quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Teria sido assim

Gilton Della Cella, cantador e compositor dos melhores que conheço, dia desses compartilhou um link de vídeo comigo. Trazia depoimento de Sandro Haick, multi-instrumentista, arranjador, produtor e diretor musical, falando sobre Dominguinhos, figura lendária na MPB. 


Reprodução/YouTube

O trecho final comove. Sandro conta que, com muito tato, consultou Dominguinhos sobre se manteria um baixista que não acertava uma nota sequer para a segunda de três apresentações. O gênio, sorrindo, respondeu “sim”, com uma generosa ressalva: “ele tá precisando...”
(ouça aqui)

 

Lembrou-me de um dito popular nordestino que descreve um político decente que surge de vez em quando, daqueles que existem apenas pra não perdermos por completo a esperança. Os mais humildes o reconhecem: “esse entende de precisão!”. 


Também me veio à cabeça meu sogro, Tertulino, que desde menino, no sertão de Quixeramobim (CE), foi dispensado pelo próprio pai do trabalho no balcão do armazém da família. Por ter o coração mole diante do sofrimento alheio, renunciava parcialmente ao pagamento dos mais necessitados.

  

Compartilhei o vídeo com outros amigos, amantes da boa música instrumental, registrando que Dominguinhos merecia uma biografia escrita por mestres como Ruy Castro ou Fernando Morais, para que nossos netos pudessem conhecer sua história.

 

Dois deles, talvez combinados na brincadeira, sugeriram que eu encarasse a missão, com o argumento meio furado de que conheço a alma nordestina. Um até soltou que poderia ser “o desafio, a obra de minha vida”. O outro, ponderando que “esses medalhões não vão topar”, me recomendou a leitura do livro “A vida por escrito – Ciência e arte da biografia”, onde Ruy Castro divide segredos, técnicas e truques sobre o assunto.

  

Confesso que quase caio na conversa, mas estou seguro de que essa missão exigiria alguém mais dedicado do que eu, disposto a pesquisar a fundo, fazer perguntas difíceis e tirar conclusões lógicas de onde ninguém mais vê lógica.

  

Deus sabe que já fiz a obra da minha vida quando ajudei minha mulher a trazer ao mundo e a criar nossos filhos na justa medida de minhas limitações, cada qual com seus acertos e desacertos, mas todos tocados pela mais nobre das virtudes: a prontidão para servir aos mais frágeis. 


Notei que pouco posso acrescentar ao que já foi dito sobre Dominguinhos, tudo acessível na internet. Desde o fato de que era um dos 16 filhos de um casal de alagoanos, mestre Chicão, sanfoneiro e afinador, e dona Mariinha, que migraram pro agreste pernambucano na primeira metade do século passado em busca de vida melhor.

 

Como tantos meninos pelo interior, Neném, como era chamado, tomou gosto pela música com o pai e aprendeu cedo a tocar pandeiro, triângulo e sanfona. Logo se apresentava com dois irmãos em feiras livres e na porta do antigo hotel Tavares Correia, em Garanhuns (PE), onde conheceu Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que se impressionou com a criança e se ofereceu pra ajudá-la, caso um dia fosse pro Rio de Janeiro.

 

Anos depois, o pai resolveu procurar Gonzagão, no Rio, fugindo das dificuldades enfrentadas no Nordeste, carregando a família, inclusive Neném do Acordeon, aos 13 anos, numa viagem de pau-de-arara que durou 11 dias. 


Foto: Acervo Rio Gráfica Editora

Mais pra frente, já batizado de Dominguinhos por Luiz Gonzaga, voltaria ao Nordeste numa turnê, em 1967, como motorista e sanfoneiro do grupo de músicos. Foi quando conheceu a recifense Anastácia, cantora e compositora com quem foi casado por 11 anos e compôs mais de 200 músicas (as “filhas” do casal, segundo ele).

 

Entrar pro grupo do Rei do Baião deu-lhe maturidade como músico e arranjador. Mais do que aprender, o discípulo inovou a arte do mestre, e se aproximou de artistas famosos (Chico Buarque, Djavan, Gal Costa, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Maria Bethânia, Nara Leão, Roberto Carlos etc.), abrindo a porteira para uma carreira que passeou por vários estilos musicais, de Baião, Forró, Xote, até Bossa Nova, Choro e Jazz.

 

Em Lamento Sertanejo, sua canção preferida, em parceria com Gilberto Gil, consta que, "por ser de lá, do sertão, lá do cerrado, lá do interior do mato, da caatinga, do roçado", era uma "rês desgarrada na multidão". 


Dizem que a solidão é a sorte dos espíritos excepcionais, o que talvez explique um legado (506 obras musicais, 34 LPs e 38 CDs) que transcende gerações, tocando corações em todo o mundo.

 

E o reconhecimento veio também de fora. Em 2002, ganhou o Grammy Latino, com o CD Chegando de Mansinho, e 10 anos depois repetiu o feito, na categoria melhor álbum brasileiro de raiz, com o CD/DVD Iluminado

  

Mas aí chegou 2013 e, aos 72 anos, ele não resistiu à luta travada contra um câncer de pulmão. 

 

Não duvido nada ter encontrado, em outro plano, o Criador de tudo, tendo ao lado Gonzagão, a quem Dominguinhos se dirigiu: 

– Mestre... Dá licença? Tô de volta pro meu aconchego, trago saudade, quero um sorriso, um abraço pra aliviar meu cansaço... 

– Oxe! Precisa pedir? – responderam, sorrindo, os dois.

47 comentários:

  1. Meu amigo, estás te superando. Muito bom acordar nesta madrugada e ler esta tua crônica. Me fizeste voltar a Exú (terra do Rei do Baião), onde em 1980 implantei o DEB, e ao mesmo tempo, voltar a dançar num forró na Torre, em Recife, no mesmo ano, onde o sanfoneiro era ninguém menos do que o Dominguinhos. Muito obrigado por me trazer boas recordações da vida de andarilho, que o BB me proporcionou. Abração

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  2. Ademar Rafael Ferreira21 de fevereiro de 2024 às 05:15

    Um texto deste nos dá a certeza que o "ser" iluminado não usa sozinho a sua luz, faz dela o farol para os outros. Eles sabem que Deus nunca apagará sua luminosidade. Obrigado amigo.

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    1. Vai ter gente me criticando pela ousadia de colocar um “oxe!” na fala do Criador.

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  3. Tertulino e Dominguinhos, cada um à sua maneira, produziram cenas do vídeo das partes boas, que juntos com São Pedro assistiram na entrada ao Paraíso. Para mim este é o céu, e o inferno, é ver projetado numa tela, do tamanho do infinito, nossos melhores e piores momentos vividos, e em relação com as outras pessoas. Ambos, Tertulino e Dominguinhos tiveram empatia e compaixão. E souberam acolher os limites e fragilidades das pessoas que cruzaram seus caminhos. Dando a elas novas possibilidades. Tive na vida Tertulinos e Dominguinhos para os quais elevo as preces em gratidão. Você foi um deles, quando percebeu que não conseguiria usar tua vaga no🧑‍🎓 MBA e a me destinou aquela formação. Que fez a a diferença em minha carreira. Desprendimento e bondade, aceitação e misericórdia, palavras tão raras de serem conjugadas em verbos concretos de agir. Amei saber dessas cenas. Obrigado.

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  4. Surpreendente e gostoso o texto sobre Dominguinhos. Rico em detalhes e informações. Na verdade, era um artista completo. Era simples, comunicativo e carismático. Pena ter morrido tão novo.
    O seu texto enriqueceu o leitor, trazendo os valiosos detalhes sobre a vida do Dominguinhos. Obrigado por mais esse presente de incalculável valor. Grande abraço.

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  5. Salve, Dominguinhos! Plural no nome e na vida, pela genialidade da arte que nos permitiu ver e aplaudir e pelo caráter que emanava de sua aura iluminada. E lá se vão onze anos desde que deixou as sementes por aqui, para continuarmos a colher os frutos do seu pomar, seja quando o ouvimos em nossa seleção musical, seja na leitura de relatos de sua trajetória, como a bela homenagem em forma de crônica nessa quarta-feira. Salve, Salve, eterno Dominguinhos!

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  6. É...a grande obra de nossas vidas são mesmo os filhos. A de Dominguinhos, as composições e canções. E o destino, esse que não acaba nunca, vai tecendo para o infinito, experiências de co-criação do universo. Valeu!!!

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  7. Vi Dominguinhos uma vez numa entrevista falar de quando mostrou ao pai a cançao Triste Partida, de Patativa do Assaré, que tinha sido gravada por Gonzaga. O homem faltou foi morrer de chorar na parte que diz "Trabaia dois ano, Três ano e mais ano. E sempre nos plano. De um dia voltar". Mas nunca ele volta.
    Dominguinhos foi moldado nessas lágrimas e assim fez com todos os amantes do forró verdadeiro. Pra sempre.
    Dedé Dwight

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    1. Brilhante resgate, Dedé. Eu não poderia ter esquecido, mas esqueci de mencionar, essa passagem tão marcante na vida desse monstro sagrado da MPB. Valeu!

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  8. Pela amostra que Hayton nos oferece na crônica de hoje, dá pra se ter uma vaga e imensurável noção do que ele seria capaz de nos revelar numa biografia de Dominguinhos.
    Sabemos que escrever uma biografia é tarefa árdua, cansativa, que exige dedicação literária quase exclusiva, que deve colocar o escritor diante de escolhas difíceis, exige disciplina de pesquisa quase sacerdotal.
    Mas que Hayton o faria com maestria, disso não tenho dúvidas. Ainda mais sobre Dominguinhos!
    Por enquanto, locupletemo-nos com a crônica maravilhosa de hoje!

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  9. Dominguinhos carregava a bondade e a genialidade do simples. Abraço,
    Gradim.

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  10. Roberto Rodrigues Leite Bezerra21 de fevereiro de 2024 às 08:47

    Dá até para imaginar aquela figura muito simpática, de fala mansa, sorriso fácil e extrema humildade, através das linhas desenhadas por Hayton. Seria alguém com quem gostaríamos de partilhar a vida, ver o tempo passar juntos. Quanta sabedoria e vivacidade. Uma figura ímpar.

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  11. Dominguinhos foi gigante!!!👏👏👏

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  12. Carrego a honra de ter sido parceiro de Dominguinhos em duas cantigas: Brincadeiras de rua, gravada por ele mesmo, e Santinha, gravada por Flávio Carvalho e por Sérgia Laíse. Apresentei a ele um certo medicamento para dor e inflamação (o peso da sanfona o maltratava), pelo qual ele sempre me agradecia quando nos encontrávamos, ao longo do projeto Asa Branca, patrocinado pelo banco em que eu trabalhava. Artista de gênio, sem dúvida; pessoa simples e generosa (o Asa Branca levava grupos de artistas a cidades de todo porte, em shows na praça); inesquecível e imortal. Produziu obra gigantesca, que dispensa qualquer arenga a respeito, basta ouvir. Um dos seus grandes momentos, para mim, como instrumentista criador, está em Beira-Mar, no cd Acústico de Zé Ramalho. Um prodígio, um alumbramento!

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  13. Parabéns por mais uma crônica que nos traz conhecimentos sobre a cultura nordestina e um de seus baluartes.
    Nelza Martins

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  14. Sensacional!
    Brilhante como sempre, Hayton!
    Gostei da amostra! Pode abraçar a “causa”! Rsrs

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  15. Parabéns Hayton. 🙌🔝🎯
    Com esta crônica, aprendi um pouco mais sobre o Glorioso Dominguinhos, grande sanfoneiro, cantor, compositor e um dos brilhantes representantes da música nordestina.

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  16. Conheci Dominguinhos na AABB de Salvador, numa noite de sexta feira de forró. Toquei no mesmo palco após a sua apresentação. Tiramos algumas fotos no camarim, mas o meu celular foi roubado logo depois e fiquei sem os registros. Para minha surpresa, Marcelo Nunes, parceiro musical de inúmeras canções o conheceu nos meados de 2011 e daí até a sua partida, quase toda terça feira Dominguinhos ligava para Marcelo para trocar uma ideias. Numa daquelas tardes, estava no apartamento de Marcelo quando Dominguinhos ligou e conversamos bastante sobre vários assuntos. Naquela mesma época, eu e Marcelo havíamos composto uma música intitulada "Vida de Peão". Gravei a referida composição com arranjo do maestro Fábio Valois e a guardei para mais adiante lançá-la num CD. Num desses papos de terça-feira, Marcelo pediu a Dominguinhos que dividisse comigo a interpretação da música. Ele ouviu e lhe respondeu: "Belíssima moda. O problema é que Gilton canta bem mais alto que eu. De qualquer modo, vou gravar uma sanfoninha nessa moda".

    Até então eu não estava sabendo de nada. Marcelo queria me fazer uma surpresa. Após gravar a sanfona, Marcelo me enviou para ouvir o feito. Daí eu me retei com ele e lhe disse: "Velho, você tem a oportunidade de ter Dominguinhos tocando numa música da gente e só me fala depois da gravação? Se tivesse me falado antes eu teria tirado uma porção de cordas do arranjo para ele deitar e rolar do jeito que ele sabe fazer."

    Dominguinhos ficou procurando de forma acanhada as brechas para gravar a sua sanfona. Isso foi em 2012. Logo depois, ele adoeceu e nos deixou. A gente acredita que "Vida de Peão" foi a última música que ele gravou antes da sua partida. Viva o mestre Dominguinhos!

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  17. Hayton, seu texto/homenagem a Dominguinhos me pegou de coração mole e sensível. Meu caçula completa hoje 15 anos. Dia de reflexões! Tempo passando rápido e aquele menino que era apenas um sonho está se transformando em homem no caminho do bem.
    Seu belo escrito torna ainda mais feliz o meu dia!
    Grato
    Beto Barretto

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  18. Concordo com Serginho, hayton escreveria uma biografia com mestria e pé nas costas. Dá licença, mas está frase é um primor:"Por ter o coração mole diante do sofrimento alheio, renunciava parcialmente ao pagamento dos mais necessitados.".

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  19. Quando conto, poucos acreditam. O primeiro show que assisti na minha vida foi do Gonzagão, no cinema da Vila Amauri, hoje debaixo do Lago Paranoá.
    Eu tinha apenas 14 anos. Grandes lembranças.

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  20. Agostinho Torres da Rocha Filho21 de fevereiro de 2024 às 11:18

    Concordo plenamente com o leitor Sergio Riede. A presente crônica, que poderia ser intitulada "ESSE ENTENDE DE PRECISÃO", deve ser tratada como "maravilhosa", mas uma inédita biografia do ilustre alagoano NENÉM escrita pelo autor do texto seria, certamente, uma verdadeira obra de arte literária. Tenhamos paciência! Tudo na vida toma forma a partir de simples rabiscos.

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  21. Excelente crônica. Na torcida, também, para que o Hayton assuma o desafio de biografar figura ímpar como foi o conterrâneo Dominguinhos.

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  22. Já havia visto o vídeo.
    .
    Lembro-me de ter comentado com minha esposa a postura de Dominguinhos. O “Mas ele tá precisando” revela o coração mole, ou coração grande, do excelente artista.
    .
    Trazendo a situação para o mundo corporativo, que conhecemos muito bem, fico imaginando os sujeitos de coração mole que “toleravam” a situação vivenciada por Dominguinhos e seus músicos.
    .
    Nem um nem outro se criava. A própria corporação se encarregava de deixá-los pelo caminho.
    .
    Nesse mundo não havia, nem há, espaço para quem desafina nas notas.
    .
    Precisamos de mais gente de coração mole no mundo.

    Dominguinhos faz falta.

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  23. Sem dúvida, Dominguinhos foi um dos "mestres dos mestres", com sua simpatia e sua humildade...
    E você, Hayton, enveredou muito bem nessa abordagem. PARABÉNS.

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  24. Um artista excepcional, como Dominguinhos, jamais deveria cair no esquecimento. Obrigado, Hayton, por nos fazer relembrar, através de uma crônica leve e agradável, que "Olha, isso aqui tá muito bom. Isso aqui tá bom demais". Basta fechar os olhos, acreditar e, ao mesmo tempo, esquecer, por alguns instantes que, nos dias de hoje, não é bem assim.
    A propósito, será bom demais estar, no dia primeiro de março, na AABB, com os amigos que você tem, aqui em Recife, e que são meus amigos também (sem querer ser pretencioso), para revê-lo e abraçá-lo. Venha, que a casa é sua! Como eu sou um dos privilegiados, que já leu seu livro "Uma estrada e a Lua Branca", vou fazer suspense. Depois eu conto, o que eu achei do livro.

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  25. Rica, preciosa crônica , repleta de curiosidades e informações sobre o magistral Dominguinhos . A crônica , seria ótimo prefácio para a obra , a biografia do Dominguinhos, a sua segunda obra da vida. Competência é conhecimento não lhe faltam.

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  26. Que bela história sobre gente do bem! Lindeza, Hayton! E saber que Dominguinhos não era só um artista grandioso, mas também um espírito amoroso, torna-o ainda maior. Sua crônica me reforça um pensamento que sempre tive: Amar ao próximo é o único mandamento que importa. Eu que acredito em Deus, penso que o mandamento maior e que realmente importa - à maneira semelhante com que você nos diz de seu objetivo em relação aos seus filhos - é que cuidemos uns dos outros; que nos importemos com outro irmão. E a atitude amorosa de Dominguinhos, relatado aqui, lembra o que São João Crisóstomo falou há centenas de anos: Devemos ajudar o próximo não julgando se merece ou não, mas porque precisa. Obrigada, Hayton, por mais esse inesquecível texto.❤️

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  27. Eu me acuso! Junto com Riede tentei convencer nosso já grande cronista a se tornar também um grande biógrafo. Sugeri livro, enviei vídeo, argumentei... Mas não fui feliz! E esta belíssima crônica mostra que tínhamos razão, como acharam também outros admiradores desta pena afiada e cada vez melhor. Com certeza seria um best seller!

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  28. Aposto que a biografia escrita por você ficaria espetacular. Afinal, já sabe tanto que os complementos viriam fáceis. Dominguinhos já deve estar torcendo lá no céu pra poder ajudar, afinal nisso ele sempre foi pródigo.

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  29. Ao lê a crônica desta semana, lembrei-me que, certa vez, encontrei o Mestre Dominguinhos na Loja Dalena do Shopping Recife tomando um café. A loja estava bem cheia e, sem reconhecê-lo de imediato, o gentil senhor me ofereceu seu assento, dizendo com um olhar cortês e sorriso doce, que já tinha terminado seu lanche. Depois que ele saiu da loja, foi que consegui reconhecê-lo e fiquei a pensar na nobreza das grandes almas: elas recebem dons de Nosso Senhor para deixar este mundo mais bonito e fazem seu ofício com amor, zelo e beleza, mostrando que o genial é simples. A beleza está na singeleza, na simplicidade. Anos depois, um outro Mestre, no ofício da medicina e da pesquisa científica também me disse: "Karla, Karla os grandes sábios são simples, não se acham superiores a ninguém. Procuram fazer sua tarefa com amor e zelo, conscientes de que tudo é dádiva divina que nos foi dada como concessão-empréstimo."

    Ao ouvir o comovente relato do Sandro sobre o baixista desafinado, lembrei-me daquele senhor gentil e cortês, com jeitão nordestino, que mesmo sendo um grande gênio no seu ofício, não se achava superior a ninguém.
    Mesmo após tantos anos, agradeço a Dominguinhos pelo grande ensinamento de simplicidade que deu a esta jovem menina que era uma estudante, hoje já não tão jovem assim, mas que se inspira em seres humanos como você para fazer o seu ofício com amor e zelo.
    Sei que o céu está em festa, pois está chegando mais um mês de junho, mês dos santos Antônio, João e Pedro, mês de forró, de comida boa, de fogueira, de festa em família, de alegria!

    Obrigada Hayton por nos trazer reflexões tão valiosas e que tanto nos ensinam e inspiram. Que o Senhor continue te abençoando!

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  30. Como escreveram alguns de seus amigos e amigas, leitores e leitoras, pode começar, desde já, a "datilografar" a biografia do saudoso Dominguinhos...

    Você vai tirar tirar isso de letra, de muitas letras...

    Não tenho a menor dúvida de sua capacidade, demonstrada em cada uma de suas deliciosas crônicas.

    Vai firme, meu amigo!

    Luiz Andreola

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  31. Dominguinhos era singular, ímpar.
    E não era só um cantor, compositor, músico de escol, além de um ser humano em nível de rara bondade. Por tudo isso e também pela alma sempre leve, alegre e bondosa, era também um personagem, desses que a gente cria na imaginação pensando não existir.
    Há muitas histórias sobre ele, cada uma com detalhes mais que curiosos, mas seguramente essa, cujo detalhe você cita na tocante, empolgante e singularmente bela crônica, é com certeza a mais emocionante.
    Interessante a sua resistência, quase medo em escrever a biografia do inesquecível Dominguinhos. De certo modo, você até a escreveu aí de forma compacta, fez um passeio rico por etapas de sua vida.
    Então, meu amigo, você está predestinado, terá que cumprir a tarefa, mais que isso, missão, conforme fica patente aí nos diversos comentários postados. Então se programe e encare, afinal você não se pertence mais.
    E tenha certeza de que o nosso saudoso personagem já está vibrando a esta hora, à espera de sua rendição. E com certeza estará presente na grande festa que haveremos de fazer pra o lançamento do que será a magnífica obra.
    Mãos à ela...

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  32. Muito bom. Aprendi mais um cadinho sobre esse grande músico (Dominguinhos).
    Obrigado, caro Hayton.

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  33. Que lindo! Adoro essa costura impecável de histórias 😍

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  34. M A R A V I L H A. Parabéns meu irmão.

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  35. Maravilha, grande Hayton!
    Fico na torcida pra que você siga considerando a hipótese de escrever essa biografia. Tem tudo pra ser uma obra maravilhosa.
    Lembro de ter visto trechos dessa entrevista que você cita no início da crônica. Ilustra bem a grandeza de Dominguinhos. Uma beleza!
    Já comecei a relembrar a obra desse gênio da música, graças a mais uma provocação do amigo Hayton. Olha aí o bem que você faz meu amigo!
    Encontrei até uma entrevista no Jô em que Dominguinhos explica a diferença entre o Nordestino e o Gaúcho na maneira de tocar acordeon
    Obrigado Hayton!

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  36. Este comentário foi removido pelo autor.

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  37. Parabéns por relembrar essa figura genial. Você sabe que ele não viajava de avião e lembro que em uma das suas viagens de carro indo do setentrional para o meridional, não teve como escapar da minha região, mas precisamente de Barreiras BA. Foi lá que ele me disse, ou a cantou pra mim bem de perto que "amigos a gente encontra, que o mundo não era só ali, que as coisas que eu tinha ali também teria em outros lugares, que havia fronteiras por desvendar e que ninguém poderia dizer que eu tinha me perdido, que se o calendário acabasse, eu fizesse o tempo voltar e finalmente me disse que eu poderia está certo de que estaria comigo a guia de quem soubesse me amar".

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  38. Meu Amigo Hayton, suas crônicas, cada dia que passa, uma melhor que a outra. Obrigado por Nos presenteia com uma leitura leve, envolvente, rica em conteúdo, dedicação e enriquecedora. Parabéns.

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  39. Hayton, embora você resista à missão, aguardamos o maturar da escrita da biografia. Nós, seus amigos, não poderíamos tal feito , se você não fosse o indicado e capacitado para esse fim. Como bem disse um dos seus leitores, o Agostinho Torres: é preciso que tenhamos paciência, o rascunho já está pronto.
    Torço para que você encare o desafio. Talento e coração sensível não lhe faltam. Vamos ter paciência.

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  40. Correção: em vez de "poderíamos", leia-se "pediriríamos".

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  41. Parabéns Hayton! Pela crônica? Claro que sim! Como sempre, uma obra prima! Mas também pelo aniversário!!! Muitos e muitos anos de vida com incontáveis publicações!

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  42. Muito bom, como sempre! Parabéns, Hayton.

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  43. Dominguinhos foi um monstro sagrado da música brasileira: baião, bossa-nova, choro, forró, xote e jazz... Esse era brabo!

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  44. Mestre contando a vida de um mestre! Oxe…

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