quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Anália, o banco e o bordel

Há coisa de quatro décadas, numa das regiões mais desiguais do Planeta, uma mulher chamada Anália – não aquela de Caymmi, que não foi para Maracangalha; mas outra – ousou negociar com o maior banco local e, com inteligência e sagacidade, deixou uma lição inesquecível sobre moralidade e poder.


Proprietária da boate “Naná Drinks”, ela enfrentava dificuldades financeiras quando propôs o parcelamento de suas dívidas, que somavam cerca de 4 milhões da moeda da época. Um perito foi designado para avaliar sua capacidade de pagamento e elaborou um relatório que se tornaria lendário – não pelos números, mas pelas descrições tão vívidas que quase fizeram os funcionários do banco se engasgarem de rir.

 

Um dos chefões, no entanto, considerou o relatório “incompatível com o linguajar polido e a sobriedade da Casa”. Mas a questão crucial permanecia sem resposta: Anália teria ou não condições de pagar?



Ilustração: Uilson Morais (Umor)



A “Naná Drinks”, eufemismo para suavizar expressões menos diplomáticas como bordel, cabaré ou rendez-vous, ocupava um antigo prédio de alvenaria com sete cômodos, afastado da zona oficial de prostituição. A proprietária liderava “um plantel” de seis jovens entre 18 e 21 anos que cumpriam uma jornada de trabalho ditada pela demanda. “Toda hora é hora, todo dia é dia”, registrou o perito, com um toque irônico.

 

Segundo ainda o perito, os frequentadores eram figuras influentes da região e visitantes ocasionais, atraídos não só pela localização estratégica – distante 20 km do centro da cidade, à margem da rodovia federal –, mas também pelo prestígio do estabelecimento. E não apenas isso, supõe-se. O faturamento impressionava: o rendimento mensal ultrapassava 1,2 milhão, com uma margem líquida de cerca de 400 mil após o pagamento de despesas como aluguel, água e energia, além das tarifas dos “serviços prestados pelas meninas”.

 

Apesar dos números, o histórico de Anália preocupava. Sua imagem junto ao banco não era tão boa quanto a que desfrutava no ramo explorado. As dívidas vinham de financiamentos rurais subsidiados para plantio de arroz, milho e mandioca – valores desviados para um “negócio mais lucrativo”: a boate que deu origem à “Naná Drinks”, inicialmente instalada nos arredores de um povoado próximo. Percebendo o movimento fraco naquela localidade, Anália transferiu a “operação” para a cidade onde estava sua agência bancária, um mercado em “franca evolução”.

 

O laudo do perito concluía que Anália, agora bem mais estruturada, poderia quitar suas dívidas sem os riscos de adversidades climáticas inerentes à região. Mas o chefão que torceu o nariz para o relatório, zelando pela imagem do banco (ou a própria, talvez), negou o parcelamento e encaminhou o caso para a Justiça – caminho que só agrada mesmo advogados e meirinhos.

 

Mas Anália não era mulher de aceitar um “não” sem luta. Dias depois, foi pessoalmente ao banco. O chefão, acomodado em sua poltrona de couro, tragou o cigarro sem pressa, como quem saboreia o prazer de negar: 

– Agora, a senhora deve procurar seus direitos na forma da lei. 

– Claro, senhor, mas podemos conversar olho no olho? Só um minutinho... 

– Tudo bem, mas só decidimos com base em fatos e documentos…

 

Com um gesto descuidadamente teatral, Anália abriu a bolsa e deixou algumas fotos caírem no chão, entre cartões, chaves e cheques. O chefão, intrigado, arregalou os olhos ao ver nas imagens figuras conhecidas. Entre elas, ele próprio, bem acompanhado, nu cintura acima, segurando um copo de uísque.

– O que diabo é isso? – gaguejou, sentindo o chão lhe faltar. 

– Ah, me desculpe, senhor. São recordações dos clientes da “Naná Drinks”. Um jornalista quer fazer uma reportagem sobre nossa boate e devo me encontrar com ele daqui a pouco...

 

O silêncio pesou. O chefão, antes tão seguro, agachou-se para recolher as fotos com mãos trêmulas. Conferia uma a uma, como se pudesse apagá-las apenas olhando:

– Veja como são as coisas… Como somos irresponsáveis depois de algumas doses, hein?! 

– Se o senhor quiser, pode ficar com elas. Nem se preocupe com os negativos, eles estão bem guardados no meu cofre.

 

O chefão ajeitou o colarinho e, sem encarar Anália diretamente, abreviou a conversa: 

– Bem… Podemos rever a decisão. Tudo dentro das normas, é claro!

 

Meia hora depois, Anália tinha em mãos o novo contrato, assinado, e uma lição a ser compartilhada com suas colegas de trabalho sobre hipocrisia e moralidade seletiva: certos homens só enxergam aquilo que ameaça a seriedade que fingem ostentar. E no mundo dos que pregam a virtude, o verdadeiro poder está com quem conhece as regras – e ousa usá-las a seu favor. 

 

Os tempos mudaram, mas a essência humana, não. Anália saiu satisfeita. Na porta do banco, respirou fundo, ajeitou o vestido e sorriu. No teatro da moralidade, afinal, quem manda não é quem veste terno e gravata, mas quem conhece os bastidores.

61 comentários:

  1. Êta que Anália sabe usar as ferramentas para a continuidade dos seus lucrativos negócios. É muita mandioca fincada neste financiamento. Pelo que vi, os 6 hectares existentes é terra fértil para bons resultados e com muita diversão e sem horário definido; afinal "Toda hora é hora, todo dia é dia” para plantar mandioca.
    Fazendo um paralelo com a sutileza da arma utilizada para prorrogar o negócio, tudo leva a crer que Anália já foi assessora parlamentar e aprendeu direitinho como manejar as armas a seu favor.
    Simbora rumo à próxima quarta. Valeu Hayton.🎯🙌

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  2. ADEMAR RAFAEL FERREIRA5 de fevereiro de 2025 às 06:00

    Nos bancos e fora deles os flagrantes da "vida real" decidem rumos de negócios e na forma da regra criada por antigo Ministro da Fazenda os "escrúpulos" se rendem aos fatos e algumas vezes às fotos.

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    1. Hoje em dia, com os poderes constituídos aos celulares de última geração, o arsenal das Análias está bem mais letal.

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  3. ROBERTO SANTOS FERNANDES5 de fevereiro de 2025 às 06:30

    Acredito que Anália, empresária responsável, tenha sempre o cuidado de renovar o plantel para que não entre em decadência.
    Parabéns pra Anália pela sua sagacidade e pra você também pela excelência de sua crônica.

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  4. Conheço um grande bordel em Brasília que os acordos e contratos são feitos de maneiras semelhantes

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  5. Muito atual o "método Anália"! Especialmente se pensarmos no Congresso de um certo país da América do Sul. rsrs. De toda forma, é um fato pitoresco que relembra uma época igualmente pitoresca do BB!

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  6. Enfim, o chefão decidiu baseado em fatos e documentos.

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    1. Isso! Receita infalível: nada como fatos e dados para amolecer argumentos…

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  7. Muito boa crônica. Divertida, baseada em fatos reais e com mensagem para reflexão, quanto a comportamentos hipócritas.
    Apenas uma correção: Acho que a de Caymmi é “Amália” e não “Anália”.

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  8. Desculpem. Fui conferir melhor e, realmente, a de Caymmi é “Anália”. Favor desconsiderar a correção do comentário anterior.

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  9. O tal Coió de Anália
    Era mesmo um Bordel
    O seu débito era grande
    E o gerente cruel
    Mas com foto e jornalista
    O gerente tabagista
    Fez um acordo no papel.

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    1. Ao ler o comentário do poeta Maurílio, resolvi pesquisar no Google o que seria “Coió de Anália” e dei de cara com uma música do cantor e compositor baiano Raimundo Sodré, também autor da inesquecível "Massa", dos festivais de antigamente.
      Valeu a pena!

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  10. Daria um bom e engraçado filme. Pra encurtar a solução, parece que nem adicionou garantias...rsrs Francisco Miranda

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    1. Vai ver apanharam em garantia, para conferir autoliquidez ao refinanciamento, os direitos creditórios sobre o fluxo de rendimentos do “plantel”.

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    2. Na certa, as fotos ficaram como garantia real. Kkkkk

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  11. Os "periquitos" resolvem qualquer problema e se livram do "papagaio". Hoje, com um celular, conseguiriam o perdão da dívida, e ainda dentro das instruções, em pleno expediente, sentariam no "COGER".

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  12. Dizem que foi verdade..... E aí, o mineirinho chega ao banco e fala para o gerente:
    - Eu quero fazer um empréstimo.
    Surpreso, o gerente pergunta:
    - Você, querendo um empréstimo?
    - De quanto?
    - Um real.
    - Um real?
    - Ah, isso eu mesmo te dou.
    - Não, não! Eu quero emprestado do banco mesmo! Um real!
    - Bem, são 12% de juros, para 30 dias...
    - Sem problema! Vai dar um real e doze centavos. Onde eu assino?
    - Um momento, senhor. O banco precisa de uma garantia.
    Sabe como é, né? Essas são as normas.
    - Pode pegar minha caminhonete Toyota SW4 zerinha que tá aí fora e deixa ela guardada na garagem do banco, até eu pagar o empréstimo.
    Tá bom, assim?
    - Feito!
    Chegando em casa, o homem diz para a mulher:
    - Pronto, já podemos viajar para os EUA, sem se preocupar.
    Consegui deixar a caminhonete na garagem do Banco por 30 dias, e eu só vou pagar doze centavos de estacionamento!

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  13. Que Senhora sagaz, essa dona Anália. Até parece que recebeu aula de Herb Cohen, autor do best seller “Você Pode Negociar Qualquer Coisa”. De acordo com ele, a ciência da negociação se baseia em três pilares: conhecimento, tempo e poder.
    Dona Anália, deu uma verdadeira aula de como se faz uma boa negociação. Quando o gerentão engravatado imaginava que ia ficar sempre por cima, levou um contragolpe da sagaz, dona Anália, que deve ter pensado, sai daqui, pois de plantação de mandioca, entendo eu.
    Valeu mais uma vez, pela belíssima crônica, Hayton.

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  14. Seja com Anália, Brigitte ou Mossoró, a cada semana temos uma divertida lição da vida como ela é! Obrigado Hayton!

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  15. Hayton, sensacional !!! Super bem escrito, parecia, ao ler, estar diante de uma tela de cinema assistindo um cena, sensacional !!!

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  16. Anália foi pra Maracangalha com tudo, hein? Que delícia...literalmente, kkkkkk

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  17. Nos anos 70, Anápolis tinha uma cafetina chamada Lurdinha. Cliente do BB, vinha todos os dias depositar o produto do movimento do dia anterior.
    O Tesoureiro da época, inesquecível Silvio De Podestá, fazia questão de atendê-la no ambiente de tesouraria, apesar deste ser destinado apenas aos depósitos dos bancos e outros de grandes volumes. É que parte desse movimento era em cheques, que nosso valoroso Silvio analisava muito bem, no intuito de saber direitinho, quem eram os frequentadores da charmosa proprietária!

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    1. Época em que os pagamentos eram feitos em cheques e, provavelmente, alguns pré datados. 🤣🤣

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    2. Você não existe, Bob! Taí outro sujeito que cabe numa crônica: o responsável pelo monitoramento do fluxo de capitais no cabaré. Mais um indicador cadastral!

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  18. Anália e suas armas 😂

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  19. Negociação é uma arte!! Anália se mostrou PHD na Disciplina. Ótima crônica!! Quiçá, uma aula.

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  20. Quem será que realmente detém o poder? E quem ousa desafiá-lo? Muitos vendem a alma, para conseguirem fazer parte do seleto grupo, que se senta em poltronas de couro, num certo Planalto Central, e que, a cada dia que passa, está mais "descarado", mais ávido pelo poder e pelo dinheiro. Já nem estão se importando mais com as "imagens", ou com suas próprias imagens.

    Meu pai dizia, em tom de "profecia", que "só iria roubar, no dia em que pudesse roubar o suficiente, para colocar na cadeia, quem o chamasse de ladrão!". Hoje em dia, até esse "pudor", já está ultrapassado. Ele seria ironizado. Soaria como piada.

    Fico imaginando, que, hoje em dia, as "Análias" modernas não precisam mais de "fotografias". Isto é coisa ultrapassada. Só precisam "acrescentar" 10%.

    A propósito, fico pensando no "perito", que calculou a "Capacidade de Pagamento" do "Naná Drink's" e concluiu que ele era "superavitário". Será que ele lembrou de apartar de seu cálculo "aqueles dias" de "incapacidade produtiva" das meninas? E, dando "asas à imaginação", na hipótese de que ele desconhecesse como funciona o tal "ciclo", será que ele supôs que haveria um período de "recesso mensal", no "Naná Drink's"? Para Anália, como boa administradora que era, do seu bem sucedido "empreendimento", isto não tinha a menor importância, com certeza.

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  21. Exemplos e situações análogas povoam o universo dos negócios. No meio bancário já se viu de tudo, além da inadequada posição do "COGER". O "risco da operação" foge das recomendações contidas nas normas, mas garante o retorno do "crédito". Dizem por aí, mas não lembro quem disse, que em "escalões diferenciados", alguns "contratos" são firmados rapidamente e a pessoa, ao sair, nem respira fundo, mas ajeita a roupa e sorri...

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  22. Que Beleza! Traz mais uma bela história e retrata uma situação muito comum em nossa sociedade, a postura da aparência, que muitas vezes sobressai sobre a verdade. Oxalá, o Chefe tenha continuado gerando receitas ao estabelecimento, possibilitando a obtenção da receita prevista. Vamos que vamooooos

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  23. Eu li um documento supostamente verdadeiro com a análise da capacidade de pagamento da dona de um bordei. Acredito que muitos leitores do Hayton devem ter lido. Não sei se ele foi a inspiração pra crônica!
    Mas quero dizer que o autor nos dá mais uma lição de como pegar um caso mundano e transformar num texto elegante, com humor sutil e reflexões de lambuja!
    Parabéns!

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  24. Viva Anália!
    Abração. Gradim.

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  25. Nós textos que li, desse autor, sempre sinto a perspicácia, a nitidez e o realismo no relato apresentado; parece que os personagens são seres vivos.

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  26. Muito bom. O assunto ja rendeu cronicas, filmes, livros, novelas.... Gabriel Garcia Marquez e Jorge Amado ja escreveram sobre o tema. Uma duvida juridica sincera, a dívida de Analia, caso fosse pra cobrança judicial, seria uma Questão Putativa? A consulta no Google dá o significado de Putativo: diz-se daquilo que, embora ilegítimo, é objeto de suposição de legitimidade, fundada na boa-fé" .kkkkk

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  27. Se o Gerente do banco tivesse a dimensão de que ele próprio administrava um bordel – tem dinheiro, tem direito a cafezinho, ausência de filas e outros privilégios que fazem uma grande diferença -, teria sido mais tolerante com a dona Anália logo na primeira negociação.
    Não é impertinente dizer que um gerente de banco é uma espécie de Dona Flor. Um gerente de bordel que o tempo todo tem que conviver com Teodoros e Vadinhos, sem que isso lhe traga quaisquer constrangimentos. E a sabedoria dele estará exatamente em saber transitar por estes dois vértices tão díspares e distantes.
    Sabendo disso o patrão dele sabiamente adota uma política que Arnaldo Jabor e Rita Lee tão bem definiram em “Amor e Sexo”. A cada dois anos, às vezes menos, no máximo três, são transferidos para gerenciar outro bordel. Assim, garante que os negócios ali continuem sendo apenas business. Nada de amor. Nada de beijos na boca, item importante no código de ética das garotas de programa e prostitutas.
    No fundo, no fundo, um gerente de banco é um manda chuva do bordel. E sábio será ele se tiver essa compreensão.
    Chico Oitavo.

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  28. A exemplo de Amélia, Anália também foi mulher de verdade.
    Mesmo ficcional, a excelente “estórica” crônica nos dá um punhado de lições sem nem ser preciso queimar neurônios.
    E realmente, “tudo continua como dantes nos quarteis de Abrantes”: as renegociações rurais aconteciam e continuam acontecendo seguindo a trilha e não o trilho normativo.
    Digo isto porque, quando estávamos na ativa bancária, se dizia que a CIC, LIC e o diabo a quatro de instruções, hoje IN, era uma trilha e não um trilho.
    No relato em tela, as vedações para concessão de crédito relativas a “antecipar a realização de lucros presumíveis” e “amparar atividades sem caráter produtivo ou de mero lazer”, foram trilhas. Se bem que a atividade meretrícia pode ter caráter produtivo para mais de um lado.
    E, como tudo na vida, tudo tem lados, corroborando que, de fato, “a hipocrisia e a moralidade são seletivas e os tempos mudaram, mas a essência humana, não”.
    Parabéns Hayton, pela abordagem de forma livre, leve solta e hilária, nos fazendo lembrar que “no mundo dos que pregam a virtude, o verdadeiro poder está com quem conhece as regras".

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  29. E viva D. Anália! Poderia deixar no chinelo vários diplomados em Administração de Empresas e MBA. Além de conduzir com competência seu negócio, ainda era uma cliente inimiga de deixar de cumprir suas obrigações com banco.
    Ainda deixou a grande lição de todo bom administrador: conheça seus clientes.

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  30. Como é bom ler uma crônica sua cedinho ,HAYTON . Conheci muitas ANÁLIAS nesta minha caminhada ,mas a sua realmente merecia seus ganhos honestos . Amei !!👏🏻👏🏻👏🏻

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  31. Como sempre, uma crônica divertida para ler, mas ao mesmo tempo, trazendo um assunto sério de negociatas que ocorrem até hoje, principalmente no Bordel mais famoso do Brasil , que faz grandes transações, com nomes de Emendas Parlamentares. Usando ferramentas que não são mandiocas.
    Coisas da modernidade.
    Gostei muito
    Abraço
    VFM

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  32. Hayton, suas crônicas sempre demonstram maestria com muita habilidade, pois mesmo com uma possível ficção, expõe realidades, ironias, moralidade e poder, mas tudo isso regado pelo humor, o que pode nos remeter à reflexões reais.

    A narrativa consegue desnudar e demonstrar que muitas vezes a virtude é apenas uma encenação, com pessoas agindo teatralmente e sendo um personagem e escondendo verdadeiramente quem é, dessa forma não sendo percebido pela coletividade. Assim, muitos podem ocupar até cargos/funções importantes, mas há possibilidades de um dia a verdade sobressair.

    A Anália (a crônica) também demonstrou uma grande ironia sobre quem realmente detém um poder, pois o grande feito não foi a negociação propriamente ocorrida, havendo ao final uma evidência da importância em haver o desmascaramento da hipocrisia no comportamento social.

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  33. Os moralistas fakes sempre existiram e pra sempre existirão. Trabalhei numa agência do BB, cujo gerente administrativo era um verdadeiro carrasco com os colegas. Ninguém gostava do mequetrefe. Como rotineiramente fazia, após o expediente, o dito cujo saia pra comer água e sempre na mesma barraca que ficava na praça. Como ele era muito espalhafatoso, ao chegar na praça tirava os sapatos e ficava só de meia. Um dos oprimidos pelo chefe passou pela praça e não foi percebido pelo mesmo. Como menino tem arte do cão, deu um agrado pra um garoto para pegar o sapato do nosso carrasco e sumir com ele. Ligou para a galera da agência e todo mundo ficou ligado na cena do mequetrefe voltando pra casa descalso com sua camisa de linho e sua gravata colorida. Demos muita risada. Gilton Della Cella.

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  34. Hehehehe, gostei da revisão do Gerente: Tudo dentro das normas, é claro!!! Funciona assim até hoje, não é?
    Penso que esse gerente nunca mais convidou a Anália, mas provavelmente foi ela quem inspirou a criação da LGPD!
    Parabéns pela crônica que me trouxe à memória meu saudoso pai, que era fã ardoroso de Caymmi e cantarolava essa música com frequência.

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  35. Anália, como tão bem faz o cronista, usou o ativo mais valioso que é a informação... rsrsrs... digo que Hayton Rocha o faz com maestria, porque tem um acervo infinito de informações e lembranças de um passado rico em acontecimentos curiosos, divertidos e inusitados, mas também muita imaginação para criar histórias, que poderiam muito bem ser reais. Não sei se é o caso desta divertida crônica.

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  36. Posso garantir que metade é verdade (sem mencionar nomes, que não sou louco!) e metade, ficção. Danado é saber onde termina uma parte e começa a outra…

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  37. Com certeza, os tempos mudaram, mas infelizmente as pessoas continuam mentindo e enganando, como sempre!!

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  38. Tenho comigo uma cópia desse laudo. O fiscal do minucioso. Capacidade de pagamento não faltava. Faltava só a prova de que o lugar era de fato, bem frequentado. Mundo doido...

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  39. Brilhante Hayton. E o jornalista perdeu uma linda matéria.

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  40. Você e seus personagens!!!!!
    Desta vez, a PODEROSA Anália. Haja poder, diante de tantos segredos que guardava.
    Não tenho dúvida de que, se acessasse sua crônica, o grande Dias Gomes, criador do impagável e inesquecível personagem ODORICO PARAGUAÇU - filho de Eleotério, neto de Firmino Paraguaçu -, certamente se associaria a você pra criar mais uma peça deliciosa do gênero novelístico, contando a história da temida e bajulada Anália...
    Não tenho dúvida de que a literatura brasileira já está lhe devendo muito.

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  41. Outra crônica saborosíssima! Gosto muito quando você descreve personagens fora do padrão. Adorei! Diniz.

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  42. Ri muito das fotos que caíram no chão propositalmente pela dona do bataclan. Gostei do texto do princípio ao fim. Envolvente. (Emilton Rocha)

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  43. História impagável, como a dívida!
    Já conhecia a verdadeira, mas a fictícia (até certo ponto) não fica nada a dever, ao contrário da original.

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  44. Leitura saborosa. Hayton sabe narrar uma história com humor e ironia. É um esgrimista das palavras.

    Sergio Freire

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  45. Agostinho Torres da Rocha Filho6 de fevereiro de 2025 às 10:54

    Para escrever com tamanha criatividade e riqueza de detalhes três crônicas sobre o tema, no curto período de apenas um mês, o autor deve ter sido frequentador assíduo dos puteiros da cidade e conhecido pessoalmente cada empresário (a) do ramo. Brincadeiras à parte, parabéns pelo texto. Os leitores adoram uma leitura fora da órbita convencional.

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  46. Essa sem dúvidas foi uma das suas melhores crônicas. Literalmente impagável.

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  47. O grande Nelson deve estar muito feliz, caso possa acompanhar, de onde estiver, narrativas complementares tão bem contadas da "Vida como ela é".

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  48. Hilário! Simplesmente sensacional. Crônica saborosa. Veio a lembrança várias histórias não escritas do saudoso BIP. Não ficam atrás também os comentários engraçadíssimos. Valeu demais Hayton.
    Beto Barretto

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  49. Vá em frente ! Vc é demais , caro cronista !
    Sua capacidade de criar ( ficção e realidade) ñ é pra qualquer um .
    Nossa próxima quarta - feira à espera do novo show literário ! MV.

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  50. Outra crônica fabulosa! pense numa criatividade incomparável do amigo Hayton.

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  51. Suas mais saborosas crônicas são as que você descrevem personagens como Anália, com causos tão bem escritos, não importando onde os fatos se misturam com a ficção. No fundo, tudo é verdade! Ou passa a ser depois do registro literário tão criativo, tão bem feito!

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