agosto 06, 2025

Em nome do mau cheiro, amém

EM NOME DO MAU CHEIRO, AMÉM
Hayton Rocha


Só me faltava essa! Christine Connell, influenciadora digital norte-americana, viralizou nas redes sociais, no mês passado, ao garantir que passou sete anos sofrendo com uma infecção crônica nos seios nasais causada por um pum próximo ao rosto. Isso mesmo: flatulência facial. Uma bufa com mira certeira.


Reprodução/Redes Sociais


Segundo a moça, tudo começou quando, recuperando-se de uma cirurgia no tornozelo, cochilava num quarto de hotel ao lado do então namorado. O rapaz, tomado por uma emergência intestinal incontrolável, soltou aquilo que os antigos chamavam de "vento ruim". E bem perto do rosto da amada.


Daí em diante, dores faciais, congestão nasal permanente e infecções recorrentes. Nem o velho e confiável Vick Vaporub, disponível nas melhores prateleiras do mercado farmacêutico, aliviava o desconforto. Foi assim que começou a via-sacra por consultórios médicos e exames dignos de enredos de ficção científica.


Até que, numa dessas jornadas diagnósticas, um laboratório revelou o mistério: Escherichia coli — a popular E. coli — instalada nos confins das vias respiratórias da jovem. Uma bactéria nativa das vísceras agora promovendo intercâmbio cultural nas cavidades paranasais. A equação foi montada em segundos: do cólon dele ao nariz dela, voo direto, sem escalas, sem visto alfandegário nem pedido de desculpas.

Quem sou eu para me meter com essas trocas gasosas conjugais? Sei apenas que, durante longas convalescenças, muitos casais dormem como cartas de baralho: valete, dama ou rei, cada cabeça para um lado. E, nessas posições alternativas, o inesperado costuma bater ponto com razoável frequência, muitas vezes servindo até de despertador em plena madrugada. 

Não sou totalmente leigo no assunto, claro. Posso afirmar que já vi casamentos terminarem por muito menos — e com bastante barulho no tribunal. Quando não há filhos em disputa, bens a dividir ou pensão para reivindicar, abre-se espaço para o que chamo de litigância olfativa. Inventa-se uma tragédia bacteriológica com apelo emocional e potencial indenizatório digno de um seriado de TV explorando o universo jurídico.

Ouvi de um patologista clínico amigo meu, dos mais confiáveis e discretos — daqueles que jamais postariam um parecer no Instagram — que gases intestinais não transmitem bactérias. A E. coli, segundo ele, provavelmente veio de ambiente hospitalar ou de alguma intercorrência pós-cirúrgica. Mas a moça sustenta sua versão original com fervor evangélico. E, convenhamos, isso rende bem mais curtidas que qualquer boletim técnico da Organização Mundial da Saúde.

Desde então, virou sacerdotisa da higiene nasal. Espalha tutoriais sobre lavagem com soro fisiológico, prega vaporizadores e compartilha sua via-crúcis respiratória como quem revela a terceira parte dos segredos de Fátima. Seus seguidores se dividem entre o ceticismo clínico e a fome por escândalos — que, diga-se, rende mais que barris de petróleo em tempos de guerra no Oriente Médio.


Não vou negar, ando apreensivo com o precedente. Vai que a moda pega e os tribunais passem a julgar flatulências litigiosas? Já vislumbro cláusulas contratuais em futuros casamentos: “As partes concordam que odores involuntários emitidos no convívio não constituem ofensa nem justificam pedido de indenização, salvo se...”


E olha que tem odores pra todos os desgostos. Um bafo matinal já basta pra azedar o café da manhã — às vezes, nem “bom dia” salva. Dentista resolve? Talvez. Fio dental, um chiclete e muita fé. O chulé, então, muda o microclima do lar e, em casos graves, exige intervenção médica — ou exorcismo. Já o temido combo dos horrores — bafo, bufa, chulé, precedidos de um arroto — constitui uma amostra grátis dos confins dos infernos.


Mas se cada micróbio da vida a dois for parar no tribunal, com laudos técnicos, perícias olfativas e vídeos explicativos, nosso Judiciário — que já tropeça com ações de guarda, alimentos e xingamentos via redes sociais — vai implodir. Estaria vindo aí o Direito dos Sentidos, com varas específicas para flatulências, hálitos, secreções e outras intimidades litigiosas.

Para os casos mais cabeludos, talvez se convoque uma junta formada por dentistas, otorrinos, podólogos e psicanalistas. E, quando tudo mais falhar, que se chame um padre — porque tem situações em que só reza brava dá conta dessa biodiversidade.

Melhor rir antes que algum juiz aceite denúncia de flatulência dolosa com agravante de mira certeira — a mais antiga modalidade de assédio conjugal desde os tempos de Adão e Eva. Crime sem pena, mas com cheiro de sentença inapelável.

48 comentários:

  1. ADEMAR RAFAEL FERREIRA6 de agosto de 2025 às 04:49

    Alta sensibilidade e falta de imunidade estão presentes no caso. A ciência algumas vezes se perde no cipoal dos fatos.

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  2. Hoje a coisa tá feia: um pouco nojento no relato.
    Mas impecável na escrita.

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    1. Tá certo, amigo. Vai ver a “vítima” obteve medidas protetivas junto à Justiça contra o responsável pelo violento atentado ao odor!

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    2. 😂😂😂😂 Já vou estudar o caso. Motivos não me faltam.

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  3. Amigo HAYTON ,apesar da nojenta escolha do tema ,vc nos fez rir nesta manhã de quarta -feira !! 🤭

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  4. O tal mau cheiro pode sim ter consequências graves. Me lembro de uma situação num voo de longa distância em que um passageiro resolveu tirar os sapatos (ou tênis, sei lá) no meio da noite. Aquilo disparou um odor tão violento que ardia os olhos da gente. Começou um burburinho no avião que caminhava pra um motim. Se não fosse um voo sobre o Atlântico, a solução seria um pouso de emergência. Pra evitar um problema maior, um dos comissários teve que acordar e abordar o criminoso. O caso foi tão sério que me lembro até hoje, mesmo tendo acontecido há mais de 10 anos.

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    1. Pior que o sujeito não percebeu que corria o risco de virar comida de tubarão – se é que o bicho aguentaria engolir sem mastigar –, caso a rebelião engrossasse o caldo entre os demais passageiros.

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  5. Excelente como sempre!

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  6. Rindo desde a "bactéria nativa das vísceras agora promovendo intercâmbio cultural nas cavidades paranasais." ... até "Crime sem pena, mas com cheiro de sentença inapelável."🤣🤣
    Êta pum da gota serena. Este camarada deve ter comido sarapatel, caldeirada, batata doce, cebola, ovo e um belo cozido de papo de urubu.

    Deixo aqui parte do flatulento arranjo poético de Antonio Montes:

    "...Peido, peido...
    deixa bronco todos os feitos
    lá vem ele com seu enredo
    com sua bufo... Afinado, grosso
    feito raio em lampejo
    com seu despejo, todo insosso
    espanta velho,
    espanta moço
    com espantos, espantosos.

    De aroma indesejoso, sem jeito
    o ar sem nem um colosso
    sai por ai, todo poroso
    com desrespeito insatisfeito "

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  7. Foi um peido bem certeiro
    Sobre o leito conjugal
    Essa bufa fedorenta
    Foi para o septo nasal
    Causando a infecção
    Que gerou separação
    De tão unido casal.

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  8. Escatológica mas bem humorada, como sempre. Não me olhei no espelho enquanto lia, mas, minha cara devia expressar nojo e riso ao mesmo tempo. E o que o dinheiro e fama barata não faz, heim? A moça expõe suas intimidades só para receber likes. Cruz credo!!!! Kkkkk

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  9. De fato, meu caro amigo Parahyba, diante de tantas “verdadeirices explicitosas”(Odorico Paraguaçu). E, com os riscos de “casos” análogos escorregarem para a vara de algum juiz, penso em executar, em regime de urgência, plano que há tempos venho matutando: trazer dois casais de gambás 🦨 da fazenda em Riachão das Neves e criá-los aqui em Feira de Santana como bichinhos de estimação. Aos quatro darei um único nome: Álibi, acrescido de algarismos de 1 a 4.
    Pena para todos: culpados a priori por qualquer odor com risco de litígio doméstico, sem direito a apelação.

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    1. Duro será o dia em que o quinteto aparecer na sala, todos segurando o focinho, e reclamando: “peraí, papai, assim nem nóis aguenta!”

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  10. Bom dia.

    Já no início da leitura estranhei ser contaminação bacteriana por spray de bufa, só faltava esta, e sim assim fosse, acredito que existiriamos, dado a quantidade de metano proveniente de tantos gases intestinais de vários seres vivos.
    Lembrei-me de uma pergunta que meu irmão fazia outrora:
    - Que aviso a bufa comunica?
    - Trata-se de um telegrama avisando de merda ais tarde.

    Assunto indigesto, porém todos carregamos.

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  11. Houve peidos que acabaram namoros incipientes; outros uma festinha de radiola num salão minúsculo do colégio - nos tempos do iê, iê, iê -; ainda outros que animaram desavenças pueris, e, por aí vai.
    Mas há uma anedota do peidão, que se valendo da presença de um cachorro no ambiente, deitava flatulências silenciosas, rasteiras e intermitentes, num bate-papo na varanda da casa da sua enamorada, onde estava também o seu pai[dela]. O pobre cão, já afeiçado pelo peidão, deitara-se embaixo da cadeira do seu "amigo" e dormitava inocentemente. A cada escapada do gás metano, o pretenso casadoiro saia com a frase "sai daqui Peri(o nome do cãozinho inocente)" até que, já na quinta ou sexta versão, o pai da moçoila, incomodado tanto com o odor quanto com a dissimulação do peidão, vocifera: "sai daí Peri, se não este infitete dos infernos termina cagando em cima de você"
    Mestre Hayton, brincadeira tem hora, como diziam os mais velhos. Resolvi brincar para alegrar, mais ainda, nossa quarta-feira de belas crônicas. E esta, por sinal, muito apreciada e digna de reflexões jurídico-flatulenciais.
    Abraço mestre!
    Ave Palavra!

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  12. Imagino se alguém resolver ensacar flatulências e levar ao tribunal como prova de atentado ao olfato popular.

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    1. Corre o risco de ser autuado em flagrante por porte de arma química letal.

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  13. Se acaba até casamento que dirá namoro?
    Pois na minha terrinha, contam que ele, um rapaz tímido, ficava encantado com a garota que via todo domingo no footing da Praça.
    Sem coragem para se aproximar, um dia teve uma ideia… perto do canteiro de rosas, abordou a mocinha, abaixou-se para colher uma rosa e, ao levantar-se… soltou um pum… um não! Dois três…
    Largou a rosa no chão, saiu correndo e nunca mais foi visto no footing de domingo.

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    1. Que besteira a dele! Estudos mostram que é normal liberar até 1,5 litro de gases por dia, com 8 a 20 episódios de flatulência. Se soubesse disso, não teria perdido a donzela.

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  14. Muitas verdades, sei que tive um começo de dia com muitos risos, , situações presentes nas melhores famílias.

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  15. Quanta inspiração! Alegrou minha com boas gargalhadas. Obrigada amigo!

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  16. Meu Deus! A que pum chegamos!
    Não sei quem é mais criativo: a moça que inventou a história, o rapaz de mira certeira ou o Hayton, que a conta com graça.

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  17. Perdõem-me os "narizes refinados", mas o "submundo da natureza humana" prega (no singular) peças incontroláveis que inquietam até os profissionais da saúde humana. Se avançarmos, numa pesquisa mais detalhada, veremos que a cadeia alimentar existe porque o nutriente é derivado de algo que se decompôs... Se os "gases" perturbaram a delicadeza das narinas a ponto de causar "decomposição" conjugal, dá para concluir que os odores estão presentes em tudo e em todos os ambientes... Então, defendamo-nos...

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  18. Quem sou eu pra comentar esse festival de odores do cronista. Acordou inspirado.

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  19. E o famoso CC? Numa dessas viagens naqueles trens lotados de Roma, quase vomitei. Era sovaco fedendo pra todo lado. Aí tive certeza: banho por aquelas bandas "desenvolvidas " é algo raro.

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  20. Já tive uma sinusite que 3 médicos quiseram operar. Não curava. Um quarto médico pediu um exame de cultura e viu que era uma bactéria de intestino, ou seja, os antibióticos não a cobriam. Trocou o remédio e pronto. Sobre peido: só falo na presença do meu advogado.

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  21. Embarcando no clima "escatológico" e divertido, isso me fez lembrar de uma anedota. Ou seria o relato de muitos casos veridicos reunidos num só? Hein???

    Era de uma senhorinha, "com idade avançada", como se dizia no meu tempo, que foi ao médico fazer uma consulta.

    Ela foi se queixar que estava com problemas intestinais, cujo resultado eram pequenos "tiros" intermitentes e constantes. Seu único consolo era que eles eram "mudinhos" e inodoros.

    A resposta do médico foi:
    -Já entendi o seu caso. Vamos iniciar o tratamento!

    Trinta dias depois, a senhorinha voltou, reclamando muito. Não só não melhorou, como também os "tirinhos", embora ainda "mudinhos", passaram a exalar um odor digno da uma micro usina de compostagem.

    A resposta do médico foi:
    -Seu problema de olfato já está resolvido. Agora, vamos tratar de sua audição!...

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  22. Caro Hayton,

    O tema não é lá dos mais agradáveis, mas foi tratado magistralmente com humor e boa informação, como você bem sabe fazer.

    Quando vejo postagens semelhantes à dessa moça que, ao falar de um problema pessoal, tenta lacrar na Internet, começo a pensar que estamos beirando o esgotamento de conteúdos.

    Eu, apesar de leiga sobre contaminação de bactérias, de pronto, conclui ser impossível o narrado por ela assim como afirmou seu amigo médico.

    O que vemos é uma grande necessidade de aparecer, ganhar likes, engajamento e possível monetização da página. Acho incrível que temas por mais absurdos que pareçam desperte interesse e arrebanhe seguidores.

    Por último, acrescentaria na lista dos odores indesejáveis, o famoso CC.

    Agora, deixa eu ir ali escovar dentes, lavar os pés e renovar o desodorante e outras coisitas mais, viu? Antes que a coisa feda.

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    1. Tem gente que, por um punhado de likes, topa até subir no teto de um trem em movimento — ou descer ao fundo do próprio sofrimento. Vale tudo para viralizar: expor a dor, o ridículo, a sanidade, inclusive mental.
      Nessa corrida por visibilidade, o risco é real, a vergonha é certa e o aplauso... passageiro.
      Com sorte, acaba só em vexame. Com azar, em tragédia. E, com muita sorte, vira crônica — escrita por algum curioso atento às bobagens humanas.

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  23. A judicilialização do peido, pelo jeito, passará a ser uma realidade, Hayton. Que futuro será reservado aos peidões habituais? E quanto aos peidões eventuais? Terão penas mais brandas?

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  24. O amor está no ar.
    Ou não.

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  25. A protagonista está delirando. Além da baixa possibilidade de transmissão de Escherichis coli por um pum para as narinas, essa bactéria em contato com mucosa nasal, não causa doença, a não ser que fosse ingerida e do tipo patógeno para os intestinos. Alucinação de uma noite de verão fedida!

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  26. No que concerne ao universo jurídico, só posso dizer (e na condição de advogado): foi mais preciso que fio de bisturi.

    Ri alto no escritório, indo de encontro à liturgia do local, imaginando prateleiras preenchidas de doutrinas, fruto de muita pesquisa "séria" realizada por profissionais gabaritados, explorando as consequências físicas e psicológicas dessas banalidades do dia a dia.

    O tragicômico foi constatar que a ideia absurda está muito próxima da realidade.

    Por vezes penso que uma das poucas formas de manter a sanidade nesse nosso mundo é uma (lamentável) dose de cinismo e bom humor.

    Enfim, texto impecável (como sempre) e que gera boas reflexões. Costuma ser combustível para esses meios de semana.

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  27. Sábio é o escritor que consegue fazer da ventosidade expelida pelo ânus (uma das definições de dicionário) uma obra literária agradável e quase romântica! Hahaha

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  28. Altamirando Ferreira da Silva6 de agosto de 2025 às 15:12

    Por precaução, vou evitar dormir de “valete” (pés e cabeça invertidos).

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  29. Que categoria para descrever um texto de primeiríssima qualidade diante de situação inusitada.

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  30. Cleber Pinheiro Fonseca6 de agosto de 2025 às 18:44

    Conheci um respeitável senhor de família nobre, exímio flatulista, que ao ser indagado acerca de como sua distinta esposa não protestava e ainda o suportava depois de longos anos de convivência, ele alardeava no alto de sua nobreza aristocrática: “quem é dona dos beijos, é dona dos peidos”.

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  31. Que bela crônica , meu amigo! Você transformou uma história viral, daquelas que a gente ri e logo esquece, em um comentário astuto sobre a nossa época. Em vez de simplesmente contar o causo da influenciadora, você usou a história como um espelho para refletir sobre a nossa obsessão por dramas, a nossa paixão por judicializar até o que não faz sentido e, claro, a forma como as redes sociais distorcem a realidade.

    Com bom humor e sem tecnicismos você nos faz enxergar algo mais profundo por trás de um "pum" mal-intencionado. A forma como você constrói o cenário do "Direito dos Sentidos" é genial, mostrando o quão longe podemos ir na busca por um culpado, um "crime" ou um motivo para um processo.

    Parabéns m, voce cumpriu. a tarefa de nos fazer rir enquanto nos faz pensar.

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  32. Aprendi, desde cedo, que peido é um telegrama rápido, que avisa a porta do fundo, que atrás, vem merda.
    Apesar de ser um assunto que muitos preferem evitar ou até rir sobre, soltar pum na frente do parceiro pode ser um sinal de uma relação saudável.
    Isso significa que ambos entendem que as necessidades fisiológicas são normais e fazem parte da vida de qualquer pessoa.
    Por outro lado, não deixa de ser desconfortável, para ambos os lados.
    Portanto, na dúvida, evite. É melhor do que ir parar nos tribunais.
    Assunto melindroso, mais tratado com maestria, pelo cronista.

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  33. Hayton, suas crônicas merecem ser lidas ao menos duas vezes, no mínimo.

    Na primeira leitura de “*EM NOME DO MAU CHEIRO, AMÉM,”* podemos nos ater somente na transmissão do humor - hilário, cômico, escrachado…

    Já na segunda, devemos conseguir ler o que não está dito explicitamente, mas aí entra no campo da interpretação e reflexão de cada um, mesmo que não coincida com a mensagem que você talvez tenha desejado transmitir, pois o pensar é livre…

    Sem avaliar as questões das flatulências, “vento ruim” e intimidades conjugais, na verdade a sua crônica faz grandes críticas aos comportamentos sociais contemporâneos, que de certa forma são bastante fúteis.

    Como você mistura diversos elementos heterogêneos, mas muito bem articulados, a crônica pode ser comparada a um verdadeiro “pot-pourri”

    Você desnuda as futilidades das redes sociais, onde indivíduos buscam engajamento e fama fácil, expondo aspectos íntimos da vida pessoal por meio de narrativas absurdas, isso tudo somente para “viralizar.”

    Em outro momento você nos traz à baila a enxurrada de judicialização, em busca de vantagens/indenizações, abarrotando o sistema jurídico com ações banais, com possibilidades de estagnar/implodir, dessa forma prejudicando as questões sérias e importantes.

    Perpassa também pela exploração da crença religiosa, da fé e da ignorância alheia por parte de charlatães, aproveitando-se da desinformação de muitos, que como você diz, “rende bem mais curtidas que qualquer boletim técnico da Organização Mundial da Saúde.”

    A crônica é bastante inteligente, pois para quem supera o assunto trivial, percebe que é sarcástica, irônica, debochada e ácida, quando transmite que qualquer assunto banal pode ser transformado em espetáculo nas redes sociais em busca de “lacração” e “likes.” Tudo isso fica suavizado, pois é de forma subliminar disfarçada nas entrelinhas com intensa presença de humor.

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  34. Rindo muito...hipocrisia à parte, quem nunca foi vítima ou autor, algumas vezes com requinte de crueldade?

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  35. Para evitar o mal estar uma boa opção é cada um dormir em quartos separados.

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  36. Meu cumpade Hayton. Tome lá, vinte porções de: "Sois tampa!", por traquejar com absoluta destreza em território asco nauseabundo - tema espinhoso até pra massagista de porco-espinho.
    No linguajar matuto, o namorado da Christiane Connell sofria de "Pilóris indrupisado nos pano do figo, puxando pra incausamento intupidor nos tubo defecutivo das tripas intestinais."
    Por esta razão ele foi apelidado de Navio de Bufa.

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  37. Após ler e refletir sobre sua peça, decidi que não postaria comentário, pois o tema não me cheira bem.
    Nada obstante, resolvi reler e, após refletir, mudei de posição. Afinal, como já coloquei aqui, não há assunto sobre o qual você não disserte com uma veia - veja bem, veia, não é véia - satírica, humorística e até poética.
    Então, aqui você conseguiu até perfumar algo que normalmente incomodaria nossas narinas. Haja criatividade!!!!!!!!

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  38. Como diz Jessier Quirino, “nesse mundo tem gente pra tudo e ainda sobra um pra tocar gaita”.
    Pela ótima história de hoje, caríssimo Hayton, e dando razão ao Jessier, lembrei-me de um caso envolvendo os “ventos ruins”.
    Em uma grande empresa - do ramo financeiro, se não me falha a memória - estabeleceu-se um clima de litígio entre dois colegas que trabalhavam juntos em minúscula sala. Um deles, chegando ao ponto de não mais suportar os castigos fedorentos que o outro lhe infligia, após repetidos protestos sem êxito, resolveu formalizar o assunto para departamento pessoal. A motivação: ambiente de trabalho salutar.
    O chefe, inicialmente, sem dar crédito à reclamação, chamou o reclamante afirmando que aquilo não era de bom tom para a empresa e nem para os empregados, que era melhor desistir da formalização e tentar resolver numa conversa entre os três.
    A reunião ocorreu e o “atirador” simplesmente disse que a questão envolvia a sua saúde. Que se “recolhesse” os peidos certamente adoeceria e poderia até morrer. Ai que o denunciante, imediatamente, respondeu: - Ah, então você fica vivo e eu morro?
    Conclusão: o chefe remanejou o mocinho para trabalho externo.
    Ao atirador da história minha avó Ciana diria: “Deus te conserve na terra porque no céu não tem chiqueiro.”

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  39. Boa!!! Crônica leve. Abre alas para o final de semana que, espero, tenha a mesma leveza e seja permeado de situações engraçadas.
    Rir é o melhor remédio.
    Agora, vejo mais uma vez que grande filão são as redes sociais. Se vislumbrar ganhar grana com milhares de curtidas. Descobre o "influencer" (nem gosto desse nome) onde tem uma possibilidade de ganho. E vai fundo. Essa é a parte trágica do novo modelo de relacionamento social. sermos "influenciados" por "influenciadores". Mas, vamos em frente, que atrás vem...influenciadores.
    Abração!!!
    Mário Nelson.

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  40. Rapaz, que situação!!! O “gatilho”, ou seja, o “porrote” que o rapaz soltou na cara da mulher, nada mais corriqueiro de forma entre casais porém de forma mais dissimilada e contida, o maior crime do cidadão foi a ostensividade do episódio. Porém o mais inusitado foi o efeito na saúde da jovem, se não for fake news, o cidadão estava podre mesmo. Ai tudo ajuda: médico, benzedeira, padre, etc, para a melhora da saúde da moça.

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  41. Situação sui generis... já de se questionar se, para não revelar outra situação, a afirmativa da moça é verdadeira. Poderia ela estar em alguma outra posição que faria o nariz estar à mercê de um quase contato... aí, meu amigo, não há E. Coli que aguente.

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