Mexeu com muita gente a notícia de que a rotina do influenciador digital Arturo Medeiros, 36, e de suas oito mulheres, teria mudado depois que a mansão onde moram, na Paraíba, foi alvo de vandalismo por causa do estilo de vida que experimentam.
![]() |
Reprodução/Redes Sociais |
Para evitar novos ataques, Arthur, O Urso – como ele, que diz manter cerca de 30 relações sexuais por semana, se apresenta nas redes sociais e no OnlyFans – mandou instalar câmeras e cerca elétrica no imóvel e contratou seguranças particulares.
Ao saber disso, Natália, 41, filha de um velho conhecido meu, confidenciou à sogra Dolores, 63, que nada ultimamente a abala mais do que essas histórias de pessoas que decidiram abrir seus relacionamentos a uma nova disposição geométrica.
– Você me entende, né? – indaga a nora.
– Claro, Nat! Tudo muda o tempo todo no mundo…
– Seu filho, machista que só, tá chateado comigo!
As duas de biquíni à beira-mar, pé na areia, caipirinha, água de coco e cervejinha, aguardavam Gustavo, 43 (que surfava com alguns amigos um pouco mais adiante), marido de Natália, para almoçarem naquela preguiçosa tarde de sábado.
– Acontece com a maioria dos animais – diz Leonor, especulando sobre o que se passava com o casal querido. Nos primórdios da humanidade, homens e mulheres faziam sexo e procriavam com diversas parceiras e parceiros.
– Devia dar uma confusão medonha, né Dô?!
– De forma alguma! Não violava princípios morais. Só era difícil se ter certeza sobre a origem de um filho, a não ser pela linhagem materna.
Apesar de ter abandonado a faculdade de Economia no quarto semestre, por causa de uma gravidez de risco, Natália engolia livros e mais livros sobre a história do pensamento econômico.
Dolores, psicanalista tarimbada, esbanjava conhecimento sobre uma época em que ainda não se falava em teste de DNA ou pagamento de pensão alimentícia como mecanismos de resfriamento do tesão. “Não havia exclusividade nas relações, nem se tinha certeza de quem era pai de quem”, pontuava.
– Jura?!
– Veja, Nat, a pessoa que defendesse a monogamia como o padrão de comportamento corria o risco de ser condenada por atentar contra os valores da família.
– Pois é... Mas devem ter notado que era mais negócio confinar-se num cercadinho e dali mesmo tirar o sustento, em vez de passar a vida pulando de galho em galho, garimpando como, quando, quem ou o que comer e beber...
– No meu tempo – puxava a sogra outra linha do novelo –, o máximo que se falava era de amor livre, nome dado pelos hippies a sexo recreativo entre pessoas não envolvidas por amor e paixão. Logo depois apareceu a amizade colorida, a partir do movimento friends with benefits, onde também não havia vínculo afetivo nas relações.
– Quem sabe, Dô, vem daí essa coisa de propriedade privada e um modelo de família compatível com um sistema de acumulação de riquezas. Era só fechar a porteira e garantir o usufruto indivisível de riquezas apenas com os filhos.
– Isso, Nat! A monogamia foi a base da primeira forma de família não concebida em condições de prazer e luxúria, e sim por imposição econômica.
– Será?
Dolores se anima com o papo, pega o celular e vasculha a internet em busca de mais elementos para sustentar suas teses. E, minutos depois, pausadamente lê algo que julga interessante compartilhar com Natália:
“[...] Com as dificuldades econômicas, hoje em dia as variações ganharam novos arranjos, para os quais surgiram alguns novos conceitos:
Metamor – O amor do meu amor. É uma pessoa com quem o meu amor se relaciona, mas que não tem relações comigo.
Poliamor – Modelo sexo-afetivo não-monogâmico em que as pessoas envolvidas têm sentimentos profundos. Envolvem várias pessoas, com o consentimento e o conhecimento de todas. Alguns desses relacionamentos possuem nomes geométricos.
Polécula – Molécula poliamorosa. Representação geométrica de redes como a relação em V, o triângulo e o quadrado etc.
Trisal – É uma configuração do poliamor envolvendo três pessoas.
Trisal em V – Formato mais comum quando os poliamoristas são heterossexuais. Um dos membros mantém relacionamento com os outros dois, mas esses dois não têm relação entre si. Nesse caso, o vértice do V é chamado de pivô e as extremidades são conhecidas como braços. Cada braço é o metamor do outro.
Trisal em triângulo – Cada membro está relacionado com os outros dois. Cada metamor é também amor do outro [...]”.
Natália, que escutava em silêncio, bebe outro gole, enxuga com a língua a espuma sobre o lábio superior, retoma o ponto de partida da conversa e transporta a sogra para a mesma página de seu caso particular:
– Pois é, Dô, o machista de “seu” filho Gugu irritou-se comigo...
– Por que, Nat?
– Diz ele que a ideia de incluir outra pessoa no nosso relacionamento partiu de alguém que perguntou se teria coragem de ficar com mais de uma. Que nunca pensou no assunto, mas ficou interessado. Tanto que, ao chegar em casa, quis logo saber a minha opinião.
– E você?
– Na hora, não vou mentir, fiquei tiririca da vida, Dô! São mais de 20 anos só nós dois dividindo a mesma cama… Depois, até admiti, mas desde que a terceira pessoa fosse amiga dos dois. Aí Gugu ficou puto com minha sugestão...
– Eu conheço?
– Talvez...
– Quem é?
– Ubirajara. O Bira Jumentinho.