Na semana passada, publiquei neste espaço uma crônica sobre códigos e jargões corporativos que fez alguns leitores voarem de teco-teco pelo passado, cada um revisitando seu próprio álbum de figurinhas.
Ilustração: UMOR (Uilson Morais) |
Mal deu sete da manhã, e lá estava Seu Vivi, leitor assíduo, alertando para a insuficiência de meus achados: “Faltou coisa aí, hein!” Trouxe uma lista das boas e velhas memórias: o “oitavado”, o post-it raiz sem cola, perfeito para rabiscos e recadinhos internos; a “liga”, a borrachinha que unia pacotes de cédulas; e o “posto efetivo”, aquele cargo inicial que soava quase como sentença perpétua.
Outro leitor, Avelar, lembrou-se de um colega da agência de Bom Jesus (PI), que, ao cruzar com alguém solteiro, soltava: “Você está 0.17.019”, referindo-se ao código de um cheque avulso. Já Jaílton evocou o “talo verde”, aquele cartão de alerta na Bateria para que os caixas segurassem o novo talão até resolverem uma pendência.
Esclareci que só citei alguns exemplos para caber nas 800 palavras de sempre. Mas, claro, dezenas de outras expressões poderiam nos teletransportar de volta no tempo. Afinal, como costumo dizer, ninguém sabe o valor de um momento até que ele vire memória.
Falando em memória, a crônica rendeu pérolas como a do Maurício "Jacaré", que desabafou: “Já vi cliente quase arrancando os cabelos ao saber que o depósito havia ‘caído na vala’ – um lugar onde acumulávamos pendências de processamento no CESEC Arcoverde”.
Quatro dias depois, Maria Fernanda trouxe outra história: “No Sedan-Rio, eu orientava pessoas perdidas entre os 41 andares. Um dia, uma senhora desesperada chegou: ‘Meu dinheiro sumiu, mandaram procurar na vala negra!’ Engoli em seco e expliquei que a vala não era nem negra, nem vala…”
Já o Antonio Sérgio, de Brasília, relatou que, quando o banco liberou camisas coloridas, ele apareceu com uma listrada em tons suaves. O subgerente, uma espécie de xerife dos bons costumes, chamou-o e, com a autoridade do cargo, sentenciou: “Antonio Sérgio, liberamos cores sóbrias. Mas não todas ao mesmo tempo, e numa só camisa!”. Silas, da Bahia, ainda completou: “O subgerente até podia fazer um trocadilho: liberamos cores sóbrias, mas hoje, na sua camisa, cores sobram!”.
Volney relembrou uma situação cômica em Itaberaba (BA), quando um humilde lavrador buscava um financiamento agrícola, confiante no seguro PROAGRO para enfrentar a seca. No entanto, ao revisar o cadastro, descobriram que ele era "responsável pelo protesto de um título cambial", o que impedia o empréstimo. Ao explicar a situação de maneira gentil para evitar constrangimentos, Volney ficou surpreso com a reação: o pequeno produtor rural, decepcionado, reclamou em tom respeitoso que "votava todo ano e seguia todas as regras, mas eles faziam isso com seu título”. Mas não declinou quem seriam “eles”, provavelmente, os de sempre.
Eu já estava satisfeito com a repercussão da crônica quando, na noite passada, um velho amigo esteve em minha casa e me contou a saga de seu concunhado, que esteve tão mal de saúde que a filha foi retirada das férias pela mãe, com uma mensagem curta e aterrorizante: “Pode voltar. De hoje seu pai não passa!”
Ao chegar aflita, no dia seguinte, encontrou o pai sentado na cama, distraído, sorriso no canto da boca. Havia lido a crônica e agora rabiscava uma lista de termos que a filha, coitada, não entendeu nada: denorex, arquivo-morto, alívio, reforço, cintado, cheque-de-viagem, dilacerado, genérico… “É esse que vai morrer hoje?” – ela indagou.
A filha não imaginava que, nos anos 1980, a propaganda de um xampu popularizou o bordão: “Denorex, parece remédio, mas não é”. Pegou tanto que virou expressão nacional. Assim, quando a empresa foi obrigada a abrir centenas de filiais da noite para o dia, criou-se um arremedo de estrutura que logo ganhou o apelido de “Denorex”: parecia agência, mas não era.
Ela também desconhecia que “arquivo-morto” não guardava relação alguma com os presos políticos desaparecidos durante a ditadura – era só um armário de documentos para expurgo. E “alívio” e “reforço”? Nada mais que transferências para a tesouraria da agência, equilibrando o excesso de dinheiro (ou suprindo as gavetas dos caixas) durante o expediente.
Já o infame termo “genérico” – derivado da indústria farmacêutica – designava funcionários contratados a partir de 1998, sem alguns dos direitos trabalhistas dos “dinossauros”, como férias de 35 dias, abonos por assiduidade e licenças-prêmio. Para a organização, custavam menos e produziam o mesmo efeito. Com o tempo, claro, conquistaram a inevitável isonomia de tratamento.
Pois é, mexer com esses assuntos – e coçar – é só começar. Os flashbacks não apenas resgatam o passado, mas permitem uma reflexão sobre como as memórias e o vocabulário corporativo evoluem, e como se entrelaçam com a identidade dos “sobreviventes”. Cada exemplo nos remete a uma realidade que, embora possa ter se transformado, deixou marcas duradouras em cada criatura.
Hayton, sensacional. Lembrei em Campina Grande, quando assumi como menor aprendiz que um senhor, chefe de supervisores, quase um semi-Deus, me pediu para pegar “papel redondo para carta-circular”, era um trote para novato, e cai direitinho.
ResponderExcluirNa crônica dessa semana
ResponderExcluirUm bom papel foi lembrado
Servia para quase tudo
E se escrevia um bocado
Era um papel menor
Seu nome eu sei de cor
Era o tal do oitavado.
Obrigado por eternizar memórias do Brasil profundo que nós tivemos o privilégio de conhecer e até ajudar a colocar, através do BB, alguns tijolos na construção de nosso querido país.
ResponderExcluirA forma como você explorou o rico universo linguístico do Banco do Brasil, desvendando os códigos e jargões criados pelos funcionários, é simplesmente genial.
ResponderExcluirSua escrita leve e divertida nos permite mergulhar nesse mundo particular, entendendo como a linguagem, além de ferramenta de trabalho, se tornou um elemento de identidade e união entre os colaboradores. Com o acréscimo de hoje ficou quase completa, pois tenho certeza que vão aparecer outras sugestões ao longo da semana.
Parabéns por esse trabalho! Você conseguiu transformar algo tão específico e interno em uma narrativa envolvente e acessível a todos.
Muito gostosa de se ler, essa crônica de hoje complementa a anterior. Mas, possivelmente, surgirá alguém que tenha trabalhado na antiga Creai e venha com mais jargões, porque até agora os que vieram foram quase que específicos da Crege. Aguardemos. Nelza Martins
ResponderExcluirÊta trem bão sô. Acordar e ler as belas crônicas que nos faz voltar no tempo e reviver as grandes riquezas da linguagem informal do conglomerado BB.
ResponderExcluirCoitado do Seu Zé, que eta tão xingado pelos clientes quando seus depósitos dormiam em uma bela vala.😂🤣😂
Muito bom. Viajei no passado.
ResponderExcluirHayton, você nos atiçou memórias maravilhosas. Não me fogem as do BIP, com as histórias não contadas. Cada caso mais interessante que o outro. Como aquele que vaticinava: "Cobra - Por ter sido mordido pela epigrafada..."
ResponderExcluirShow. Caso recorra à "burrinha", terror dos "implantadores", teremos nomes e fatos para fazer crônicas até 2025.
ResponderExcluirCaro amigo Ademar, a tal da "burrinha" foi tão insistente que acabou vencendo e, após a implantação do "NMOA", passou a figurar nos manuais de serviço sob a forma de imagem de "modelo" preenchido, o que fez economizar número infinito de páginas para o BB.
ExcluirEstou na “ ativa”, funci BB desde 2007 e alguns nomes e dizeres, ainda existem… pode crer… E ótimo texto…parabéns
ResponderExcluirCrônicas sempre bem vindas, de muita qualidade e instigantes, Hayton! Parabéns!
ResponderExcluirHoje ao ler essa crônica, lembrei-me do "esperado" -- pequeno arquivo contendo uma agenda formada com fichas com as atribuições de cada dia da semana -- e, fiquei a imaginar: o que será que você vai nos trazer na próxima semana.
ResponderExcluirParabéns por mais esse retorno ao passado. Kkk
Nessa viagem De Volta ao Passado, um dos comentários acima me fez lembrar de um juramento (trote) pelo qual passaram alguns colegas no dia da posse no BB.
ResponderExcluirCom a mão sobre um volume de CICs - Carta de Instrução Circular, o novo "posto efetivo" da agência fazia a leitura da seguinte "poesia":
A CIC É MEU GUIA,
A CIC É MINHA LUZ,
SE ME FALTA A LUZ DO DIA,
A CIC ME CONDUZ.
Deliciosa como a crônica da semana passada.
Luiz Andreola
CIC - Codificação de Instruções Circulares! Nunca fui muito a favor desses trotes. Ainda como menor-aprendiz, "abortei" vários, livrando colegas novatos das pulhas.
ExcluirHaja crônicas para publicar jargões meu amigo.
ResponderExcluirMuito bom e me fez lembrar da velha máxima que dizia que "na falta do modelo próprio, zero um, zero um (01.01)" . Se referia a um modelo de documento coringa que podia ser usado em substituição do modelo padronizado.
ResponderExcluirResgate muito interessante e bom, do Banco do Brasil de antigamente e, ainda, com muita coisa perdurando até os dias atuais.
ResponderExcluirNesse "álbum de figurinhas do passado" também cabem e estão envolvidas inúmeras histórias hilárias que, garanto, praticamente cada de um de nós, que por lá passou, tem guardada na memória.
Lembrar e rir ainda é bom.
Ao responder a um telex que chegava à agência, utilizava-se a expressão “Reseu telex …”, que significava algo como “em resposta ao seu telex”.
ResponderExcluirHayton acaba de inventar o “reseus”.
A crônica de hoje é mais ou menos um “Reseus comentários sobre a crônica da semana passada, tomem lá um complemento”!
Além da delícia e da qualidade dos escritos, o autor dá aula sobre como interagir com seus leitores.
Ao nos provocar, respondemos.
Em linguagem do BB de antigamente, poderíamos dizer ao Hayton.que “seu pleito logrou êxito!”
Maravilha, essa viagem ao passado (hoje parece meio estranho…)!
ResponderExcluirVocê percebe que já viveu bastante quando se sente em casa com esses “códigos”.
Reconheço-me em todos, exceto nesse estranho “talo verde” (que, para mim, seria de mamona, mamão ou taioba).
Parabéns!
Em relação a camisas coloridas, lembro, que em menos de uma semana de BB, fui trabalhar com uma camisa polo. O gerente perguntou se eu tinha lido a Cic Funci, capitulo sétimo. Falei que não. Ele então pediu que eu lesse. Ela descrevia como devia se vestir, como se comportar no ambiente.
ResponderExcluirBons tempos. Hoje nossa presidente dança na boquinha da garrafa. Pode?
Pra mim, essas lembranças são como “tatuagem” na minha mente.
ResponderExcluirRecordar (também) é viver!
Obrigado por mais uma crônica extraordinária.
Certamente, temas como este, renderiam muitas e muitas crônicas e boas risadas. A criatividade da turma do BB, com piadinhas, apelidos e criação de "rotinas" não inseridas em manuais, ajudou muito na construção, desse patrimônio do BB, que foram e continuam sendo seus colaboradores, carinhosamente conhecidos por funcionários.
ResponderExcluirExcelente crônica, que me provocou tenras lembranças, de quem começou como menor aprendiz e conviveu com quase todos esses jargões durante a carreira. Nesse vocabulário tão pitoresco, me recordo da "sonhada" máquina de procurar diferença.
ResponderExcluirPois é, depois que passa o prazo para o pedido é que a gente começa a lembrar das coisas. Almox, transmitir a custódia, sig entre outros. Bons tempos.
ResponderExcluirÓtima crônica, Hayton. Além das expressões comuns, havia também as da Rede e da DG, e tome nomes!
ResponderExcluirAbração,
Gradim.
Continuando a leitura dos comentários, lembrei-me de mais uma ocorrência contábil dos velhos tempos.
ResponderExcluirEu exercia o cargo de "Ajudante de Serviço", no SETIN, e era responsável pela conferência das "pequenas contas", cujos lançamentos na NCR, eram feitos pelo posto efetivo da equipe.
Num certo dia, o colega posto efetivo encontrou uma diferença no balancete diário e, para regularizar a pendência, ele me apresentou uma "partida extracaixa" com o inusitado histórico:
"IMPORTE QUE TRANSFERIMOS ENTRE AS CONTAS ACIMA, EM VIRTUDE DE SOBRAR NA PRIMEIRA EXATAMENTE O QUE FALTA NA SEGUNDA."
Haja criatividade...
Luiz Andreola
Soube que na Ag. Mata de São João -BA, antes de 1989, fizeram uma partida pra contabilizar a diferença de caixa com o histórico mais ou menos assim: PAGO valor da diferença a menor que procuramos, procuramos, procuramos e não localizamos.
ExcluirNão vi, me contaram!
“Relembrar é viver…” 👏🏼👏🏼👏🏼
ResponderExcluirParabéns, Hayton! Mais uma bela crônica, você ficou muito bom nisso.
ResponderExcluirBelas recordações que nos faz viajar no tempo e Eu me lembrei que na minha posse me fizeram pagar a assinatura do BIP e compraram uns biscoitos pra Eu servir o pessoal do Setor, tudo com muita alegria para permitir uma rápida integração.
Mais uma lembrança do século passado ...
ResponderExcluirDois colegas foram designados pelo Gerente para "levar o lucro" da Agência para ser entregue à COGER, na Direção Geral, em Brasília.
Os dois felizes selecionados para essa nobre tarefa chegaram a comprar ternos, em suaves 10 prestações nas Casas Pernambucanas.
No dia 2 de janeiro de 197x, chegaram cedo à Agência, assinaram o Termo de Recebimento, pegaram o "malote" com o "lucro" e foram levados ao aeroporto da cidadezinha (na época conhecido como campo de aviação), no Ford Corcel amarelo do Fiscal da CREAI.
No campo de aviação, esperaram por mais de duas horas e, como não apareceu nenhum "teco-teco", retornaram à Agência e devolveram o malote ao Tesoureiro...
Felizmente conseguiram devolver os termos e cancelar os carnês das Pernambucanas (o gerente da loja havia sido informado pelo Gerente da Agência a respeito da futura viagem que não se consumaria).
Luiz Andreola
Imagine um funcionário trabalhar de calca jeans e ser mandado de volta pra casa. Isso aconteceu comigo. Imagine um supervisor obrigar os recém empossados fazerem hora extra sem ganhar um centavo. Pois é, isso também aconteceu comigo. Claro que essa gente escrota vivia também no BB e muitos eram respeitados por serem impositores. Dessa gente sempre quis distância, embora fosse exceção. A verdade é que a maioria esmagadora dos colegas era gente muito boa com quem até hoje divido as minhas alegrias e tristezas. O BB sempre foi uma grande família e como uma grande família a gente tem
ResponderExcluiruns poucos com quem não divide a mesa. Esses eu tolerei como colega, mas não os quero como amigo. Gilton Della Cella.
Ah, lembrei de mais uma: Quando alguém errava um lançamento no Escai, usava-se a expressão "Tem que fazer o desfazimento", kkkk
ResponderExcluirMinha gente, é capaz de sair uma terceira crônica na próxima quarta-feira. Uma maravilha!
ResponderExcluirEssas doces e divertidas memórias podem nos curar, como nos conta Hayton. Acredito nisso.
E o nosso contador de histórias faz outras aparecerem, contagiando e explorando os porões, armários e gavetas onde armazenamos tantos registros bons.
Parabéns, Hayton!
E o cheque de quem não tinha status para um cheque ouro, como eu nos primeiros anos de cliente BB? Fiquei feliz quando deixei de ser “goiaba”, como a turma do BB nos chamava.
ResponderExcluirQue delícia de texto.
ResponderExcluirAvivou-me a lembrança de bons e velhos tempos.
Acabei de ler o texto da semana. Como na semana passada, reminiscências de tempo que não volta mais. Parabéns!
ResponderExcluirBoa tarde.
ResponderExcluirEstas histórias me fizeram lembrar do formulário 20/90, muito conhecido por volta de 1980, com quem trabalhava no setor de cadastro, onde iniciei carreira em Palmares PE.
Pois bem, região com monocultura canavieira, violenta e de muitos fornecedores de cana de açúcar para usinas.
Dentre os fornecedores, havia um senhor corpulento, com características de coronel sertanejo, contumaz passador de cheques sem fundos e outras restrições anotadas na ficha 20/90, porém mesmo assim havia interesse da Agência em manter bom relacionamentos.
Sempre trocávamos informações com outros bancos e comércio local, então certo dia pedem informações sobre o sujeito e então saquei o formulário e dei tudo que estava registrado.
Não durou uma semana e o fornecedor aparece bufando na Agência, então para contornar a situação o chefe do cadastro aliviou a barra dizendo ser culpa do 20/90 da Agência, então não era pessoal daquela pessoa de importância e sim de uma ficha do passado.
Assim fui matutando na carreira bancária e na vida.
Aconteceu comigo! Meu primeiro dia na "CREAI" e segundo dia, no "Banco". Cheguei bem antes do horário. Apresentei-me ao "Supervisor", que me disse, que havia muita coisa para aprender, mas que, para começar, eu iria fazer o mais simples, que era atender os "clientes" que chegassem no "balcão", todos "postulantes" de "empréstimos rurais". Seria coisa simples. Bastava pegar um "oitavado" (diante do meu olhar cheio de dúvidas, entregou-me um e disse que era um papelzinho de anotações), anotar o nome do "Cliente" e o que ele queria. Feito isso, era só ir até a mesa dele ("Supervisor"), que ele me orientaria sobre o que fazer, ou seja, eu iria "aprender, fazendo".
ResponderExcluirNa abertura do expediente, chegou no "balcão" um único "Cliente". Ele não era privilegiado em altura. Cumprimentei-o e cumpri o ritual orientado pelo "Supervisor", começando por pegar o "oitavado".
Após fazer as anotações (o que ele queria saber era como estava o andamento do "Cadastro" dele), fui até o "Supervisor", que me respondeu:
- A "pasta" dele, com os "documentos", está com o "Investigador de Cadastro".
Movido pela ansiedade e pela vontade de fazer bem feito, voltei ao "balcão" e disse ao "Cliente".
- Sua "pasta", com os "documentos", está com o "Investigador de Cadastro".
Prá quê?! O "Cliente" ficou uma fera. "Estou sendo investigado, porquê? Eu não cometi nenhum crime". Eu fiquei atônito. Por sorte, o "Supervisor" veio atrás de mim e disse ao "Cliente" que "Investigador de Cadastro" nada tinha a ver com polícia. Era apenas a "nomenclatura" do "Cargo" de quem trabalhava no "Setor de Cadastro".
Vendo a confusão, o "Investigador de Cadastro" aproximou-se, com uma "pasta" na mão, e disse ao "Cliente" que o "Cadastro" dele já estava pronto e que ele já poderia apresentar sua "proposta de financiamento". Meu "Supervisor" então disse-me para prestar atenção e aprender, porque ele mesmo iria "colher" a "proposta" e depois iria me ensinar como fazer os "lançamentos", no "06.13", para "fornecimento de dados" ao "Escai".
Confesso que, naquele momento, eu não entendi quase nada. Só fui aprender com o tempo. Também não sei se esta história realmente aconteceu, ou se foi somente um sonho. Mas isso não importa, agora. O que importa é que minha gratidão é imensa, porque aprendi muito com todas as pessoas (colegas) com quem trabalhei, nos 27 anos, que "prestei serviço" ao "Banco".
A propósito, será que, como "novato", eu caí no "conto" de assinar o "cheque avulso" "em branco", para "assinatura" do "BIP"? E como será que eu me saí, em minha primeira "ADF"? Isso não conto. Nem sob tortura...
Sem dúvidas, o BB dos velhos tempos é uma fonte inesgotável de acontecimentos que, com certeza, podem ser tratados de muitas formas e contados com muito humor, como o faz o meu amigo Hayton em suas crônicas. Tenho colaborado com seus escritos, tanto neste blog como em seus livros, ilustrando com charges, o que me é muito prazeroso. Nesses dois últimos, o tema tem sido os nossos falares no BB das antigas. Vivi esse tempo por 30 anos e, desde a minha posse em Mundo Novo (BA), onde, como em todas as unidades acontecia, a gente já começava entrando no jogo das molecagens (no bom sentido). Uma delas era gritar “chapa sete”, a senha para avisar quando alguma garota com as pernas à mostra subia as escadas que davam acesso à Gerência. Isso fazia com que todos nos voltássemos para aquela “paisagem”. Chapa, na época, era uma plaqueta metálica, numerada, que servia para identificar os clientes na espera de algum atendimento. As gozações com os recém-chegados eram momentos que colocavam um desavisado novato em situação vexatória, como aconteceu comigo, ao chamar um cliente fictício com o nome “H. Romeu Pinto”, até cair na real da sacanagem dos colegas. O meu caríssimo amigo, Volney, com quem tive o privilégio da convivência naquela agência, provavelmente ainda tenha na lembrança tudo isso . Tempos depois, já em Brasília, quando produzia capas, ilustrações, textos, caricaturas, entre outras coisas, para a Revista DESED e o BIP, experimentamos hilários momentos protagonizados por todos que dividíamos aquela atividade e, com certeza, tudo isso pode render muitas histórias e, quem sabe, um livro. Fica a dica...
ResponderExcluirNem parece que nos conhecemos há 34 anos, no já distante 1990. Foi companheirismo e cumplicidade à primeira e a enésima vista. Mas o destino nos reservou roteiros de viagem distintos pela vida afora. Nem parece que já faz tanto tempo que dividimos a última tulipa de chope. Precisamos nos reencontrar o quanto antes, com ou sem blog, e desenhar nossos próximos 34 anos. Afinal de contas, os mais experientes como nosso amigo Volney asseguram, os sonhos jamais envelhecem.
ExcluirComo consagra o dito popular, "a maior gratificação para o artista, são as palmas do auditório".
ResponderExcluirIsto referido, vale dizer então que você vive dando cambalhotas de satisfação, em função do constantemente progressivo número de leitores e comentaristas de suas deliciosas crônicas.
Nada obstante, eu acho que ainda é pequeno o número, tamanho é o merecimento de suas criações.
De minha parte, se já me sinto um privilegiado por ser tratado por você, generosamente, reconheço, como um amigo dileto, hoje vibro convicto de que adquiri a imortalidade, ao constatar a citação de meu nome em sua tão consagrada crônica, que provocou a revelação de tantas histórias impagáveis acontecidas em nossos tempos de trabalho no BB.
Não bastasse isto, ainda vejo o comentário de meu querido amigo UMOR - Uilson Miranda -, verdadeiro gênio da raça, além de ser uma figura humana singular, de tanta sensibilidade e valor, também citando o meu nome - considerem-me aqui vergado, agradecendo a honraria.
Só pra terminar, não posso deixar de citar o "trote" - como se chamavam as pegadinhas que faziam com os funcionários no dia de sua posse - com que me premiaram.
Era 22-03-1968, em minha saudosa e querida MUNDO NOVO(BA).
Pois bem, ao me apresentar, após as conferências de documentos e tudo o mais, informaram-me que eu teria que me apresentar ao REPRESENTANTE DO BANCO CENTRAL, a fim de que ele autorizasse minha posse.
Assim, dirigi-me a agência do BANCO ECONÔMICO - o outro Banco existente lá -, para apresentar-me ao cidadão que ali trabalhava e "representava o Banco Central", para que ele concedesse a indispensável autorização. Assim, fiquei lá sentado por mais de duas horas, até que ele me recebeu e, lendo o memorando que eu lhe entreguei, declarou que eu estava empossado. É dispensável dizer o que senti e pensei, ao retornar a agência pra começar meu trabalho, haja raiva... Mas, valeu, e como!!!
Ah, ia esquecendo. Lembro demais da perversidade que fizeram com meu amigo UMOR - a coisa do H. ROMEU PINTO...
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