Antes que as luzes apaguem

Muita coisa no mundo é estranha demais para acreditar, mas nada é tão estranho que não possa ter acontecido. É ficção parte da história que conto aqui, mas que fique bem claro: a semelhança com a realidade não pode nem deve ser encarada como simples coincidência.

Dizem que alguns hospitais são frios porque espelham a alma de seus donos. Não é por acaso. Há 10 anos, um velho amigo meu conheceu Dr. Jacinto Boa Morte, um desses donos, que se empolgou tanto ao falar sobre suas supostas virtudes como administrador que a soberba lhe escorria pelos cantos da boca.

Esse amigo trabalhava no Banco do Brasil e o hospital pretendia financiar a importação de alguns equipamentos de ressonância magnética. Dias depois, passaria a prestar serviços à Cassi, operadora de planos de saúde hoje com mais de 680 mil assistidos e 75 anos de experiência no mercado. Mudava pro outro lado do balcão.

Quando se conheceram, o doutor jactava-se de que iria estabelecer para o ano seguinte metas de desempenho desde a "porta de entrada" (urgência e emergência). Com isso, iria aumentar receitas e, assim, poder substituir equipamentos sofisticados a cada inovação tecnológica lançada, sem precisar de bancos.

Metas do tipo: de 100 pacientes que buscassem socorro, no mínimo 40 teriam necessariamente que se submeter a exames mais complexos e, desses, uns 10 precisariam de algum tipo de internação. Daí para frente, quatro ou cinco seriam direcionados para a UTI. Com chuva ou sol.

Falava que não havia como os planos de saúde negarem autorização para determinados exames ou procedimentos numa hora crítica. Segundo Dr. Jacinto Boa Morte, familiares de pacientes poderiam ser orientados sobre como obter uma decisão liminar judicial se a operadora questionasse a necessidade de alguma demanda.

Eram reflexos dos vícios incrustados em um modelo obsoleto de negócio — o tal do “fee for service” — que ainda hoje prevalece no país, onde as operadoras de planos de saúde, ao autorizarem qualquer internação, não fazem a mínima ideia do tamanho da conta que terá que pagar mais adiante.

Quantas diárias serão necessárias? Quais equipamentos serão utilizados? A que preços? A cada internação, as operadoras são obrigadas a colocar um cheque "em branco” nas mãos de gente sem nenhum escrúpulo — com honrosas exceções, é claro! — para que desenhe com as tintas que quiser o futuro dos planos de saúde.

Esse desequilíbrio nessa relação puramente comercial, agravado por uma ganância em doses industriais, transforma numa briga de foice no escuro quando, em um lado do ringue, estão planos que amparam empregados de empresas mais estruturadas que sabem fazer contas, como: Banco do Brasil, Petrobrás e Caixa Econômica. 

Alguns mercadores da saúde raciocinam que se as operadoras quebrarem serão prontamente socorridas pelas empresas patrocinadoras, sem qualquer participação dos demais responsáveis pelo custeio dos planos (os associados). "O governo não deixa falir", argumentam, por ignorância, má-fé ou quem sabe as duas hipóteses combinadas.


Mas como evitar que essa autêntica queda-de-braço acabe em fraturas expostas dos dois lados do ringue? No caso brasileiro, talvez a saída mais óbvia seja a integração de toda a cadeia entre operadoras de planos, hospitais, laboratórios e serviços especializados. Negociação caso a caso não funciona, principalmente quando envolve pequenas operadoras de planos de saúde. 

É claro que integrar esses interesses envolve recursos financeiros expressivos. Por isso, a chamada verticalização — quando as operadoras de planos detém participação acionária em hospitais, laboratórios e serviços especializados de oncologia, cardiologia, ortopedia etc. — pode ser algo interessante inclusive para grandes investidores como os fundos de pensão.

Há quem diga ser arriscado investir na indústria da saúde no Brasil, principalmente para quem precisa assegurar benefícios a longo prazo. Mas um único dado destrói esse argumento na origem: o tamanho da demanda reprimida. Hoje, de 210 milhões de brasileiros, menos de 25% possui planos de saúde, segundo dados da Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 

Desde a carta de Pero Vaz de Caminha a Manuel I, "o venturoso" rei de Portugal e Algarves, que se diz que o Brasil é o país do futuro. Já passou da hora de esse futuro dar as caras e, quando acontecer, a demanda prioritária de qualquer sociedade emergente — aqui, na África ou na América do Norte — serão cuidados com saúde e bem-estar. 


Óbvio que esses serviços precisam ser tratados como negócio, provendo justa remuneração aos profissionais da área e aos investidores. Seria muito ruim para todas as partes interessadas uma postura de criminalização, que inibiria investimentos e levaria a caos ainda maior do que o atual. 

O que não se admite é que isso se faça fora de limites minimamente aceitáveis. Garantir esse freio é papel da regulação exercida pelo estado, sob vigilância das partes interessadas, com destaque para a razão de ser do sistema: o consumidor, seu beneficiário final. 

Quando se passa dos 60 anos, cada um encara de um jeito o declínio de status social e profissional, a sensação de que o fim está próximo, o luto dos amigos que estão desaparecendo de modo cada vez mais acelerado e, sobretudo, os problemas com a saúde, seja por conta de doenças crônicas, seja porque, feito carro velho de segunda mão, é um problema atrás do outro.


Mas se existe algo em comum que anda deixando todo mundo em pânico, numa enorme barca furada em mar revolto e sem bóia, é o pavor de precisar recorrer à assistência médico-hospitalar e dar de cara com portas fechadas por litígio com o plano de saúde.

Uma década depois, reencontrei meu velho amigo. Ele jura que o remédio para esse mal, como ponto de partida, é juntar quem paga aposentadorias com quem cuida dos planos de saúde dos  mesmos assistidos.  Pelo menos no caso de Previ, Petros e Funcef, maiores fundos de pensão do Brasil. 


Os três juntos, em nome dos planos de saúde e de seus assistidos, com os necessários ajustes estatutários e regulamentares, cuidariam de ter uma conversa estruturada, de gente grande, com quem anda tirando o sono de seus participantes, discussão que certamente poderá trazer desdobramentos para a indústria da saúde como um todo.


Para meu velho e bom amigo, é bom que isso ocorra antes que as luzes apaguem e muita gente adormeça. Profundamente. 

Comentários

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    1. E a gente, como diria Raul Seixas, “sentado no trono de um apartamento, com a boca cheia de dentes, esperando a morte chegar...”

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  2. Complicado mesmo. A solução deve ser difícil, senão já teriam encontrado. Bom ter essa visão de quem já foi Gestor desse tipo de negócio.

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  3. Talvez no longo prazo consigamos juntar essas forcas, o problema é que, como já dizia Keynes, no longo prazo estaremos todos mortos...

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    1. Um velho amigo meu dizia que “só se beneficia do futuro quem ajuda a criá-lo.”

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    2. E os 25% beneficiados não sabem de nada...

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  4. Vivemos esta difícil e complicada situação. Enquanto não convergirmos para uma situação de encontro do equilíbrio, do respeito, da consciência, o caminho será o fim.

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  5. Uma perecepção lógica para um "mundo" onde a lógica passa distante. O texto vale com um tratado.

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  6. Uma situação crítica, real e atual... Deus nos acuda!!!

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  7. Excelente o seu domínio do estilo e da narrativa. Bulir com as palavras é vida!

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    1. Trocaria tudo isso por um remédio eficaz para a doença sob comentário. Aí, sim, seria vida - boa e sossegada!

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  8. Parabéns pela explanação lúcida sobre a cruel realidade que nos afeta e que infelizmente não é percebida pelos nossos colegas.

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  9. Um dia acordam, Fernando. Ou não, se o sono já for profundo.

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  10. Bom dia, meu amigo! Uma síntese de quem sabe o que fala, de um assunto que imaginamos como funciona, na certeza que só há “cobra criada” nessa indústria tão bem representada pelo Dr Boa Morte. Mandou bem!👏👏Abs

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  11. A insustentabilidade da saúde suplementar pode colapsar o SUS, que de alguma maneira enfileira 76% da população que não possuem planos. Novos modelos disruptivos precisam reescrever esse destino, centrados na saúde e não na doença. Parabéns pelo texto!

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    1. Depois deste comentário, vão dizer que eu fiz a cabeça de meu filho ao longo dos anos. Agora fica claro que é o filho que, hoje, está ensinando o pai.

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  12. Visão de quem conhece a matéria. Parabéns.

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  13. A Necessidade de Capital de Giro
    da CASSI há longa data é maior do que seu Capital de Giro, gerando sucessivos Saldos de Caixa negativos que vem sendo coberto por financiamentos do BB. E quando este faltar? Urge uma solução rápida, pois o tempo agora é o principal inimigo da negociação.

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  14. Parabéns Hayton pela excelente matéria.

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  15. A saúde é o nosso bem maior! O seu texto expõe uma realidade doente. Precisamos, urgente, de um remédio para o sistema de saúde do nosso país!

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  16. O danado, Marina, é que alguns acham que irão curar câncer com chá de erva cidreira ou de camomila. Ou acreditam que uma “mão invisível” irá nos livrar do caos instalado em nossa sala de estar.

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  17. Sim, entendi que o nome do Dr é fictício...
    Em tudo o mais, a leveza de estilo não alivia uma vírgula da crítica à triste realidade.
    Parabéns por abordar com propriedade o tema, tão caro a todos nós!

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  18. Acho que esse Dr.Jacinto eu sei quem e rsrsrs. Primorosa!!

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  19. Uma verdade incontestável. Ou tem cooperação ou todos quebram.

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  20. Muito boa reflexão Hayton! Precisamos de alternativas viáveis e muito diálogo!
    Já passou da hora de nos mobilizarmos. Se não agirmos, o que virá não será nada agradável.

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  21. As tendências nacionais e internacionais do setor saúde indicam a continuidade da pressão financeira sobre os atores públicos e privados, sob influência de envelhecimento populacional, desenvolvimento tecnológico e coberturas mais amplas. Dessa forma, a sustentabilidade operacional das unidades de saúde - bem como de todo o ecossistema, inclusive na vertente suplementar - se torna um horizonte necessário mas, ao mesmo tempo, perigoso (a relevante lógica de mercado permite excessos cruéis como o relatado). Nesse contexto, a reflexão apresentada traz muita luz, mas não a que se apaga, e sim a que inspira. Obrigado por compartilhar conosco!

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    1. Tomara, Felippe, que sirva pelo menos para provocar uma discussão mais objetiva entre aqueles que podem efetivamente mexer no caos instalado.

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  22. Muito bem colocado. Texto esclarecedor e bem escrito. E que Deus nos proteja

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  23. Um ótimo retrato desses tempos turbulentos. Chegaremos a um porto seguro?

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    1. Como diziam os antigos navegadores, Andreola, só há vento favorável pra quem sabe aonde vai. O porto com a segurança possível já existe noutros países.

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  24. Quem sabe, sabe! Excelente ter em mãos um verdade escrita por quem conhece a fundo o assunto. Parabéns!

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  25. Essa é a nossa realidade...nua e crua...lucro acima de tudo.

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  26. Hayton, mais uma vez meus parabéns pela obviedade e clareza do assunto, algo de quem quem conhece com propriedade, como você. É lamentável que o capitalismo, construiu homens sem sentimentos e perderam o verdadeiro sentido da vida. Um abraço

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  27. Amigo,
    Custei, mas encontrei a parte referente à ficção, que ao meu ver está no “teu amigo” e no “Dr. Boa Morte”.
    Há algum tempo, que na real, se fala sobre essa possibilidade de a PREVI investir nessa área, mais especificamente, com interferência direta na CASSI. Talvez, num momento não muito distante, essa vá ser a única solução possível, mas confesso que tenho receios, principalmente de que a doença seja tão grave, que acabe contaminando quem vem para dar o remédio.

    Este é um assunto que deveria estar sendo debatido em todos os Grupos de funcionários do BB, da ativa ou de aposentados.

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  28. Eu também, Comaru, tenho meus receios de que a Previ, se absorver a Cassi, venha a ser engolida pelos mercadores da saúde, capazes até de “fazerem” os dirigentes da agência reguladora governamental.
    Mas confesso que já não acredito mais em recuperação da Cassi no estágio em que se encontra, depois das duas tentativas frustradas de fechar acordo com o BB rebatidas pelo corpo social.
    E não vejo vantagem alguma em ter algum dinheiro no bolso e as contas em dia (leia-se, aposentadoria digna) se meu plano de saúde não me protege.
    Viver anda perigoso demais, meu amigo!

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  29. Parabéns irmão!!!! excepcional texto!!!!

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  30. Mais uma vez você nos brinda com mais um artigo maravilhoso, agora abordando a relação paciente-planos de saúde. Isso gera uma boa reflexão. Parabéns!

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    1. Tomara que gere mais que uma boa reflexão, Emilton. O brasileiro é pródigo em iniciativas, mas muito ruim em “acabativas”. Precisamos de luz no fim desse túnel e que não seja um trem vindo no sentido contrário.

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  31. Pois é... viver é bom. Mas dá um trabalho !!!
    Ainda mais quando garantia atores jogando contra, apostando no nomea do Doutor.
    Quem compete cuidar não cuida. Quem deveria regular não regula- ou se o faz , faz apenas sobre um dos polos (o nosso, onde estão/estamos os mais fracos).
    Creio que só temos a lamentar nesse jogo do perde X perde.
    Infelizmente.
    Parabéns por provocar mais esta oportuna reflexao.
    @braço. N A S S E R.

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  32. Corrigindo:
    Ainda mais quando há atores jogando contra, apostando no nome do Doutor.
    Nasser.

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  33. Excelente, Hayton. Descrição perfeita do caos instalado na saúde. O problema, é que não são apenas os "mercadores da saúde" que pensam que os patrocinadores salvarão os planos quebrados. Os próprios beneficiários pensam assim. E talvez acordem tarde demais. Ou simplesmente não acordem.

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  34. Não vejo outro caminho, senão o do diálogo entre todos os envolvidos, Hayton!

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  35. Parabéns Hayton! Excelente oportunidade para reflexão sobre a grave situação da saúde neste Brasil!!!...

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  36. Este comentário foi removido pelo autor.

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  37. Nem na terra "onde corre o leite e o mel" do liberalismo (agora sucumbindo pela "pós-humanidade"), essa situação está pacificada. Há, infelizmente, uma mórbida tendência a deixar que os desamparados continuem como tais, em prol de uma acumulação irrefreada de riquezas nas mãos de poucos (o mapa da Desigualdade Global ilustra isso de forma muito profunda). A crise da saúde é apenas mais uma, no meio das tantas crises que teremos que suportar por um tempo ainda não definido.

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