Ilustração: Uilson Morais (Umor) |
Depois de quatro décadas nas entranhas de uma organização bicentenária, colecionei expressões impagáveis que só quem viveu esse ambiente entende. Em uma empresa tradicional cuja marca no Brasil é sinônimo de "banco", parte do repertório remontava às grandes guerras do século passado:
Bateria – área dos caixas.
Plataforma – área de atendimento aos clientes.
Retaguarda – setor responsável, então, pelo processamento dos documentos gerados na Bateria.
Ajudante de serviço – cargo comissionado parecido com ajudante-de-ordens, espécie de secretário pessoal de um oficial militar, da polícia ou do governo.
Pé-na-cova – abono concedido a funcionário prestes a se aposentar, mas que a empresa preferia manter por mais algum tempo.
As confusões que esses termos criavam também eram inesquecíveis. Um caso famoso ocorreu na Bahia, quando um caixa orientou um cliente a procurar a "Plataforma" para resolver seu problema. O cliente, achando que se referia ao bairro Plataforma, pegou o ônibus até o subúrbio de Salvador.
Códigos como o modelo 03/14 – uma folha A-4 usada para correspondências e contratos – eram corriqueiros. Mas, para rabiscos rápidos, um caricaturista genial “inventou” o modelo 03/07: a folha A-4, cortada ao meio.
Para arquivar, utilizava-se o grampo trilho metalizado, conhecido como "macho-e-fêmea", um termo mais revelador de carências afetivas do que da função do material.
Outra expressão picante era "gozar no papel". Quando alguém chegava ao prazo fatal para gozar férias, mas não podia se ausentar, a solução era registrá-las formalmente, porém seguir trabalhando. Depois, compensava com folgas, assinando a folha de ponto.
Esses códigos e jargões, criados para facilitar a vida, às vezes se tornavam verdadeiros enigmas. Por exemplo, "espelho", para designar o documento que especificava o ordenado bruto e suas deduções, para mim refletia bem mais que isso. Espelho, espelho meu, existiu alguém mais inconformado do que eu diante do salário líquido no começo de tudo?
Outro clássico era a “igrejinha”, um formulário com aba dobrável, usado para pedir documentos ou cobrar dívidas atrasadas. Tinha uma aparência quase solene, como uma convocação divina ao Juízo Final.
E o “cheque-ouro”, inovação dos anos 1960, onde o banco garantia o pagamento de cheques de alguns clientes, com ou sem fundos (os cheques, claro!)? Virou sinônimo de cheque especial, alívio para muitos, mas armadilha para outros tantos.
Quando passei pela área de RH, descobri outras expressões igualmente curiosas:
Esmolão – funcionário que perdia o cargo e aguardava, recebendo salário, por uma nova função. Quando transitava de um lugar para outro, sem cargo definido, dizia-se que estava "arrastando correntes" – uma imagem longe de glamurosa.
Sorvetão – alguém em situação análoga, mas sem perspectivas de reaproveitamento, cujo salário "derretia" em alguns meses até secar.
Mesmo usadas com humor ou resignação, essas expressões escondiam verdades incômodas: elas suavizavam dramas humanos profundos, de gente tensa e à espera de um destino incerto. Funcionavam como uma espécie de escudo, mas, no fundo, havia uma realidade implacável.
A história mais curiosa que ouvi sobre esses códigos e jargões me foi contada por um querido amigo. Antigamente, para apurar a reputação de uma pessoa, investigava-se por meio dos "influenciadores analógicos" locais, da igreja ao cabaré (normalmente, o mais certeiro nas informações), passando por barbearia, bodegas e botecos.
Meu amigo tinha uma fonte especial: um velhinho que sabia tudo de todos. Enquanto escutava sua fonte, ele resumia os relatos com números. Pares significavam boas referências; ímpares, más notícias. Por exemplo, 10, 12 e 14 eram sinônimos de honesto, bem referido, pontual em seus pagamentos. Já 09, 11 e 13 indicavam emitente de cheques sem fundos, paga com atraso, tem ações cíveis, criminais ou títulos protestados.
Certa vez, investigando um comerciante interessado em levantar um “papagaio” – outro jargão exótico para nota promissória –, o velhinho foi categórico: “Esse aí é 11, 13, 15... E olhe lá, hein?! Daqui a pouco chega a 19!”.
No fim das contas, na fala cifrada de uma organização ou nas palavras astutas de um contador de histórias, a verdade sempre acaba se revelando, mesmo que venha disfarçada de códigos enigmáticos.
E jargões podem distorcer ou suavizar, mas a essência das coisas vem à tona. Seja deadline ou pé-na-cova, a verdade sempre retorna, como um cheque sem fundos. Se é que ainda existem – cheques e verdades.
Cada universo tem seus "dialetos", são verdadeiras colchas de retalhos. No BB muitos termos foram criados e eternizados. Uma coisa é certa no referido banco tem "doidos", "cronistas" e vez por outra "bancários".
ResponderExcluirE tinha caricaturistas, chargistas, compositores, músicos e pintores reunidos numa única alma, como meu genial amigo Uilson Morais (Umor), que mais uma vez ilustra um texto meu.
ExcluirMeu caro amigo, ilustrar seus textos é de uma satisfação muito grande. Seus trabalhos têm a excelência de quem sabe o que diz e um profundo conhecimento do universo à nossa volta. E quando se trata de fatos que nos ligam ao dia a dia de nossa antiga casa de trabalho, o BB, isso nos aproxima cada vez mais das hilárias e gratas lembranças daqueles tempos. Afinal de contas, aquilo parecia mais com os bastidores de um teatro do que mesmo com um ambiente bancário - exageros à parte -, dada a multiplicidade de características de cada um dos partícipes, chamados, indevidamente, às vezes, de bancários. Realmente, tinha de tudo, até bancários! Tive a felicidade de poder participar daquela convivência e, hoje, me dá um enorme prazer lembrar de ter vivido ao lado de tantas figuras de enorme singularidade, como você, por exemplo. Obrigado pelas palavras, meu caro amigo Hayton!...
ExcluirBom dia
ResponderExcluirTudo bem ?
Lembrei-me da palavra boneca - usada numa minuta de um documento bom, ou seja, que poderia ser aproveitado com pequenos ajustes.
Monstro ou monstrengo - minuta de doc ruim , esdrúxulo … que nao poderia ir p frente!
Lembrancas do serviço público!
Trabalhava na “retaguarda” em uma bateria que atendia clientes diversos. Certo dia recebi uma senhorinha que viera em busca de um depósito que, segundo ela, deveria ter sido feito. Vasculho ali, vasculho ali e nada… liguei para o CESEC e de lá veio a explicação. Sem me dar conta de que a cliente nada entendia de jargão bancário eu disse a ela: o lançamento caiu na vala… e ela sem titubear, de mãos na cintura bradou: pois arrume uma escada, uma corda, pule e entre lá nessa vala e traga meu depósito
ResponderExcluirUma história reveladora dos anos de aprendizado em uma instituição secular, reveladora de que as instituições, por mais conservadoras, e as pessoas que lhe dão vida, são capazes até de criar um dialeto próprio. Lembrei-me que houve uma época de vacas magras, em que o “espelho” era também chamado de “cebolinha”, porque as pessoas o pegavam e “choravam”. Parabéns por revelar esse lado interessante da instituição BB.
ResponderExcluirLembrando da Burrinha, que era uma folha de papel com soluções passadas para resolver problemas do dia a dia. Walmir Figueiredo
ResponderExcluirFaltou o envelope redondo para carta circular, normalmente, uma peça pregada nos novatos…
ResponderExcluirBoas lembranças dos ricos jargões de nosso glorioso BB.
ResponderExcluirAté hoje, não sai da minha cabeça a danada da 06.13 e do BAL utililizados no para cadastramento de operacões e acertos no ESCAI. Êta que o trem era leitura òtica e as correções eram muitas.
Outro bicho danado era quando falavam: tome cuidado com a Funci 7.2 1. Era para as pernas tremerem.🤣😂
Simbora rumo à próxima quarta. 🤝
E o Girimum?
Excluir“Quanta lembrança, quanta saudade”. Com a chegada do computador, substituindo a “ficha do cliente” era comum informar o cliente que seu crédito tinha caído na “vala”. Ou aquela famosa frase ao cliente: “seu papagaio venceu” o que provocava respostas diversas e uma bem inspiradora: “nem sabia que ele tava na competição”.
ResponderExcluirValeu amigo Hayton.
Lembra de quando você me contou que, na sua terra, onde além de Hübner, havia muitos Müller, Anschau, Schneider, havia uma máxima para descrever o problema dos tedescos.: “O problema do alemão é 3 “X”: Xuro alto, Xeque de ouro e o Xerente do panco”.
ExcluirHavia um quarto X depois que a profissão mais antiga se tornou conhecida naqueles cafundó: XINAREDO kkkk
ExcluirEram tantos os jargões que quando a gente pensa que vc falou de todos aparece o “oitavado” e diz: faltou eu aí!
ResponderExcluirMas muito bem lembrado! Nelza Martins
Opa! Já descia a tela pra reclamar pelo “oitavado”. Esse é um hábito que mantenho até hoje, em casa e no banco: sempre os oitavados por perto. Herança bendita!
ExcluirEsse não tem como esquecer. Até hoje alguns me chamam de "oitavado". Francisco Oitavo.
ExcluirEssa crônica de hoje me transportou ao tempo em que comecei a trabalhar no Banco, início da década de 70, quando tudo era feito no serviço braçal, contávamos apenas com algumas máquinas como NCR, calculadora FACIT, a velha máquina de datilografia, telex, faça. Outra coisa que não posso esquecer são os laudos de fiscalização da CREAI, onde encontrávamos histórias como aquelas em que o mutuário fugiu montado na garantia e, por aí vai.
ResponderExcluirFica aí a dica para uma próxima crônica.
Trabalhei na retaguarda
ResponderExcluirFui caixa na bateria
Fiz tudo na grande empresa
Em que trabalhei um dia
Fui até advogado
E hoje aposentado
Tudo de novo eu faria.
Oitavado, liga, implantador, homi-da-capa-preta, chapinha, salientador, posto efetivo etc etc
ResponderExcluirBem lembrados, Seu Vivi! Mencionei apenas alguns porque tento me conter, toda semana, em cerca de 800 palavras por texto. Claro, irão surgir dezenas de outros códigos e jargões capazes de nos transportar para momentos importantes. Afinal, como gosto de dizer, ninguém sabe o valor de um momento até que se torne uma memória.
ExcluirLembrou-me das "estórias" do BIP. Quando os lançamentos eram efetuados utilizando a NCR, separávamos os cheques e depósitos em ordem alfabética, utiliizando o "jacaré". Depois inseríamos os documentos entre as fichas gráficas para os lançamentos. A execução era muito manual, mas a tecnologia para quem não acompanhou a evolução, diminuiu a empregabilidade.
ResponderExcluirMuito boa. Não trabalhei em Banco, mas também numa empresa bicentenária que também tinha seus jargões.
ResponderExcluirEsse do grampo macho e fêmea que era para “ encaixar “ hoje os encaixes são diferentes, não sei se me fiz entender
Abraço
Valdery 1
Hayton você tocou num vespeiro! Quantas lembranças! E o AL que, para nós era um Aviso de Lançamento mas, na concorrência, dizíamos que significava o Amadeu Levou? Marina.
ResponderExcluirEu pude lembrar da cidade de Arcoverde. Vi muitos clientes desesperados quando procuravam algum depósito e recebiam a informação, passada por nós do CESEC, de que tinha “caído na vala”. Acho que para muitos aquele valor estava perdido para sempre. Lá em Arcoverde, também, vi os primeiros movimentos do banco em direção à tecnologia, quando o Excel talvez ainda nem existisse e nos começamos a usar o quatro Pro. Porém, independentemente dos avanços que se avizinhavam, havia um senhor na cidade, cuja memória era melhor do que qualquer computador doméstico da época. Em uma cidade com uma população relativamente grande, ele respondia, de pronto, guardado na memória humana, o telefone de qualquer morador do lugar. Até o meu, que era recém chegado, já estava naquela memória brilhante que sempre invejei.
ResponderExcluirUsei esse "serviço" quando morei em Arcoverde, Mauricio. Esse senhor era "seu" João, nosso Google na época. Seu numero telefonico era conhecido por todos. Era paraplégico, vivia numa cadeira de rodas, tinha uma memoria fantastica e seu serviço de informações tinha muita utilidade pra população.
ExcluirMuito bacana essas lembranças do nosso querido BB. Tínhamops, ainda, o oitavado, o alicate de puxar saldo, o 06/13 e outros tantos. Orgulho de pertencer a essa grandiosa "escola".
ResponderExcluirComecei nessa mesma instituição batendo "partidão" , localizando lançamentos "caídos na vala" e preenchendo "06-13"
ResponderExcluirEra hilário e cruel ao mesmo tempo ver a cara de desespero de um velhinho depois do caixa dizer que a aposentadoria dele tinha “caído na vala” kkkk
ExcluirSobre Códigos e Jargões - Mais um texto do amigo das quartas-feiras. A propósito, esse foi um texto bastante interessante e original, pois deslocou o leitor para momentos especiais vividos há algum tempo e que, por conta do tempo, já estavam ficando esquecidos. Para mim, especialmente, é fato, porque aos 83 anos de idade, está difícil segurar a memória. Muitos termos já estavam esquecidos, além de outros desconhecidos. No entanto, teve o condão de relembrar e reviver bons momentos vividos há um considerável tempo.
ResponderExcluirFoi muito bom. Valeu!
Eita! Viajei no tempo... Tempos do BIP e de suas "Hístórias não Escritas". Houve uma "historia" impagável. Nao sei se foi verdade ou criatividade do autor: Escriturário precisou pagar um serviço feito no prédio: Retirada de um rato morto do teto da agencia. Sabendo que o Sub-gerente era muito rigoroso com despesas, fez o seguinte histórico na partida: " Pago valor ref. a retirada de animal morto no teto, conforme couro do rato anexo."
ResponderExcluirMeu amigo Hayton, as lembranças de um passado no banco são repletas de momentos marcantes e significativos. Recordo de tudo isso, desde os meus 1 ano e meio de trabalho no antigo BANEB. Lembro das interações que se transformavam em amizades, das risadas trocadas com as nomenclaturas citadas.
ResponderExcluirEssas memórias, repletas de gratidão e aprendizado, construíram não apenas uma carreira, mas também um capítulo importante da minha vida.
Lembro-me de todas as citadas na crônica e muitas as dos comentários. E quem não lembra da expressão "Puxar a Capivara " do indivíduo, pra saber se o dito cujo tinha algum B. O. ? kkkkkkk
ResponderExcluirMais do que provocar minhas lembranças, o que você faz muito bem, fiquei nostálgico. Diniz.
ResponderExcluirBons tempos aqueles...
ResponderExcluirTudo isso é pra quem trabalhou em agência. Quem tomou posse direto na DG não sabe dessas coisas.
E sabe o que quer dizer DG?
Uma dica: tem uma ligação da direção geral.
É a esposa do funcionário telefonando!
Emílio.
Devo confessar que trabalhei na bateria, plataforma, retaguarda, fui ajudante de serviço, recebi esmolão durante 6 meses, mas não cheguei a receber pé na cova.
ResponderExcluirUsei muitas folhas de 03/14, mas senti falta, na sua crônica, do saudoso oitavado, aquela papeleta para pequenas anotações e recados, cujo tamanho era de um 03/14 dividido em 4 partes (teria sido o “avô” ou “pai” do “post-it”, mas sem a parte adesiva).
E nessa caminhada pelo “banco”, soube da trajetória de um colega (que pode ter sido contemporâneo de muitos Müller e Schneider). Ele havia tomado posse em Xanxerê, mas tinha trabalhado também em Xaxim, Xoaçaba, Xaraguá do Sul e tinha orgulho de ter chegado ao auge da carreira como Xerente-Xeral na maior cidade do estado catarinense: Xoinville.
O signatário do comentário acima sou eu, que vacilei na identificação! 😅
ExcluirSenta que lá vem histórias do BB. Além das heranças militares dos setores onde trabalhamos, também convivemos com muita gente despirocada. Lembro de um cabra que trabalhou comigo que possuia duas dentaduras. Ele dizia que uma era para namorar e a outra pra comer churrasco. Esse mesmo camarada também tinha duas companheiras. Certa feita, ele pediu transferência para Salvador e no dia da sua despedida, um outro colega encontrou uma das suas companheiras com pneu furado entre Ubaíra e Santa Inês. Deu-lhe uma ajuda na troca de pneu e disse que mais tarde a encontraria na despedida do seu dito cujo. Despedida de quem? A esposa sequer estava sabendo que o cabra ia embora. E na despedida, a companheira apareceu para lhe fazer uma surpresa. O resto da história a gente imagina como terminou. Outro caso desse cidadão foi na estréia de um menor estágio. Ele pegou um paralelepípedo e embrulhou num envelope pardo e pediu para que o menor fosse até o Baneb e entregasse para o gerente com um bilhete, dizendo que aquela encomenda era uma máquina de procurar diferença. O gerente do Baneb devolveu o paralelepípedo e ele fez com que o menor desse mais 3 viagens ao Baneb, até que um outro funcionário do Baneb sentiu pena do garoto e ficou com o trambolho. Outra história foi de um carioca que levou um ano trabalhando no BB e depois que entrou de férias nunca mais voltou. Esse comprou mercadorias no comércio de Ubaíra e pagou com cheque avulso pré datado. Como ele nunca mais voltou ao trabalho, o Banco foi obrigado a assumir o prejuízo. E haja histórias. Gilton Della Cella.
ResponderExcluirEsse mesmo Banco obrigava a gente a trabalhar com camisa branca de manga curta ou camisa social com gravata.
ResponderExcluirQuando liberou camisas de cores sóbrias eu fui trabalhar com uma listada com 4 ou 5 cores bem discretas e suaves.
O subgerente, uma especie de xerife para assuntos de costumes, me chamou na sua mesa e mandou eu ir em casa trocar a camisa:
- Seu Antonio Sergio, eu sei que o Banco liberou o uso de cores sóbrias. Mas não todas no mesmo dia e numa única camisa!
💭💭💭💭 O subgerente, nessa situação, até poderia fazer um trocadilho: O Banco liberou o uso de cores SÓBRIAS, mas hoje, na sua camisa, cores SOBRAM! 🤣🤣🤣🤣🤣
ExcluirÓtima sacada, Silas? Kkkkk
ExcluirNos próximos relatos que fizer, vou roubar tua ideia e colocar esse comentário na boca do subgerente.
Afinal, como diria o “filósofo”Nelson Rubens, eu aumento mas não invento!! Kkkkk
No dia da minha posse estava vertido com calças jeans e cisa polo azul e fui chamada à atenção pelo Gerente Adjunto que eu deveria utilizar roupas com cores sóbrias: respondi incontinenti que tinha apenas aquele tipo de roupa e nem sabia que haviam cores bêbadas...kkkk.
ExcluirEle me orientou a ir numa loja e comprar roupas novas e eu solicitei um adiantamento do salario...kkk
Oitavado com quatro lados, pra ficar bem claro ……….rs
ResponderExcluir
ResponderExcluirLembrei do apelido de uma esponjinha molhada que umedecia os dedos dos caixas e facilitava a contagem de cédulas: “bolsinha" ou “buc… tinha” (versão impublicável).
No final dos anos oitenta, recebendo o movimento da feira do fim de semana, essa deletéria ajudava e muito na contagem do depósito.
Hoje, tem máquina que conta, independente de valor e tipo de moeda (euro, dólar ou real).
O texto de hoje está impagável, mas a leitura dos comentários, complementa aquilo que dificilmente poderia ser melhorado.
ResponderExcluirPois é... Hoje todos estão surfando nas boas lembranças de nosso BB. Quantas histórias...
ResponderExcluirPor seis anos trabalhei como Assessor na PRESI e, um dos presidentes que por lá aportou, pediu um parecer em "UPA". Pergunta para um, para outro e ninguém soube decifrar em que "liguagem" seria esse documento. Já sem alternativa, fui até o homem e perguntei objetivamente. Após a sonora risada do "Chefe", disse que o parecer deveria ser em "uma página apenas"... E, assim, toda a diretoria assumiu essa nova sigla...
Recordando...
ResponderExcluirLembro do oitavado, papel utilizado para breves anotações, que, penso, correspondia aa oitava parte de uma folha de ofício.
E, quem diria, o glamoroso cheque-ouro, virando jargão, que, aos mais jovens, precisa ser explicado do que se trata.
É a evolução dos tempos...
Ainda, as designações plataforma, retaguarda, bateria, ajudante de serviço, chefe de serviço etc são expressões, quiçá jargões, trazidas do sistema militar, o que, pelo menos na república velha, muito inspirava a estrutura do país.
A abordagem da crônica, de fato, traz boas lembranças, notadamente para quem, em regime de esmolão, usufrui o pé-na-cova...
ResponderExcluirQue bom recordar todos esses jargões. Retorna-nos a um tempo bom, agradável e saudoso.
Lembrei-me de vários, inclusive do "talo verde", quando o cliente estava devedor e não podia pegar o talão de cheques.
Detalhes que ilustram histórias de um BB gigante e de todos que lá passaram. Excelente Hayton !!!
ResponderExcluirÓtima crônica, Jurema!
ResponderExcluirFez-me lembrar de um colega que trabalhava na agência do BB em Bom Jesus-PI. Sempre que encontrava alguém sem esposa/esposo ele exclamava: “você está 0.17.019”, referindo-se ao código do modelo do cheque avulso.
Estimado Hayton parabéns mais uma vez pela excelente narrativa, e que memória, eu diria fotográfica, onde você menciona dezenas de jargões, modelos de expedientes, etc
ResponderExcluirenfatizando o dia a dia da nossa jornada de trabalho que tinha como foco, à época, retribuir a nossa maravilhosa remuneração para isto exigia raciocínio rápido para aprovação.
Pois a prova era fácil, porém teria que ter raciocínio rápido, e além disto os quesitos menos acertados eram mais valorizados.
Boas lembranças dos nossos ricos jargões do nosso glorioso BB.
No seu penúltimo parágrafo você menciona a palavra verdade.
Mesmo diante de tantos jargões regionais, diante da magnitude da nossa empresa Ela primava pela obediência, disciplina, retidão , justiça e equidade procedente da VERDADE…
Qualquer tentativa de desobediência, falcatrua, enfatizava-se OLHAR cuidado com a CIC FUNCI 7.2 1. Era de tremer as pernas.
Vem à memória quando o apóstolo Paulo escreve sua carta aos efeseos que menciona:
“e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.”
Efésios 4:24 ARA
https://bible.com/bible/1608/eph.4.24.ARA
Abraço
Que Deus nos abençoe
Tempos idos e vividos. Na falta do modelo próprio, 03/14. Era assim que a coisa funcionava. Oitavado servia pra tudo, imagina se já existisse o post-it... O tempo acaba com o romantismo. Que pena.
ResponderExcluirUm dia, em 1983, um Implantador chegou na recém inaugurada Agência de Rondon do Pará, para "implantar" um equipamento de lançamentos "mais moderno" (infelizmente, não lembro o nome da "máquina"). Feita a instalação e realizados os ajustes, ele reuniu todos os funcionários da Agência, para explicar o funcionamento da tal máquina. A primeira pergunta que ele fez foi: "Vocês sabem o que é 'buffer'?". E, antes mesmo que alguém conseguisse esboçar uma resposta, ele concluiu: "Pois esta tem dois!!!...". E seguiu, "despejando" seu "tecniquês", com muitos "jargões" próprios dos Implantadores...
ResponderExcluirOh como gostei de passear por entre esses termos que já usei tanto, bateu uma saudade danada. Você esqueceu da “burrinha” para quem tinha preguiça de ir no LIC. Rsrs
ResponderExcluirCreio que você quis se referir à CIC, em vez do LIC, Perpétua, pois, no tempo deste, a consulta aos normativos já estava tão facilitada que não havia mais lugar para a "burrinha", SMJ, pra não esquecer da sopa de letrinhas que eram as siglas!
ExcluirNão canso de repetir; você não é só um cronista de brilho singular, é também um contador de histórias, mais que eclético, não tenho dúvida de que faria sucesso também como Diretor de Cinema.
ResponderExcluirA prova maior é o fato de despertar tantos comentários, muitos que até provocam hilaridade incontrolável, como acontece com essa crônica de hoje.
A propósito, mesmo sendo difícil indicar um como o mais provocador de riso incontrolável, arrisco fazer a escolha, firmo-me no de Isamusa, imagino como até hoje o episódio marca os que o presenciaram, bem como a agonia que dela se apossou no momento.
Quero também fazer o registro de um detalhe que parece não ter sido percebido por muitos, até por você.
Refiro-me à origem e ao porquê dos nomes que titulavam algumas áreas internas das agências do BB, bem como alguns papéis e instrumentos de trabalho dali.
Há quem diga que a coisa se derivava da cultura militarista que presidia as relações de trabalho, a férrea disciplina imposta a "nosotros". Assim, tínhamos PLATAFORMA, BATERIA, RETAGUARDA - como você registrou - , mas também o inesquecível CARIMBO-TANQUE, que faltou em sua lembrança.
Por fim, um episódio vivido por mim, que por sua singularidade tornou-se indelével em minhas memórias.
Era eu CHEFE DE SERVIÇO - à época o título era esse - da Carteira Rural, na agência de minha querida Itaberaba.
Época de tomada de proposta pra plantio agrícola, um colega traz a minha presença um senhor bem humilde, ruralista, lavrador mesmo, que queria tomar um financiamento pra plantio, uma vez que passara a existir o PROAGRO, o que fazia acabar o medo de perder a lavoura pra a estiagem e não poder liquidar o financiamento.
O colega falou-me reservadamente que a confecção do cadastro do pretenso cliente, constatou a existência de um PROTESTO DE UM TÍTULO CAMBIAL de sua responsabilidade, em outro Banco.
Ao conversar com o cidadão pra explicar-lhe a dificuldade em atender sua pretensão, o que fazia com a maior calma e simplicidade que conseguia, pra evitar constrangimentos, não tive como evitar o esclarecimento - um título seu fôra protestado, o que impossibilitava o financiamento.
Estupefato fiquei foi com sua reação. Com toda delicadeza e humildade, falando bem baixinho, revelou seu desapontamento, dizendo mais ou menos assim: "POIS VEJA O SENHOR, TODO ANO EU VOTO DIREITINHO, FAÇO COMO ELES MANDAM E ELES FAZEM ISSO COM MEU TÍTULO"!!
Não tive dúvida, chamei o colega e disse - pode tomar a proposta dele, o protestado deve ser seu homônimo...
Desculpe, irmão, não podia deixar de registrar isto numa oportunidade desta, aínda que reconheça que chateei.
Grande abraço.
O oitavado, tão lembrado aqui nos comentários, não à toa tinha esse nome. Ele representava ⅛ do papel carta, (03.14), A4. O A5 é a metade do A4, o A6 é ¼ e o A7 é ⅛.
ResponderExcluirApós várias tentativas com uma senhorinha para cadastrar a senha para que ela retirasse o benefício do INSS, informamos que ela deveria guardar bem o número para os próximos saques, ela simplesmente pegou o PIN e guardou na bolsa, não deu pra segurar a risada.
ResponderExcluirAS AMARELINHAS, era na verdade uma alcunha mais regional. Nos idos de 1962/1963, fui ajudante de serviço da CREGE e os lançamentos de debito e credito eram lançados nas contas dos clientes nessas benditas folhas, com escrita manual. Ao final do mês ao somá-las para "bater" o total com o saldo apresentado em balancete, notamos uma diferença. Passamos quase 8 dias reconstituindo a movimentação das contas correntes para descobrir o que ocorreu. De repente aparece um cliente, sertanejo, agricultor do interior do Município de Jacobina (BA), considerado um bom cliente, com uma ficha amarela em mãos e nos disse: "Está tudo certo, vocês não erram". Era justamente a nossa dor de cabeça...
ResponderExcluirSuas crônicas, sempre nos traz ótima reflexão sobre a vida; agora um regresso a tempos ótimos. Veio a mente o BIP, vida que segue.
ResponderExcluirCaro Hayton, excelente sua crônica!! Valeu muito.
ResponderExcluirAgora uma pergunta pra galera do “Chat”:
Alguém aqui já fez “janela em balancete “?
Contém aí…. Janice.
Fiz muito.
ExcluirJá fiz muita.
ResponderExcluirDurante mais ou menos 2 anos trabalhei no balcão de informações do Sedan-Rio, um prédio de 41 andares. Éramos 2 funcionárias para orientar os que chegavam e precisavam de encaminhamento aos diversos serviços que lá existiam, na época 100% BB. Um dia chegou uma senhora, apavorada, pois um lançamento em sua conta tinha sumido e a agência a tinha mandado procurar na 'vala', no nosso prédio. O pior foi a cara de desespero: "Por favor, meu dinheiro sumiu e minha agência disse para vir aqui pois caiu na 'vala negra'!!!" E não dava para rir, o negócio era engolir em seco e acalmar a pessoa dizendo que a vala não era negra e nem era vala, era só uma expressão... Daquele balcão tenho muitas histórias...
ResponderExcluirCrônica maravilhosa. Mas o que dizer desses comentários?! Riquíssimos em conhecimentos, histórias e muita saudades.
ResponderExcluirAlguém lembra das “ partidas “… usada para fazer transferência de uma conta para outra… única ferramenta capaz de tirar os depósitos da vala.😂😂😂
Ótimas reminiscências. Ótimas histórias não contadas do Banco do Brasil.
ResponderExcluirSó que esta, com algo mais que só os grandes contadores de casos conseguem contar, despertando as boas lembranças corporativas da universidade BB.
Lembrei de um monte de coisas, complementadas nos comentários.
Quando assumi na Agência Centro Maceió precisei voltar para casa para trocar de roupa, pois o Subgerente não permitiu que trabalhasse de calça jeans e camisa de manga curta.
Trabalhei na Plata e na Retag, das Bater dos Caiex, somando papéis e batendo partidas e orpags expedidas e recebidas via fone e depois telex.
Eu e outro colega criamos a nossa burrinha com históricos bem legais, para facilitar e saber do que se tratava. Resgates, aplicações em RDB, CDB, interdepartamentais etc.
O Ajudante de Serviços só fazia rubricar. Certa feita o Ajudante escondeu nossa burrinha.
Aí a gente voltou para os habituais e criativos históricos no 01/01: “Importe que se transfere da primeira para a segunda das contas acima” ou “Importe que se transfere da segunda para a primeira das contas acima”.
A burrinha apareceu ligeirinho.
Mas foram bons tempos. Tempo, tempo, tempo...
Hayton, que delícia essa viagem no tempo. Naqueles tempos analógicos do “Banco”. Exatamente como você registrou: Basta dizer Banco, até hoje é assim aqui em casa, em que eu e o marido somos aposentados do Banco. E havia melhor coisa em nosso tempo que “juntar os espelhos? Receber duas “ajudas-alimentação”?
ResponderExcluirMuito obrigada por esse presente cheio de memórias afetivas.
E muito obrigada aos colaboradores-comentaristas, enriquecedores dessa crônica já tão rica.
Inicie minha carreira como Menor Aprendiz na Agência Centro Rio, ou ACRIO, como denominada ah época, assim como todos os setores de lá tinham sua identificação com 5 letras, tais como SEORO, MACEN, PADIV, RETAG e tantas outras siglas. Me recordo que alguns chamavam os menores, com aquele uniforme azul claro de "fusquinhas" , andavam muito e "gastavam" pouco, fazendo alusão ah economia que o Banco fazia pela mão de obra barata.
ResponderExcluirGrande escola. Tive a grata satisfação de iniciar e encerrar minha jornada profissional nessa Instituição.
Fui lendo sua crônica e um filme ia passando na memória. Nunca me esqueci dos oitavados- papel A4 - dividido em 4; dos slips; 06.13; chama homem - papel verdinho com o nome do "mutuário" que enviávamos para chamar o meliante. Ainda na Bahia, me lembro de alguém dizer ao cliente que o seu pedido estava ainda no CESEC e o coitado saiu procurando o tal do Seu Zeca que estava segurando o papel dele...
ResponderExcluirSao muitas lembranças... e t7nha também as pegadinhas com os novatos que rodavam agência procurando envelope redondo para carta circular.
Meu Deus! Quantas mudanças vivenciamos...boas lembranças.