O CEMITÉRIO DAS AGENDAS
Hayton Rocha
Talvez você pense que A Lista, de Oswaldo Montenegro, andou tocando demais aqui em casa nos últimos dias. Refiro-me àquela canção, lançada há 25 anos, que nos convida a encarar o tempo, os sonhos trocados e as amizades que mudam de forma. Tudo é possível.
Reencontrar velhos amigos depois de muitos anos é, quase sempre, uma sessão espírita mal organizada. Apertamos as mãos como quem tateia o escuro, sorrimos com a cortesia dos sobreviventes e começamos a falar de coisas que já morreram dentro de nós. Conversas de além-mundo. A gente finge interesse, o outro finge que acredita, e ambos sustentamos o teatro como dois personagens cansados de uma peça que já não comove ninguém.
Não têm sido poucas as desilusões que provoco — e que me são provocadas — quando reencontro certas criaturas que um dia jurei carregar no bolso como amuletos contra a solidão. Os abraços vêm ligeiramente exagerados, talvez por anteciparem o abismo que se abre logo depois, entre uma frase e outra. Um fosso feito de constrangimentos, desencontros e risos forçados.
Alguns envelheceram apenas lapidando os defeitos que já exibiam quando jovens. Se eram chatos, tornaram-se especialistas. Se eram vaidosos, transformaram a futilidade em traço de caráter. Outros hipertrofiaram mesquinharias e ideias reacionárias, dessas que não matam à queima-roupa, mas intoxicam devagar.
Que o acaso, mais confiável que todos os santos de plantão, nos poupe de estarmos entre esses.
Há também os que reduzem o mundo a cifras e metros quadrados. Enumeram, com hálito misógino, as mulheres que “devoraram”, como itens de um cardápio nojento. Exaltam feitos quase sempre imaginários de filhos musculosos, doutores em coisa nenhuma, herdeiros de um enorme vazio.
Outro dia, no corredor de um shopping center, topei com um colega dos meus tempos de menino, alguém que eu julgava grande amigo. Antes mesmo de saber se eu estava bem, quis saber se eu morava à beira-mar e que carro eu tinha. Talvez precise medir a felicidade alheia pela régua falsa da declaração de bens.
Em outro canto da cidade, longe dos espelhos do shopping, reencontrei numa mesa de bar velhos pernas-de-pau das peladas da adolescência. Bebiam e riam de si mesmos, trocando piadas sobre ex-esposas no idioma permanente da 5ª série, esse território onde todos ainda mantemos residência, mesmo quando fingimos maturidade. Não vou negar, meu lado 5ª série segue vivo. Só aprendi que há momentos em que ele pode pedir uma cerveja e destilar bobagens, e outros em que convém mandá-lo esperar do lado de fora.
Teve também o caso de um carrasco dos primeiros anos de trabalho, agora aposentado, exibindo fotos de chácaras e vacas, enaltecendo supostas virtudes de seu guru político com a convicção de certos galos que cantam para si mesmos ao amanhecer. Sim, ainda existe quem meça o mundo com a trena do dinheiro e acredite compreender o reino humano.
Talvez devêssemos criar categorias para os amigos dos tempos idos que felizmente não voltam mais. Há os do futebol, que duram exatos sessenta minutos de pelada, acrescidos apenas dos xingamentos. Há os amigos de drogaria, que sobrevivem entre a conversa fiada na fila e o dízimo da indústria farmacêutica. Relações estáveis e previsíveis: nascem no balcão e morrem na boca do caixa. Há outros do gênero, mas fiquemos por aqui.
Toda pessoa sensata deve se dar por satisfeita por possuir uma confiável dezena de amigos. Os de verdade são como bons filmes: poucos, mas capazes de atravessar décadas sem perder o sentido. Não precisam de avatar, não exigem curtidas nem pedem boletins ou extratos mensais sobre a cor da felicidade.
Para esses poucos, todo o tempo do mundo não basta. São os que oferecem o ombro, escutam sem julgar e permanecem quando todos os demais vão embora. Zele por eles como quem rega flores raras no jardim da existência. Porque foram escolhidos, não impostos, ao contrário de certos parentes que a genética nos empurra como obrigação vitalícia.
Por isso, nesta virada de ano, quando se promete o que não se cumpre, se perdoa o que não se esquece e se brinda ao que não se sente, ore por seus verdadeiros amigos. Não por todos os que passaram pela sua vida como quem faz escala em aeroporto. Mas pelos que se instalaram.
As demais criaturas, que se perderam pelo caminho, continuem vagando pelo cemitério das nossas agendas.
Nem todo reencontro merece ressurreição. A gente sabe disso, mas, volta e meia, esquece.

Jorge Amado escreveu semelhante crônica em Navegação de Cabotagem… “Tenho horror a hospitais, os frios corredores, as salas de espera, ante-salas da morte; mais ainda a cemitérios onde as flores perdem o viço, não há flor bonita em campo santo.
ResponderExcluirPossuo, no entanto, um cemitério meu, pessoal; eu o construí e inaugurei há alguns anos quando a vida me amadureceu o sentimento.
Nele enterro aqueles que matei, ou seja, aqueles que para mim deixaram de existir, morreram: os que um dia tiveram a minha estima e perderam.
Quando um tipo vai além de todas as medidas e, de fato, me ofende, já com ele não me aborreço, não fico enojado ou furioso, não brigo, não corto relações, não lhe nego o cumprimento.
Enterro-o na vala comum de meu cemitério – nele não existe jazigo de família, túmulos individuais; os mortos jazem em cova rasa, na promiscuidade da salafrarice, do mau caráter.
Para mim o fulano morreu, foi enterrado; faça o que faça já não pode me magoar.
Raros enterros – ainda bem! – de um pérfido, de um perjuro, de um desleal, de alguém que faltou à amizade, traiu o amor, foi por demais interesseiro, falso, hipócrita, arrogante – a impostura e a presunção me ofendem fácil.
No pequeno e feio cemitério, sem flores, sem lágrimas, sem um pingo de saudade, apodrecem uns tantos sujeitos, umas poucas mulheres; uns e outras varri da memória, retirei da vida.
Encontro na rua um desses fantasmas, paro a conversar, escuto, correspondo às frases, às saudações, aos elogios, aceito o abraço, o beijo fraterno de Judas.
Sigo adiante, o tipo pensa que mais uma vez me enganou; mal sabe ele que está morto e enterrado”.
Que recorte maravilhoso de um dos gênios da raça! Perto dele, minha crônica se ajoelha e agradece a comparação, Isa. Mas é carga demais pro meu bagageiro, amiga.
ExcluirComo sempre é prazeroso ler suas crônicas. Passou um filme em minha cabeça lembrando de cada pessoa descrita por você. A propósito, você é aquele amigo que, embora distante sinto-o muito presente ..
ExcluirGrande abraço, feliz ano novo
Anônimo não, Dema Azevedo
ExcluirVocê ombreia a Jorge Amado caro amigo
ResponderExcluirBrilhante,mais uma vez. Feliz 2026 reencontrando amizades que se medem pelo sorriso no seu coração
ResponderExcluirFechaste o Ano com chave(ops! letra) de ouro, meu caro Hayton!!!
ResponderExcluirTenho me valido, quase sempre, do que diz a canção do Oswaldo Montenegro....... por vezes sequer chego ao décimo dedo das mãos.
Quanto a tipologia de "velhos amigos" todas bem encerradas nesta sua belíssima crônica, aconteceu como algo bem parecido uma delas.
Certo dia, voltando do Fórum Judicial, passei num Shopping para um café com minha esposa. Eu estava trajado com roupa social e blazer, sem gravatas, e calçando sandália de couro - passava por enfermidade incômoda nos pés - e utilizando uma bengala de apoio que mandei fazer de sucupira.
Eis que me aparece um colega de Serviço Público, que há anos não nos víamos, e ao seu modo[dele] se dirige a mim, até demonstrando certa alegria
- rapaz há quanto tempo, nem imaginava lhe encontrar mais neste mundo! Você tá acabado, usando bengala, barba grande, virou esquerdista?não acredito?!.....
- cumprimentei-o bem secamente, como mereceu.....
Ele olhou nos meus pés, viu as sandálias e assacou:
- não, isso não...... não admito mesmo. Rapaz você é um auditor (e eu silenciosamente dizia: grande merda rsrsrs) vestido num elegante blaze deste e de alpercatas? Não admito mesmo.
Não tive saída, respondi na bucha:
- colega, que trabalha com os pés calçados à caráter é Vini Junior, é Haaland, no passado Rosário, Zico, Pelé.... o trabalho que faço ou fiz eu utilizo o cérebro que, feliz ou infelizmente, você não o vê.
Foi o bastante para que a prosa se encerrasse.
Felicidades mil no Novo Ano que chega, com imensa inspiração para nos presentear com crônicas frugais e belas como esta. Deus ilumine sua vida, de seus familiares e de seus leitores
tonhodopaiaia.org
Estamos todos em uma jornada. Alguns já retornaram, outros ainda seguem pelo caminho. Ao longo dessa viagem, encontramos muitas pessoas; algumas acabam sendo promovidas ao posto de amigas. São elas que tornam o percurso mais leve, interessante e prazeroso — as verdadeiras, as que realmente se importam.
ResponderExcluirE as outras? Com elas, convivamos da melhor maneira possível; quem sabe um dia também não sejam promovidas. O importante é aproveitar o trajeto da melhor forma.
E isso, Hayton: é essencial preservar os bons amigos, aqueles que conquistaram esse lugar especial. Os demais não foram ruins; apenas fizeram parte do caminho.
Que crônica maravilhosa! Sua sensibilidade é imensa, e você tem o dom de traduzir sentimentos complexos com suavidade. Em 2026, sigamos firmes, valorizando e priorizando as boas amizades. Guardo comigo a sua frase: "Nem todo reencontro merece ressurreição".
ResponderExcluirSimbora viver momentos felizes!
Feliz 2026!
Excelente! Não apenas porque relembra que todos temos aquele baú das agendas c/ validade vencida... mas, porque temos a felicidade de ter aqueles poucos "...capazes de atravessar décadas sem perder o sentido..." e que, mesmo que se passe um tempo sem contato próximo, o reencontro enche nosso peito de alegria e aquece o coração!
ResponderExcluirHayton, obrigado pelo rico material que nos proporcionou ao longo de 2025! Um 2026 de boas energias para você, família e todos demais leitores destes encontros de reflexão e lazer.
Obrigada pelo presente de Ano Novo. Desejo um feliz 2026 com muita paz , saúde e amor. E que os amigos verdadeiros estejam sempre presentes.
ResponderExcluirVocê descreve com maestria as várias facetas que compõe a partitura da trilha sonora do existir. Assim como nas música têm de todo tipo de notas, das mais agudas de ouvir como a Lá 6 SFZ, às doces como a Lá com sétima e trecdecima bemol, o ecossitema humano é bem como descreveu. A questão que não quer calar, é que o lugar de onde se ancora nossa existência, se nas estrelas, ou nas rochas, vai determinando o que vamos nos tornando. A idade longeva é um antecipador de resultados emocionais. Se era crítico, e não se trabalhar, vai virar um porre. Se era pessimista, e não se trabalhar, vai virar um inferno na vida de quem rodeia. Se era um acumulador, enão se trabalhar, vai viver em função de cada vez mais acumular. Uma visita dessas pessoas aos famosos garage-sale de Brasília por ser melhor que anos de cursos e terapia. Você entra naquelas apartamentos, da fundação de Brasília, na Asa Sul, ou nas casas do Lago Sul, e tudo está à venda. Nem as medalhas que a pessoa amealhou e guardava com tanto zelo escapam da precificação. Ali se percebe, de forma magistral, que tudo é vaidade. E tudo vai virar pó, ou ser vendido, qubrado, doado ou perdido, mais à frente. O que fica mesmo são pessoas-irmãs que vamos cultivando. Pessoas que se importam com viocê. Pessoas para as quais você faz a diferença. O resto é conversa pra boi dormir, sobre pegações, luxos cobiçados de uma gente que precisa de etiquetas para finalmente se sentir existindo. E, que pena!
ResponderExcluirBom dia, caríssimo amigo Parahyba 🫶
ResponderExcluir.
Essa crônica de hoje me fez caminhar centenas de léguas para trás e, assim, revisitar largas passagens da minha vida — especialmente da minha trajetória no trabalho.
Vi-me em vários pontos descritos pela sua genialidade de excelente costurador de retalhos.
A participação da Isa iluminou, com um bom candeeiro, tudo o que você contou e do que eu sou sofrida prova ocular.
Não me lembrava dessa joia esculpida pela genialidade do nosso Jorjão, baiano dos tempos em que nós, seus conterrâneos, garganteávamos com orgulho a nossa baianidade.
Por derradeiro, e inspirado por você, pela Isa e, fragorosamente, pelo nosso amado Jorge, neste mesmo minuto concluí o muro do cemitério onde serão sepultados os calhordas.
Agora vou decorar esse campo “santo” com mandacaru faxeiro, cabeças-de-frade e algumas mudas de favela, de espinhos exageradamente crescidos.
Pronto. Estará concluído o campo santo para os meus “amigos” nada santos.
Desejo a você, à sua família, à Isa e a todos os seus entes queridos um feliz 2026 — e, com os inimigos por perto, assim poderão ser vigiados.
A crônica de hoje ajuda a aliviar culpas. Também adoro A Lista, do Oswaldo Montenegro.
ResponderExcluirVárias vezes tentei requentar amizades que foram importantes na minha vida. Quase nunca deu certo! As pessoas já são outras. Eu também! Heráclito já alertava: “nenhuma pessoa se banha no mesmo rio duas vezes; porque o rio já não é o mesmo, a pessoa também não”. Ou alguma coisa assim.
Claro que às vezes isso acontece porque a pessoa que reencontramos adquiriu defeitos significativos. E ela pode achar que aconteceu o mesmo com a gente. Ou vai ver esses defeitos sempre estiveram lá. A gente é que não percebia.
Mas outras vezes nem se trata de defeitos. Simplesmente as pessoas (nós e eles) perderam a sintonia. Podem continuar sendo seres humanos admiráveis. Mas as
almas não se encaixam mais.
E eu sempre sinto alguma culpa ao constatar isso.
A crônica de hoje aliviou um bocado!
Obrigado, Hayton!
Perfeito, irretocável!
ResponderExcluirVocê me representa (mas acho a dezena um número exagerado 🤣)!
Os amigos de infância são poucos. A distância física e o tempo não conseguiram nos separar. O nosso grupo foi denominado de "Clube de Esquina", não plagiando o do Milton, que seria uma honra, mas pelas frequentes "resenhas" quando sentávamos no passeio do grupo escolar em nosso bairro. Os que permaneceram não tem preço, mas muito valor. Que a gente possa sempre separar o amigo joio do amigo trigo.
ResponderExcluirEssa é a crônica da Vida: uns chegam, outros vão embora, mas há os que chegaram, foram ficando, se alojaram e buscaram o melhor cantinho em nossos corações. Esses são poucos, geralmente, mas muito especiais. Então, nessa passagem de ano, brindemos aos Amigos que conquistamos e conservamos, principalmente àqueles que já fazem bodas de ouro em nossas vidas!!!!
ResponderExcluirNelza Martins
Texto maravilhoso!
ResponderExcluirMuito obrigado amigo, seus textos semanais nos leva a acreditar que um mundo melhor é possível. Que tenhamos um ano novo de paz. Sucesso.
ResponderExcluir...Caro HAYTON, como sempre você foi preciso em suas abordagens. Alegrem-se/valorizem-se aqueles que enumerem os amigos "na palma das mãos"...
ResponderExcluir...PARABÉNS!.
Parabéns por encerrar o ano com esse "gol de placa".
ResponderExcluirFeliz Ano Novo
Maravilha essa crônica de fechamento do ano, selando com chave de ouro as quartas-feiras de 2025.
ResponderExcluirTambém sou assíduo ouvinte da "Lista" de Oswaldo Montenegro, identificando-me com muito de sua obra produzida. E, por isso, tomo a liberdade de fechar esse comentário com uma de suas obras, que certamente faz jus a esse momento em que refletimos sobre o que passou e o que esperamos de nós, para seguirmos mais leve, sem o trauma de ficar remoendo culpa por querer nos moldar a fim de agradarmos a alguns :
"Hoje eu me livrei de um vício
Que bom, foi de repente assim
Não quero que as pessoas que não gosto
Passem a gostar de mim
Hoje me tornei mais leve
Sabendo que não importa mais
O que o mundo pensa do que eu penso
Dispenso o que ficou pra trás
Só quero que os novos sonhos
Ajudem a quem quero bem
E sem o peso da vaidade
A gente pode ir mais além
Hoje sei que meus começos
Só vêm se eu aceitar o fim
E as flores que voaram dos meus sonhos
Vão crescer noutro jardim
Hoje eu ando sem as mágoas
Que pesam na hora de andar
E a dor que não passou, passo adiante
Na vida tudo vai passar
A quem eu amo e vejo triste
Agora eu só posso dizer
Garanto que o melhor da vida
Ainda vai acontecer".
Texto maravilhoso. Realista por demais, principalmente quando classifica os amigos.
ResponderExcluir“Amigo palavra fácil de pronunciar, coisa difícil de encontrar”. Tesouros para serem guardados no fundo do coração. Feliz 2026!
Verdadeiro e belo texto, Hayton, fazendo passeio sensível e honesto pelo território das amizades - esse chão movediço onde alguns constroem casas sólidas e outros armam apenas barracas provisórias.
ResponderExcluirAs amizades, as de infância ou nem tanto, surgem como aquelas ruas antigas da cidade: mesmo esburacadas pelo tempo, continuam guardando histórias, risadas e uma cumplicidade que dispensa explicações. Já as novas amizades, aparecem com o frescor da descoberta, trazendo entusiasmo, afinidades recentes e a esperança de que ainda é possível cultivar laços verdadeiros.
Acertas ao expor as falsas amizades, essas que florescem apenas à sombra da conveniência, do interesse imediato ou da utilidade momentânea. São relações que sorriem enquanto há vantagem, mas evaporam diante da primeira dificuldade - amizades de estação, que não resistem à mudança do clima.
Entre memórias, encontros e desencontros, a crônica lembra que amizade verdadeira não depende de presença constante, mas de lealdade silenciosa. E que o tempo, esse grande juiz, acaba revelando quem fica e quem apenas passou.
Se o tempo e a distância tudo fazem esquecer, até os amores supostamente imortais, imagine uma amizade por conveniência?
Amizade verdadeira, paz e saúde para todos nós, nos próximos anos.
Hoje acordei num grupo.do CEPA,amigos de infância q me acharam e agora essa crônica. Vale a pena refletir,para 2026 fazer tudo diferente
ResponderExcluirMe animei, mas não cheguei a 10!
ResponderExcluirExcelente crônica, Hayton.
Desejo aos amigos um 2026 com saúde, paz e inspiração. Abração,
Gradim.
Você disse verdades difíceis de dizer, Hayton.
ResponderExcluirTexto escrito na medida para encerrar o ano. Que em 2026 você continue brilhante como sempre foi e cada vez mais criativo, até porque nós leitores estamos ficando cada vez mais exigentes - a julgar pela extensão dos comentários de alguns. Feliz Ano Novo!!!
ResponderExcluirDaqui de BLUMENAU onde estou curtindo as netas , mais uma vez quero agradecer a você pela ultima cronica de 2025 . Linda !!!❤️
ExcluirA derradeira crônica do ano merece um brado retumbante:
ResponderExcluirVOCÊ BRILHOU NO CÉU DA PÁTRIA NESTE INSTANTE!!!
CaronHayton!
ResponderExcluirMais uma crônica certeira. Você traduziu perfeitamente aquele desconforto de reencontrar certas figuras e perceber que o tempo não as amadureceu, apenas "hipertrofiou" seus defeitos. Essa ideia de que o reencontro vira um teatro de sobreviventes é de uma honestidade impressionante ; mostra como certas pessoas substituíram a alma pela régua do dinheiro e das aparências, tornando o diálogo impossível.
Gostei muito da sua distinção entre os amigos de conveniência e aquela "dezena confiável" que realmente importa. Você coloca a amizade no lugar que ela merece: uma escolha livre e rara, bem diferente das obrigações que a genética nos impõe. É um alívio saber que não precisamos forçar a barra com quem já não fala a nossa língua; a amizade real não exige extrato bancário, exige presença.
No fim, seu "cemitério das agendas" é um exercício de desapego necessário. Você nos dá o direito de deixar certas pessoas no passado, sem culpa, guardando energia apenas para quem realmente se instalou na nossa vida. Valeu pela reflexão; como você disse, nem todo reencontro merece ressurreição, e saber disso é o que nos mantém sãos. Parabéns uma vez mais .
Excelente. Verdades e provocantes reflexões.
ResponderExcluirLi mais de uma vez esta crônica. Pretendia fazer um comentário ou acrescentar alguma coisa, mas não tive como. Para não deixar de falar das flores, adorei a parte que fala dos amigos verdadeiros, que atravessam décadas sem perder o sentido.
ResponderExcluirHá alguns dias recebi o convite para o lançamento do livro de Hayton. Como não poderia ir, liguei para um desses amigos com quem não falava há mais de seis meses, mas de amizade tão verdadeira que o tempo não conta.
Perguntei se ele iria para o lançamento, pedi para comprar meu exemplar, colher o autógrafo e ainda marquei um restaurante para tomarmos o vinho e ele fazer a entrega. Esse amigo é como filme bom ou, para quem preferir, como vinho bom.
Maurício
Fechando o ano com mais uma crônica extraordinária!! Saúde e paz para todos nós em 2026. 👏👏👏🙏🏾🙏🏾🙏🏾
ResponderExcluirMeu cumpade.
ResponderExcluirAplaudindo de pé a crônica de fim de ano.
Você engrandece o debate de qualquer momento.
Reproduzo aqui uma mensagem massa:
Adeus 2025.
A Deus, 2026.
Você faz eu nunca me cansar em ser repetitivo, pelo contrário, tenho até algum orgulho por isso, afinal ninguém bateu aqui tanto nessa tecla - de parto a atracação de navio, como gosto de dizer -, não há tema sobre o qual você não nos leve a refletir e muitas vezes até reconhecer que temos nossos pecados.
ResponderExcluirEssa crônica de agora nos faz até meditar, afinal quantas vezes tivemos, no dia a dia da vida, que exercer o que a Psicologia chama de dimensão psicossocial ou política, que é saber se portar de forma diferente do que realmente estamos sentindo, por uma questão de civilidade e educação, num momento inesperado de encontro com pessoas que, por razões de falta de conjunção ou até alguma divergência de visão sobre a vida, quando do tempo de convivência no passado, o reencontro não mais nos sensibiliza.
E há o mais determinante da crônica, até porque inesperado, já que você só se reportava aos desencantos em situações e momentos até constrangedores quando dos encontros inesperados com alguém, "almas importantes" - as aspas são necessárias - de outrora, mas por quem hoje não havia mais qualquer sentimento de saudade, isso tinha se esvaído por razões maiores que a do tempo de ausência, e aí você vem exaltar a determinante e eterna satisfação, emoção - haja definição - pelo reencontro com aqueles que habitam, e em lugar especial, nosso universo afetivo.
Peço perdão pela prolixidade aqui cometida e confesso que sua peça me tocou profundamente por dois motivos: o primeiro pelo brilhantismo do texto - quase uma redundância citar isto, os comentários aí acima confirmam minha afirmação -, e o segundo porque acabei de passar por um momento fortemente marcante em minha vida, veja aí.
Fui ao aniversário de um amigo de infância, conterrâneo, profissional muito conceituado como médico, que ainda atua em minha querida Itaberaba, no último sábado, em sua residência de verão em Guarajuba, aqui no litoral norte, que você bem conhece, meu querido amigo Wálter, ele também itaberabense, as famílias de nossos pais também muito amigas.
Pois bem, fomos até vizinhos em Itaberaba, de onde saí em 1989, mas o tempo não diminuiu, pelo contrário, até aumentou a amizade, com ele e sua esposa, minha também querida amiga Maria Alice - foi um dia inesquecível.
Então, irmão - como você também me chama - nossa amizade é um exemplo do que você define irrefutavelmente em sua crônica, afinal nos conhecemos por aqui e forçamos um encontro onde selamos uma amizade de QUATROCENTOS ANOS.
Cronista como você nos faz saber que 2026 nos trará pelo menos conforto.
Perdoe a chateação, repito.
Coincidência (ou não), estou neste momento lendo "Cartas de Um Estoico", de Sêneca. Sobre a amizade, diz ele: "...se você considera qualquer homem um amigo em quem você não confia como você confia em si mesmo, você está muito enganado e você não entende o suficiente o que significa verdadeira amizade..." Amigo não se encontra casualmente, trazemos no imo de nosso ser e lá ele fica pelos evos das eras. Show !
ResponderExcluirSempre prazeroso se deliciar em suas crônicas, meu tio. De fato, que a 5ª série nunca, jamais saia de nós. Para que não percamos a essência moleca e leve da vida. Foi lá onde construí 50% dessa fração dos bons, leais e fiéis escudeiros que trago até hoje. E, diferente do texto, os meus julgam, viu? Mas não pelas costas, na cara mesmo. Como um balde de água fria que precisamos tomar vez ou outra para acordar para a realidade. Que sorte a minha.
ResponderExcluirUm 2026 com uma agenda leve e boa.
Com carinho, Feijão.
Hayton, você nos premia com chave de ouro o fechamento de 2025. Belíssima a sua crônica.
ResponderExcluirMe fez refletir, que nem toda amizade é uma verdadeira amizade. Mas, que a verdadeira amizade é aquela que nos faz sentir que não estamos sozinhos no mundo. São aquelas pessoas a quem podemos recorrer e estarão aptas a nos servir, a nos acudir, quando mais precisarmos. Assim, o verdadeiro amigo é aquele que vem quando o resto do mundo já está indo embora.
Segundo, Chico Xavier, “amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo”.
Excelente crônica. Lembrei de tantos amigos de infância, da escola, da faculdade e do trabalho que não os vejo ha tanto tempo. A vida parece dar mais valor ao presente.
ResponderExcluirDesejo a todos um feliz 2026!
Nossa memória seletiva tem, muitas vezes, a tendência de querer guardar somente as boas lembranças. De acreditar que "aquela velha amizade, aquele papo furado" ocorrido em algum encontro, ainda são e estão atuais.
ResponderExcluirMas o desencanto chega rápido, quando acontece algum reencontro e as más lembranças chegam, junto.
As pessoas mudam, ou aperfeiçoam o que já tinham de bom ou de ruim. E há as que, por conveniência e interesses pessoais, conseguem fingir direitinho, num verdadeiro "estelionato emocional". Depois do objetivo atingido, o resultado é o abandono - sem dó!
Mas, felizmente - e isso é o que importa - quem fica é "de verdade". É com quem se pode contar e com quem, também, podemos ser "de verdade".
De qualquer forma, é a vida, "sempre desejada, por mais que esteja errada". E, neste quesito - embora hajam controvérsias - também prefiro a beleza e "a pureza da resposta das crianças: é a vida! É bonita, é bonita e é bonita!".
Amizade às vezes envolve objetivos e interesses em comum e por isso com o tempo esse laços mudam. Mas algumas amizades vão além, elas parecem que tem haver com a alma da pessoa e mesmo a ausência e o tempo não apaga o sentimento de simpatia e amizade.
ResponderExcluirOutro dia encontrei no Banco um antigo chefe que eu admirava muito e com quem eu na época desenvolvi uma amizade muito bacana. Uma pessoa ímpar que eu tive o prazer de trabalhar logo que tomei posse no Banco. Ele estava com a esposa e a filha e me pareceu bem velhinho, afinal lá se foram 37 anos. Mesmo assim ele olhou pra mim e disse que se lembrava de mim, me apresentou a esposa e a filha e em segundos estávamos conversando como se tivéssemos convivido sempre. Saí da agência com o coração transbordando. Talvez não o encontre nunca mais, mas tenho certeza que se houver novo encontro vai ser tão bom como antes. Feliz Ani Novo!