhas teorias sobre o tempo. Pensando bem, talvez seja melhor não esticar a conversa. Ou dizer a ele apenas para esquecer essa coisa do “somatório de várias constatações”.
Afinal, chega uma hora em que começamos a pensar no que dirão no nosso velório, sem que nada possamos fazer a não ser olhar para trás e ver não o que perdemos, mas tudo o que ganhamos ao longo da jornada, com gratidão pelas memórias que construímos, pelas risadas que compartilhamos e até pelas lágrimas que derramamos.
E que possamos seguir em frente, mas reconhecendo a inutilidade de espernear contra o indomável galope do tempo.
Após mergulhar nessa pequena viagem proporcionada pelo galope do tempo, constatamos que podemos escolher entre olhar pra trás e lamentar, ou, relaxar, curtir a paisagem e aproveitar cada momento que está por vir. Fico com a segunda opção, Hayton.
ResponderExcluirExcelente provocação e reflexão
ResponderExcluirBreve galope do tempo
ResponderExcluirIsto é inexorável
Nessa vida passageira
Façamos o agradável
Compartilhando a memória
Compondo a nossa história
De forma inquebrantável.
Hayton, este seria um daqueles textos de leitura obrigatória para os que se aposentam. Que maravilha de reflexão sobre o tempo que significa, ou significativo, o de Kairós. Como esse que uso pra tomar um café na beira da BR 060, sentido Brasília -Goiania, alterando meu roteiro em 10km, só pra prosear com dona Maria, que abre o seu Café de Beira de Estrada às 3 da madruga, sem falta e com zelo. Aqui, mais ela, o tempo para. Ela me conta da neta, que deixará na escola às 7, horário que fecha a sua pequena lanchonete. E só reabrirá na próxima madruga. Dona Maria é a salvação de um café para os que dirigem madrugada adentro. Tempo Rei, oh Tempo, o que dirão em meu Epitáfio? O que as na Maria dirá de mim? Que essência deixei nela? Obrigado por nos presentear como está obra de arte, digna de qualquer momento, para investir num sabático existencial. E, independente da idade de Cronos. Afinal, o tempo da rotina é um lugar que não existe. E clama por outros "tempos" que subvertam sua ordem reinante e mandante.
ResponderExcluirEspero que Deus permita que eu tenha tempo de apreciar o tempo que tenho. Que reflexão magnífica sobre algo que nada podemos fazer para mudar mas muito para agir dentro dele. Marina.
ResponderExcluirÓtimas reflexões a respeito da inexorável passagem do tempo.
ResponderExcluirAssino em baixo (e também em cima e dos lados).
Parabéns, por mais uma bela crônica das madrugadas das quartas-feiras.
Luiz Andreola
Um dia não viveremos mais. Até lá, temos todos os dias para viver e essa é a grande verdade que sobra nessa reflexão, maior que nossa capacidade de comprendê-la. Dedé Dwight
ResponderExcluirO tempo! Tão abstrato e tão concreto!
ResponderExcluirGanhar tempo - produtividade;
Perder tempo - desperdício.
Tempo de amor - sempre muito curto, muito rápido.
“Ver” o tempo passar - contemplação.
Seríamos mais ou menos felizes sem a invenção da marcação do tempo?
Não haveria ontem nem amanhã . E seríamos obrigados a viver o agora.
Tudo isso você me fez pensar, Hayton, e acho que vou levantar e fazer o café pra não endoidar.
Nelza Martins
"0 tempo não para e no entanto ele nunca envelhece", disse certa vez o
ResponderExcluirpoeta. Se pensarmos que o pêndulo do relógio só vai, há de se acreditar também que além de não envelhecer, ele também não volta. A crônica me fez relembrar de algo que costumo dizer: existe vida após a morte, existe vida após a aposentadoria (inteligente, inclusive), e,
por fim , existe vida após o casamento. Ao contrário do tempo, eu estou voltando. E a crônica me fez um bem danado.
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Chico Oitavo
ResponderExcluirQuantas reflexões sobre o tempo, realmente um texto para lermos várias vezes, e fico com a maravilha “ a velhice é uma conquista.”
ResponderExcluirPois é… chego aos 75 sabendo que terei menos anos pela frente do que os já vividos e isso assusta. Estamos todos no corredor da morte e a sentença breve será cumprida. Espero que o carrasco tenha mão firme para um corte certo…(Isa Musa de Noronha)
ResponderExcluirHoje meu caro, vc se superou. Excelente sua crônica sobre esse tempo, tão precioso e cada vez mais escasso.Texto de cabeceira, que me faz lembrar de "Tempo Perdido" da Legião Urbana. Obrigado por esta tão necessária reflexão.
ResponderExcluirÉ desafiador refletir sobre a finitude. Mas, pensar nela faz a gente investir nossa energia onde realmente vale a pena enquanto estivermos por aqui, nessa viagem com data pra acabar. Seu amigo deve estar recalculando a rota! Rs
ResponderExcluirExcelente crônica, cada vez mais elevando o nível do sarrafo, com certeza fará parte do próximo livro!
ResponderExcluirParabéns!
Gostei muito do texto e das reflexões. Sou do tipo que acredita que a velhice é uma conquista!
ResponderExcluirFalar do tempo como uma espera do que deixar de existir, só pode ser calma, tranquila para quem já viveu muito e bem, mas quem ainda não viu nada ou pouco, pode ser muito assustador. O fim é certo, mas como seu amigo, confesso que não gostaria de estar também lá na hora.
ResponderExcluirÓtima reflexão. Aprender a conviver com o passar do tempo e o envelhecimento é melhor a fazer.. Sei que nem sempre é fácil mas, se nos angustiarmos, turvaremos o presente e as memórias futuras.
ResponderExcluirVerdade, também!
ExcluirAproveitar o momento sem pensar na finitude . Ela é um privilégio .Olhar o que está a nossa volta ,e tomar um cafezinho na janela ,se possy com sua amada . LENA
ResponderExcluirEstamos a caminho..
ResponderExcluirVivemos numa contínua dimensão espaço-tempo, como já constatada há mais de cem anos atrás pela Teoria da Relatividade de Einstein, citado na crônica. O texto foi muito feliz ao despertar-nos o lado reflexivo da condição humana, mas também dando uma pitada no lado científico do tempo.
ResponderExcluirEita, Hayton, o papo de hoje foi cabeça. Quantos conceitos vagos e de difícil alcance. Tempo. Transcendência. Medos. Vida após a morte. Respostas meio respondidas, porque baseadas nas nossas crenças tão somente. Não há quem as possa avalizar. Sigamos, portanto, dentro do script que construímos ao longo da nossa curta existência. E havemos de ser fiéis e coerentes. Sabe o que? Conservo essas coisas num cantinho. Prefiro mexer pouco...
ResponderExcluirDesejável que muitos que precisam tenham acesso a essa bela mensagem, em especial aos se auto empoderam para não respeitar, não ajudar e semear maldades a quem o cerca ou precisa, talvez dê tempo melhorar. Parabéns, meu caro. Francisco Miranda
ResponderExcluirÓtima crônica, Hayton. Vamos seguindo, construindo memórias. Abração.
ResponderExcluirGradim.
Adorei a crônica. Como bem cantou Martinho da Vila: "Surgi nadando na bolsa d'água e dei um choro quando nasci. Mamei no peito, fui bem criança. Já trabalhando, adolesci. Tive direito à felicidade e, como todos, também sofri. Fiquei adulto, já estou maduro. Fui muito amado e muito amei. Se Deus quiser eu vou ficar velho. A morte é certa. Depois...não sei"
ResponderExcluirJá que "águas passadas não movem moinhos", é preciso cavalgar no tempo. Mas o que é o tempo? "Quanto tempo o tempo tem"? "Só com o tempo saberemos quanto tempo o tempo tem". Espero que no galope, o tempo caia do equino, no dia de bater na nossa porta. No final dos tempos, que eu consiga alguma força para pular a janela, tentando adiar o destino temporal.
ResponderExcluirEstamos sempre preocupados com o tempo: quanto tempo falta, o tempo está passando rápido demais, ja se foi o tempo, enfim, o tempo está a todo tempo presente em nossas vidas. Que nós saibamos aproveitar bem o nosso tempo, enquanto ele nos permitir.
ResponderExcluirExcelente crônica para reflexão geral.
ResponderExcluirO danado do tempo é implacável. Aproveitemos bem nossos dias pois num piscar de olhos já virou o mês, o ano, a década. Creio que cada membro deste seleto grupo terá em média mais 30 décadas pela frente, portanto vamos curtir com sabedoria, pois o tempo é curto, então: curta a vida.
Fernando Pessoa, dizia:
"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela."
Simbora, a vida é bela para ser vivida, curtida e celebrada a cada amanhecer. 🤝
Digo três décadas. 🤣🤣🤣É a vontade de viver muito.🎯🤝🍷🍻
ResponderExcluirHoje é presente. O nome não é à toa. A gente consegue ser feliz quando usufrui do presente.
ResponderExcluirMillôr Fernandes já dizia num papelzinho que envolvia meu chiclete Ping Pong tuti fruti, há mais de 50 “presentes atrás”: “Viva cada dia como se fosse o último; um dia você acerta”.
Caro Hayton, no seu caso, suas palavras já estão eternizadas tanto nas páginas físicas quanto digitais. Sábia providência!
ResponderExcluirOportuna e bela reflexão!
ResponderExcluirOlhando o mundo em volta, cada vez mais me convenço de que a finitude é uma dádiva (mais valiosa à medida em que demora a se entregar a nós). Apenas não tenho pressa em usufruir disso.
Envelhecer com agilidade de um gato e velocidade de um potro é sonho não realizável. Cada passo na pisada do tempo. Vamos devagar e sempre.
ResponderExcluirUma oração ao tempo.
ResponderExcluirUm caso em que o juris esperneandi não se aplica.
Cada vez mais sabedoria e generosidade. Seus leitores fazem um curso, na verdade. Parabéns!
Abordagem perfeita e inteligente sobre temas que nos intrigam, por vezes assustam; tempo, envelhecer, finitude.
ResponderExcluirCopiando o comentário do Jez, entre olhar para trás e lamentar, prefiro relaxar e aproveitar a vida que está por vir.
Hayton, crônica brilhante, pois você não provocou somente o seu amigo, sacolejou todos nós para uma reflexão sobre o tempo, perpassando por vida, envelhecimento, morte, crenças religiosas e espíritas, vida pós morte, reencarnação, problemas sociais (pobreza/fome/lixão), coragem/medos, alegrias/tristezas e tantas outras mais, de acordo com a percepção e sensibilidade de cada um.
ResponderExcluirQuanto “A velhice é uma conquista,” meu pai tinha uma outra frase: “Sua idade já tive, então faça força para chegar onde já cheguei.” Nesse sentido, continuo em minha jornada para ter o privilégio dessa conquista, até “o tempo” que me seja permitido, mas consciente da “inutilidade de espernear contra o indomável galope do tempo.”
Tudo isso nos faz lembrar uma outra célebre frase: “O tempo é implacável.” Então extraímos que ele não para, passa o tempo todo, não nos espera, dessa forma temos que seguir no mesmo compasso enquanto vivermos.
Nelson Lins
Eu era muito novo quando li o “Retrato de Dorian Gray” (Oscar Wilde) mas confesso que me senti tentado a fazer um pacto com qualquer demônio de moleza. Não fiz porque não sabia onde encontrá-lo. Na minha adolescência de Porto Real do Colégio/Propriá não havia espaço para grandes travessuras espirituais. O desempenho patético do Biden no debate assanhou o vespeiro do assunto idade que não gosto de tocar. Falar de morte sempre estive pronto. Um misterioso desafio, desde que fosse a morte metafísica… dos outros. “Crônica matreira” poderia descrever algum leitor e eu ficaria me perguntando “por quê?”
ResponderExcluirCaro Hayton, o tempo vem tornando o brilhante escriba cada vez mais instigador, inspirador e reflexivo em seus textos. Esse de hoje certamente o aprovaria no “Enem” da vida com nota máxima, garantindo acesso a melhor universidade do bem viver de todos os tempos (sem trocadilho).
ResponderExcluirFoi inevitável recordar. Parece que foi ontem, não me lembro bem. Ou teria sido anteontem? Só sei que, na minha infância e inicio de minha juventude, mesmo sendo tempos difíceis, "tínhamos todo o tempo do mundo". O desafio era ver quem iria dizer, o mais rapidamente possível e sem erros, este "trava-línguas": "O tempo perguntou para o tempo: qual o tempo que o tempo tem? O tempo respondeu para o tempo que o tempo que o tempo tem, é o tempo que o tempo tem!". Mas, como "o tempo não para", logo depois, já adulto e casado, vimos, minha esposa e eu, três bebês chegando, um a um, um depois do outro, num metódico intervalo de tempo, de dois anos e dois meses, entre um e outro. Aí, já não viamos mais o tempo passar. Eu não tinha mais tempo para nada, nem para almoçar. Minha esposa não esquece o dia em que cheguei, dizendo: "hoje, o tempo está voando. Tenho cinco minutos para almoçar e voltar!...". De repente ficaram "aborrecentes", sem que eu percebesse, que o tempo passara. Eu, passarinho, indo de tempos em tempos, daqui para lá e de lá para cá, havia perdido o melhor período de tempo da vida deles, a infância. Foi assim que me tornei um "pai ausente", sem tempo para eles. E foi aí que percebi: como a gente perde tempo, com tantas coisas, e não percebe o tempo precioso perdido, que deveria ter sido dedicado aos filhos, à esposa, à família.
ResponderExcluirPara eles se tornarem adultos, outro "pulo do tempo". E da chegada do neto até ele completar dezoito anos, uma "eternidade", que passou depressa demais. Mas, pelo menos, conseguimos curti-lo bastante, mesmo na fase "aborrecente". Pelo menos, para mim, está comprovado que neto é a compensação do tempo "perdido" que não dedicamos aos filhos. Mas teve uma consequência. A "velhitude" chegou, sem que eu percebesse. Agora, é tarde demais, porque o tempo não volta atrás. Resumindo esta "ópera do tempo", num trocadilho infame, "houve um tempo em que eu não tinha tempo para nada, mas fazia (quase) tudo. Agora, tenho tempo para tudo, mas não faço quase nada".
O tempo… “Mas fico sem jeito calado, ele ri
ResponderExcluirEle zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei(Aldir Blanc)
Se não podemos lutar contra o tempo, o único recurso é aceita-lo. Tenho certeza que possuímos apenas uma vida, distribuída por várias encarnações porque, como já dizia o padre francês, Theilhard de Chardin, "não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana".
ResponderExcluirHoje, caríssimo Hayton, não registrei meu comentário logo depois da primeira leitura da crônica, como sempre faço. Li, reli e fiquei a pensar no tanto de desdobramentos que ela desencadeou. “Será que a vida continua num improvável mundo imaterial?” “Por que na juventude não temos espaço para pensar em tempo?” “Estou mesmo fazendo o melhor uso dessa dádiva a que chamamos tempo?” “Por que não há um desespero e um maior número de suicidas entre aqueles que já estão na última fase de vida?”.
ResponderExcluirE assim, com a cabeça fervilhando de questionamentos, agradeço uma vez mais ao cronista por mais esse exercício rico para a mente e o coração e também aos seus fiéis leitores pelos comentários tão preciosos.
E finalizo com Millôr, cujos escritos embasam sua esperança na transcendência da obra humana:
“Estou jurado de morte, mas continuo cheio de vida”.
Maravilha esse tempo, mesmo tão ilusório, que a cada semana nos permite desfrutar de palavras repousadas com excelência por esse cronista amigo. Para aplaudir de pé. Bravo Hayton !!!
ResponderExcluirA idade nos faz ter uma noção diferente do tempo. Antes era que horas são, hoje quanto tempo falta... e no meu velório, quero que digam que eu estou me mexendo...rs
ResponderExcluirDesastre. Acabei de fazer o comentário sobre o seu texto e apaguei acionando uma tecla inadvertidamente. Que raiva! Detalhe: a esposa veio perguntar algo e eu me distraí. Agora, fica a lição, mas aproveito para dizer que “O galope do tempo” foi um dos melhores textos que você já produziu. Cheio de subjetividade, riqueza de detalhes e um desfecho maravilhoso. Gostei. Abraço.
ResponderExcluirConquanto redundante falar sobre a proficiência do texto, você aborda um tema singular - nevrálgico, eu diria - pra todos e qualquer um de nós.
ResponderExcluirAfinal, somente os que se foram antes de atingir, conquistar (?) a etapa tão temida, conquanto pretendida, da velhice, não têm condição de avaliar seu verdadeiro valor.
De minha parte, o preponderante é o consolo ao refletir que pra não passar por algumas agruras que inevitavelmente a velhice nos traz, a única alternativa seria ter morrido jovem.
Então, vida que segue. . .
Trapaças de uma memória marchando célere pra a decrepitude - olha ela aí, a VELHICE - , esqueci de me identificar no comentário acima, sou CARLOS VOLNEY.
ResponderExcluirRemir o tempo, biblicamente, seria:
ResponderExcluirEm outras traduções esta expressão aparece como "aproveitando cada oportunidade". Assim, remir o tempo tem o significado de ter poder sobre o nosso tempo, resgatá-lo e usá-lo com sabedoria para as coisas que são verdadeiramente importantes.
Excelente reflexão sobre nossa finitude! Que sejamos sábios o bastante para focar nos ganhos e nas memórias construídas ao longo da caminhada.
ResponderExcluirMesmo "engolidos pelas sombras do esquecimento", as memórias significativas afloram, mais cedo ou tardiamente, o que nos faz viver o tempo no ritmo e na velocidade que melhor se adequa, até "a galope"...
ResponderExcluirCaro Amigo, essa Crônica é desafiadora. Trata de um assunto que tem um significado muito marcante para mim. e creio que para a maioria de nós. Esse "galope do tempo" é danado. bem dito por Einstein. O tempo passa de forma diferente para cada um de nós. O "Galope" às vezes vira um "trote". Outras, é corrida de campeão. Mas passa. O grande desafio - já que não podemos driblar o fim - é aproveitar com estilo, gratidão e amor, esse lindo intervalo.
ResponderExcluirAbração!!!
Vira e mexe, penso em como agregar valor a esse intervalo.
Mário Nelson.
Sigo com o grande ensinamento de meu pai, que completará 100 anos em outubro… “olhar pra frente” levando as memórias e aprendizados do passado
ResponderExcluirExcelente reflexão Hayton! Grato por mais essa oportunidade.
ResponderExcluirMenciono aqui dois estrofes de “oração ao tempo”, obra prima de Caetano Veloso, que trava um diálogo buscando uma harmonia com o tempo.
“De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo, tempo, tempo, tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo, tempo, tempo, tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo, tempo, tempo, tempo”
Beto Barretto
O tempo, ah o tempo, essa coisa impiedosa, insensível e imortal, que não existe, mas está aí, a nos assustar e lembrar de nossas limitações.
ResponderExcluirMelhor ignorá-lo e, se possível, sequer lembrar que existe.
Filosofia, muita filosofia e da boa. Arrisco a dizer que uma das possíveis respostas à dúvida lançada por Caetano: pensar a vida pode ser ao que existirmos. Assim, Hayton é um mestre em cumprir esse sentido da existência.
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