Só eu sei
Era tarde demais quando percebi que condenava minha mulher e nossos filhos a sofrerem com os transtornos de sucessivas mudanças ao optar por uma carreira marcada por desafios pelo país afora. Só eu sei o quanto isso mexeu com todos nós.
Poderia ter escolhido outra profissão? Claro. Teria sido melhor ou pior? Não sei. Repito o que escrevi outro dia: ser feliz é sobreviver à versão de nós mesmos que decidimos assumir.
Sobrevivemos, todos. Mas só eu sei o quanto pedi a Deus toda noite para que fossem ao meu encontro todas as pedras atiradas pela vida na direção de minha família. E para que nunca nos faltassem o feijão nem o entusiasmo para sonhar com dias melhores.
Só eu sei da angústia quando mudamos para Salvador, em maio de 1999, após três anos e meio no Recife. Lídia, filha caçula, tinha apenas 14 anos e chorava dia e noite a ausência de pessoas e lugares que foram ficando pelo caminho.
Doía tanto quanto doeu para seus irmãos mais velhos quando deixamos Maceió pela primeira vez para morar em Brasília, em 1988. Ou quando voltamos para Alagoas numa situação bem diferente daquela que vivíamos – Dona Madalena, minha sogra, já não estava neste mundo. Duas mudanças ainda aconteceriam até chegarmos a Pernambuco, em 1996.
Pouco depois da virada do século, em abril de 2000, já surgiam rumores de que eu seria transferido de novo, agora da Bahia para o Distrito Federal. E o desassossego reaparecia com todas as suas cores e dores.
Foram momentos de aflição em Salvador até que algumas amigas de prédio, escola e igreja convidaram Lídia para um retiro espiritual num fim de semana. Nos dias que antecederam ao encontro religioso, pediram aos familiares que escrevessem algo para reflexão dos participantes.
Eu precisava daquela oportunidade mais do que ninguém. Em uma hora, se muito, lacrei envelope com uma carta – que ela guarda até hoje – onde pedia perdão por tanta dor, mesmo sendo inútil, já que não podíamos retroceder o filme de nossas vidas e vê-lo de outro jeito.
Em minha cabeça, era como se estivesse escrevendo não só para ela, mas para toda a minha família:
“...Perdoe-me por tê-la arrancado tão cedo de Maceió, do convívio com tios e primos, e a levado à distante e seca Brasília.
Perdoe-me por tê-la feito aprender a ler e a escrever, entre ladeiras e cabritos, na chuvosa e feia Porto Calvo.
Perdoe-me por tê-la levado, da noite para o dia, para a calorenta Recife, fazendo-lhe passar por tantos colégios, cadernos e livros.
Perdoe-me por tê-la feito, inesperadamente, largar seus amigos do Colégio Boa Viagem, abrindo no seu coração uma ferida enorme chamada saudade.
Perdoe-me por tê-la trazido comigo para Salvador, sem poder lhe dar a certeza de que nunca mais nos mudaremos.
Perdoe-me por não ser o pai com a vida pacata que você merece e por não saber abraçá-la e beijá-la, todo dia, como prova do amor e do orgulho que sinto em lhe ter como minha filha.
Se depois disso tudo lhe sobrar piedade, minha filha, peça a Deus que me conceda a chance de dar a sua filha – minha neta –, quando um dia ela chegar, tudo aquilo que não fui capaz ou não pude oferecer a você até aqui.”
No “Desespero da Piedade”, de Vinicius de Moraes – 1913 a 1980 –, quis buscar inspiração para tentar aliviar a angústia que descia sobre nós, como uma nuvem carregada, toda vez que os ventos de uma nova mudança varriam a nossa casa.
Deu certo. Talvez nem tanto pela carta, mas pela conversa que ela deve ter mantido com todos os santos da Bahia no isolamento daqueles dois dias, pedindo que a tempestade passasse o quanto antes.
Mudamos para Brasília meses depois. As lágrimas secaram apenas quando Lídia concluiu o ensino fundamental, formou-se em Medicina, casou e, em 2008, foi morar com o marido bem longe de casa – primeiro, no Rio de Janeiro; depois, nos Estados Unidos –, onde enfrentaria os primeiros desafios de sua trajetória profissional.
Quatorze anos após aquele retiro espiritual em Salvador – “Dia das Mães” de 2014 – ela nos visitaria em Brasília trazendo numa pequena caixa uma grande notícia: uma chupeta, indício de que sua primeira filha estava a caminho.
Era a chance que a vida me reservara de fazer pela neta que chegaria no final do ano, em seus primeiros seis meses de vida, o que não fui capaz ou não pude fazer como pai.
Logo depois do Natal de 2014, via o dia gelado clarear pela vidraça da sala de espera da maternidade do Massachusetts General Hospital, em Boston, quando lembrei "Esquinas" – canção lançada em 1984, ano em que Lídia nasceu –, composta pelo ex-líder da banda LSD (Luz, Som & Dimensão) que embalou algumas noites de sexta-feira na AABB Maceió, na Praia da Avenida do início dos anos 70, época em que, entre 14 e 16 anos, ainda era cedo demais para perceber o que é que a vida queria de mim.
"...Só eu sei as esquinas por que passei. Só eu sei...
Sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar! Sabe lá...
E quem será nos arredores do amor que vai saber reparar que o dia nasceu?
Só eu sei os desertos que atravessei. Só eu sei...
Sabe lá o que é morrer de sede em frente ao mar! Sabe lá...
E quem será na correnteza do amor que vai saber se guiar?
A nave em breve ao vento vaga de leve e traz toda paz que um dia o desejo levou.
Só eu sei as esquinas por que passei. Só eu sei... ” (Djavan)
Muitos tiveram caminhadas parecidas, poucos atraíram para si as pedras direcionadas à família. Tenho poucas dúvidas se esses TMR - Transtornos de mudanças repetidas não fizeram de nossos filhos seres mais fortes. As esposas tiveram de assumir muitas vezes a direção enquanto estávamos abrindo novas trilhas.
ResponderExcluirDe fato, Ademar, a estrada é a mesma. Diferentes são as pessoas e o céu. Todo dia amanhecemos diferentes (nós e as nuvens).
ExcluirNossos caminhos são escolhidos por Deus Hayton e a nós cabe apenas fazer o melhor para chegar ao destino. Conhecendo sua família, hoje, sei que pode se orgulhar de ter conseguido!
ResponderExcluirQuanto aos filhos e netos, guardada as devidas proporções, muito haver comigo. Hoje tenho muito mais tempo de convivência com eles. Parabéns eterno e digníssimo chefe e amigo.
ResponderExcluirMudanças sempre trazem desconforto, Hayton. Especialmente aos filhos que passam por aquela fase de solidificar amizades. Não deve ter sido nada fácil, mas o caminho que Lídia escolheu trilhar, mostra o acerto de tuas decisões enquanto chefe de família.
ResponderExcluirCada um com sua estória e DEUS guiando a todos. Acho mesmo que essa diversidade de endereços e amizades os fizeram amadurecer e ampliar conhecimentos.Vamos considerar que você presenteou-os com oportunidades de conhecer realidades diferenciadas. Nem sempre a presença física do pai na vida dos filhos, significa que os ama mais ou menos.
ResponderExcluirDilema da vida, como obter e dar melhores condições a Família, sem fazê-los enfrentar situações difíceis, desagradáveis, ate mesmo manchadas de medo e dor (casos de assalto e sequestro). Só a busca, a vontade e o acreditar, Neles: Esposas e Filhos, que dedicamos e acreditamos na construção de algo melhor. Se podíamos trilhar caminhos menos tumultuados, talvez, mais diga que valeu, valeu demais. Foram muitos percalços, muitas vitórias, muitos conhecimentos, muita gente boa, como Você, que talvez não teríamos convivido. Obrigado a Deus pela Oportunidade e pela Vida.
ResponderExcluirBelo Texto, realidade, vida digna. PARABÉNS.
Almir Sater já dizia....penso que cumprir a vida, seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente.... é preciso amor para puder pulsar!!!!!!lindo texto amigo!!!!!
ResponderExcluirDe pleno acordo. A lamentar apenas não saber quem escreveu.
ResponderExcluirOs filhos devem perdoar os sacrifícios que impusemos a eles para cumprirmos nossa missão mesmo que os tenha sacrificado para isso.
ResponderExcluirPrezado Hayton,
ResponderExcluirTalvez nesse relato - como de costume, primoroso na forma e nos detalhes - haja retalhos da vida pessoal de cada um de nós. Alguns, como eu, que tivemos o privilégio de desfrutar um pouco de seu convívio - conseguimos nos ver e sentir o que somente nós mesmos somos capazes, diante das escolhas e dos caminhos que a vida e a profissão nos apresentaram. Em tudo há ônus e bônus. Talvez difícil compreender isso na marcha dos próprios acontecimentos...
Mas aí estão seus filhos, esposa, sua filha e a netinha agraciada com o mimo de suas atenções. Deus abençoe a todos !
Forte @braço.
Nasser.
Li e achei muito interessante a sua peregrinação por esse Brasil a fora. Realmente a família sofre com tantas mudanças. Mas Deus soube reservar um espaço recheado de felicidades na vida dos Juremas da Rocha.
ResponderExcluirNosso esforço é, sempre, pra proporcionar o melhor para nossa família e no seu caso o resultado foi recompensador. Você é exemplo e inspiração pra muitos colegas que, como Eu, tiveram o privilégio de trabalhar contigo.
ResponderExcluirParabéns,
Marcos Tadeu
Caro amigo,
ResponderExcluirParte dessa trajetória tive o prazer de compartilhar.
Minha historia no BB e a relação familiar não foi muito diferente, com certeza sem a mesma competência.
Traumas à parte, salvaram-se todos e estão todos bem
Talvez até mereça plagiar o título de um livro do Pablo Neruda:CONFESSO QUE VIVI.
Apesar de latanhados, Acc, salvamo-nos todos.
ResponderExcluirPermita-me uma crítica construtiva favorável aos viventes de Porto Calvo, já que você desembestou pelos caminhos de Graciliano Ramos.
Excluir"Perdoe-me por tê-la feito aprender a ler e a escrever, entre ladeiras e cabritos, na chuvosa e carrancuda Porto Calvo".
Parece-me mais generoso.
ACCampos.
Hoje, escreveria assim. Naquele tempo, éramos outros. Valeu!
ExcluirPois é. Filho paulista, filho sulmatogrossense, netos alagoanos, neta baiana, bisneto pernambucano, bisnetos baianos. Até fincar âncora definitivamente soteropolitana. Erros e acertos ficaram pelo caminho. Pedra atirada não tem volta.
ResponderExcluirIsso mesmo, Braulino. Como diz Paulinho da Viola, “não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar!”. Vale pra nós dois é um montão de gente que está lendo esta crônica.
ExcluirPermita-me uma crítica construtiva favorável aos viventes de Porto Calvo, já que você desembestou pelos caminhos de Graciliano Ramos.
ResponderExcluir"Perdoe-me por tê-la feito aprender a ler e a escrever, entre ladeiras e cabritos, na chuvosa e carrancuda Porto Calvo".
Parece-me mais generoso.
ACCampos.
Mudanças sempre trazem consigo o frio na barriga.
ResponderExcluirÀs vezes, gera um turbilhão de sentimentos. Alguns sentimentos bons. Outros, nem tanto. Mas, só depois podemos enxergar que foi por um bem maior. Porque sempre existe uma força maior que está por trás de tudo isso, uma força divina.
Seguimos sobrevivendo. E jamais saberemos se está sendo da forma correta ou não. Mas tentamos ser o melhor que podemos.
Como sempre, Nosso Pai maior nos dá todas as respostas para nossas angústias, aflições e dúvidas. Porque vivemos em um mundo ansioso, onde queremos tudo "para ontem". Mas não é o nosso tempo que está em questão. É o tempo d'Ele.
A carta me fez afogar em lágrimas...
No final, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.
Na mosca, Manu, como sempre! Espero que você não tenha nunca que fazer uma cartinha dessas pra sua filha, mas se tiver que fazer, tenho certeza de que ela, assim como Lídia, também guardará com enorme carinho.
ResponderExcluirLindas lembranças... Nesse ínterim, passamos ainda por muitos momentos maravilhosos juntos. Cada final de semana em Ipioca, as aventuras ali vividas, as experiências adquiridas. Enfim, há lembranças lindas dentre as dificuldades vivenciadas. Sempre sua fã Tio Hayton :)
ResponderExcluirTens razão, Cillinha. Como dizia Tio Enoch: “a vida é doce/ e doce é sua doçura/Tão doce talvez não fosse/ se nessa vida tão doce/não se tivesse amargura.”
ResponderExcluirQue legal, chegou meu dia de ser a estrela do famoso "blog do Hayton"! Quanta verdade e leveza pra tratar de assuntos tao doloridos. Foi assim mesmo. Na minha epoca nao se usava a palavra "bullying" pra descrever o tratamento dado a alunas "novatas", "nordestinas", "gordas", com dentes e orelhas desproporcionais, "CDF", tudo junto. Eu me aproximei de Deus e aprendi sobre o prazer de perdoar. Me tornei tao flexivel e confiante em Deus que tive coragem de sair da minha zona de conforto e seguir em busca de meus sonhos profissionais e pessoais mais incriveis, com o apoio incondicional dos meus pais.
ResponderExcluirSim, valeu a pena!
Sim, eu nao estava sozinha!
Sim, Fabio Jr eh um poeta.
"Pai, Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar"
"Pai, Você foi meu herói, meu bandido
Hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você, nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz"
Pelo visto, primo Hayton, sua filha Lídia, a protagonista dessa linda crônica, tão real, é também poeta como o pai cronista. parabéns pela narrativa tão real e convincente aos seus leitores. Fico maravilhada com a riqueza dos detalhes, e mais uma vez, virei sua fã. Parabéns, um abraço Hayton.
ExcluirA generosidade de uma filha faz isso: leva o pai a acreditar que mudar tanto, apesar do sofrimento, teve também o lado positivo.
ExcluirQue legal! Histórias edificantes.
ResponderExcluirTodos tivemos essa insegurança, apenas para sermos desmentidos no futuro: tudo valeu a pena!
Não tem como ler tuas crônicas sem se ver nelas. Sem se emocionar e constatar a beleza delas, na complexa simplicidade das narrativas. ''Ser feliz é sobreviver à versão de nós mesmos que decidimos assumir.'' Esta fantástica pérola resume tudo. Você poderia ter continuado no mundo corporativo, com seus atrativos e miríades de poder. Mas, entre a jornada do TER e a do SER, tu deu ouvidos à segunda. Uma crônica inspiradora para todos sobre as conciliações, nem sempre fáceis de fazer, entre a familia e carreira. Também não quis mais isto, como aposentado. Recebi propostas pra novas jornadas de 8 horas, mas optei por um estilo de vida mais simples, capitalizando nesta conta as horas a mais que posso dedicar aos meus familiares, e a mim mesmo, fazendo coisas como fotografar o pôr do sol do DF, cada dia de lugar diferente. São escolhas, renúncias e os preços que pagamos por elas. Obrigado por tanta generosidade na entrega desta obra prima.
ResponderExcluirNo ano em que Vinicius de Morais faria 100 anos ouvi um depoimento de um amigo de noitada de Vinicius em uma rádio em Salvador. Esse amigo confidenciou lá pela madrugada a Vinicius que ele e sua mulher resolveram não ter filhos pois com filhos não poderiam usufruir das noitadas regadas a wisk. Vinicius, gênio que era, respondeu: " você pode não ter filhos mas, sem eles (os filhos), jamais saberá perdoar seus pais". É bem assim, os pais erram tentando obstinadamente acertar com os filhos...
ResponderExcluirSem palavras ao ler essa narrativa...
ResponderExcluirVc não pode descartar Haiton as experiências e conhecimentos importantes que essas mudanças de um estado para outro, trouxeram para toda a família que contribuíram para o sucesso de hoje, do qual vc pode se orgulhar e dormir tranquilo.
ResponderExcluirMinhas mudanças por conta da carreira no BB não chegam aos pés das suas tantas andanças por esse País. E a maior das minhas andanças foi exatamente o período em que estivemos juntos em Brasília. Naqueles 7 anos meus filhos ficaram morando em Curitiba. O que estou curtindo nesses últimos 4 anos é a convivência muito próxima com meu neto e a oportunidade de estar ao lado de minha filha, dando a ela muito mais apoio, atenção e cuidado do que naqueles velhos tempos... Costumo dizer que sou melhor vovô do que fui pai. Afinal, hoje tenho mais tempo, muita paciência e um bom bocado de experiência. Todos esses sentimentos e pensamentos afloraram depois de ler este que considero talvez o melhor de seus sempre deliciosos textos. Parabéns!
ResponderExcluirAmigo Jurema!
ResponderExcluirAcompanhei bem na Bahia suas preocupações com Magdala e filhos por tantas mudanças.
É hora mesmo de retribuir um tanto de atenção para os netos.
Abração
vi muitos colegas nesta vida cigana. Nem todos chegaram tão bem ao final da caminhada. Linda crônica.
ResponderExcluirA crônica até que ficou leve quando comparada ao peso da caminhada, amigo. Mas se disser que não valeu a pena, estarei sendo mentiroso.
ExcluirNo fundo acho que sempre gostei de mudar. Era sempre uma oportunidade de reescrever quem sou (e melhorar) ou pelo menos como era percebido onde chegava. Me tornou mais forte e mais humano. Grato pelas oportunidades. No final, acabei percebendo que meu lugar não era um ponto no mapa. Que almas acorrentadas não se sujeitam ao tempo ou espaço.
ResponderExcluirPrimeiro dever de um pai é tornar seus filhos melhores, mais generosos e solidários, do que ele. Fui feliz.
ExcluirChegamos crianças. Deram-nos o que fazer, uma mesa com cadeira para se sentar.
ResponderExcluirQuando levantamos, havia se passado 40 anos.
Que texto mais honesto, tio!
ResponderExcluirAcho que esse dilema de priorizar a estabilidade da família ou crescer na carreira é tão atual quanto era anos atrás. Fácil nunca é, né? Mas tenho certeza de que se hoje o seu "arrependimento" não fosse por ter mudado tanto de cidade, ele seria o arrependimento de ter ficado e não ter crescido na carreira como você gostaria. No final deu tudo certo como tinha de ser e hoje você pode aproveitar muito os seus netinhos e filhos.
Como disse um amigo, Carol, quase todos nós vivenciamos essa insegurança até sermos desmentidos no futuro.
ExcluirQue maturidade a sua, hein, menina?!
Sua lucidez e maturidade me impressionam cada vez mais, Carol. Valeu!
ResponderExcluirPois é, sei muito bem do que falas. Vi muitas vezes, no olhar dos meus filhos, com imensa tristeza, a pergunta: “pai, vamos mudar de novo? E o meu colégio, os meus amigos?” Foi sempre assim: Santo Ângelo,RS, Recife-PE, Porto Alegre-RS, Belém-PA, Rio Pardo-RS, São Luís-MA, Maceió, onde finalmente puderam criar raízes e ter seus destinos traçados, mesmo que eu ainda tenha ido trabalhar em Recife por mais alguns anos. Como sempre digo, nossa vida é fruto de nossas escolhas e não me arrependo delas, principalmente depois depois das netas, que vieram todas, depois que amanhã sempre é sábado. Abraço e obrigado por me fazer relembrar, com essas belas memórias, as minhas angústias, certezas e escolhas.
ResponderExcluirCoberto de razão, Gabo dizia: “A vida não é o que a gente viveu e sim o que a gente recorda, e como recorda para contá-la.”
ResponderExcluirApesar de tudo, de todo sentimento de culpa, vale a pena focar nos frutos que a vida sacrificada proporcionou à família. Que lindo o depoimento de Lídia! Sou testemunha de que tudo era pensando no melhor para todos.
ResponderExcluirTudo no tempo de Deus. Precisamos saber esperar o momento certo de recebermos o que pedimos a Ele.
Guarde no seu coração os acertos, os erros sirvam apenas como aprendizado.
Belo texto, Hayton!
ResponderExcluir"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Só vocês que caíram nesse mundão de Deus, levando e elevando o nome do Banco do Brasil nos mais distantes lugares, sabem as dores e as dificuldades que passaram. Sempre admirei os colegas que tiveram a coragem que eu não tive.
Grande abraço.
Marival
Coragem deve ser um termo para explicar a afeição de algumas pessoas por novas cidades, não apenas para visitar, mas para residir por algum tempo. Os riscos são altos, mas tem suas recompensas.
ExcluirExcelente, emocionante e sincero.
ResponderExcluirSão tantos detalhes que a cada releitura do texto alguma coisa é acrescentada! 😊
A vida nos traz diversos desafios, as dificuldades que passamos nos tornam cada vez mais resistentes e fortes para encarar os próximos problemas, é a jornada da vida.
Essas dificuldades inevitavelmente respingam para os demais membros da família, certamente no tempo certo, reconhecemos que os pais sempre prezam pelo bem-estar dos filhos e esperam que se tornem pessoas melhores que eles mesmos.
Acredito que se for para se arrepender de algo, que nos arrependamos pelo que foi feito e não pelo que deixamos de fazer, olhando sempre a vida na perspectiva do copo meio cheio.
Abração!
Você viveu coisa mais intensa do que eu, Michel, deixando a casa dos pais aos 17 para, com determinação e coragem, correr atrás do que queria desde criança. E vem conseguindo tudo aquilo que sonhava. Abração
ExcluirMestre Haylton, vc retrata bem maioria de nós, pais e mäes, sempre se culpando pelo que fez e se desculpando pelo que não fez. Mas penso que sem essas mudanças constantes na sua vida, possivelmente vc não teria chegado onde chegou, não teria oferecido a sua família uma vida mais confortavel e bem possivelmente não estaríamos todos aqui desfrutando de suas crönicas e amizade.Tudo tem seu preco, sobretudo o sucesso! E como canta uma música baiana.."...entao diga que valeu, valeu demais...!
ResponderExcluirtiberio
Haylton, não, Tiba! Más vosmecê está certo. De preferência, com uma caipirosca de umbu-cajá na mão.
ResponderExcluirQue saga hein amigo!
ResponderExcluirSacrifícios e angústias no passado.
Recompensas de sobra no futuro!
Parabéns pelo caminho, pela caminhada e pela família que todos vcs construíram!
E por fim. “Não é o que você faz para os seus filhos, mas o que você os ensinou a fazer por si mesmos, que irá torná-los seres humanos bem-sucedidos” – Ann Landers.
Abraço
Pois é, meu amigo... a leitura faz um filme vir à mente... os atores, apenas, mudam... as circunstâncias, vivi muitas iguais ou parecidas e ainda não acabou o filme... mas tenho certeza que nada do que fizemos foi para tentar magoar A ou B, mas sim para dar-lhes melhores oportunidades... as lágrimas regaram os pés de alegrias que brotaram depois. Tomara que seja sempre assim!
ResponderExcluirComo nossas histórias se parecem! Sou agradecido pelo nosso convívio profissional, onde pude comprovar que grande coração você possui.
ResponderExcluirParabéns Primo!
ResponderExcluirSua trajetória de vida com Magdala e filhos, é muito parecida com a minha, Osias e filhos também.
- Nascemos em Caxias,mudamos para o Rio de Janeiro, onde nos casamos, já depois de casados fomos para Olinda, Recife, Fortaleza, em 1999 viemos para Brasília, onde estamos até hoje.
Nossa filha mais velha Andressa, é Carioca, a do meio Jessica é pernambucana, o caçula Mateus é Cearense.
Às mudanças sempre aconteciam no mês de julho. Eles falavam: " Vamos mudar de novo".
Hoje Graças à Deus todos estão formados e bem de vida.
Osias trabalhou 36 anos no Banco Central, onde nos proporcionou uma vida razoável. Hoje aposentado está exercendo à carreira de advogado.
Valeu Hayton!!!
Só eu sei também...
Excelente, Hayton!!
ResponderExcluirHayton,
ResponderExcluirComo diria o grande líder espiritual e pacifista indiano Mochandas Karamchand Ghandi, "a arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte." A trajetória de vida pessoal e profissional do protagonista da presente crônica representa uma admirável obra de arte, digna de respeito e consideração. No entanto, é preciso entendermos que a vida terrena não oferece garantias; apenas chances e possibilidades, exigindo o justo preço por elas. Sua obra de arte foi talhada com base nos insumos do trabalho, disciplina, criatividade, ousadia e determinação, razão pela qual motivo de orgulho de todos os seus familiares, sobretudo daqueles que estiveram diretamente envolvidos no processo. Sinta-se, pois, orgulhoso e agradecido por ter encarado e vencido tantos obstáculos, pois eles apenas deram maior valor a sua conquista. Parabéns!
Agostinho Torres da Rocha Filho.
Obrigado! Todos nós passamos por “esquinas” complicadas, sem muita luz. Você também é um vitorioso, depois de superar tantos obstáculos e, no esplendor dos 60 anos, levar a vida com suavidade e entusiasmo. Valeu!
ResponderExcluirNo fim, mudanças são as de todo dia e nos fazem melhores e mais experientes. Quando, não, no mínimo temos história pra contar. É dá a até livro essa nossa vida severina, hein?
ResponderExcluirFiquei emocionada quando Lídia me mandou este texto. Muitas memórias vieram na minha cabeça, mas principalmente aquelas de um pai de uma amiga minha (muito próxima na época) que, apesar dos percalços da vida profissional, assim como meu pai, SEMPRE colocou a família em primeiro lugar. Talvez o sucesso profissional de ambos (seu e meu pai, exemplos meus àquela época) fossem dados exatamente por inserir a família no lastro de carinho e amor que deve ser sempre a base de nossas vidas.
ResponderExcluirLindo texto e lindo exemplo de vida! Parabéns!
Amanda Vieira
Estimado Hayton, que relato pungente sobre a dor e a delícia de viver. Se eu pudesse resumir o que você, de peito aberto, nos revelou, eu extrairia de seu próprio punho a resposta: a vida, suas escolhas e consequências. Jamais o saberemos como teria sido se a escolha fosse esta e não aquela; lamentaremos algumas, celebraremos outras mas, acima de tudo, seguiremos em frente, na grande trama da vida. Enquanto eu lia sobre a bela carta que você transcreveu, veio-me à mente a pena de José Castello, na ficção "Ribamar", obra declaradamente inspirada em Kafka ("Carta ao Pai"). A remissão à obra castellana é, tão somente, referencial, pois, diferentemente do seu amor profundo paternal, familiar e de sua dedicação aos que lhe são caros (a ponto de mergulhar seu ser em severas inquietudes), o personagem de Castello amarga dores quase incuráveis, resultado das escolhas dos que lhe puseram no mundo. A analogia, aqui, reside unicamente nisto - escolhas e consequências. Mas, veja só: enquanto em Castello (como em Kafka), a eterna esperança esvai-se com o tempo, com você a redenção chega de mansinho, bela, ingênua, acalentadora, inocente e cândida. Não terão as vicissitudes passadas convergido para este singular momento em que tudo o mais parece de menor importância? Sua netinha experimentará um amor avoengo como talvez poucos sejam capaz de ofertar. Parabéns pelo texto e por dividir conosco experiências tão marcantes que nos levam a refletir sobre as que nos são gravadas indelevelmente no imo.
ResponderExcluirTexto lindo! Lindo!
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